A pouco mais de meia hora do Funchal,
chegamos à pequena vila de Câmara de Lobos, a terra onde viveu João Gonçalves
Zarco, um dos descobridores da Madeira e o seu 1º capitão donatário. A baía de
Câmara de Lobos ficou também imortalizada pelas aguarelas do Winston
Churchill, feitas quando visitou a Madeira em 1950.
Depois da
descoberta da Madeira os seus descobridores começaram a explorar a Costa Sul, onde vivia numa pequena baía uma grande quantidade de lobos-marinhos ou focas monge – daí terem dado o nome de Câmara de Lobos a esta baía.
Também a ribeira que se atravessa para aí
chegar tem um nome interessante: Ribeira
dos Socorridos. Ao fazerem o reconhecimento da ilha, alguns
marinheiros desembarcaram na foz da ribeira; esta porém tinha uma
corrente muito forte e os marinheiros estavam à beira da morte
quanto foram socorridos e salvo da morte.
Nas
margens da ribeira,
foi construída a Central Termoeléctrica da Vitória, que produz 3/4 da energia
consumida na ilha,
utilizando motores a gasóleo a quatro tempos. Atualmente, a Madeira possui um sistema electro produtor com centrais
hídricas e parques eólicos.
Câmara de Lobos é uma vila essencialmente
piscatória. Quando não estão na faina, podemos ver na praia uma grande
quantidade de xavelhas, barcos de pesca, de cores bem garridas. Entre os peixes mais
pescados estão a sapata, uma espécie de
tubarão, que é salgado e seco ao sal (daí ser também
conhecido pelo nome de bacalhau
de Câmara de Lobos) e o peixe-espada preto, que vive nas águas profundas. Este peixe caracteriza-se pelos seus olhos
grandes e dentes afiados, a total ausência de escamas, a pele lisa e
viscosa de cor escura e uma carne alva. A pesca do peixe-espada preto ainda é
feita de modo artesanal com um espinel, engenho especial que vai até vários metros de profundidade. É um trabalho moroso de seis a oito horas - só para retirar o espinel do mar são necessárias duas horas!
Aqui também se bebe a famosa ponha, uma bebida tradicional, que foi
trazida pelos Ingleses, e que também é feita na Índia, mas
com a aguardente de arroz. Aqui, a poncha é feita com aguardente
de cana, sumo de limão e mel, batida com o mexilote, o pau da poncha.
A zona
mais alta do concelho
de Câmara de Lobos é o estreito do mesmo nome. É uma
região vinícola por excelência, onde a maioria das vinhas cresce sobre suportes
ou latadas que cobrem os socalcos. Nesta freguesia produzem-se vinhos de boas
castas, outrora
trazidas de Creta, na
Grécia, como o
boal, sercial, malvasia e verdelho, utilizados para a confeção do Vinho Madeira. Nos últimos meses
muito se tem falado dos Estados, No entanto poucos saberão que foi com vinho da Madeira, que se brindou a 4 de julho de 1776, a
independência dos Estado Unidos da América, pois este era o vinho preferido de Thomas Jefferson, o principal redator da declaração de independência dos
Estados Unidos da América e o 3º
presidente do país.
Não longe de Câmara de Lobos está o promontório mais alto da Europa, e o
segundo do Mundo, o Cabo
Girão com quinhentos e oitenta metros. Há poucos anos foi aqui construída uma
plataforma suspensa em vidro, a que foi
dado o nome de skywalk . Deste miradouro tem-se uma vertiginosa vista
sobre as fajãs, pequenas áreas de terra cultivadas no sopé da falésia, do
Rancho e do Cabo Girão, bem como magníficas panorâmicas sobre o oceano e os
municípios de Câmara de Lobos e do Funchal.