segunda-feira, 24 de março de 2025

Investimento em descarbonização e tecnologia nos aeroportos

 


A indústria da aviação está constantemente confrontada com novas regulamentações. Desde o início do ano, as companhias aéreas têm de todos os voos que partam da UE têm obrigatoriamente que usar 2% de SAF - Sustainable Aviation Fuel. Obviamente, este foi um dos grandes temas discutidos na conferência. Os europeus têm objetivos muito altos para a descarbonização até 2050 – o que é muito difícil atingir para aeroportos pequenos sem apoios governamentais. A adoção generalizada de SAF depende do desenvolvimento de uma cadeia de abastecimento robusta e da redução dos custos, sendo fundamental a colaboração entre governos, aeroportos, companhias aéreas e outras partes interessadas.

Os aeroportos também se têm de adaptar às novas diretrizes europeias e investir na descarbonização. A descarbonização dos aeroportos tornou-se, assim, um imperativo urgente para mitigar o seu impacto ambiental e promover um futuro mais sustentável para a aviação. No painel “A Europa está sozinha? Os principais atores da aviação estão a abandonar a via da liberalização e da descarbonização?”, discutiu-se o desafio da descarbonização que, para os aeroportos, é um desafio complexo que exige uma abordagem multifacetada.

Askim Demir, presidente do Conselho de Administração do Aeroporto de Dacar, realçou o investimento que foi feito nesse aeroporto em painéis solares. “Dacar construiu a sua planta solar para se tornar autónomo“. Em África, há uns anos, 20 aeroportos africanos tinham aderido aos programas de descarbonização, hoje são 45.

As emissões de carbono nos aeroportos provêm de diversas fontes, incluindo os aviões, os Equipamentos de Apoio em Terra (como tratores de reboque, carregadores de bagagem e veículos de abastecimento, que utilizam combustíveis fósseis e, assim, contribuem para as emissões nos aeroportos), e os próprios edifícios e infraestruturas, ao consumir energia para iluminação, aquecimento, ventilação e ar condicionado, gerando emissões indiretas através da produção de eletricidade. Para alcançar a descarbonização, os aeroportos devem implementar uma variedade de estratégias.

Um outro exemplo apresentado foi o do aeroporto de Singapura. O seu projeto “Blue Print”, oficialmente conhecido como Singapore Sustainable Air Hub Blueprint, é um plano abrangente e ambicioso lançado em fevereiro de 2024. O seu principal objetivo é descarbonizar o setor da aviação em Singapura, tornando o aeroporto e as operações aéreas mais sustentáveis a longo prazo, atingindo a neutralidade carbónica até 2050. O projeto "BLUE print" delineia várias estratégias para atingir as suas metas de sustentabilidade, focando em três áreas principais: aeroporto, companhias aéreas e Gestão do Tráfego Aéreo.

Um dos pontos a trabalhar e o melhoramento da eficiência energética dos edifícios e operações do aeroporto, através da otimização de sistemas de iluminação. Sobre este tema também falou Gert Taeymans, da empresa ADB SAFEGATE, uma empresa líder global que fornece soluções integradas para aeroportos, companhias aéreas e prestadores de serviços de navegação aérea (ANSPs). As suas atividades, em mais de 2 500 aeroportos em mais de 175 países, abrangem toda a experiência de um avião no aeroporto, desde a aproximação inicial até à partida, com o objetivo de aumentar a eficiência, melhorar a segurança, impulsionar a sustentabilidade ambiental e reduzir os custos operacionais.

A ADB SAFEGATE está cada vez mais focada na sustentabilidade, desenvolvendo soluções que ajudam os aeroportos a reduzir o seu impacto ambiental. Isto inclui o desenvolvimento de produtos energeticamente eficientes, como iluminação LED, e soluções que otimizam as operações para reduzir o consumo de combustível e as emissões. A empresa também se comprometeu a operar de forma sustentável nas suas próprias atividades, tendo alcançado a certificação de neutralidade climática.

A tecnologia e a inovação desempenham um papel fundamental na descarbonização dos aeroportos. Interessante a abordagem de Clara Sasse, copresidente do Conselho de Administração do Gupo Sasse, uma empresa familiar internacional com sede em Munique (Alemanha), que oferece serviços integrados de gestão de instalações. Fundada em 1976, a empresa cresceu constantemente e hoje emprega cerca de 9 000 pessoas em diversos países, incluindo em Portugal. O Grupo Sasse está empenhado na sustentabilidade, investiu muito em tecnologia, tornando-se assim não só mais eficiente como mais ecológica.



Estes foram alguns dos temas debatidos no AviationEvent em Cluj em meados de março de 2025, organizada pela AviationEvent, pelo Aeroporto Internacional de Cluj e pela RAA, a Associação dos Aeroportos Romenos, e que reuniu líderes do setor, especialistas e partes interessadas de todo o mundo para discutir os principais desafios, oportunidades e tendências que moldam o futuro da aviação em tempos bastante instáveis. A importância do transporte aéreo para a riqueza da Europa foi outro dos tópicos abordados. Centrado na inovação, na colaboração e no crescimento sustentável, o evento proporcionou uma plataforma para debates esclarecedores, criação de redes e intercâmbio de conhecimentos.