Caminhar à beira-mar oferece uma combinação única de benefícios que superam em muito uma simples caminhada. Por isso, decidimo-nos a passar um fim de semana no Norte , na zona da Póvoa de Varzim, para caminhar à beira-mar.
A maresia, rica em iões negativos, é naturalmente revigorante, ajudando a melhorar o humor e a reduzir os níveis de stress. Respirar o ar fresco e salgado atua como um tónico para o sistema respiratório, limpando as vias aéreas e fortalecendo os pulmões.
O ritmo constante das ondas e o horizonte aberto criam um ambiente de meditação natural. Esta imersão sensorial ajuda a acalmar a mente, promove a clareza mental e melhora a qualidade do sono. A exposição solar, feita com moderação e proteção, permite ainda a síntese de Vitamina D.
Em suma, a caminhada à beira-mar é uma experiência holística que nutre o corpo e a mente, transformando o exercício físico numa verdadeira terapia de bem-estar. Era mesmo disto que estávamos à espera.
Aguçadoura, a cerca de 6 km a norte da Póvoa, oferece uma combinação de beleza costeira e uma forte herança agrícola e cultural.
A Praia da Aguçadoura é conhecida pela sua grande extensão de dunas, que proporciona uma paisagem natural mais isolada e é ideal para longas caminhadas. Os passadiços permitem-nos desfrutar da paisagem costeira e dunar, enquanto damos belos passeios à beira-mar.
Mesmo em frente da nossa casa, temos um moinho antigo em ruínas, um dos muitos que a beira-mar nesta zona costeira do Minho
Mas além de estar ligado ao mar,
Aguçadoura possui uma história ligada à terra. No centro da vila, está a a Petra Agosadoira (que ainda teremos de encontrar), donde veio o nome da vila. Era aqui que os agricultores da região, há centenas de anos, se dirigiam para "aguçar" (amolgar) as suas alfaias agrícolas.
Também no centro, temos a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, a Igreja Paroquial atual (em estilo neogótico) e, ao lado, a fachada da antiga igreja original, construída em 1874.
Aguçadoura é também conhecida por a "Terra da Masseira", historicamente famosa pelo seu método de cultivo tradicional, chamado "Masseira", que permitiu transformar as áridas dunas em campos agrícolas produtivos. Hoje, embora em risco de extinção devido à popularização das estufas, é um marco cultural da vila que demonstra a engenhosa relação entre o povo e a terra.
Os campos de masseira representam um sistema de agricultura único no mundo, profundamente enraizado nestas freguesias costeiras (Aguçadoura e Estela). Esta técnica engenhosa foi desenvolvida no século XVIII por monges beneditinos para tornar produtivos os vastos areais junto ao mar. A masseira consiste em escavar uma cova larga e retangular nas dunas, com apenas alguns metros de profundidade. A areia retirada é amontoada nas bordas, formando os "valos" (ou valados). Estes valos, muitas vezes reforçados com vinhas, funcionam como barreiras naturais contra o forte vento Norte (Nortada) e a areia marítima, criando um microclima mais quente no centro do campo.
O rebaixamento da cova aproxima as culturas do lençol freático e, aliado à fertilização com sargaço (algas marinhas), permite o cultivo de hortícolas de ciclo curto e alta rentabilidade, como a batata e a penca.
Também passámos pé muitos montes de sargaço que ainda continua a ser recolhido e usado como adubo.
E, como sempre no Norte, comemos muito bem. No Barracuda no mar comemos uma deliciosa raia grelhada, precedida de um pastel de bacalhau quentinho e mexilhões
Terminámos o Almoco com a famosa rabanada poveira