quinta-feira, 6 de março de 2025

Bestravel levou à Horta 200 agentes de viagem, representantes do setor, operadores e imprensa

Apesar de todos os constrangimentos logísticos,, a
 Bestravel, a rede de agências de viagens mais antiga de Portugal, instalada no nosso país há 22 anos e com 48 agências franchisadas, conseguiu reunir na Horta, ilha do Faial, 200 pessoas, onde se incluíam agente de viagens, representantes do setor, parceiros, operadores, imprensa, entre outros, para a XX Convenção Anual .

O lema escolhido foi “Impossble is nothing”, pois tratou-se de uma operação logisticamente desafiadora e que levou dois anos a preparar, como disse Carlos Baptista, administrador do Grupo Newtour, que detém o franchising Bestravel. Até à data nunca foram realizados encontros com este número tão alto de participantes na Horta, mas graças às sinergias entre todos os fornecedores, inovando e superando as dificuldades, o barco chegou a bom porto.


da esq para a dir, Ricardo Teles, Carlos Baptista e Diana Laranjeiro

Como referiu o criativo André Rabanéa na apresentação que fez na convenção, é possível criar valor “pensando fora da caixa”, quebrando barreiras e tendo sempre em mente novos horizontes. É o que tem feito a Bestravel e que talvez seja a razão para terem fechado em alta o ano de 2024 e o corrente ano estar a correr muito bem, como referiu Ricardo Teles, diretor operacional da Bestravel. “2024 foi um excelente ano, foi um ano de estabilidade”. No ano passado, a rede aumentou de 46 para 48 agências, o que corresponde a um crescimento de 7%, mantendo-se, no entanto, o valor médio por agência: “Em 2024, com as taxas de inflação elevadas, subidas das taxas de juros, e consequentemente, perda de poder de compra, começámos o ano com grande apreensão, mas terminámos com um aumento, o que nos deixou muito satisfeitos”, realçou. O objetivo para este ano é superar as 50 agências, tentando regressar aos números pré-pandemia, quando existiam 56 unidades.

Quanto à faturação em 2024, a Bestravel tem na sua rede duas agências que venderam mais de 3 milhões de euros, 12 agências que faturaram mais de 2 milhões de euros (vs. 11 em 2023) e nove unidades com uma faturação superior a 1 milhão de euros (vs. 7 em 2023). A rentabilidade das agências da rede manteve-se, mas “as campanhas last minute, que acontecem pelo excesso de produto no mercado, preocupam-nos, pois pressionam as margens de lucro e dificultam o planeamento das reservas”, refere Carlos Baptista. O administrador da Bestravel-Newtour vê o ano em curso com otimismo. “Até à data, há um crescimento de 15% nas vendas antecipadas”, sendo os top de vendas “Portugal, como sempre, que gerou, em 2024, 13 milhões de euros em vendas, Cabo Verde, as Caraíbas, mas também Brasil, EUA, Maldivas e o Dubai, não só como stopover, mas também como destino final”.

Para Carlos Baptista, “este ano começou bem e temos boas expetativas. Com as taxas de juro mais baixas do que no ano passado, as pessoas estão a investir em viagens e o ano promete ser muito bom”. A Bestravel quer continuar a crescer, especialmente nalgumas zonas geográficas, como por exemplo Viseu, onde já houve agências Bestravel e atualmente não há. Em janeiro abriu uma agência em Setúbal e em fevereiro outra em Sacavém.

Ainda para o ano em curso, a Bestravel fechou contratos com DMCs (Destination Management Companies) estrangeiras, empresas especializadas na organização de serviços turísticos locais, que irá aumentar a competitividade das agências, permitindo-lhes criar programas próprios com maior apoio. Aliás, o setor DMC está com uma “tendência de crescimento muito consistente”, como referiu Carlos Baptista.

Além disso, a Rede está a assinar cada vez mais contratos com hotéis, com preços muito competitivos, inclusive em relação às agências virtuais. Neste setor, a Bestravel investiu na tecnologia com um comparador de hotéis num único ambiente, que possibilita a análise e comparação entre fornecedores. “Estes novos contratos dão grande competitividade às agências”.

A formação dos agentes não está esquecida, sendo oferecidos vários programas personalizados, tanto para agências já bem estabilizadas na Rede, como para novas agências. “Queremos aumentar a eficiência das agências e dos agentes e alterar o modo como nos posicionamos em relação ao cliente”. Estes programas CRM (Customer Relationship Management), baseados na IA (Inteligência Artificial), apresentam várias ferramentas que integram diversos serviços numa só plataforma,  automatizando o trabalho.

Carlos Baptista anunciou também novas parcerias muito úteis para os seus clientes. Em colaboração com a Breeze, as agências da Rede podem disponibilizar aos seus clientes cartões e-SIM para melhorar a conectividade quando estão no estrangeiro. A Bestravel também planeia a implementação de cartões de crédito físicos e digitais, assim como sistemas de pagamento a prestações, trazendo mais flexibilidade e inovação ao setor.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Os Caretos de Podence: Uma Tradição Ancestral no Nordeste de Portugal

 



Aproxima-se o Carnaval e logo nos vêm à mente os caretos, aquelas figuras coloridas e barulhentas que percorrem algumas aldeias do Nordeste transmontano. Os caretos, uma manifestação cultural uma tradição com raízes pagãs, que remonta a tempos ancestrais, são umas das tradições mais enigmáticas e fascinantes de Portugal que tem sobrevivido ao tempo.
 





A tradição dos Caretos de Podence é um exemplo notável de como uma pequena comunidade rural conseguiu preservar e revitalizar uma prática cultural ancestral. Ao longo dos anos, a aldeia de Podence tem trabalhado para manter viva esta tradição, passando-a de geração em geração e adaptando-a aos tempos modernos sem perder a sua essência. Este trabalho deu frutos. Os caretos foram reconhecidos como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2019.

 

Origens e Significado


 

A origem dos Caretos de Podence é incerta, mas acredita-se que a tradição tenha raízes em antigos rituais de fertilidade. Os Caretos seriam uma representação dos espíritos da natureza que saíam para celebrar a chegada da primavera.


São figuras mascaradas, que representam animais ou figuras mitológicas, que desfilam pelas ruas de Podence e de outras aldeias durante o período do Carnaval, envolvendo-se em brincadeiras, danças e uma energia contagiante que mistura o sagrado e o profano. As máscaras, feitas de couro, latão ou madeira, e os trajes coloridos, compostos por franjas de lã vermelha, verde e amarela, conferem aos Caretos um ar misterioso e quase sobrenatural.


 O Carnaval de Podence é marcado por uma atmosfera de liberdade e transgressão, onde os Caretos, com as suas máscaras assustadoras e os seus chocalhos, assumem o papel de provocadores. Eles correm pelas ruas, perseguindo as pessoas, especialmente as mulheres jovens. Este comportamento, aparentemente caótico, é na verdade profundamente ritualizado e faz parte de um ciclo festivo que inclui também o Entrudo e o Domingo Gordo.

 

O Ritual dos Caretos

 

A festa dos Caretos começa no Domingo Gordo, quando os mascarados saem às ruas pela primeira vez. Os homens da aldeia, tradicionalmente os únicos a poderem vestir o traje de Careto, preparam-se cuidadosamente para a ocasião. O traje é composto por uma máscara, que cobre o rosto e confere anonimato, e um fato de cores vivas, com franjas que balançam ao ritmo dos movimentos. Os chocalhos, presos à cintura, produzem um som característico que anuncia a chegada dos Caretos.


 Durante os dias de festa, os Caretos percorrem as ruas da aldeia, entrando nas casas, dançando e brincando com os habitantes. A energia é contagiante. No entanto, há uma regra não escrita: os Caretos não devem ser reconhecidos. O anonimato é parte fundamental do ritual, permitindo que os participantes se libertem das convenções sociais e se entreguem à celebração.

 

No último dia do Carnaval, os Caretos despedem-se com um cortejo fúnebre, onde é queimado um boneco de palha, simbolizando o fim do ciclo festivo e o regresso à normalidade. Este momento é carregado de simbolismo, representando a morte do Inverno e o renascimento da Primavera.

 

Os Caretos representam a ligação profunda entre as pessoas e a natureza, entre o passado e o presente, e entre o sagrado e o profano, mantendo viva uma tradição que é, acima de tudo, uma celebração da vida.


 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

O Rossio de Aveiro - o coração da cidade

 

Os coloridos barcos moliceiros são uma imagem de marca da cidade

Aveiro tem uma história rica que remonta à época romana. Ao longo dos séculos, a cidade cresceu e prosperou graças à pesca, à produção de sal e ao comércio marítimo. A influência da Ria de Aveiro, um estuário que se estende por toda a região, é fundamental para a identidade da cidade.

Aveiro vive-se junto à ria, no Rossio. O Rossio, sempre identificado como parça pública de encontros e memória, ponto de ligação com a laguna ria, surge referenciada a partir do século XV. Lugar de ligações fluviais e terrestres, polo de economia local e além mar, local de encontros e de práticas religiosas, culturais e sociais.

O Rossio está presente no topónimo Marinha Rossia ou Rocia, evocando a prática social da atividade salícola, grande fonte económica de Aveiro até meados do século XX.  Zona do porto, do comércio, de alfândega e de feiras, de festas religiosas, de convívio e lazer.

Ao longo do século XV, verificou-se um grande desenvolvimento da atividade portuária, inicialmente junto dos canais que limitavam Aveiro, o que de imediato leva a que se consolide o povoado próximo das áreas ribeirinhas e dos cais do postagem, junto das portas da muralha.

Aveiro é um verdadeiro museu a céu aberto da arquitetura arte nova

Com aumento da população e da burguesia endinheirada, e com as influências de outros países, o Rossio cresceu na ocupação do território, envolto pelo casario de pendor arte nova. Novos paradigmas de cultura, de gostos e de formas de vida associado a uma recente republica , transforma o espaço, enquadrada pela frente urbana construída. 

Porta do Museu de Arte Nova

Entre as décadas de 50 e 80 do século XX, a praça já tem a configuração idêntica à que podemos ver atualmente. Continua, contudo, a ser um Rossio, uma praça pública, o “ local de esperança de uma Aveiro moderno e atual “. A relevância do comércio marítimo confere uma grande importância a Aveiro e esta zona central destaca-se pela abundância de circulação de pessoas e bens. Os registos documentam que por Aveiro passavam embarcações de grande porte, sendo esta a zona de entrada e o ponto central do comércio que se fazia das localidades próximas e os centros de comércio internacional. Com todo esse movimento, o Rossio ganha importância central de confluência de interesses comerciais e sociais.

Homem-estátua

Pela localização central e pela importância histórica, o Rossio é paragem obrigatória dos aveirenses e ponto de partida para visitar Aveiro. No século XV taça grande desenvolvimento da atividade portuária marítima fixantes expandir despovoado junto às zonas ribeirinhas.

O canal central da tem um local um lugar privilegiado na história da evolução urbana de Aveiro. Foi durante muitos séculos a via de acesso privilegiado de ir para a vila cidade de Aveiro. É mais do que um braço da Ria. É o sistema natural e de relevo que leva a paisagem abraço homem e pela múltiplas ocupações.

Várias pontes juntam as duas margens dos canais. Os estudantes usam-nas para lá colocar fitas a lembrar as amizades forjadas durante o tempo da universidade. 










Talvez por ser uma cidade jovem tem uma grande coleção de arte urbana.











Não podemos terminar sem falar dos ovos moles de Aveiro, o ex-libris doce da cidade. Os ovos moles de Aveiro são um dos doces mais emblemáticos de Portugal com uma combinação única de sabores e texturas.

A receita tradicional dos ovos moles de Aveiro é relativamente simples e levam somente três ingredientes principais: gemas de ovo, açúcar e água. Os ovos moles podem depois colocar-se nas conhecidas cápsulas de hóstia, com formatos variados, como peixes, conchas e outros motivos marítimos, ou então em barricas, em cornucópias, e num sem fim de doces. 









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A atração mágica do Pico

 

A ilha do Pico, vista do Faial


Quando estivemos na Horta na XX Convenção Anual da Bestravel, ficámos num hotel num quarto com uma bela varanda virada para o Pico. E essa montanha exerceu sobre nós um fascínio, uma atração mágica.

A montanha envolta em nuvens

A sua vista a partir do Faial muda n-vezes ao longo do dia: ou está completamente envolto em nuvens, ou a sua base está encoberta, mas o seu cume descoberto, brilhando ao sol, ou a bruma envolve-a como com um manto transparente, numa combinação infinita.



Até que nos decidimos atravessar os 6 km do Canal do Faial, entre a Horta e a Madalena, a capital do Pico.

Com 42 km de comprimento e 15 km de largura, a ilha do Pico é a 2ª maior do arquipélago dos Açores - e , com os seus 250 mil anos, a mais nova. É também a ilha com maior diversidade económica e que encanta seus visitantes com maravilhosas paisagens vulcânicas, uma cultura rica e um ambiente natural exuberante. As paisagens vulcânicas do Pico são um testemunho da força da natureza, com campos de lava negra, grutas misteriosas e formações rochosas únicas.

Há vida no meio das pedras da lava


Localizada no grupo central das ilhas, a Ilha do Pico é um paraíso para os amantes da natureza e entusiastas da geologia. O seu nome vem da montanha cujo sopa ocupa praticamente toda a superfície da ilha. O nome da montanha vem do seu cume em forma de pico - a 2351 m de altura. É a montanha mais alta do nosso país.

97% da ilha não é arável. Como não tinham terra, os picoenses viraram- se para o mar.

O seu solo é lava, mas, com mestria, os picoenses plantam vinhas entre as pedras, fazendo um delicioso vinho vulcânico.



A cultura especial da vinha foi declarada Património Mundial da UNESCO em 2004. A Vinha da Criação Velha é um exemplo notável de como a mão humana adaptou-se à paisagem vulcânica, criando um labirinto de currais de pedra para proteger as vinhas do vento e do mar. No século XIX, o vinho da ilha do Pico era exportado para a corte do czar em São Petersburgo. Até hoje, inúmeras pequenas adegas oferecem não só vinho, mas também aguardente caseira. O Museu do Vinho vale uma visita.

Na parte leste da ilha, há um pequeno planalto e algumas pequenas crateras de vulcões, onde há pastagens para vacas.

Em 1439, a coroa portuguesa tomou a ilha. Os primeiros colonos chegaram à ilha a partir de 1460. Viviam do cultivo de cereais e taro, bem como da criação de gado. A viticultura foi acrescentada mais tarde. As erupções do Pico em 1562 e 1718 provocaram a emigração parcial da população.

Em meados do século XIX, a viticultura foi gravemente afetada pelo míldio. No entanto, a caça à baleia prosperou e foi uma importante fonte de rendimento para a população durante um século. A caça profissional à baleia, que os ilhéus praticavam em pequenas embarcações tripuladas por 10 a 20 remadores (“Botes Baleiros”), foi abandonada em 1984 e a última baleia foi capturada em 1987. Atualmente existem dois museus baleeiros no Pico. Um situa-se nas Lajes do Pico e o outro, uma “fábrica da baleia” restaurada, em São Roque.

A Ilha do Pico oferece uma variedade de atividades ao ar livre para todos os gostos. Além da escalada do Pico, é possível fazer caminhadas por trilhos belíssimos, observar baleias e golfinhos em seu habitat natural, mergulhar em águas cristalinas, explorar grutas vulcânicas e muito mais. Atualmente, o Pico é um centro de observação de baleias na Europa, uma indústria que se desenvolveu desde 1985. Das Lajes e da Madalena partem barcos para observar os mamíferos marinhos. Na Madalena, os operadores especializaram-se em viagens para fazer snorkeling com golfinhos selvagens.

As paisagens verdejantes, as flores coloridas e a fauna diversificada tornam a Ilha do Pico um destino perfeito para os amantes da natureza e para quem busca tranquilidade e contacto com a natureza.

 

Dicas para a visita:

* Melhor época para visitar: A melhor época para visitar a Ilha do Pico é durante os meses de verão, de junho a setembro, quando as temperaturas são mais agradáveis e há menos hipóteses de chuva. No entanto, a ilha é bela em qualquer estação.

* Como chegar: A Ilha do Pico possui um aeroporto com voos para as outras ilhas dos Açores. Também é possível chegar à ilha de barco a partir de outras ilhas do arquipélago.

* Onde ficar: A Ilha do Pico oferece uma variedade de opções de hotéis, pousadas e alojamentos locais.

 

 

 

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Horta - “A ilha não é claustrofóbica. Lisboa é que é claustrofóbica“

 

Horta vista do mar


Viemos até a ilha do Faial a convite da Bestravel para a sua 20ª Convenção Anual. Ao passearmos cidade mais ocidental da Europa, que é Horta, chamou-nos a atenção um cartaz a frente de uma loja: Artesanato açoriano. Não podemos fazer nada quanto ao clima açoriano. É por isso que temos golas para todas as estações”.



Entrámos na pequena loja. Lá dentro estava Ana Correia, a artesã. Há 16 anos “fugiu” de Lisboa, da vida estressante da capital, onde trabalhava em televisão. Veio com o namorado com a ideia de aqui ficarem no Faial uns dois anos. Começou por Dar aulas na escola secundária. Mas após o nascimento da primeira filha, resolveu dar largas a sua criatividade, criando golas que começou por vender no mercado da horta. Depois surgiu a oportunidade de ter uma pequena loja/estúdio. Criou então a marca Putu - Peça única, Tamanho único. Tudo o que vende na loja feito por ela. Nada é desperdiçado. Pequenos retalhos que sobra da sua criação são usados por uma amiga para fazer tiras de pano com várias utilizações: o cabelo, à cintura, como alças de malas, etc. ainda não se arrependeu de ter deixado Lisboa e de ter instalado no Faial. A qualidade de vida não tem comparação com a da capital. Não se sente isolada. Viaja muito - assim o tempo permita. Não sente que “a ilha seja claustrofóbica. Lisboa é que é claustrofóbica “.

Possivelmente Ana Correia tem razão. Horta emana sossego. É uma cidade calma. Olhar o Pico, mesmo em frente, relaxa-nos. Olhar o mar, relaxa-nos. Descobrir os desenhos nas calçadas, relaxa-nos.

Porto da Horta


O mesmo sentiu Marc Larose, um canadiano de Québec, que se apaixonou pela ilha quando aqui atracou o seu iate há mais de 10 anos. “A ilha é muito verde e, graças às suas flores, tem cor todo o ano”. Reformou-se e dedica-se a reciclar madeira que o mar traz para terra e outros produtos que depois vende na sua loja VA, junto ao mercado.

A Horta visita-se a pé. O passeio pela marginal, sempre com o Pico a acompanhar-nos, é relaxante e dá-nos para ver os grandes edifícios brancos com basalto um pouco mais para dentro.

A Torre do Relógio com o Pico ao fundo

A Torre do Relógio, o que resta de uma antiga igreja, ergue-se orgulhosa numa das pontas da cidade, junto ao Jardim Florêncio Terra. Foi construída no século XVIII. Foi edificada para ser pertença da antiga Igreja Matriz da Horta, que datava de 1500, bem como para funcionar como o relógio da cidade.

Esta primeira Igreja Matriz da Horta, foi em 1597, como praticamente todas as igrejas e conventos da cidade da Horta, incendiada pelos corsários ingleses.

Algum tempo depois, deu-se início à sua reconstrução, tendo as obras decorrido entre 1607 e 1615, quando ficou de novo pronta para o culto.

Ao longo dos séculos sofreu os efeitos dos numerosos sismos que abalaram a ilha. No final do século XVIII a igreja deixou de oferecer segurança para poder ser utilizada sem importantes obras de manutenção.

Como Portugal se encontrava num período de revolução o seu restauro nem foi sequer pensado. Em 1825 esta igreja foi demolida. A torre manteve ereta.

Igreja matriz da Horta

Ali perto ergue-se a ”nova” igreja matriz, a Igreja Matriz do Santíssimo Salvador. É bilateralmente anexa ao antigo Colégio dos Jesuítas da Horta, formando a maior fachada arquitetónica de todo o arquipélago.

A sua construção deveu-se à intervenção do padre Luís Lopes, primeiro reitor do Colégio dos Jesuíta de Ponta Delgada que, em 1635, foi forçado por um temporal a aportar ao Faial, quando se dirigia à ilha de São Miguel.

Esta igreja começou a ser construída em 1680, dois anos depois de se conseguir a provisão-régia que permitiu a importação de todo o material necessário. As obras do convento começariam apenas em 1719.

Porém, aquando da expulsão dos jesuítas do reino de Portugal (1759), a igreja ainda não estava concluída. Nela já se encontravam, entretanto, a talha dourada do altar-mor, a riquíssima capela da Senhora da Boa Morte, com as suas telas, os painéis de azulejos da capela-mor, a grande lâmpada de prata, e uma parte consistente das restantes capelas, apesar de serem notáveis a falta de diversos elementos.

Valioso é o frontal de prata em estilo renascentista do antigo altar do Santíssimo. Também importante é o arcaz de pau-santo, que se encontra na sacristia, a custódia de bronze prateado e a estante de Cantochão giratória do coro de 1742, com finos embutidos de marfim representando passagens do Evangelho oriundas do antigo Convento de São Francisco. Quem se interessar, poderá ainda visitar Museu de Arte Sacra da Horta.

Império do Divino Espírito Santos dos Nobres

A caminho desta igreja, passámos por uma pequena capela, o Império do Divino Espírito Santo dos Nobres, um dos mais antigos da ilha e construído inteiramente em pedra e cal. Foi edificado em 1759, em memória da erupção vulcânica do vulcão do Praia do Norte, que cobriu toda a ilha com uma camada de cinza vulcânica de alguns centímetros.

Sobre a porta podem ver-se duas pombas brancas e a inscrição “Memória do Vulcão da Praia do Norte em 1672”. A fachada deste império encontra-se adornada com as armas do Escudo de Portugal e por uma Coroa do Espírito Santo.

Convento de São Francisco


Mais adiante, mas desativado, está o Convento de São Francisco. O convento original, fundado no início do século XVI, foi incendiado em 1597 por corsários ingleses. Foi reconstruído, mas voltou a ficar muito danificado durante um temporal em 1668. A comunidade decidiu construir um novo edifício, em local mais recuado em relação ao mar, onde ainda se encontra, se bem que desativado desde a extinção das ordens religiosas. Foi entregue em 1835 â Santa Casa da Misericórdia para um hospital e um asilo de mendicidade. Na noite de 4 de maio de 1899 um violento incêndio destruiu por completo o então hospital e asilo, tendo-se salvado apenas a igreja.

Antes de descansarmos no Peter Café Sport, passámos ainda por um belo no edifício em arte nova, a Sociedade Amor da Pátria, Instituição de Utilidade Pública, de Recreio, Cultura e Filantropia, fundada há quase 160 anos.

Sociedade Amor da Pátria

A beneficência e a filantropia encontram-se na génese desta sociedade que, com frequência, apoiou financeiramente instituições de caridade no concelho da Horta, como os Asilos de Mendicidade e da Infância Desvalida, através de dádivas recolhidas nos seus saraus. Para subsidiar as suas obras de beneficência, a nível económico-financeiro também a Sociedade Amor da Pátria concretizou uma iniciativa notável no seu tempo, com a fundação da Caixa Económica Faialense.

Importante foi também o facto de sido aqui que se reuniu pela 1ª vez o órgão máximo da Autonomia Regional. A 4 de Setembro de 1976, neste edifício, teve lugar o ato inaugural da I Legislatura do Governo Regional.

Agora sim, sentemo-nos no Peter e bebamos o nosso gin tónico. Para outro dia fica a ida aos Capelinhos e à cratera.