O terceiro dia do World
Aviation Festival 2025, colocou os aeroportos e a experiência dos passageiros
em destaque, com líderes globais a explorar como a infraestrutura, a tecnologia
e a inovação centrada no cliente moldarão o futuro das viagens aéreas.
Crescimento e transformação na
Arábia Saudita
Numa conversa informal, Steven
Greenway, presidente do Conselho de Administração da companhia aérea low-cost
flyadeal da Arábia Saudita, descreveu a trajetória de rápido crescimento da
companhia aérea. Fundada em 2017 e operando atualmente 42 aviões, a flyadeal espera
que a sua capacidade cresça 42% no próximo ano, à medida que cheguem os novos aviões
encomendados.
Steven Greenway destacou a
força única do mercado interno da Arábia Saudita, que representa 75% da
capacidade da companhia aérea, enquanto a expansão internacional está a
acelerar. As recentes aprovações para sobrevoar o espaço aéreo sírio reduzirão
o tempo de voo em até 50 minutos em rotas como Riade para Istambul. A flyadeal
também está a apoiar peregrinações religiosas com operações charter dedicadas.
Terminal Um do JFK: um novo
padrão para os aeroportos dos EUA
Lisa Reifer, que lidera a
transformação do Terminal Um do JFK, partilhou como o projeto está a
estabelecer uma nova referência para o design inteligente, inclusivo e
sustentável de aeroportos.
As principais inovações incluem
sinalização digital dinâmica para melhorar o fluxo de passageiros, pontos de
contacto ao longo da viagem para apoiar viajantes com diferentes necessidades,
sistemas de acoplamento avançados para aumentar a segurança e a eficiência
operacional e sustentabilidade por design, com painéis solares que fornecem
energia renovável e todos os equipamentos de serviço em terra elétricos.
Lisa Reifer salientou que a
parceria e a colaboração têm sido fundamentais para a concretização de um projeto
tão complexo, uma vez que permitiram aproveitar diversas perspetivas para
estabelecer um novo padrão no design de aeroportos.
Líderes em experiência do
cliente sobre inovação e expectativas
Um painel de líderes em
experiência do cliente da TAP, Star Alliance, IndiGo, Meta e IBM explorou como
as companhias aéreas e os seus parceiros podem oferecer inovação centrada no
cliente numa era de necessidades diversificadas dos viajantes. Sofia Lufinha,
da TAP, realçou que a tecnologia é uma ferramenta, não um fim em si mesma, e
que ouvir os clientes é a base da inovação. Neha Narain, da IndiGo, observou
que muitos de seus passageiros são voadores de primeira viagem, o que significa
que a tecnologia deve ser aplicada com cuidado para evitar a criação de
barreiras. Ambar Franco, da Star Alliance, mostrou como a tecnologia sustenta
viagens sem interrupções em várias companhias aéreas, citando seu rastreador de
bagagem em tempo real. Dee Waddell, da IBM, exortou as companhias aéreas a ligarem
os pontos entre as experiências business to consumer e business to
employee, garantindo que o valor é entregue em toda a cadeia. Por fim,
Bastian Schütz, da Meta, apontou o potencial da RV e das tecnologias imersivas
para remodelar a viagem do cliente, desde o planeamento até ao entretenimento a
bordo.
Realidade virtual (RV) e o
futuro da viagem do cliente
As conversas sobre RV e IA
exploraram como as tecnologias imersivas estão prestes a transformar a
experiência da aviação. Bastian Schütz, da Meta, argumentou que a RV e os
óculos inteligentes poderão um dia substituir os dispositivos móveis. Neha Narain
também partilhou como o chatbot virtual da Indigo evoluiu para uma ferramenta
de reservas e um canal de receitas. Sofia Lufinha destacou o programa de
transformação «One Order» da TAP, que visa simplificar as reservas para uma
experiência semelhante à do retalho, e também o seu serviço de concierge
WhatsApp, que combina IA com agentes humanos para oferecer apoio personalizado
em grande escala. Waddell apontou o potencial da RV em treinamento, operações
de ATC e design de cabine.
Reinventando a distribuição de
voos
Numa sessão sobre distribuição,
Stephane Pingaud, da DerbySoft, e Siew Lee Tan, do AirAsia Group, exploraram
como as APIs e a IA estão a remodelar as vendas das companhias aéreas. A adoção
de sistemas API pela AirAsia já impulsionou o crescimento da quota de mercado.
E a transparência é fundamental, com os serviços auxiliares a representarem 20%
das receitas das companhias aéreas de baixo custo. Os dois líderes transmitiram
que os futuros sistemas de distribuição devem ser centrados no cliente,
orientados por dados e flexíveis, com capacidade de atualização rápida. A
AirAsia vê a IA e as superaplicações como a próxima fronteira da distribuição,
construindo ecossistemas que vão além dos voos para incluir serviços de viagem
mais amplos.
O modelo da Vueling:
oportunidades e desafios
Carolina Martinoli, presidente
do Conselho de Administração da Vueling, destacou as pressões operacionais
enfrentadas pelas transportadoras europeias, desde atrasos no controle de
tráfego aéreo até aeroportos com restrições e perturbações climáticas.
Mencionou que a forma como as
companhias aéreas gerem as perturbações irá diferenciá-las cada vez mais. Como
parte da IAG, a Vueling também se beneficia das sinergias do grupo, mantendo um
foco de mercado distinto, incluindo conexões com a Level a partir de Barcelona.
Carolina Martinoli também anunciou
uma renovação histórica da frota, com 50 aviões Boeing (mais opções)
encomendadas para substituir a frota Airbus da Vueling a partir de 2026. Esta encomenda
dará à companhia aérea flexibilidade para alternar entre 8 e 10 variantes do
modelo.
A evolução das
companhias aéreas de baixo custo
Os presidentes
do Conselhos de Administração da Vueling, flyadeal e TravelX debateram o
futuro do modelo de baixo custo. O presidente do Conselho de Administração da
TravelX, Juan Pablo Lafosse, destacou o potencial inexplorado da receita
pós-reserva, permitindo reservas contínuas e pacotes de serviços complementares.
Carolina Martinoli apontou para a redução das janelas de reserva e a
necessidade de uma gestão ágil da capacidade, ao mesmo tempo em que enfatizou
que o mercado se autorregula e que, se algo que as companhias aéreas fazem não
fizer sentido, os clientes irão para outro lugar. Steven Greenway, da flyadeal,
também sublinhou a natureza perecível do inventário das companhias aéreas e a
necessidade de maximizar o rendimento, observando que, após 13 anos, o NDC
ainda não está totalmente implementado. Todos concordaram que a IA e as
capacidades preditivas transformarão a gestão de receitas, com as interfaces
conversacionais a tornarem-se padrão.
No final dos três dias de
conferência World Aviation Festival (WAF), Daniel Boyle, Diretor Geral de
Transportes da Terrapinn, organizadora do WAF, afirmou: “O World Aviation
Festival deste ano superou verdadeiramente as nossas expectativas. A qualidade dos oradores, a profundidade da
discussão e a energia ao longo do evento refletiram a transformação e a
inovação que moldam a aviação atual. Estamos orgulhosos por ter reunido líderes
de todo o mundo para partilhar ideias e estabelecer ligações”.