terça-feira, 14 de outubro de 2025

Viagem à Sicília - Dia 3: Monreale e Cefalù





De manhã deixámos Palermo em direção a Monterral, à maravilhosa catedral, o esplendor da arte árabe-normanda,.

A Catedral de Monreale, ou Duomo di Monreale, é um tesouro arquitetónico e artístico situado na colina de Monreale. Edificada a partir de 1174, por ordem do rei normando Guilherme II, esta imponente basílica é considerada o ponto culminante da fusão cultural e artística conhecida como estilo árabe-normando. Em 2015, foi reconhecida como Património Mundial da UNESCO, integrando o "Itinerário Árabe-Normando de Palermo, Cefalù e Monreale".



A verdadeira glória da catedral  reside no seu interior, que oferece um contraste esmagador com a sobriedade relativa do exterior. O templo é totalmente revestido por uma superfície de cerca de 6 340 metros quadrados de mosaicos de vidro e ouro, a maior concentração desta arte na Itália e uma das maiores do mundo. Estes mosaicos, criados por mestres venezianos e locais entre os séculos XII e XIII, contam toda a história bíblica, desde a Criação até aos Atos dos Apóstolos.



O ponto focal desta narrativa visual é a majestosa figura do Cristo Pantocrator (o Todo-Poderoso), que domina a bacia da abside principal. Com quase sete metros de altura, a sua representação severa, mas acolhedora, com a mão em bênção e o livro aberto, é um dos ícones mais famosos da arte bizantina. A utilização maciça de ouro confere ao interior uma luminosidade transcendente e mística, que se altera consoante a luz do dia.



O design da Catedral reflete a complexa história da Sicília medieval. A sua estrutura, de planta basilical com três naves, segue o modelo das grandes basílicas cristãs. No entanto, a incorporação de influências mouras é inegável, visível nos motivos entrelaçados em pedra escura e clara que adornam o exterior das absides e nas portas laterais de bronze. Esta harmonia entre o rigor normando, o esplendor bizantino dos mosaicos e a delicadeza geométrica árabe simboliza a coexistência de culturas que caracterizou o Reino da Sicília sob os normandos.





Anexo à Catedral, encontra-se o Claustro Beneditino, um local de serenidade e arte. Este claustro, construído por volta de 1200, com uma estrutura perfeitamente quadrada, é famoso pelas suas 228 colunas duplas, todas únicas, decoradas com intrincados capitéis esculpidos que representam cenas bíblicas, figuras históricas e motivos vegetais e animais.

A verdadeira joia do claustro reside nos seus capitéis, que são todos únicos. Esculpidos em mármore, apresentam uma rica iconografia que mistura cenas do Antigo e Novo Testamento com figuras de animais e motivos florais, refletindo a notável síntese das culturas normanda, bizantina e árabe. No ângulo sudoeste, destaca-se a pequena fonte de mármore com uma coluna esculpida, conhecida como Fonte do Rei, que exibe influências mouras.

O claustro, com o seu jardim central, foi concebido como um espaço de meditação e paz, e continua a ser um oásis de serenidade, em forte contraste com o esplendor dourado do interior da Catedral.


Do cimo do monte tem-se  uma vista espetacular e imperdível da paisagem siciliana, pois a cidade está situada no Monte Caputo, acima de Palermo. 



À tarde fomos até Cefalú , a 76 km. Cefalù é uma das cidades costeiras da Sicília mais pitorescas e cativantes, aninhada sob o imponente rochedo conhecido como La Rocca.



A sua principal atração é o majestoso Duomo di Cefalù, Património Mundial da UNESCO como parte do "Itinerário Árabe-Normando de Palermo, Cefalù e Monreale". Construída no século XII por Rogério II, a catedral impressiona com as suas imponentes torres gémeas e, no seu interior, com o magnífico mosaico bizantino do Cristo Pantocrator, uma obra-prima que domina a abside.



Além do Duomo, o centro histórico é um labirinto de ruelas estreitas, ideal para passear e descobrir joias escondidas como o Lavatoio Medievale e o Museu Mandralisca, que alberga o famoso Retrato de um Marinheiro Desconhecido de Antonello da Messina. Para os mais aventureiros, subir ao topo de La Rocca oferece vistas panorâmicas inesquecíveis da cidade e da costa.

 Uma catedral normanda conhecida pelos mosaicos bizantinos elaborados e pelas duas torres imponentes.

Oficialmente a Basílica Catedral da Transfiguração, ergue-se majestosamente na pequena cidade costeira siciliana, sob o imponente rochedo de La Rocca. É um dos monumentos mais significativos da arquitetura normanda na Sicília e um testemunho notável do sincretismo cultural que floresceu na ilha durante o século XII. Desde 2015, faz parte do Património Mundial da UNESCO, incluída no itinerário "Palermo Árabe-Normanda e as Catedrais de Cefalù e Monreale".

A construção da Catedral começou em 1131, por ordem do primeiro rei da Sicília, Rogério II. Reza a lenda que o rei prometeu construir o templo após sobreviver a uma violenta tempestade e desembarcar em segurança na praia de Cefalù. O edifício foi concebido para servir como um grande mausoléu real para a dinastia Altavilla.

A sua arquitetura é uma poderosa fusão de estilos. A fachada, ladeada por duas torres maciças de aspeto fortificado, reflete a austeridade românica e a força normanda. O pórtico do século XV, acrescentado entre as torres, harmoniza-se com o design geral. No interior, a estrutura segue o esquema das basílicas latinas, mas a decoração e a atmosfera são decididamente bizantinas.

O ponto focal e o maior tesouro da Catedral é o colossal mosaico do Cristo Pantocrator (Cristo Todo-Poderoso), que domina a abside. Criado por mestres de Constantinopla, o mosaico é considerado uma das mais refinadas e melhor preservadas expressões da arte musiva bizantina comnena no mundo.

A figura de Cristo, de olhar penetrante e mão direita erguida em bênção, é imponente e serena. Feito de tesselas de ouro puro, o mosaico brilha intensamente, transformando a luz natural numa experiência espiritual. Abaixo do Pantocrator, a Virgem Maria e os Apóstolos completam o ciclo, todos com inscrições em grego e latim, evidenciando o bilinguismo cultural da corte normanda.



Outro ponto de interesse é  o Lavadouro medieval ( Lavatoio Medievale Fiume Cefalino) ,  de 1514, com bacias de pedra originais e bicas de ferro fundido.
Escondido no final da Via Vittorio Emanuele, este antigo lavadouro público oferece uma visão fascinante da vida quotidiana medieval, contrastando com o glamour da cidade moderna.
A estrutura foi escavada na rocha, e é alimentado pelo Fiume Cefalino, um pequeno rio que, segundo a lenda, nasce de uma lágrima inconsolável de uma ninfa que foi rejeitada. A água cristalina do Cefalino flui através de uma série de 22 pias de pedra, onde as mulheres da cidade se reuniam para lavar a roupa durante séculos.
A água escoa das pias através de aberturas de ferro em forma de cabeças de leão. Preservado em ótimo estado, o Lavatoio é um local de paz e sombra, onde se pode ouvir o som suave da água a correr e imaginar o burburinho das lavadeiras de antigamente. 
Terminamos o dia com um passeio à beira da praia