Madeira petrificada |
Declaradas Património
da Humanidade pela UNESCO em 1978, as minas de sal de Wieliczka são
exploradas sem interrupção desde o século XIII, tendo sido visitadas pela
primeira vez no século XV.
Lago subterrâneo |
Reza
a lenda que Santa Cunegunda,
filha de um rei húngaro, tendo
sido prometida ao rei da Polónia,
recusou o dote de ouro e pedras preciosas que iria receber do pai, dizendo que
tinham origem nas lágrimas e no sangue do povo.
-
Não quero riquezas – declarou a princesa. – Deem-me sal que é um bem precioso.
O
pai ofereceu-lhe então uma mina de sal na Transilvânia, para dentro da qual
Cunegunda atirou o seu anel de noivado. Mais tarde, já como princesa polaca,
realizou uma viagem a Cracóvia; ao chegar perto da atual Wieliczka pediu aos
seus súbditos que cavassem um buraco bem fundo. Para espanto de todos, o buraco
continha sal em abundância – e mais admirados ficaram ao encontrarem ali o anel
que Cunegunda atirara para dentro da mina de sal da Transilvânia. As minas
começaram então a ser exploradas e tornaram-se muito importantes não só para a
Polónia mas para toda a Europa. E a ser visitadas, tendo por lá passado
Copérnico, Goethe, Alexandre von Humboldt, Dmitri Mendeleev, Robert Baden-Powell, Karol Wojtyła
(mais tarde Papa João Paulo II), Bill Clinton, entre muitas outras
personalidades.
Hoje
em dia quem passa por Cracóvia vai inevitavelmente visitar as minas de sal de
Wieliczka onde pode ver esta lenda representada numa das galerias da mina,
através de esculturas realizadas pelo mineiro Mieczyslaw
Kluzek. São inúmeras as estátuas de sal em exposição nas minas.
Um dos muitos corredores na mina |
"A
catedral subterrânea de sal da Polónia”, como são descritas as minas, é um
conjunto de escavações dispostas em nove níveis entre 64 e 327 m de
profundidade e com mais de 300
quilómetros de galerias – um verdadeiro labirinto – dos quais só
se visitam 3,5, mas onde podemos ver lagos subterrâneos, 22 câmaras, ferramentas e máquinas antigas,
baixos-relevos e capelas com figuras esculpidas de sal, feitas
pelos mineiros que ilustram a história das minas. Uma viagem a um mundo
totalmente desconhecido – e a uma temperatura bem fresca de 14 ºC!
A
capela mais impressionante é a de Santa Cunegunda
com 54 metros de comprimento toda decorada com figuras de sal, entre as quais
uma estátua gigante do papa João Paulo II.
Como surgiu o sal naquela região? Há mais de 13 milhões de anos começou a
aparecer sal devido à cristalização do sal diluído na água do mar, tendo-se
iniciado a sua extração ao ar livre. Era considerado ouro branco, tal era o
valor que tinha.
Os primeiros vestígios humanos na região datam do final do paleolítico.
Um documento do legado papal Egídio enumera e confirma os privilégios do mosteiro
beneditino para o uso gratuito do sal das salinas Magnum Sal, ou seja,
Wieliczka.
Em 1518 é publicada
a “Descrição das Salinas de Cracóvia”, onde são listados todos os tipos de
trabalhos a fazer na mina, as categorias de empregados, as salinas e a fazenda
pertencente à salina e são descritos os sistemas de extração, transporte e
venda de sal-gema e sal de evaporação. A produção deste último tipo de sal
termina em 1724 em Wieliczka.
No século XVIII são
introduzidas máquinas para trazer o sal para a superfície, tendo-se
igualmente iniciado ensaios para o uso de pólvora para extrair sal. Nos finais
do século XIX o trabalho nas minas fica praticamente totalmente mecanizado, com
a introdução de máquinas de perfuração e o uso de explosivos em grande escala.
Durante
a ocupação alemã da Polónia, as minas foram declaradas de especial importância
estratégica. Foi abandonada a técnica de perfuração mecânica, optando
unicamente pelo uso de explosivos. A mina passou a ser usada como fábrica de
material de guerra, onde trabalhavam judeus dos campos de detenção da
vizinhança. A 21 de janeiro de 1944, as tropas soviéticas libertaram
Wieliczka.
Candelabro de sal na catedral |
Hoje
em dias minas são também usadas como salas de concertos e de outras atividades
culturais, sendo visitadas por mais de um milhão de pessoas.
A última ceia, baixo relevo feito de sal |
Todas as estátuas são feitas de sal |