quarta-feira, 9 de julho de 2025

Elvas: A Sentinela Muralhada do Alentejo

 

Elvas vista do Forte da Graça

Aninhada no coração do Alto Alentejo, a cidade de Elvas ergue-se majestosamente como um testemunho vivo da história militar e da arquitetura fortificada. Classificada como Património Mundial da UNESCO desde 2012, a sua singularidade reside no seu impressionante complexo de fortificações abaluartadas, o maior do mundo, que lhe valeu o epíteto de "Rainha da Raia".



Forte da Graça

Ao percorrer as ruas de Elvas, somos imediatamente transportados para um passado glorioso, onde cada pedra parece contar uma história de batalhas, defesas e resistências. As imponentes muralhas medievais abraçam o centro histórico, revelando um labirinto de ruas estreitas e casas caiadas de branco, onde o tempo parece abrandar. No interior, a riqueza arquitetónica é palpável, com destaque para a antiga Sé de Elvas, originalmente uma mesquita e posteriormente adaptada a igreja, que exibe uma mistura fascinante de estilos.

Entrada do Forte da Graça


No entanto, são as fortificações externas que verdadeiramente definem a identidade de Elvas. O colossal Forte de Santa Luzia e o imponente Forte da Graça, ambos exemplos notáveis de arquitetura militar do século XVII e XVIII, são de visita obrigatória. Estas fortalezas, estrategicamente posicionadas, oferecem vistas panorâmicas deslumbrantes sobre a paisagem circundante, um mar de planícies douradas pontuadas por olivais e sobreiros.

O aqueduto da Amoreira visto do carro @Flobela Barão da Silva

Outro ícone inconfundível de Elvas é o Aqueduto da Amoreira. Esta magnífica obra de engenharia, construída entre os séculos XVI e XVII, estende-se por mais de 7 quilómetros, com os seus arcos monumentais a dominar a paisagem. Além de ser uma proeza arquitetónica, o aqueduto foi vital para o abastecimento de água da cidade, especialmente em tempos de cerco, evidenciando a engenhosidade das suas defesas.

  

Mas Elvas não é apenas história e pedra. A cidade vibra com a cultura alentejana, visível na sua rica gastronomia – onde o porco preto, o queijo e os doces conventuais são reis –, no artesanato local e na hospitalidade calorosa dos seus habitantes. Os eventos e festividades ao longo do ano trazem vida às praças e ruas, convidando os visitantes a mergulhar nas tradições locais.

Visitar Elvas é embarcar numa viagem no tempo, onde a grandiosidade militar se funde com a autenticidade de uma cidade alentejana. É uma experiência que cativa pela sua história, impressiona pela sua arquitetura e encanta pela sua alma.

Vila Galé Collection Elvas: Um Tesouro Alentejano

Vila galé Collection Elvas

No coração da histórica cidade de Elvas, Património Mundial da UNESCO, ergue-se um hotel que é mais do que um simples alojamento: o Vila Galé Collection Elvas. Este antigo Convento de São Paulo, meticulosamente restaurado, combina na perfeição o charme intemporal da arquitetura histórica com o conforto e as comodidades modernas de um hotel de cinco estrelas. É um destino que convida à imersão na rica tapeçaria cultural do Alentejo, oferecendo uma experiência de estadia verdadeiramente memorável.

O claustro

Ao entrar no Vila Galé Collection Elvas, somos imediatamente transportados para uma atmosfera de serenidade e elegância. 



Os amplos claustros, os tetos abobadados e os pormenores originais do convento foram cuidadosamente preservados, criando um ambiente que evoca a sua grandiosa história. Os quartos e suites, por sua vez, são um oásis de conforto contemporâneo, equipados com todas as amenidades necessárias para uma estadia relaxante. Muitos deles oferecem vista sobre a cidade ou os jardins interiores, convidando à contemplação.

Cada quarto é dedicada a uma fortaleza ou forte português no mundo.





Mas o Vila Galé Collection Elvas é muito mais do que um refúgio tranquilo. A sua localização privilegiada permite um acesso fácil aos principais pontos turísticos de Elvas, como as imponentes muralhas, o Aqueduto da Amoreira e os vários fortes que rodeiam a cidade. Após um dia a explorar, os hóspedes podem relaxar na piscina exterior, desfrutar de um tratamento no Satsanga Spa & Wellness – que inclui piscina interior aquecida, sauna e banho turco – ou saborear a deliciosa gastronomia local no restaurante do hotel, que serve pratos típicos alentejanos confecionados com produtos frescos da região. O bar, por sua vez, é o local ideal para desfrutar de um copo de vinho local ou de uma bebida refrescante.




Piscina infantil

Para além do lazer, o hotel oferece também excelentes condições para eventos e reuniões, com salas equipadas e versáteis que podem acolher desde conferências a celebrações especiais. A combinação da sua localização estratégica, o ambiente histórico e a qualidade dos serviços fazem do Vila Galé Collection Elvas a escolha ideal tanto para turistas que buscam uma experiência cultural rica, como para quem viaja em negócios.

Em suma, o Vila Galé Collection Elvas não é apenas um hotel; é uma porta de entrada para a alma do Alentejo, um local onde a história se encontra com o conforto, proporcionando uma estadia inesquecível.

O Pego do Inferno: Um Paraíso Escondido em Arronches

Pego do Inferno

No coração do Alentejo, escondido entre a paisagem suave e dourada de Arronches, reside um pequeno segredo natural que encanta todos os que o descobrem: o Pego do Inferno. Apesar do nome dramático, que evoca mistérios e lendas, este local é, na verdade, um oásis de tranquilidade e beleza, uma cascata serena que convida ao mergulho e ao contacto direto com a natureza.

O Pego do Inferno não é uma cascata de proporções gigantescas, mas a sua beleza reside na sua simplicidade e no ambiente idílico que a rodeia. As águas cristalinas do Ribeiro de Terges deslizam suavemente sobre formações rochosas, criando pequenas quedas que se precipitam numa lagoa de águas límpidas. É um cenário perfeito para refrescar-se nos dias quentes de verão, para um piquenique em família ou simplesmente para desfrutar da paz e do sossego que só a natureza pode oferecer.

escadas de acesso 
O acesso ao Pego do Inferno é relativamente fácil, embora envolva uma pequena caminhada que adiciona um toque de aventura à experiência. O trilho, ladeado por vegetação mediterrânica, conduz os visitantes por entre a paisagem alentejana, culminando na revelação desta joia escondida. Pelo caminho, é possível observar a flora e fauna local, enriquecendo a visita com a biodiversidade da região.



O geosítio do Pego do Inferno é um pequeno troço da Ribeira de Arronches onde existem cascatas e piscinas naturais. É um local, marcadamente influenciado pelos movimentos oriundos da tectónica de placas. Neste local a Ribeira de Arronches serpenteias rochas siliciosas do Ordovícico (um período geológico da Era Paleozoica, que se estendeu aproximadamente entre 485,4 e 443,8 milhões de anos atrás) através dos sistemas de falhas que aí estão implantados. 

Verifica-se que o troço no Pego do Inferno está alinhado pelo cavalgamento WSE - ENE a WMW-ESE do Ordovícico sobre o pré-câmbrico e pelas falhas conjugadas M-S a NNE-SSW, um pouco mais a montante. Este efeito é de tal maneira pronunciado que a ribeira faz curvas em ângulos quase retos. Este controlo tectónico, conjuntamente com a ação erosiva fluvial das estruturas, favorece a dinamização de geoformas como cascatas e pequenas lagoas (pegos). Apesar de as cascatas serem de pouca expressão, o local apresenta uma dinâmica fluvial muito interessante. A montante, a passagem da água é feita pelos estratos de Quartzito Armoricano com uma estratificação quase horizontal. Em cursos de água, como ribeiras e cascatas, onde o fluxo da água intenso, é comum o desenvolvimento de marmitas de gigante, isto é, depressões no fundo rochoso dos cursos de água, com dimensões variáveis e formas mais ou menos arredondadas, resultado da movimentação de seixos e areias que lá se acumulam. 

Em resultado do fluxo da água geram-se turbilhões que promovem o movimento circular das partículas dentro destas irregularidades, que progressivamente são aumentadas por desgaste físico ao longo do tempo. Podemos encontrar aqui alguns exemplos de marmitas de gigante em Quartzito do Ordovícico. 

As pequenas cascatas impostas sobre bancadas de Quartzitos do Ordovícico e os estratos de Quartzito controlam a queda de água. É possível ainda observar uma falha, de direção este-oeste, separando dois blocos onde as camadas apresentam diferentes disposições geométricas, culminando na queda de água principal. Nas bancadas de Quartzito surgem diversos com abundantes com o skolithos.

Apesar de ser um local ainda pouco conhecido, a sua popularidade tem vindo a crescer, principalmente entre os habitantes locais e os amantes da natureza. É um lembrete de que o Alentejo não é apenas sobre planícies douradas e castelos medievais, mas também sobre recantos secretos onde a água e a rocha esculpem paisagens de rara beleza.

Para quem visita a região de Arronches, uma paragem no Pego do Inferno é quase obrigatória, especialmente no verão quando o calor nos deixa quase incapazes de fazer seja o que for. Seja para um mergulho revigorante ou para um momento de meditação junto à água, este local oferece uma experiência refrescante. O "inferno" do seu nome contrasta vivamente com o "paraíso" que se encontra ao chegar, tornando o Pego do Inferno um dos segredos mais bem guardados do Alentejo. Um verdadeiro refúgio para quem busca a beleza natural e a calma.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Tailândia espera receber 60 mil Portugueses este ano

Chiang Mai

Segundo informações do Turismo da Tailândia, o pais dos sorrisos espera receber este ano 60 mil turistas portugueses. Em 2024, esse número foi de 54 790, já ultrapassando os número pré-pandemia. Até abril, o número de turistas do nosso país já subiu 18.4% em relação ao ano passado.  Desde o início do ano, a Tailândia já recebeu mais de 14 milhões de visitantes internacionais, reforçando a sua posição entre os destinos mais procurados a nível mundial. 

Para este ano, o Turismo da Tailândia criou 11 novas rotas de turismo de baixo carbono, marcando um passo importante no reforço do compromisso da Tailândia com o turismo sustentável, seguindo as tendências globais de redução das emissões de gases com efeitos de estufa. 

Chiang Rai

Entre as experiências propostas contam-se passeios de bicicleta pelas muralhas históricas de Chiang Saen, passeios de caiaque e visitas a pé. 
Além das rotas, estão a ser desenvolvidas outras iniciativas em várias do regiões do país. Em Chiang Mai, por exemplo, a experiência "Fantástica Viagem Orgânica" dá a conhecer algumas comunidades , como Mae Tha, onde se pratica agricultura biológica há várias gerações. 
Phuket


Em Pukhet, o foco está na conservação marinha e no turismo de base comunitária, onde na aldeia de Ban Bang Rong  se podem ficar a conhecer ecosistemas locais e como preservar ervas medicinais.

Com todas estas medidas agora implementadas, a Tailândia reforça o seu posicionamento como destino pioneiro na promoção de um turismo ambientalmente responsável, que junta sustentabilidade, autenticidade e valorização das comunidades locais. 
Khon Kaen



sábado, 7 de junho de 2025

Exposição "Venham Mais Cinco - O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa - 1974-1975", em Almada, oferece uma perspetiva inovadora e pouco vista sobre o



 

A exposição "Venham Mais Cinco - O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa - 1974-1975", em Almada, oferece uma perspetiva inovadora e pouco vista sobre o 25 de Abril. Patente no Parque Empresarial da Mutela, em frente à antiga Lisnave, esta mostra de fotografia é um projeto ambicioso com curadoria de Sérgio Tréfaut, que reúne cerca de 200 fotografias inéditas em Portugal.

O grande valor desta exposição reside no facto de apresentar o trabalho de mais de 30 fotojornalistas internacionais que cobriram os eventos em Portugal entre 1974 e 1975. Nomes como Sebastião Salgado, Guy Le Querrec e Jean Gaumy, entre outros, captaram com as suas lentes os momentos cruciais da Revolução dos Cravos, desde a euforia inicial às complexas transformações sociais e políticas que se seguiram. A exposição não segue uma ordem cronológica rígida, mas organiza as imagens em núcleos temáticos, permitindo uma imersão profunda nos diferentes aspetos do período.

É uma oportunidade única para o público português e estrangeiro ver como a Revolução foi percebida e registada além-fronteiras, enriquecendo a nossa compreensão de um dos capítulos mais importantes da história contemporânea do país. A entrada é gratuita e a exposição pode ser visitada de quinta-feira a domingo, das 11h às 19h, até ao dia 24 de agosto de 2025.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

AED Days 2025: Inovação e futuro da indústria da aeronáutica, espaço e defesa em Oeiras

 

Um dos painéis da AED Days 2025

 

Entre 3 e 5 de junho de 2025, Oeiras foi o epicentro da inovação e do futuro da indústria portuguesa, ao acolher os AED Days. Organizado pelo cluster AED (Aeronáutica, Espaço e Defesa), esta conferência anual é o ponto de encontro crucial para profissionais, empresas, instituições de investigação e decisores políticos, focado em impulsionar a competitividade e o desenvolvimento tecnológico dos setores estratégicos de Portugal.

Nestes três dias intensos, os AED Days 2025 ofereceram uma oportunidade ímpar para a partilha de conhecimento, networking e exploração de novas oportunidades. Com uma agenda repleta de conferências de alto nível, workshops interativos e uma mini-feira, esta conferência proporciona uma visão abrangente sobre as últimas tendências e avanços que estão a moldar a aeronáutica, o espaço, a defesa e, cada vez mais, a indústria em geral.

Entre os temas em destaque, a transição digital e a inteligência artificial ocupam um lugar central – como disse Daniel Boestad, vice-presidente, Gripen Business Development | SAAB AB, “o mundo nunca mais ser tão lento a aceitar mudanças como tem sido até hoje”. A forma como a tecnologia está a revolucionar o design, a produção, a manutenção e a logística foi amplamente debatida, com exemplos práticos e estudos de caso de empresas nacionais e internacionais que estão na vanguarda da adoção. A sustentabilidade e as soluções “verdes” nos três setores também foram um pilar fundamental, refletindo a crescente preocupação global com o impacto ambiental e a procura por cadeias de valor mais resilientes e eco-eficientes.

Para as empresas, os AED Days 2025 representam uma oportunidade ímpar de apresentar as suas capacidades, estabelecer novas parcerias e explorar mercados emergentes. É igualmente uma boa plataforma para os profissionais do setor se manterem atualizados sobre as últimas tendências, expandir a sua rede de contactos e inspirar-se nas trajetórias de sucesso de líderes e inovadores.

Os AED Days 2025 em Oeiras não foram apenas uma simples conferência, mas um catalisador em ação para a inovação e o crescimento. Foram o palco onde o futuro da indústria portuguesa foi debatido, desenhado e impulsionado, reafirmando o compromisso de Portugal com a excelência e a liderança em setores de ponta.

 

terça-feira, 3 de junho de 2025

Sabores e tradições da Tailândia regressam a Belém

 


De 20 a 22 de junho, o Festival da Tailândia está de volta a Lisboa para celebrar o melhor da cultura tailandesa

De 20 a 22 de junho, o Jardim Vasco da Gama, em Lisboa, volta a acolher o Festival da Tailândia, uma celebração vibrante da arte, cultura e gastronomia tailandesas. Promovido pela Embaixada do Reino da Tailândia, com o apoio da Autoridade do Turismo da Tailândia (TAT) e da Câmara Municipal de Lisboa, o evento integra a programação oficial das Festas de Lisboa de 2025.

Ao longo de três dias, o Thai Festival em Lisboa promete uma viagem até ao Sudeste Asiático sem sair da capital, com entrada livre para todos os visitantes. A edição deste ano do Thai Fest terá como tema “Pulso Criativo”, destacando a criatividade contemporânea da Tailândia, profundamente enraizada na sua rica herança cultural e na essência da identidade tailandesa, permitindo que o país evolua em sintonia com o pulso global.

O programa inclui uma ampla variedade de atividades para todas as idades: desde atuações de danças tradicionais e concertos de música country tailandesa, até demonstrações de muay thai, desfiles de trajes típicos e sessões de massagens tailandesas. Os visitantes vão poder ainda apreciar esculturas de frutas, participar em oficinas de artes — como pintura de sombrinhas e origami tailandês — e aproveitar jogos pensados especialmente para os mais pequenos e para os jovens.

A inauguração oficial está marcada para as 12h30 de sexta-feira, dia 20 de junho, e vai contar com a presença da embaixadora do Reino da Tailândia em Portugal, Kanokwan Pengsuwan, da diretora da Autoridade do Turismo da Tailândia para o Sul da Europa, Nanthasiri Ronnasiri e do Presidente da Junta de Freguesia de Belém, Fernando Ribeiro Rosa.

Um dos destaques da programação acontece no sábado, 22 de junho, às 12h00, no Pavilhão Tailandês, com a revelação dos vencedores do passatempo online “Sustainable Tourism in Amazing Thailand”, promovido pela Autoridade do Turismo da Tailândia (TAT). O sorteio vai contar com vários prémios, entre os quais uma viagem dupla de 7 noites a Banguecoque e Phuket ou Krabi, oferecida pelo operador turístico Icárion. Também vão ser atribuídos vouchers para estadias em hotéis na Tailândia e vales para massagens tailandesas, aulas de muay thai, xperiências gastronómicas e muito mais. O passatempo conta com o apoio dos patrocinadores Icárion, Banyan Tree Phuket, Banyan Tree Bangkok, Angsana Laguna Phuket, Sheraton Samui Resort, Thai Street, Siam Square, Thailander, The Peonicia Spa e escola de muay thai Zé Fortes.

Ainda no sábado, pelas 14h00, a TAT promove uma Travel Talk, com a presença da escritora Margarida Pereira-Müller, que abordará a influência da gastronomia portuguesa na cozinha tailandesa, e de Tito Elbling, fotógrafo, videógrafo e tour leader, que partilhará as suas experiências de viagem e dicas úteis para quem quer visitar a Tailândia em breve.

Nos vários dias do festival, o programa conta com espetáculos culturais, onde não falta dança, música, workshops, histórias infantis e demonstrações de Muay Thai.

O Festival da Tailândia vai estar aberto ao público das 12h30 às 20h00 no dia 20 de junho, e das 10h30 às 20h00 nos dias 21 e 22, com organização da Embaixada do Reino da Tailândia e apoio da Autoridade do Turismo da Tailândia (TAT), da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia de Belém.



sexta-feira, 23 de maio de 2025

Duas etapas do Trilho dos Pescadores

 


O Trilho dos Pescadores, o percurso pedestre mais emblemático da Rota Vicentina, é uma experiência singular que abraça a nossa costa sudoeste, estendendo-se por mais de 220 quilómetros entre São Torpes, a norte de Sines, e Lagos, no Algarve. Mais do que uma simples caminhada, é uma imersão profunda no litoral alentejano e algarvio, seguindo os antigos caminhos utilizados pelos pescadores locais.

Sinalização

A particularidade do Trilho dos Pescadores reside no facto de quase todas as suas etapas serem sempre junto ao mar, serpenteando por falésias vertiginosas, dunas, baías encantadoras e praias selvagens – com panorâmicas constantes sobre o Atlântico.



A dificuldade do trilho dos Pescadores é considerada moderada a alta, principalmente devido ao terreno arenoso e irregular. Caminhar em areia mole, por vezes por longas distâncias, é muito cansativo. Tem também subidas e descidas íngremes que requerem alguma agilidade e muita atenção. Contudo, somos recompensados por uma beleza natural avassaladora: praias desertas que parecem saídas de um sonho, o som incessante das ondas e a oportunidade de observar a flora e fauna costeiras, incluindo aves marinhas e, com sorte, a rara cegonha-branca, que nidifica nas falésias marítimas.

O percurso está dividido em várias etapas diárias, cada uma com uma distância que varia entre 10 a 20 quilómetros, ligando pequenas vilas e aldeias piscatórias como Porto Covo, Vila Nova de Milfontes, Almograve, Zambujeira do Mar ou Odeceixe. É fundamental levar calçado adequado, água abundante, protetor solar e um chapéu, já que a exposição ao sol é constante e não há localidades no meio das etapas.

Nós fizemos somente duas etapas.



A etapa entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes do Trilho dos Pescadores, com aproximadamente 20 quilómetros de extensão, é, sem dúvida, uma das mais emblemáticas e desafiantes da Rota Vicentina, mas também uma das mais gratificantes..

Porto Covo - Vila Nova de Milfontes


O ponto de partida em Porto Covo, junto ao mercado, é encantador, com as típicas casas alentejanas caiadas de branco. 

Porto Covo

O trilho serpenteia por falésias espetaculares, dunas e pequenas enseadas isoladas, onde o azul intenso do Atlântico choca com o negro das rochas. A dificuldade do percurso reside precisamente na sua natureza arenosa e irregular.

Algumas partes do trilho exigem muito cuidado


Formações rochosas interessantes


Ao longo do caminho, temos , porém, vistas espetaculares. As praias selvagens, como a Praia da Ilha do Pessegueiro, com a sua história e o mítico forte, ou a Praia do Salto, acessível por difíceis descidas, são verdadeiros santuários naturais. É comum avistar aves marinhas a planar sobre as falésias, e a flora costeira, resistente ao vento e à salinidade, adiciona um toque de muitas cores ao cenário.





Fortaleza do Pessegueiro

Apesar do desafio físico, a beleza e a sensação de isolamento que esta etapa proporciona são incomparáveis. A cada curva, uma nova paisagem sempre com o som das ondas.

Formações rochosas interessantes




A igreja de Vila Nova de Milfontes


A chegada a Vila Nova de Milfontes é um alívio bem-vindo e a promessa de descanso. A vila, junto à foz do Rio Mira, oferece tudo o que precisamos para recuperar as energias. Ficámos num simpático apartamento do Duna Parque Beach Club. Depois de um duche reparador, fomos jantar num restaurante a somente 350m (não, não queríamos andar muito…), o Dunas Mil, com uma belíssima vista sobre o rio Mira e um serviço muito acolhedor - uma deliciosa sopa de peixe e um peixe frito (dourada) com migas de coentros e salada. Fantástico! Depois foi cair na cama e dormir ferradamente até ao dia seguinte.

 


Após um belo pequeno-almoço na Paparoca com uma deliciosa tosta mista em pão alentejano, metemo-nos à estrada. Esta etapa do Trilho dos Pescadores, com uma distância de aproximadamente 15 a 16 quilómetros e que liga Vila Nova de Milfontes a Almograve é frequentemente considerada um dos percursos mais acessíveis que nós não confirmamos….

Vila Nova de Milfontes - Almograve


A foz do rio Mira

O início da etapa é marcado pela travessia da emblemática ponte sobre o Rio Mira em Vila Nova de Milfontes donde se tem uma fantástica vista panorâmica sobre a foz do rio, as suas margens e a própria vila. Depois da ponte, o trilho afasta-se ligeiramente da linha costeira, percorrendo algumas áreas rurais e de bosque, muito denso. Em certas secções, o trilho pode passar por "túneis" formados pela vegetação densa, criando uma sensação de descoberta e aventura.




Ao longo do percurso, fomos presenteadas com paisagens variadas. Pequenas praias e enseadas escondidas surgem pontualmente, convidando a breves pausas para apreciar a tranquilidade e a força do Atlântico – ou para comer algo para recuperar forças. As gaivotas são uma presença constante, adicionando vida e som à paisagem.

A proximidade do mar é uma constante, mesmo que nem sempre visível, com a maresia e o som das ondas a acompanhar os passos.