quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Viagem à Sicília - Dia 11: Catânia

 


Um dia dedicado Inteiramente a cidade de Catânia. Na véspera, estudando o boletim meteorológico, decidimos não subir ao monte Etna, o vulcão ativo mais alto da Europa. A viagem levaria cerca de 1 hora e 30 minutos a 2 horas, ou seja, só para a viagem teríamos de contar com três a quatro horas. Mais ou passei seriam cinco  a seis horas só para a deslocação,  ou seja , não teríamos tempo para ver bem que Catânia. O Monte Etna não é apenas o vulcão mais alto da Europa fora do Cáucaso, com uma altitude que varia devido à sua atividade constante, mas também um dos vulcões mais ativos do mundo. É uma força da natureza que molda continuamente a ilha, sendo reconhecido como Património Mundial da UNESCO.



O Etna é um vulcão do tipo estratovulcão, caracterizado por erupções frequentes e, por vezes, espetaculares. As suas erupções são, na sua maioria, efusivas, o que significa que produzem fluxos de lava relativamente lentos e inofensivos para as populações vizinhas, como a grande cidade de Catânia. No entanto, o seu historial inclui eventos mais destrutivos, como a erupção de 1669.

O vulcão possui múltiplas crateras ativas no seu cume, bem como inúmeras crateras laterais e aberturas secundárias, o que o torna uma estrutura geológica complexa e em constante mudança. Os habitantes locais, que o chamam carinhosamente de a muntagna (a montanha) ou até mesmo, "Mãe", desenvolveram uma relação de respeito e resiliência com este gigante fumegante.

A montanha apresenta uma notável diversidade de paisagens. Nas encostas inferiores, o solo vulcânico, extremamente fértil, suporta uma rica agricultura, incluindo vinhas que produzem o aclamado Etna Rosso e Etna Bianco, para além de pomares e olivais.

À medida que se sobe, a vegetação dá lugar a florestas de pinheiros e, eventualmente, a um mundo de "paisagem lunar". Esta zona de grande altitude é composta por vastos campos de lava solidificada, que parecem ribeiros negros e escarpados. A área é pontilhada por crateras extintas laterais (como as Crateras Silvestri) e tubos de lava (grotte) que podem ser explorados pelos visitantes.


Ficámo-nos então pela Catânia que explorámos a pé. 

Catânia é a segunda maior cidade da Sicília e uma metrópole  que vive à sombra e sob a influência constante do Monte Etna. A sua história é marcada por uma notável resiliência, tendo sido repetidamente destruída por erupções vulcânicas e terramotos, nomeadamente a erupção de 1669 e o sismo catastrófico de 1693. Destas cinzas, a cidade renasceu de forma espetacular.

O centro histórico de Catânia é Património Mundial da UNESCO e um testemunho do deslumbrante Barroco Siciliano. A característica mais distintiva da sua arquitetura é a utilização generalizada da pedra de lava negra (pietra lavica), proveniente do Etna, que confere aos seus palácios, igrejas e pavimentos um contraste dramático com o mármore branco local.



O coração da cidade é a Piazza del Duomo, um conjunto arquitetónico elegante e monumental. No seu centro, ergue-se o símbolo de Catânia: a Fontana dell'Elefante (Fonte do Elefante). Esta obra-prima foi desenhada pelo arquiteto Giovanni Battista Vaccarini e construída entre 1735 e 1737 como parte da grande reconstrução da cidade após o devastador terramoto de 1693.

A fonte é coroada por uma escultura de basalto negro pré-existente, um elefante sorridente que os habitantes locais chamam carinhosamente de "Liotru". Esta figura, feita de pedra de lava do Monte Etna, remonta à época romana e tornou-se o emblema de Catânia. Diz a lenda que o elefante possui poderes mágicos capazes de proteger a cidade das erupções do vulcão.

Sobre o elefante assenta um obelisco de granito egípcio, coberto de hieróglifos, que se acredita estar ligado ao culto da deusa Ísis. Vaccarini inspirou-se na Fontana dell'Elefante de Gian Lorenzo Bernini em Roma, mas adaptou-a de forma única ao contexto siciliano, utilizando o contraste visual entre o negro da lava e o branco do mármore. A fonte representa a interseção da história antiga, da mitologia e da resiliência da cidade face à natureza vulcânica.



Catedral de Catânia (Cattedrale di Sant'Agata) é um dos edifícios religiosos mais importantes da Sicília, tanto pela sua função como pela sua história tumultuada, intimamente ligada ao Monte Etna. Dedicada a Santa Ágata, a padroeira da cidade, a catedral ergue-se na monumental Piazza del Duomo.

A estrutura original remonta ao século XI, construída sob o domínio normando sobre as ruínas de umas antigas termas romanas., que ainda se podem ver. No entanto, o edifício sofreu graves danos com as erupções do Etna e, sobretudo, com o sismo de 1693, que destruiu grande parte de Catânia.

Foi reconstruída no deslumbrante estilo Barroco Siciliano pelo arquiteto Giovanni Battista Vaccarini. A fachada atual, datada de 1736, é um exemplo imponente deste estilo, apresentando colunas maciças e esculturas em mármore claro que contrastam com a pedra de lava negra utilizada na reconstrução de muitos edifícios vizinhos.

O interior, no entanto, ainda revela vestígios da sua origem normanda nas três absides semicirculares, construídas com grandes blocos de pedra lávica, que resistiram à destruição. 



A Catedral é também o local de descanso final de Vincenzo Bellini, o famoso compositor de ópera natural de Catânia. Acima de tudo, é o epicentro das grandes festividades anuais em honra de Santa Ágata.


Bem perto da catedral, ergue- se a  Badia di Sant'Agata (Abadia de Santa Ágata), uma das obras-primas mais espetaculares do Barroco Siciliano na Catânia e um marco arquitetónico de grande importância.

 O edifício original, que era um convento de freiras beneditinas fundado no início do século XVII, foi quase totalmente destruído pelo grande terramoto de 1693 que devastou Catânia.

 Foi magnificamente reconstruído pelo arquiteto Giovanni Battista Vaccarini (1735-1767), que também projetou a famosa Fonte do Elefante na Piazza Duomo. A igreja atual foi consagrada em 1767.

A característica mais distintiva é a sua faustosa fachada. Vaccarini utilizou uma combinação de pedra lávica cinzenta e calcário branco para criar um efeito de movimento ondulatório (alternando superfícies convexas e côncavas), um elemento marcante do barroco.

A igreja tem uma planta em cruz grega, com o interior caracterizado pela simplicidade elegante do estuque branco e dos altares em mármore amarelo de Castronovo. O contraste entre o branco, o cinzento da lava e o amarelo do mármore confere-lhe uma luminosidade única.






O maior atrativo da Badia di Sant'Agata é a possibilidade de subir ao topo, que oferecem uma vista panorâmica inesquecível de 360 graus sobre Catânia.

 A partir do topo, pudemos admirar a vizinha Piazza Duomo, a Fonte do Elefante, a Catedral de Santa Ágata, a malha urbana da cidade e, acima de tudo, a majestosa silhueta do Monte Etna.

O acesso às Terrazze e Cúpula é feito por escadas (cerca de 170 degraus) ou parcialmente por elevador até aos terraços, com mais alguns degraus (cerca de 57) para a cúpula. 



A partir da Piazza del Duomo, a reta e imponente Via Etnea atravessa a cidade, oferecendo vistas espetaculares do Monte Etna a espreitar ao fundo. Esta via é o principal centro comercial e social da cidade.



Além do Barroco, Catânia revela as suas raízes antigas. O Teatro Romano de Catânia é uma das joias arqueológicas escondidas da cidade, oferecendo um vislumbre fascinante da sua vida sob o domínio imperial. Situado no coração do centro histórico, a poucos passos da Piazza del Duomo, o teatro e o adjacente Odeon estão notavelmente integrados no tecido urbano moderno, com casas e edifícios construídos diretamente sobre as suas estruturas antigas.

Embora a sua fundação se baseie num teatro grego anterior, a estrutura que vemos hoje é predominantemente romana, datada do século I ou II d.C. O teatro podia acomodar cerca de 7 000 espetadores, sendo uma das maiores estruturas do seu género na Sicília. A sua construção utilizou a rocha de lava negra, abundante em Catânia, em contraste com a pedra calcária e o mármore.

Ao longo dos séculos, e particularmente após o devastador sismo de 1693, grande parte do teatro foi desmantelada para servir como material de construção para os edifícios barrocos da cidade, e as suas áreas foram invadidas por habitações. No entanto, as escavações e os trabalhos de recuperação revelaram grande parte da cavea (bancada) e da orchestra.




Junto ao Teatro, encontra-se o Odeon, uma estrutura mais pequena e semicircular, com capacidade para cerca de 1 500 pessoas. O Odeon era provavelmente utilizado para ensaios, concertos e espetáculos musicais menos grandiosos do que aqueles realizados no teatro principal.

O que torna a visita a estas ruínas particularmente intrigante é a forma como a história se funde com a vida quotidiana. Ao visitar o complexo, passamos por entre muralhas romanas que foram incorporadas em paredes de casas medievais, onde vemos roupa pendurada a secas.

A água do Rio Amenano, que corre subterraneamente em Catânia (e cuja nascente alimenta a Fontana dell'Amenano perto do mercado do peixe), passava por baixo do teatro. Restos de antigos canais de irrigação e de um pequeno jardim com a água a fluir sobre o mármore da orquestra dão um toque pitoresco ao local, lembrando que Catânia sempre foi uma cidade moldada pela força da natureza, quer seja pela água, quer seja pelo fogo do Etna.



 

Não muito longe, o Castelo Ursino, uma fortaleza de origem suaba do século XIII, é uma das poucas estruturas que resistiu ao sismo de 1693 e hoje alberga o Museu Cívico e que está fechado para obras. 

Originalmente construído no século XIII (entre 1239 e 1250) por ordem do Imperador Frederico II da Suábia, o Castelo Ursino foi concebido como uma fortaleza real com uma função defensiva e de representação do poder imperial. A sua posição original era proeminente, erguendo-se sobre um penhasco à beira-mar.

O nome "Ursino" deriva provavelmente de Castrum Sinus (Castelo do Golfo). A sua localização mudou dramaticamente após a erupção do Monte Etna em 1669. Um massivo fluxo de lava contornou as muralhas do castelo, preenchendo o fosso e estendendo a linha costeira, deixando a fortaleza cercada por terra e afastada do mar.

O castelo, de planta quadrada e com quatro torres circulares nos cantos, serviu como prisão e depois como quartel antes de ser restaurado.


 Terminámos a vista à cidade com o Palazzo Biscari (Palácio Buscari), a residência privada mais antiga da cidade,  habitada pelo simpático príncipe Ruggero Moncada, o guardião do património da família. 

Tínhamos acabado de entrar no Palácio Biscari. Estávamos na varanda quando senhor, vestido com umas jardineiras e com uma caneca de chá na mão, se aproximam de nós e começou a falar connosco. 

A dada altura diz-nos: Venham comigo! 

Entrou numa  sala, pôs-se debaixo de um quadro e perguntou: O meu marido não é parecido com nariz deste senhor? É o meu tetravô! 



Depois contou-nos a história da família. E guiou-nos por todas as salas, sempre contando histórias muito engraçadas. Quando nos fomos embora, estava ele a varrer uma das salas. 

O Palazzo Biscari (também conhecido como Palazzo Biscari alla Marina) é o palácio privado mais importante e sumptuoso de Catânia, uma obra-prima da arquitetura barroca siciliana e rococó.

A sua construção, sobre as antigas muralhas da cidade (muralhas de Carlos V), começou após o devastador terremoto de 1693 que destruiu grande parte de Catânia. Foi encomendado pela família Paternò Castello, Príncipes de Biscari. O palácio foi gradualmente ampliado e enriquecido ao longo do século XVIII, em grande parte sob a direção de Ignazio Paternò Castello, o 5º Príncipe de Biscari, um famoso estudioso, arqueólogo e mecenas das artes.

 O palácio é uma mistura de estilos, mas é mais famoso pelo seu esplendor rococó. 



A entrada faz- se por uma grande escadaria curva, em mármore e basalto do Etna, a partir do pátio central. Foi aqui que, em 2008, os Coldplay gravaram um vídeo-clip da música Violet Hill



 No interior, o grande realce vai para o Salão de Baile, em estilo Rococó, com decoração profusa de estuque, espelhos e afrescos. A pequena cúpula no teto era usada como câmara da orquestra, sendo o acesso feito por uma escada interna que o Príncipe Ignazio chamou de "arco de nuvens" (a fiocco di nuvola).

 Outras salas notáveis incluem a Galeria dos Pássaros, a Sala dos Feudos e os Apartamentos da Princesa.

O palácio, sobre o qual Goethe escreveu três páginas ao seu livro “Viagem a Itália “ , ainda é parcialmente habitado pelos descendentes da família Biscari.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Viagem à Sicília - Dia 10: - Taormina



 

Logo após o pequeno almoço saímos de Siracusa em direção de Taormina, uma viagem de 118 km   

 


Taormina é frequentemente descrita como a "Pérola do Mediterrâneo" e é, sem dúvida, um dos destino mais procurados na Sicília. Empoleirada numa colina que se eleva sobre o mar Jónico, esta cidade siciliana oferece uma mistura perfeita de beleza natural, história antiga e charme cosmopolita, com vistas espetaculares para o imponente Monte Etna a sul.



A principal atração de Taormina é o seu magnífico Teatro Grego (Teatro Antico di Taormina) com vistas panorâmicas espetaculares. Embora tenha sido construído originalmente pelos Gregos no século III a.C., foi amplamente reformado e expandido pelos Romanos. O que torna este anfiteatro único, e o mais fotografado do mundo, é o seu cenário natural. Através dos arcos em ruínas da parede do palco, a vista estende-se sobre as águas azul-turquesa da baía de Giardini Naxos e, em dias claros, culmina com a silhueta fumegante do Etna, criando um pano de fundo verdadeiramente dramático e inesquecível. O teatro é ainda hoje palco de concertos e do prestigiado Festival de Cinema de Taormina.



A vida social de Taormina desenrola-se ao longo do Corso Umberto I, uma rua pedonal que atravessa o centro histórico de ponta a ponta. Flanqueada por palácios medievais, igrejas barrocas, boutiques de luxo, cafés e gelatarias - e milhares de turistas!- a rua é o eixo da dolce vita local.



No meio do Corso, a Piazza IX Aprile é uma varanda natural que oferece um terraço panorâmico. Esta praça é emoldurada pela Igreja de San Giuseppe, de estilo barroco, e pela Torre dell'Orologio (Torre do Relógio), funcionando como um miradouro onde se pode apreciar a vista deslumbrante sobre o mar e o vulcão.

Abaixo da cidade, acessível por um teleférico (funivia), encontram-se as praias. O ponto mais famoso é a Isola Bella, uma pequena ilha, classificada como reserva natural, ligada à costa por um estreito banco de areia que se revela ou submerge com a maré. 




Mergulhámos nas suas águas cristalinas para relaxar após um intenso dia de visitas.

(Fotografia de Isabel Figueira)


Taormina tem atraído artistas e escritores ao longo dos séculos, de Goethe a Truman Capote, cimentando o seu estatuto como um destino de elegância intemporal na Sicília.



Viagem à Sicília - Dia 9 - Siracusa

 

Teatro grego


 Que melhor maneira de começar o dia visitando o Parque Arqueológico de Neápolis? 

Neapolis em grego significa “cidade nova" e é a área arqueológica mais importante de Siracusa e um local imperdível para quem visita a cidade. Estende-se por uma área de cerca de 240 mil metros quadrados e concentra alguns dos monumentos mais significativos do período grego e romano da cidade.



Teatro Grego de Siracusa é uma das estruturas mais notáveis e um dos ex-libris do Parque Arqueológico de Neápolis.

A construção original do teatro remonta ao século V a.C. (período clássico grego). Foi substancialmente reconstruído no século III a.C., no período helenístico, sob o domínio de Hierão II.

É um dos maiores teatros gregos e um dos mais bem preservados, com um diâmetro de cerca de 138 metros. Foi quase totalmente esculpido na rocha da colina Temenita (uma prática comum nos teatros gregos da Sicília), o que lhe confere uma acústica excecional. Podia acomodar até 15 mil espetadores e as suas bancadas (a cavea) eram divididas em nove setores.

No período grego, foi um centro vital da vida cultural e cívica da Magna Grécia. Sabe-se que o dramaturgo Ésquilo (autor de tragédias como Os Persas) encenou as suas obras em Siracusa, possivelmente neste local.

Durante a época romana, o teatro foi modificado para receber novos tipos de espetáculos, incluindo jogos e combates.

No século XVI, tal como aconteceu com outros monumentos do parque, os seus blocos de pedra foram retirados e usados pelos espanhóis para construir fortificações na ilha de Ortígia. Apesar disso, a sua estrutura fundamental esculpida na rocha permaneceu intacta.

O teatro é uma das poucas estruturas antigas que continua a ser usada para o seu propósito original. Anualmente, o Istituto Nazionale del Dramma Antico (INDA) organiza um famoso ciclo de representações clássicas (tragédias e comédias gregas), atraindo milhares de visitantes.

O Teatro Grego, juntamente com a Ara de Hierão e a Orelha de Dionísio, constitui o núcleo principal do Parque Arqueológico de Neápolis.


Ara de Hierão II

 A Ara de Hierão II (Ara di Ierone II), ou Grande Altar de Siracusa, é um altar monumental de sacrifício também aqui localizado. 

Foi construído durante o período helenístico por ordem do Rei Hierão II de Siracusa (que governou de 270 ou 265 a.C. a 216 a.C.).

 É o maior altar conhecido da Antiguidade, medindo aproximadamente 196 metros de comprimento e 23 metros de largura.

 Foi provavelmente dedicado a Zeus Eleutério (o Libertador), comemorando a queda do tirano Trasíbulo em 466 a.C. e, possivelmente, o 500º aniversário da fundação de Siracusa.

 Servia como um local para grandes sacrifícios públicos, como o sacrifício de 450 bois em simultâneo (um ato de grande piedade e ostentação do poder do governante).

 Atualmente, resta principalmente a base da estrutura. Grande parte da superestrutura de blocos foi removida no século XVI para ser utilizada na construção de fortificações espanholas na cidade.

 A sua construção serviu também para engrandecer o próprio Hierão II, demonstrando a sua riqueza e fervor religioso, e representa o culminar de uma tradição grega siciliana de altares monumentais.




Localizada na parte superior do Teatro Grego, a Gruta do Ninfeu (Grotta del Ninfeo) é uma gruta com nichos votivos e uma nascente, que se acredita ter sido o local do Mouseion (Templo das Musas).





 O Anfiteatro Romano é um dos maiores edifícios do género na Sicília

A estrutura elíptica (oval) usada para jogos de gladiadores, batalhas navais simuladas (naumaquia) e caçadas de animais (venationes).

 Possui a forma elíptica (oval), característica dos anfiteatros romanos (como o Coliseu em Roma).

  

As suas dimensões externas são monumentais, medindo cerca de 140 por 119 metros.

 A sua construção remonta à Época Imperial Romana (provavelmente entre os séculos III e IV d.C.).

 Foi parcialmente escavado na rocha do Monte Temenite, embora a parte superior (em alvenaria) tenha sido quase completamente destruída ao longo dos séculos.

 No centro da arena, existe um poço retangular (originalmente coberto) que servia para a elevação de equipamentos, animais ou dos próprios gladiadores antes dos espetáculos.

Tal como o teatro grego, a  estrutura do teatro romano sofreu uma grande espoliação no século XVI, quando os espanhóis removeram os blocos de pedra para construir fortificações na ilha de Ortígia. Por isso, o que resta hoje é principalmente a base escavada na rocha.



As Latomie del Paradiso (Pedreiras do Paraíso) eram antigas pedreiras a céu aberto, de onde se extraía a rocha calcária e que também serviram como prisões (a mais famosa acolheu mais de 7 mil prisioneiros atenienses).



 A Orelha de Dionísio (Orecchio di Dionisio) é uma caverna artificial famosa, localizada dentro do Latomia do Paraíso (Latomia del Paradiso), escavada na rocha calcária como parte de uma antiga pedreira (latomia).

Possui uma forma sinuosa e irregular, que se estreita em direção ao topo, semelhante, de forma vaga, à forma de uma orelha humana (o que inspirou o seu nome).

Tem cerca de 23 metros de altura e se estende por aproximadamente 65 metros de profundidade.

A característica mais notável da caverna é a sua acústica extraordinária. A forma e as dimensões da caverna amplificam os sons em seu interior de forma espetacular. Um sussurro no fundo da caverna pode ser ouvido com clareza no seu exterior ou em pontos específicos no topo.

O nome "Orelha de Dionísio" foi atribuído pelo pintor italiano Caravaggio em 1608, quando visitou o local. Ele a batizou em homenagem à lenda do tirano Dionísio I de Siracusa (século IV a.C.).

 A lenda conta que Dionísio usava a caverna como prisão para seus inimigos políticos. Devido à acústica, ele supostamente podia sentar-se em um orifício no topo da caverna (onde a acústica amplificadora seria mais eficaz) e espionar as conversas secretas dos prisioneiros.

O tirano podia, assim, descobrir planos de fuga ou conspirações tramadas contra ele, sem que os prisioneiros soubessem que estavam a ser ouvidos.


 A Grotta dei Cordari (Gruta dos Cordeiros) é outra das latomias, usada historicamente por cordoeiros (que torciam cordas) por causa da humidade e temperatura constante. Não a ou demos ver porque se encontra atualmente, vedada ao público devido à segurança.


À tarde mudámos o registo e visitámos três igrejas. 



O principal ponto de interesse da igreja de Danta Lúcia do Sepulcro é o quadro "O Enterro de Santa Luzia" (Il Seppellimento di Santa Lucia), uma obra colossal de Michelangelo Merisi da Caravaggio (1608-1609).

 Este quadro, pintado por Caravaggio durante a sua estadia em Siracusa, tem uma importância histórica e artística imensa e é o principal tesouro da igreja. 



Ainda fomos até à Igreja das Lágrimas de Siracusa, na verdade, a Basílica Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas (Basilica Santuario Madonna delle Lacrime), um importante santuário mariano em Siracusa.

O santuário foi construído para comemorar um evento prodigioso que terá ocorrido em 1953: a lacrimação milagrosa de uma pequena efígie de gesso representando o Imaculado Coração de Maria, que se encontrava na casa de um jovem casal de Siracusa, Angelo Iannuso e Antonina Giusto.



Entre 29 de agosto e 1 de setembro de 1953, a imagem de gesso terá vertido lágrimas por quatro dias. O fenómeno foi testemunhado por multidões e examinado por uma comissão científica, que analisou o líquido e o classificou como tendo a composição de lágrimas humanas.

O Santuário foi erguido para abrigar a efígie milagrosa. A pedra fundamental foi colocada em 1954, mas a construção da grande basílica moderna levou décadas. O projeto, vencedor de um concurso internacional, é de autoria dos arquitetos franceses Michel Andrault e Pierre Parat.

 A basílica é uma imponente estrutura moderna, com cerca de 103 metros de altura, que domina o horizonte da cidade. A sua forma particular é frequentemente interpretada como um farol, uma tenda de acolhimento ou, simbolicamente, uma lágrima.

O templo superior (Basílica) foi inaugurado e consagrado em 6 de novembro de 1994 pelo Papa João Paulo II (então Cardeal Karol Wojtyła já havia visitado o local em 1964). Em 2002, João Paulo II elevou o santuário à dignidade de basílica menor.

A figura da Virgem é guardada na parte superior do Santuário. A estrutura também inclui uma cripta e um museu que preserva os ex-votos e os objetos ligados ao evento da lacrimação.

É um local de grande devoção e peregrinação, reconhecido pela Igreja Católica.



Por fim, passámos para igreja- ossário de São Tomás ao Panteão (Chiesa di San Tommaso al Pantheon), popularmente conhecida pelos siracusanos simplesmente como "o Pantheon" de Siracusa.

O principal significado desta igreja é o de ser o Monumento aos Caídos de Siracusa na Primeira Guerra Mundial. No seu interior repousam os restos mortais de soldados siracusanos que pereceram na frente durante a primeira grande guerra, havendo várias lápides comemorativas em sua memória.

 Foi construída a partir de 1919, sob o projeto do arquiteto Gaetano Rapisardi. Caracteriza-se por um estilo arquitetónico racionalista e moderno, com uma planta circular de nave única. A estrutura é imponente e se destaca com grandes pilares e janelões.

 É uma igreja paroquial ativa, servindo à comunidade local e funcionando como um local de homenagem e oração em memória dos falecidos em combate.