O parque do Curia Palace Hotel |
Ao chegarmos à Curia sentimo-nos imediatamente transportados para o passado, para o início do século XX. Com os seus grandes hotéis (Grande Hotel da Curia, o Palace Hotel e o Hotel das Termas), agora com uma decadência cheia de charme, as alamedas ladeadas de árvores, as termas meias-esquecidas, pensamos que somos figurantes um filme que mostra o esplendor das vilas termais portuguesas até meados do século passado.
No tempo da ocupação romana, a
atual Curia era conhecida por de “Aquae curiva”. Nome que deu origem à atual toponímia.
Os Romanos, grandes apreciadores de termas e de banhos, conheciam bem as
nascentes e explorava as suas águas, sendo assim a Curia uma das mais antigas
estâncias hidrológicas do país.
Com o evoluir da História, as
termas passaram para o esquecimento. Em 1863 um engenheiro
francês que trabalhava na construção da linha férrea do Norte aplicou as águas
da poça da Curia da Mata, nascente utilizada por residentes da região em
doenças de pele e reumatismo, num tratamento de um “mal que tinha nas pernas”.
Os bons resultados obtidos depressa se espalharam e a fama curativa das águas
não parou de crescer. A exploração pertencia por direito à Câmara da
Anadia, que não lhe dedicava nenhuma especial atenção. O balneário era um barracão
em madeira!
As primeiras análises às águas foram feitas somente em 1897 por encomenda de Luís Návega, médico, que incentivou a fundação da Sociedade das Águas da Curia, que foi concretizada em 1900. Ficou à sua frente como diretor clínico durante 40 anos.
As primeiras análises às águas foram feitas somente em 1897 por encomenda de Luís Návega, médico, que incentivou a fundação da Sociedade das Águas da Curia, que foi concretizada em 1900. Ficou à sua frente como diretor clínico durante 40 anos.
Quando por morte do pai, Albano Coutinho, jornalista e um dos fundadores
do Partido republicano em 1876, se dedicou aos negócios da família na Bairrada,
viu as potencialidades das águas. Trabalhou pela transformação
do local numa estância termal e de veraneio de qualidade, uma aposta financeira
no turismo, então praticamente inexistente, ou só existente em discussões
parlamentares e vagos apoios financeiros à construção de hotéis prometidos no
final do regime monárquico e no regime republicano.
Aos poucos foram
surgindo hotéis e pensões. Em 1926 foi inaugurado o Curia Palace
Hotel, a concretização do sonho do hoteleiro Alexandre de Almeida e do talento
do arquiteto Norte Júnior. O palacete é um magnífico exemplar da Arte Nova que
dominou os "Dourados Anos 20".
A entrada do Palace Hotel |
Este emblemático hotel foi criado com a intenção de se afirmar como grandioso, cosmopolita e mundano. Nos jardins do hotel foi inaugurada em 1934 a “Piscina-Praia”, uma curiosa construção em forma de navio, desenho do arquiteto Raul Martins, e que se tornou o centro de animação das termas nas décadas seguintes.
O Curia Palace Hotel e os edifícios que o complementam - Chalet Navega ou Chalet das Rosas, Capela da Senhora do Livramento, Piscina Paraíso, garagem e jardins envolventes - foram classificados como conjunto de interesse público pela Portaria n.º 615/2013, de 20 de Setembro, diploma que fixou também a respetiva zona especial de proteção (ZEP).
O Curia Palace Hotel e os edifícios que o complementam - Chalet Navega ou Chalet das Rosas, Capela da Senhora do Livramento, Piscina Paraíso, garagem e jardins envolventes - foram classificados como conjunto de interesse público pela Portaria n.º 615/2013, de 20 de Setembro, diploma que fixou também a respetiva zona especial de proteção (ZEP).
No final do
século XX, a queda na procura de um termalismo tradicional, a custosa
manutenção do parque e do seu património construído colocaram a Sociedade das Águas da Curia numa situação financeira difícil que, graças a apoios
comunitários e a aposta em novos programas termais de turismo de saúde, se têm
vindo inverter.
Hoje em dia, as termas da Curia a
tradição termal unida ao conforto e à tecnologia moderna, usada no novo
edifício termal, que ficou concluído em 1993, com tratamentos especializados
para combater doenças metabólico-endócrinas, cálculos renais e infeções
urinárias, hipertensão arterial, doenças reumáticas e músculo-esqueléticas,
programas de recuperação de forma física, reabilitação, fisioterapia corretiva
e dietas de emagrecimento. Os tratamentos podem ser interiores (ingestão oral
de água) ou exteriores (banhos de imersão com duche subaquático e bolha de ar,
duches escoceses de jacto ou crivo, circular ou de leque, a hidromassagem
automática, a sauna, a piscina de reabilitação, o ginásio com mecanoterapia, as
massagens e a eletroterapia, trações, ultrassons, ondas curtas, micro-ondas,
ultravioletas, infravermelhos, correntes diadinâmicas, entre outros).
Às propriedades curativas das
águas soma-se o ambiente de calma, sossego e repouso da Curia. As termas
encontram-se dentro de um parque de 14 hectares com árvores centenárias e
vegetação luxuriante que rodeiam o lago, artificial, convida a passeios tranquilos.
Os edifícios termais conservam a sua arquitetura Arte Nova, a monumental
buvete, o casino, agora desativado, os antigos balneários e a velha casa de chá
à beira do lago. Ainda dentro do parque, encontra-se o Hotel das Termas.