sábado, 4 de outubro de 2025

Póvoa de Varzim e os seus passadiços







Caminhar à beira-mar oferece uma combinação única de benefícios que superam em muito uma simples caminhada. Por isso, decidimo-nos a passar um fim de semana no Norte , na zona da Póvoa de Varzim, para caminhar à beira-mar. 



A maresia, rica em iões negativos, é naturalmente revigorante, ajudando a melhorar o humor e a reduzir os níveis de stress. Respirar o ar fresco e salgado atua como um tónico para o sistema respiratório, limpando as vias aéreas e fortalecendo os pulmões.



O ritmo constante das ondas e o horizonte aberto criam um ambiente de meditação natural. Esta imersão sensorial ajuda a acalmar a mente, promove a clareza mental e melhora a qualidade do sono. A exposição solar, feita com moderação e proteção, permite ainda a síntese de Vitamina D.



Em suma, a caminhada à beira-mar é uma experiência holística que nutre o corpo e a mente, transformando o exercício físico numa verdadeira terapia de bem-estar. Era mesmo disto que estávamos à espera. 

Alugámos um apartamento na Aguçdoura, , não longe da praia, a Casa Ramos. Chegámos ao final da tarde, mas ainda deu tempo para uma pequena caminhada.
No dia seguinte, depois de uma noite bem descansada, demos então corda aos sapatos. 

Aguçadoura, a cerca de 6 km a norte da Póvoa, oferece uma combinação de beleza costeira e uma forte herança agrícola e cultural.

A Praia da Aguçadoura é conhecida pela sua grande extensão de dunas, que proporciona uma paisagem natural mais isolada e é ideal para longas caminhadas. Os passadiços permitem-nos desfrutar da paisagem costeira e dunar, enquanto damos belos passeios à beira-mar.

Mesmo em frente da nossa casa, temos um moinho antigo em ruínas, um dos muitos que a beira-mar nesta zona costeira do Minho 

Mas além de estar ligado ao mar, 

Aguçadoura possui uma história ligada à terra. No centro da vila, está a a Petra Agosadoira (que ainda teremos de encontrar), donde veio o nome da vila. Era aqui que os agricultores da região, há centenas de anos, se dirigiam para "aguçar" (amolgar) as suas alfaias agrícolas.



Também no centro, temos a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, a Igreja Paroquial atual (em estilo neogótico) e, ao lado, a fachada da antiga igreja original, construída em 1874.

Aguçadoura é também conhecida por a "Terra da Masseira", historicamente famosa pelo seu método de cultivo tradicional, chamado "Masseira", que permitiu transformar as áridas dunas em campos agrícolas produtivos. Hoje, embora em risco de extinção devido à popularização das estufas, é um marco cultural da vila que demonstra a engenhosa relação entre o povo e a terra.


Os trilhos costeiros na Póvoa de Varzim são principalmente os Passadiços do Litoral, que oferecem um longo e agradável percurso à beira-mar, ligando a zona urbana ao Norte do concelho.

O percurso é misto. Nas zonas mais urbanas (como a Avenida dos Banhos), o trajeto é feito por passeios urbanos, partilhados com ciclovias. Mais a Norte (a partir da Praia do Fragosinho/Aver-o-Mar), transformam-se em passadiços de madeira sobre o areal e as dunas, o que permite caminhar sem danificar os frágeis ecossistemas costeiros.
É uma caminhada muito fácil e muito agradável, pois é um trajeto linear e praticamente plano.
No caminho podemos ver campos de Masseira, a técnica agrícola tradicional de que já falei acima e que consiste na plantação de hortícolas em grandes buracos quadrados protegidos do vento, antigos moinhos de vento, dispersos pela paisagem, dunas e, claro está, dunas.

Os campos de masseira representam um sistema de agricultura único no mundo, profundamente enraizado nestas freguesias costeiras (Aguçadoura e Estela). Esta técnica engenhosa foi desenvolvida no século XVIII por monges beneditinos para tornar produtivos os vastos areais junto ao mar. A masseira consiste em escavar uma cova larga e retangular nas dunas, com apenas alguns metros de profundidade. A areia retirada é amontoada nas bordas, formando os "valos" (ou valados). Estes valos, muitas vezes reforçados com vinhas, funcionam como barreiras naturais contra o forte vento Norte (Nortada) e a areia marítima, criando um microclima mais quente no centro do campo.

O rebaixamento da cova aproxima as culturas do lençol freático e, aliado à fertilização com sargaço (algas marinhas), permite o cultivo de hortícolas de ciclo curto e alta rentabilidade, como a batata e a penca.



Também passámos pé muitos montes de sargaço que ainda continua a ser recolhido e usado como adubo.



E, como sempre no Norte, comemos muito bem. No Barracuda no mar comemos uma deliciosa raia grelhada, precedida de um pastel de bacalhau quentinho e mexilhões

Terminámos o Almoco com a famosa rabanada poveira