quinta-feira, 1 de maio de 2025

Viagem aos antípodas - dia 21 - Pequim

A Muralha da China, seccção de Badaling


Hoje os deuses estiveram de novo connosco.


O nosso voo de Auckland correu lindamente. 

CA784

AKLPEK Auckland-Pequim) 

Boeing 789-9

Distância 10788 km

Duração 12h49

Velocidade de cruzeiro 759 km/ hora

Altitude 11582 m

Aterragem 4h33

Aterrámos às 4h33, uma hora antes da hora prevista. Ou seja, teríamos imenso tempo para passar a imigração e chegaríamos mais do que as tempo para a excursão à Muralha da China, organizado gratuitamente pela Trip.com para passageiros em trânsito, com início previsto às 7h30. 

Pensámos até que poderíamos ir passar o tempo na arrival lounge, mas não sabíamos onde era. 

 Ao longo dos corredores do terminal há jovens de casaco azul claro que são informações. Infelizmente não falam uma palavra de inglês! Ou seja, não conseguimos saber onde seria a dita arrival lounge. E como não há Google na China também não podíamos procurar na net. Lembrei- me da joana que estaria ainda a meio da tarde d e que eu poderia pedir para procurar na Google. Ela lá descobriu que a dita arrival lounge era no Terminal 3E , onde estávamos, mas depois do controlo de segurança. Quando aí chegámos , o agente conseguiu dizer num inglês muito macarrónico que depois não poderíamos sair. Eu não a acredito, mas não quisemos arriscar. Assim, dirigimo-nos para o controlo de passaportes e depois saímos. Passámos pelo quiosque das excursões ainda não eram 6h. Ainda estava fechado. Sentámo-nos um pouco mais à frente à espera que abrisse. Às 7h víamos aí já lá havia pessoas e fomos até lá. E a empregada informou- nos de vc que só havia dois lugares livres. Como assim??!!!! Rapidamente disse que aceitávamos esses dois lugares e começámos a fazer planos sobre o que fazer. Obviamente iriam as duas que nunca tinham visitado a Muralha. As outras duas, que em tempos já lá tinham ido,  teriam de arranjar um programa alternativo. Mas qual? Ou haveríamos de desistir da excursão e ir as quatro de táxi? 

Enquanto ponderávamos os prós e contras, a funcionária disse que afinal havia três lugares. Ótimo! Só uma teria de se entreter. 

Quando chegou a guia, falaram com o condutor que dizer ao poderíamos ir as quatro! 

E foi muito bom. A guia era uma jovem adulta muito bem disposta e divertida que nos contou histórias sobre a Grande Muralha. 

Arrabaldes de Pequim, a caminho de Badaling


Há vários pedaços da Grande Muralha que podem ser visitados a partir de Pequim. A excursão levou- nos a Badaling, a 60 km do aeroporto, a aproximadamente 1h30 de carro. 

Era costume cada rei construir uma muralha à volta do seu reino para proteção de ataques inimigos. Quando o imperador Qin  conseguiu reunir todos os reinos num só império e, assim,  unificar toda a China, achou por bem prolongar as várias muralhas existentes, fazendo uma só para assim proteger todo o império. As muralhas existentes foram fortificadas, ficando com uma largura de 8 metros no chão e de 4 metros no topo, tendo sido igualmente construídos torreões de observação  Só que uma única muralha não dava ainda proteção total e mandou construir mais  duas ou três muralhas passarelas nalguns troços mais propícios ataques dos inimigos.

A muralha inicial construída durante o reinado do imperador Qin ia  do oceano ao deserto de Gobi com um cumprimento total de aproximadamente 5000 km, mas com as várias muralhas paralelas o império da China ficou protegido com um total de 21000 km de muralhas!

Os trabalhos ficaram terminados   em 15 anos. Para a sua construção foram sendo utilizados materiais que se iam encontrando: rochas, pedras, areia, plantas - mas também os corpos dos trabalhadores que iam morrendo , “os nossos antepassados”, como realçou a guia. Há até uma estrofe no hino nacional que fala da grande muralha e dos antepassados que morreram.

Pequim, sendo a capital do no império, tinha de ser especialmente bem protegida. Aqui existem várias muralhas paralelas. É como um escudo de super-herói para a cidade, mantendo-a a salvo dos inimigos.

Porque é que esta secção da muralha  se chama Badaling?

É aqui que muitas estradas importantes se dividem e seguem em direções diferentes, mais precisamente em 8 (bada), daí o nome. Há 43 torrões de observação que são uma espécie de olhos da muralha. 

Desde que o presidente Mao subiu à Muralha nos anos 1940’s e disse: “Qualquer homem que é homem tem que subir à muralha”, as visitas à muralha foram- se tornando extremamente populares. 

Regressámos pontualmente ao aeroporto pela hora do almoço.  Pedimos o transporte para o hotel, uma cortesia da Air China, para passageiros com tempos de trânsito muito prolongados. 

Muitos grupos de escolas a vistar a Mralha

Na ida para a Nova Zelândia tínhamos visto que, ao lado do hotel, havia um restaurante que servia pato à Pequim e decidimos logo que no caminho de regresso iríamos lá comer um. Assim o fizemos. Ainda antes do fazer o check-in, sentámo- nos no restaurante e pedimos esse famoso prato da cozinha chinesa 



O cozinheiro a preparar o pato à Pequim

O pato à Pequim, ou Beijing kaoya (北京烤鸭) como é conhecido na China, teve a sua origem durante a Dinastia Yuan (século XIII). Caracteriza-se pela sua pele crocante e saborosa e pela carne tenra e suculenta.

A preparação do pato à Pequim é uma arte meticulosa que exige tempo e perícia. Tradicionalmente, patos de uma raça específica são criados e alimentados de maneira particular para garantir a textura e o sabor ideais. O processo de preparação envolve insuflar ar entre a pele e a carne para as separar, escaldar o pato com água a ferver e, em seguida, pendurá-lo para secar por um determinado período. Esta etapa crucial permite que a pele perca a humidade, resultando no crocante característico após o assado.

Antes de ser levado ao forno, o pato é geralmente untado com uma marinada doce e aromática, que pode incluir mel, malte, molho de soja, vinho de arroz e diversas especiarias. O método de assado tradicional envolve fornos de tijolo aquecidos a lenha, o que confere ao pato um sabor defumado único e inconfundível.



A apresentação do pato à Pequim é quase tão importante quanto o seu sabor. Normalmente, o pato é levado inteiro à mesa e, em seguida, um cozinheiro especializado fatia a pele crocante e a carne em pedaços finos e uniformes. A arte do fatiamento é uma demonstração de habilidade e precisão.



O pato à Pequim é tradicionalmente servido com panquecas finas e macias, cebolinho cortado em juliana e pepino em tiras. E como se come?  Pega-se numa panqueca, espalha-se um pouco de molho hoisin (um molho doce e salgado à base de soja), adicionam-se pedaços de pato crocante, cebolinho e pepino, e enrola-se a panqueca para criar uma deliciosa e equilibrada combinação de sabores e texturas.

Fomos então descansar para o quarto no Hotel Internacional Beijing Fuyong Yulong ( 1Ronghui ParkAirport Industrial Zone BTianzhu Airport Economic Development ZoneShunyi DistrictBeijing). 

Quando anoiteceu, regressámos ao aeroporto onde esperámos pelo embarque na lounge da Air China 

Viagem aos antípodas - dia 20 - Auckland e o voo de regresso




Depois das atribuições do dia de ontem, dormimos que nem umas santas, felizes por termos um teto e uma cama. 



Como já não tínhamos nada para comer, fomos procurar um café para tomar o pequeno almoço. O apartamento fica junto da universidade e na zona há muitos restaurantes e cafés. Só que… nada nos agradava para o pequeno almoço. Finalmente, entrámos e ficámos num café coreano onde serviam café brasileiro da marca Santos. 


A oferta de comida era fraca, mas conseguimos umas croissants e scones de tâmaras, aliás muito populares por toda a Nova Zelândia. 

Na nossa passagem por Auckland à chegada, tínhamos deixado para o regresso a visita à Galeria de Arte e à zona das docas. E lá nos metemos a caminho, a pé, para as nossas descobertas.

A Galeria de Arte de Auckland Toi o Tāmaki é um farol cultural no coração da cidade. Mais do que um simples espaço de exposição, a galeria é um ponto de encontro onde a arte, a história e a comunidade se entrelaçam.

O impressionante edifício em si é uma obra de arte, combinando elementos arquitetónicos clássicos com adições modernas arrojadas - Infelizmente estava em obras e não podemos atirar na sua globalidade. No seu interior, uma vasta coleção permanente narra a história da arte na Nova Zelândia, desde as expressões artísticas dos Māori e das ilhas do Pacífico até às obras de artistas contemporâneos.



Muito interessante é a secção dedicada a Gottfried Lindauer, um pintor checo e neozelandês (1839-1926), famoso pelos seus retratos detalhados, especialmente de Maoris, o povo indígena da Nova Zelândia. Nascido Bohumír Lindauer em Plzeň, na Boémia (então parte do Império Austro-Húngaro), emigrou para a Nova Zelândia em 1874 e passou grande parte de sua vida registando a cultura Māori através das suas pinturas.

Lindauer demonstrou talento artístico desde cedo, inicialmente desenhando plantas e árvores. Estudou arte na Academia de Belas Artes de Viena, onde desenvolveu técnicas de retrato. Após um período na Europa, estabeleceu-se na Nova Zelândia, um país que se tornaria o foco principal de sua obra.

Na Nova Zelândia, Lindauer viajou extensivamente, muitas vezes a convite das próprias comunidades Māori, para pintar retratos dos seus líderes, guerreiros e pessoas importantes. As suas pinturas são notáveis pela precisão etnográfica, capturando detalhes  dos trajes tradicionais, adornos de penas, armas e, o mais distintivo de tudo, o tā moko, a arte tradicional da tatuagem facial Māori. Essas tatuagens não são apenas decorativas, mas têm significados profundos sobre a linhagem, estatuto e história pessoal de cada pessoa.

O trabalho de Lindauer é altamente valorizado tanto pela sua qualidade artística como pelo seu significado histórico e cultural. Para muitas famílias Māori, os seus retratos são, ainda hoje , considerados como representações preciosas de seus ancestrais (tūpuna), preservando suas imagens e legados para as gerações futuras. As suas pinturas fornecem um registo visual inestimável de um período crucial da história da Nova Zelândia e da cultura Māori.

Trabalhou por encomenda, de Maoris e  de Pākehā (neozelandeses de ascendência europeia).



Depois da visita à Galeria de Arte de Auckland descemos na até ao porto, percorrendo a animada Baixa (CBD - Central Business District), passando pelas de lojas de todos os grandes designers da moda. 



As docas de Auckland, situadas no coração da cidade à beira-mar, pulsam com uma energia que reflete a sua rica história marítima e o seu espírito moderno. Mais do que simples ancoradouros para embarcações, estas docas são um centro dinâmico de atividade, lazer e cultura.



Ao longo dos anos, as docas de Auckland evoluíram significativamente. Outrora um movimentado centro de comércio e transporte marítimo, hoje transformaram-se num espaço multifacetado que combina o seu legado náutico com uma atmosfera contemporânea e sofisticada. Seguindo uma tendência internacional, as antigas docas foram revitalizadas, dando lugar a marinas, restaurantes à beira-mar,bares, cafés e espaços públicos.

A Viaduct Harbour é talvez a área mais conhecida das docas de Auckland. Para os entusiastas da história marítima, o Museu Marítimo da Nova Zelândia oferece uma visão fascinante do passado náutico do país.

Regressámos ao hotel, para levantar as malas e apanharmos um Uber para o aeroporto. Após as formalidades de check-in , esperámos pelo embarque na lounge da Air New Zeland, com uma boa vista sobre a pista. A lounge é um oásis de conforto,  um ambiente acolhedor para relaxar, trabalhar ou simplesmente beber um copo e jantar com tranquilidade longe da agitação do terminal.

Cocktail Kiwi nostalgia