quinta-feira, 1 de maio de 2025

Viagem aos antípodas - dia 21 - Pequim

A Muralha da China, seccção de Badaling


Hoje os deuses estiveram de novo connosco.


O nosso voo de Auckland correu lindamente. 

CA784

AKLPEK Auckland-Pequim) 

Boeing 789-9

Distância 10788 km

Duração 12h49

Velocidade de cruzeiro 759 km/ hora

Altitude 11582 m

Aterragem 4h33

Aterrámos às 4h33, uma hora antes da hora prevista. Ou seja, teríamos imenso tempo para passar a imigração e chegaríamos mais do que as tempo para a excursão à Muralha da China, organizado gratuitamente pela Trip.com para passageiros em trânsito, com início previsto às 7h30. 

Pensámos até que poderíamos ir passar o tempo na arrival lounge, mas não sabíamos onde era. 

 Ao longo dos corredores do terminal há jovens de casaco azul claro que são informações. Infelizmente não falam uma palavra de inglês! Ou seja, não conseguimos saber onde seria a dita arrival lounge. E como não há Google na China também não podíamos procurar na net. Lembrei- me da joana que estaria ainda a meio da tarde d e que eu poderia pedir para procurar na Google. Ela lá descobriu que a dita arrival lounge era no Terminal 3E , onde estávamos, mas depois do controlo de segurança. Quando aí chegámos , o agente conseguiu dizer num inglês muito macarrónico que depois não poderíamos sair. Eu não a acredito, mas não quisemos arriscar. Assim, dirigimo-nos para o controlo de passaportes e depois saímos. Passámos pelo quiosque das excursões ainda não eram 6h. Ainda estava fechado. Sentámo-nos um pouco mais à frente à espera que abrisse. Às 7h víamos aí já lá havia pessoas e fomos até lá. E a empregada informou- nos de vc que só havia dois lugares livres. Como assim??!!!! Rapidamente disse que aceitávamos esses dois lugares e começámos a fazer planos sobre o que fazer. Obviamente iriam as duas que nunca tinham visitado a Muralha. As outras duas, que em tempos já lá tinham ido,  teriam de arranjar um programa alternativo. Mas qual? Ou haveríamos de desistir da excursão e ir as quatro de táxi? 

Enquanto ponderávamos os prós e contras, a funcionária disse que afinal havia três lugares. Ótimo! Só uma teria de se entreter. 

Quando chegou a guia, falaram com o condutor que dizer ao poderíamos ir as quatro! 

E foi muito bom. A guia era uma jovem adulta muito bem disposta e divertida que nos contou histórias sobre a Grande Muralha. 

Arrabaldes de Pequim, a caminho de Badaling


Há vários pedaços da Grande Muralha que podem ser visitados a partir de Pequim. A excursão levou- nos a Badaling, a 60 km do aeroporto, a aproximadamente 1h30 de carro. 

Era costume cada rei construir uma muralha à volta do seu reino para proteção de ataques inimigos. Quando o imperador Qin  conseguiu reunir todos os reinos num só império e, assim,  unificar toda a China, achou por bem prolongar as várias muralhas existentes, fazendo uma só para assim proteger todo o império. As muralhas existentes foram fortificadas, ficando com uma largura de 8 metros no chão e de 4 metros no topo, tendo sido igualmente construídos torreões de observação  Só que uma única muralha não dava ainda proteção total e mandou construir mais  duas ou três muralhas passarelas nalguns troços mais propícios ataques dos inimigos.

A muralha inicial construída durante o reinado do imperador Qin ia  do oceano ao deserto de Gobi com um cumprimento total de aproximadamente 5000 km, mas com as várias muralhas paralelas o império da China ficou protegido com um total de 21000 km de muralhas!

Os trabalhos ficaram terminados   em 15 anos. Para a sua construção foram sendo utilizados materiais que se iam encontrando: rochas, pedras, areia, plantas - mas também os corpos dos trabalhadores que iam morrendo , “os nossos antepassados”, como realçou a guia. Há até uma estrofe no hino nacional que fala da grande muralha e dos antepassados que morreram.

Pequim, sendo a capital do no império, tinha de ser especialmente bem protegida. Aqui existem várias muralhas paralelas. É como um escudo de super-herói para a cidade, mantendo-a a salvo dos inimigos.

Porque é que esta secção da muralha  se chama Badaling?

É aqui que muitas estradas importantes se dividem e seguem em direções diferentes, mais precisamente em 8 (bada), daí o nome. Há 43 torrões de observação que são uma espécie de olhos da muralha. 

Desde que o presidente Mao subiu à Muralha nos anos 1940’s e disse: “Qualquer homem que é homem tem que subir à muralha”, as visitas à muralha foram- se tornando extremamente populares. 

Regressámos pontualmente ao aeroporto pela hora do almoço.  Pedimos o transporte para o hotel, uma cortesia da Air China, para passageiros com tempos de trânsito muito prolongados. 

Muitos grupos de escolas a vistar a Mralha

Na ida para a Nova Zelândia tínhamos visto que, ao lado do hotel, havia um restaurante que servia pato à Pequim e decidimos logo que no caminho de regresso iríamos lá comer um. Assim o fizemos. Ainda antes do fazer o check-in, sentámo- nos no restaurante e pedimos esse famoso prato da cozinha chinesa 



O cozinheiro a preparar o pato à Pequim

O pato à Pequim, ou Beijing kaoya (北京烤鸭) como é conhecido na China, teve a sua origem durante a Dinastia Yuan (século XIII). Caracteriza-se pela sua pele crocante e saborosa e pela carne tenra e suculenta.

A preparação do pato à Pequim é uma arte meticulosa que exige tempo e perícia. Tradicionalmente, patos de uma raça específica são criados e alimentados de maneira particular para garantir a textura e o sabor ideais. O processo de preparação envolve insuflar ar entre a pele e a carne para as separar, escaldar o pato com água a ferver e, em seguida, pendurá-lo para secar por um determinado período. Esta etapa crucial permite que a pele perca a humidade, resultando no crocante característico após o assado.

Antes de ser levado ao forno, o pato é geralmente untado com uma marinada doce e aromática, que pode incluir mel, malte, molho de soja, vinho de arroz e diversas especiarias. O método de assado tradicional envolve fornos de tijolo aquecidos a lenha, o que confere ao pato um sabor defumado único e inconfundível.



A apresentação do pato à Pequim é quase tão importante quanto o seu sabor. Normalmente, o pato é levado inteiro à mesa e, em seguida, um cozinheiro especializado fatia a pele crocante e a carne em pedaços finos e uniformes. A arte do fatiamento é uma demonstração de habilidade e precisão.



O pato à Pequim é tradicionalmente servido com panquecas finas e macias, cebolinho cortado em juliana e pepino em tiras. E como se come?  Pega-se numa panqueca, espalha-se um pouco de molho hoisin (um molho doce e salgado à base de soja), adicionam-se pedaços de pato crocante, cebolinho e pepino, e enrola-se a panqueca para criar uma deliciosa e equilibrada combinação de sabores e texturas.

Fomos então descansar para o quarto no Hotel Internacional Beijing Fuyong Yulong ( 1Ronghui ParkAirport Industrial Zone BTianzhu Airport Economic Development ZoneShunyi DistrictBeijing). 

Quando anoiteceu, regressámos ao aeroporto onde esperámos pelo embarque na lounge da Air China 

Viagem aos antípodas - dia 20 - Auckland e o voo de regresso




Depois das atribuições do dia de ontem, dormimos que nem umas santas, felizes por termos um teto e uma cama. 



Como já não tínhamos nada para comer, fomos procurar um café para tomar o pequeno almoço. O apartamento fica junto da universidade e na zona há muitos restaurantes e cafés. Só que… nada nos agradava para o pequeno almoço. Finalmente, entrámos e ficámos num café coreano onde serviam café brasileiro da marca Santos. 


A oferta de comida era fraca, mas conseguimos umas croissants e scones de tâmaras, aliás muito populares por toda a Nova Zelândia. 

Na nossa passagem por Auckland à chegada, tínhamos deixado para o regresso a visita à Galeria de Arte e à zona das docas. E lá nos metemos a caminho, a pé, para as nossas descobertas.

A Galeria de Arte de Auckland Toi o Tāmaki é um farol cultural no coração da cidade. Mais do que um simples espaço de exposição, a galeria é um ponto de encontro onde a arte, a história e a comunidade se entrelaçam.

O impressionante edifício em si é uma obra de arte, combinando elementos arquitetónicos clássicos com adições modernas arrojadas - Infelizmente estava em obras e não podemos atirar na sua globalidade. No seu interior, uma vasta coleção permanente narra a história da arte na Nova Zelândia, desde as expressões artísticas dos Māori e das ilhas do Pacífico até às obras de artistas contemporâneos.



Muito interessante é a secção dedicada a Gottfried Lindauer, um pintor checo e neozelandês (1839-1926), famoso pelos seus retratos detalhados, especialmente de Maoris, o povo indígena da Nova Zelândia. Nascido Bohumír Lindauer em Plzeň, na Boémia (então parte do Império Austro-Húngaro), emigrou para a Nova Zelândia em 1874 e passou grande parte de sua vida registando a cultura Māori através das suas pinturas.

Lindauer demonstrou talento artístico desde cedo, inicialmente desenhando plantas e árvores. Estudou arte na Academia de Belas Artes de Viena, onde desenvolveu técnicas de retrato. Após um período na Europa, estabeleceu-se na Nova Zelândia, um país que se tornaria o foco principal de sua obra.

Na Nova Zelândia, Lindauer viajou extensivamente, muitas vezes a convite das próprias comunidades Māori, para pintar retratos dos seus líderes, guerreiros e pessoas importantes. As suas pinturas são notáveis pela precisão etnográfica, capturando detalhes  dos trajes tradicionais, adornos de penas, armas e, o mais distintivo de tudo, o tā moko, a arte tradicional da tatuagem facial Māori. Essas tatuagens não são apenas decorativas, mas têm significados profundos sobre a linhagem, estatuto e história pessoal de cada pessoa.

O trabalho de Lindauer é altamente valorizado tanto pela sua qualidade artística como pelo seu significado histórico e cultural. Para muitas famílias Māori, os seus retratos são, ainda hoje , considerados como representações preciosas de seus ancestrais (tūpuna), preservando suas imagens e legados para as gerações futuras. As suas pinturas fornecem um registo visual inestimável de um período crucial da história da Nova Zelândia e da cultura Māori.

Trabalhou por encomenda, de Maoris e  de Pākehā (neozelandeses de ascendência europeia).



Depois da visita à Galeria de Arte de Auckland descemos na até ao porto, percorrendo a animada Baixa (CBD - Central Business District), passando pelas de lojas de todos os grandes designers da moda. 



As docas de Auckland, situadas no coração da cidade à beira-mar, pulsam com uma energia que reflete a sua rica história marítima e o seu espírito moderno. Mais do que simples ancoradouros para embarcações, estas docas são um centro dinâmico de atividade, lazer e cultura.



Ao longo dos anos, as docas de Auckland evoluíram significativamente. Outrora um movimentado centro de comércio e transporte marítimo, hoje transformaram-se num espaço multifacetado que combina o seu legado náutico com uma atmosfera contemporânea e sofisticada. Seguindo uma tendência internacional, as antigas docas foram revitalizadas, dando lugar a marinas, restaurantes à beira-mar,bares, cafés e espaços públicos.

A Viaduct Harbour é talvez a área mais conhecida das docas de Auckland. Para os entusiastas da história marítima, o Museu Marítimo da Nova Zelândia oferece uma visão fascinante do passado náutico do país.

Regressámos ao hotel, para levantar as malas e apanharmos um Uber para o aeroporto. Após as formalidades de check-in , esperámos pelo embarque na lounge da Air New Zeland, com uma boa vista sobre a pista. A lounge é um oásis de conforto,  um ambiente acolhedor para relaxar, trabalhar ou simplesmente beber um copo e jantar com tranquilidade longe da agitação do terminal.

Cocktail Kiwi nostalgia





segunda-feira, 28 de abril de 2025

Viagem aos antípodas - dia 19 - Christchurch- Auckland

Mas que dia! Tudo começou muito bem. Como só teremos estar no aeroporto às 11 para entregarmos o carro, fazemos o check-in, passar a segurança e ir pro avião, decidi ir visitar o Centro Internacional da Antártica, que fica a cinco minutos a pé do aeroporto. Tudo correr como previsto. O Centro Internacional da Antártica é um centro de Investigação científica pública, Que oferece paralelamente uma experiência imersiva e educativa sobre o continente gelado da Antártica. Fundado em 1990, o centro está estrategicamente situado perto das bases de apoio logístico para os programas antárticos dos Estados Unidos, da Nova Zelândia e da Itália. Christchurch desempenha um papel histórico significativo como uma das principais "portas de entrada" para a Antártica, servindo como um ponto de partida crucial para expedições científicas e de exploração ao longo de mais de um século. 




Muito divertida é a Sala da Tempestade Antártica, uma simulação imersiva de uma tempestade de neve de verão na Antártica, completa com ventos gelados e neve. Em poucos minutos a temperatura baixa de -8º C para -18º C tudo por causa do vento. Para se entrar na sala onde vai decorrer esta experiência interativa, são fornecidos casacos bem quentes. 


 Também muito emocionante é o encontro com Pinguins Azuis, uma oportunidade de observar e aprender tudo sobre os pinguins azuis pequenos em um ambiente de reabilitação, pois o centro acolhe pinguins selvagens que precisam de ajuda. Para quem gosta de cães, há a Zona dos Huskies, um espaço para interagir e aprender tudo sobre os huskies, animais historicamente importantes para as expedições na Antártica. Paralelamente há diversas Galerias informativas que abordam a história da exploração da Antártica, a ciência moderna conduzida no continente, os ecossistemas únicos e o impacto das mudanças climáticas, a réplica da cabana usada pelo explorador Robert Falcon Scott durante sua expedição à Antártica, oferecendo uma visão da vida dos primeiros exploradores. No aeroporto tivemos a primeira pedra: o avião partiu com uma hora e meia de atraso. Vamos na Jetstar. A Jetstar Airways é uma empresa aérea com sede em Melbourne, na Austrália, foi fundada em 2003 como uma subsidiária da Qantas. No entanto a viagem fez-se bem. À chegada a Auckland pedimos um Uber. Perguntámos nas Informações do aeroporto onde era o ponto de recolha e a senhora apontou para um sítio , onde ficámos à espera, à espera… e o condutor a escrever que toma chegado. E nós à espera, à espera… Perguntámos então a outra pessoa que nos disse que o ponto de recolha era atrás do edifício do aluguer de carros. Aí encontrámos um condutor muito aborrecido com a espera… 
Entretanto, anoitecera. A dada altura, o condutor disse: Chegámos. Eu confirmei o nome da rua e o número da casa no meu mapa. Só que… naquele sítio só havia um silo de automóveis. Ao lado havia um prédio muito alto, mas às escuras. Tentámos encontrar a entrada. Naquela rua não havia entrada . Demos a volta à esquina, vimos uma rampa, subimos e… vimos que o edifício estava selado pelas autoridades por perigo. Que fazer? Ligar para o alojamento ficar-nos-ia muito caro. Perguntámos a um rapaz que passou se poderia ligar. Era muito simpático, ligou, mas do outro lado não havia resposta Entrámos num hotel, onde perguntámos se conheciam aqueles apartamentos. Não, não conheciam. Pedimos então se poderia ligar e a resposta foi a mesma: ninguém respondia do outro lado. Decididamente tínhamos alugado dois apartamentos que não existiam! 
Como no hotel havia internet sentámo-nos no lobby e ligámos para a minha filha que vive em Inglaterra para tentar resolver o problema através do Centro de Apoio da Booking.com, pois não encontrámos nenhum número nem na Nova Zelândia nem em Portugal. O funcionário da Booking.com ligou para o número de telefone do apartamento e… confirmou que não havia resposta. Imediatamente nos disse que nos iria tentar arranjar alojamento alternativo ou que, se nós quiséssemos, poderíamos procurar. Devolver-nos-iam o dinheiro e dar-nos-iam uma pequena compensação. 
Após 45 minutos conseguimos dois apartamentos! Já descansadas, resolvemos ir jantar um belo bife. 


Fomos ao Tony's Steakhouse, um restaurante bem conhecido em Auckland, conhecido por servir bifes de qualidade desde 1963. Localizado no número 27 da Wellesley Street West, o Tony's oferece uma experiência gastronómica tradicional num ambiente acolhedor e um pouco nostálgico. O restaurante orgulha-se de preparar os seus bifes com cuidado, mantendo a qualidade que o tornou popular ao longo dos anos. 


A ementa oferece uma variedade de cortes, incluindo o popular "Tony's Original", um saboroso Scotch Fillet marinado com uma receita secreta. Terminámos a refeição com uma pavlova, O famoso doce da suspiro, natas e fruta, que trata da sua origem aqui na Nova Zelândia. 



A história da pavlova é uma disputa - muito gulosa -  entre a Austrália e a Nova Zelândia. Ambos os países reivindicam a sua invenção em homenagem à famosa bailarina russa Anna Pavlova durante as suas tournées pela Oceania na década de 1920.

A Nova Zelândia aponta para uma receita de "Pavlova Cake" publicada em 1929, enquanto a Austrália reivindica que a sobremesa foi criada em 1935 por um chef de hotel em Perth. No entanto, algumas pesquisas sugerem que receitas semelhantes podem ter existido antes, inclusive nos Estados Unidos.

O nome "pavlova" surgiu como uma homenagem à leveza e à graça de Anna Pavlova no palco, com o merengue crocante por fora e macio por dentro representando o seu tutu. A cobertura de chantilly e frutas frescas adiciona um toque de frescor e sabor que complementa a doçura do merengue.

Apesar da disputa sobre a sua origem, a pavlova tornou-se um símbolo da culinária da Austrália e da Nova Zelândia, sendo uma sobremesa popular em celebrações, especialmente no Natal.

Independentemente de quem a inventou, a pavlova continua a ser uma sobremesa amada e apreciada, um testemunho da influência duradoura de Anna Pavlova e da criatividade dos cozinheiros da Oceania.

Depois de jantar viemos a pé até o novo apartamento que estava somente 1 km do restaurante. Só que não vimos que o caminho era todo a subir… Mas chegámos e tínhamos os nossos quatro quartos à nossa espera.

domingo, 27 de abril de 2025

Viagem aos antípodas - dia 18 - Christchurch



Rio Avon

Dia suave em Christchurch. O tempo estava ameno, um belo dia de outono 

Passeámos em pé por toda a cidade. Christchurch emana 

 uma sensação acolhedora. 

Situada no coração da Ilha do Sul, Christchurch tem um charme inegável - apesar de não nos esquecermos de tudo que esta cidade sofreu, especialmente o grande terremoto de fevereiro de 2011. 

Como alguém disse, “É como abraçar um velho amigo que passou por provações, mas cuja bondade e beleza brilham ainda mais intensamente”.

O rio Avon serpenteia-se preguiçosamente com os chorões debruçados sobre suas margens e crianças a chapinhar das suas margens . 

A arquitetura de Christchurch conta histórias sussurradas do passado, com seus edifícios vitorianos e neogóticos destruídos durante o terremoto, mas elegantemente restaurados lado a lado com designs modernos. 

Escultura em The Commons


A nossa primeira paragem foi no  The Commons , um espaço comum pós terramoto e em constante evolução. Este local possui um significado especial, pois ocupa o terreno do antigo Crowne Plaza Hotel, que foi demolido após os devastadores terremotos de 2010 e 2011.

Nascido das consequências dos terremotos, The Commons incorpora a resiliência e o espírito inovador de Christchurch. É um projeto da Gap Filler, uma iniciativa de regeneração urbana conhecida por suas instalações criativas e temporárias que injetam vida em espaços vagos pela cidade. The Commons foi concebido para ser uma área acolhedora e inclusiva para todos.

Logo a seguir chegámos à Praça Victoria , também conhecida por praça do mercado. Quando Edward Jollie e Joseph Thomas sonharam com a fundação de Christchurch em 1850 imaginaram o coração da cidade na Praça do Mercado (Victoria Square) com os correios, lojas, oficinas, prisão e hotel. A cidade era na altura um grande centro do comércio da madeira com grande desenvolvimento. Em 1851, foi construída em madeira a ponte  Victoria (reconstruída em 1863-64 em ferro e pedra, sendo a 1a deste género na Nova Zelândia). Em 1863, entraram na cidade por esta ponte  58 bois, 270 cavalos, 36 carruagens , 204 ovinos e 1000 peões  e 1 burro num só 

No centro da praça, imponente e elegante, ergue-se a Torre do Relógio Victoria. Este marco l não é apenas um belo exemplo da arquitetura vitoriana, mas também um lembrete constante do passado da cidade, construído para comemorar o Jubileu de Diamante da Rainha Vitória em 1897.

Ao redor da torre, a praça estende-se como um espaço aberto. 

dia! 

Num dos cantos da praça está uma grande estátua de bronze da Rainha Vitória , esculpida pelo artista britânico Francis John Williamson e erguida em 1903.

Além de ser um monumento à rainha, as placas na estátua comemoram a colonização da Província de Canterbury e os soldados locais que lutaram nas guerras sul-africanas.

A ideia de erguer uma estátua para a Rainha Vitória em Christchurch foi considerada pela primeira vez como parte das celebrações do jubileu da Província de Canterbury em 1900. A estátua foi inaugurada em 24 de maio de 1903, e novamente em abril de 1904 com todos os seis painéis de bronze no lugar. Em 1989, foi transferida de perto da ponte da Rua Armagh para sua posição atual, perto do cruzamento das Ruas Armagh e Colombo.



Seguimos para a Catedral Anglicana, formalmente conhecida como Christ Church Cathedral. A sua história remonta aos planos da Associação Canterbury de estabelecer um centro anglicano em Canterbury, com uma catedral como seu centro físico e simbólico.

Os planos iniciais para a catedral foram elaborados pelo arquiteto britânico Sir George Gilbert Scott a partir de 1859. O arquiteto residente local, Robert Speechly, formado em Londres, supervisionou o início da construção, com a colocação da primeira pedra em 16 de dezembro de 1864 e a conclusão das fundações em 1865.

 A falta de fundos interrompeu o trabalho e Speechly deixou a Nova Zelândia.

 Em 1873, o arquiteto neogótico de Christchurch, Benjamin Woolfield Mountfort, assumiu a função de arquiteto supervisor, revitalizando o projeto. Originalmente Scott planeou uma catedral de madeira, mas mudou os planos ao encontrar uma boa fonte de pedra para construção em Canterbury.

 A nave e a torre foram concluídas e consagradas em 1881. A construção continuou sob a supervisão do filho de Mountfort, Cyril Mountfort, após a morte de seu pai em 1898.

 O transepto e o coro foram adicionados e a catedral foi finalmente concluída e oficialmente inaugurada em 12 de fevereiro de 1905.

Porém, a Catedral de Christchurch sofreu danos significativos em vários terremotos ao longo de sua história, notavelmente em 1881, 1888 e 1901, que danificaram a torre e o pináculo.

O terremoto devastador de 22 de fevereiro de 2011 causou danos ainda mais extensos, incluindo o colapso do pináculo e danos significativos à estrutura.

Após anos de debate e planeamento, foi tomada a decisão de restaurar a catedral. O projeto de restauração está em andamento, com trabalhos de estabilização concluídos em março de 2023. A conclusão de toda a restauração está prevista para outubro de 2031.



Catedral de Cartão 


Enquanto a catedral principal está a ser reconstruída, a comunidade anglicana utiliza a Catedral de Transição (Transitional Cathedral), também conhecida como a Catedral de Cartão (Cardboard Cathedral), feita com grandes tubos de papelão e inaugurada em agosto 2013.

Esta catedral está na praça Latimer, Conde, neste domingo soalheiro, se reuniram vários ciclistas e pessoas a brincar com os cães.

Antiga Central de Correios


Na praça da Catedral está a antiga Central dos Correios, projetada pelo arquiteto William Clayton e inaugurada em  1879 e que esteve em funcionamento durante 113 anos. 

Fomos então em direção do rio Avon.

Ponte da Memória

Parámos em frente da Ponte da Memória (
Bridge of Remembrance), um dos principais memoriais de guerra da cidade.  É dedicada àqueles que morreram na Primeira Guerra Mundial, servindo também como memorial para os participantes da Segunda Guerra Mundial e de conflitos posteriores nos Bornéus, Coreia, Malásia e Vietname .

A ideia de construir uma ponte memorial surgiu em 1919, por sugestão de Lilian May Wyn Irwin numa carta ao jornal "The Press".

 Dois anos depois, foi tomada a decisão de construir a ponte, substituindo uma ponte anterior pela qual muitos soldados de Canterbury passaram a caminho do quartel de King Edward para a estação de comboio e para o serviço no exterior. O local era significativo, pois marcava um ponto de passagem para os soldados a caminho da guerra.

 O projeto da ponte com um arco triunfal foi escolhido através de uma competição arquitectónica vencida por William Gummer, da empresa Gummer and Prouse.

 A construção começou em 1923, tendo sido colocada a primeira pedra no Dia de Anzac (25 de abril) por Lord Jellicoe, então Governador-Geral.

 A Ponte da Memória foi inaugurada em 1924, no Dia do Armistício, 11 de novembro. 

 O arco central da ponte apresenta a inscrição em latim "Quid non pro patria" ("O que um homem não fará por sua pátria").

 Após a Segunda Guerra Mundial, foram adicionados painéis com os nomes  das principais batalhas desse conflito. Placas comemorativas de outros conflitos em que neozelandeses lutaram também foram adicionadas ao longo dos anos.

 Em 1976, a ponte foi convertida para uso exclusivo de peões.

A ponte de três arcos foi construída em concreto revestido com pedra da Tasmânia.

 Leões esculpidos por Frederick Gurnsey adornam os arcos menores, representando o Império Britânico. Gurnsey também esculpiu outros símbolos, como coroas de alecrim e folhas de louro.

 A ponte apresenta memoriais de várias unidades militares e uma placa memorial para Charles Upham VC, o soldado mais condecorado da Nova Zelândia.

A Ponte da Memória sofreu danos estruturais significativos no terramoto de 22 de fevereiro de 2011.

 As obras de reforço e reparo começaram em maio de 2013 e foram concluídas em setembro de 2015.

 Um feixe de 8 toneladas foi usado para reforçar o arco, e estacas de 27 metros foram construídas para permitir que a ponte se movesse em vez de torcer durante futuros terremotos.

 A ponte foi reaberta com uma cerimónia de rededicação no Dia de Anzac em 2016.

Do outro lado do rio visitámos dois museus. 

Lissy e Rudi Robinson-Cole

O Museu de Canterbury está em remodelação e só tinha uma exposição muito interessante da dupla de artistas maori Lissy e Rudi Robinson-Cole, que trabalham principalmente com croché de neon. A sua arte é descrita como uma celebração da vida, do amor e da alegria, frequentemente utilizando cores brilhantes e fluorescentes.

O seu trabalho visa ligar pessoas  globalmente. 

Wharenui Harikoa

A exposição está a Wharenui Harikoa (Casa da Alegria): Um wharenui (casa de reunião Māori) de croché em grande escala, descrito como um "prisma refratário de luz inspirada nos Tūpuna que brilha através do céu como um arco-íris.

Trabalham com lã da Nova Zelândia e cada cor no seu trabalho tem um nome em te reo Māori (a língua Māori) e representa um kaitiaki (guardião) de sua prática artística.

A arte de Lissy e Rudi Robinson-Cole é frequentemente descrita como tendo um impacto imediato em pessoas de todas as idades e etnias. O uso do croché, um meio macio e tátil, é visto como uma forma de desarmar os espectadores e gentilmente atraí-los para experimentar outra perspectivas.

Bem perto visitámos a  Quake City, uma exposição especial do Museu de Canterbury dedicada a contar as histórias dos terremotos que abalaram a região de Canterbury em 2010 e 2011. Este museu oferece uma visão comovente e informativa sobre o impacto dos tremores d e terra, a resiliência da comunidade e a resposta extraordinária de serviços de emergência, equipas de resgate internacionais e milhares de voluntários.

Uma das partes mais emocionantes da exposição são os relatos em vídeo de sobreviventes, que compartilham as suas experiências angustiantes durante e após os terremotos.

 FO museu exibe objetos que se tornaram símbolos dos terremotos de Canterbury, incluindo a ponta do pináculo caído da Catedral de ChristChurch, um sino da Catedral do Santíssimo Sacramento e os relógios da antiga estação ferroviária que pararam no momento dos tremores.

Esta exposição ficar mostrei a saber a lenda maori sobre a origem dos tremores de terra. Na tradição Māori, a origem dos tremores de terra é frequentemente atribuída a Rūaumoko, o filho mais novo de Ranginui (o Pai Céu) e Papatūānuku (a Mãe Terra).

A lenda conta que, quando Ranginui e Papatūānuku foram separados pelos seus outros filhos, que estavam cansados de viver na escuridão entre seus pais, Rūaumoko ainda estava no ventre de Papatūānuku. Ele amava tanto a sua mãe que permaneceu lá, bem  aconchegado.

Assim, Rūaumoko reside nas profundezas da Terra Mãe, onde ainda sente a falta de seu pai, Ranginui. Para expressar a sua tristeza e o seu amor contínuo por ambos os pais, Rūaumoko agita-de e move-se dentro do ventre da mãe.

Esses movimentos poderosos de Rūaumoko nas profundezas da terra são o que nós, na superfície, sentimos como terremotos. Quando a terra treme, é o coração de Rūaumoko a bater.

Algumas versões da lenda também sugerem que Rūaumoko é o guardião do mundo subterrâneo, do calor e dos vulcões. Os seus movimentos não são apenas expressões de tristeza, mas também manifestações do poder e da energia que residem sob a superfície da Terra.

Portanto, para o povo Māori, os terremotos não são eventos aleatórios, mas sim as manifestações tangíveis da presença contínua de Rūaumoko e da sua ligação eterna com seus pais. Esta lenda oferece uma explicação poética e profundamente ligada à natureza para um fenómeno poderoso e, muitas vezes, destruidor.

Restaurante Carlton


Jantámos muito bem no Carlton, um restaurante com uma história rica, servindo a região de Canterbury há mais de 160 anos.

A especialidade do Carlton é a carne de vaca de pasto, proveniente exclusivamente de quintas de Canterbury