Dia de grande temporal com relâmpagos, trovões e muita, mesmo muita chuva
O dia, porém, amanheceu lindo. À hora planeada, saímos rumo a Segesta, um dos sítios arqueológicos mais importantes da Sicília e um testemunho notável da influência grega na ilha - embora tenha sido a capital dos Elímios, um dos povos indígenas da Sicília antiga. O parque arqueológico, localizado no noroeste da ilha (perto de Trapani), é famoso por dois monumentos excecionalmente bem preservados, situados em paisagens naturais espetaculares.
· O Templo Dórico: Um Mistério Inacabado
OO principal monumento de Segesta é o seu Templo Dórico, que se ergue isolado e majestoso numa colina fora das muralhas da cidade antiga. A sua beleza é realçada pelo seu estado de conservação quase perfeito, sobrevivendo aos séculos praticamente intacto, o que é raro na Sicília.
OO templo, um hexástilo períptero, com 6 colunas na frente e 14 nos lados, todas ainda de pé, apesar de ter sido construído no final do século V a.C. (c. 430–420 a.C.), e de ainda ser considerado inacabado. Não possui telhado nem cella (o santuário interno) e as colunas ainda não foram estriadas, mantendo os seus blocos de pedra em bruto. Acredita-se que a construção pode ter sido interrompida devido a conflitos com a rival Selinunte.
· O Teatro Grego e o Monte Bárbaro
A A cerca de 1,5 km do templo, no cume do Monte Bárbaro, localizava-se a antiga acrópole, hoje acessível a pé (ou por autocarro que nós tomámos porque entretanto começou a chover). Aqui encontra-se a segunda grande atração do parque arqueológico : o Teatro Grego. Datado do século III a.C., foi escavado na encosta da colina e é orientado de forma a proporcionar uma vista deslumbrante sobre o vale e, ao longe, o Golfo de Castellammare. As bancadas semicirculares (cavea), esculpidas em rocha local, podiam acomodar cerca de 4 000 pessoas e são utilizadas ainda hoje para espetáculos durante o verão
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Quando regressámos ao carro, estávamos molhadas até aos ossos! Mudámos para roupa seca e seguimos viagem para Erice, uma linda vila medieval aninhada no topo do Monte Erice, a cerca de 751 metros de altitude, na província de Trapani, Sicília. A sua posição elevada confere-lhe um charme único: em dias claros, oferece vistas panorâmicas deslumbrantes que se estendem pela costa oeste da Sicília, Trapani, as salinas, as Ilhas Égadi e, por vezes, até à costa da África.
O centro histórico de Erice é um labirinto de ruas de paralelepípedos estreitas e sinuosas, ladeadas por antigos edifícios de pedra e pequenas igrejas — daí a vila ser conhecida como a "Cidade das Cem Igrejas".
A história de Erice é profundamente ligada à mitologia. Fundada pelos elímios, foi um importante centro religioso para fenícios e romanos, que aqui adoravam uma divindade feminina, culminando no famoso Templo de Vénus Ericina (Afrodite). Este legado mitológico deu lugar à era medieval com a chegada dos normandos.
Erice é conhecida pela sua atmosfera etérea; muitas vezes, fica envolta numa névoa baixa ou em nuvens, dando a sensação de estar suspensa no céu. Além das atrações históricas, não deixe de provar os doces tradicionais, nomeadamente as famosas "Genovesi", pastelaria local recheada com creme de baunilha, frequentemente encontradas na histórica Pasticceria Maria Grammatico.
Depois de esperarmos uma hora que parasse de chover, lá partimos . Quando começou a abrandar, começamos a descoberta da cidade
Castelo di Venere (Castelo de Vénus): Construído pelos normandos sobre as ruínas do antigo Templo de Vénus, este castelo oferece as vistas mais espetaculares da região. As suas ruínas são uma mistura fascinante de história e lenda, situadas dramaticamente na beira do penhasco.
Torretta Pepoli
Uma residência de pedra à beira do penhasco, com vistas panorâmicas dramáticas do mar construída em 1881, pelo Conde Agostino Pepoli, situada perto do Castelo de Vénus, que outrora serviu como refúgio para artistas e estudiosos.
Real Duomo di Erice (Chiesa Madre)
A igreja-matriz, construída no século XIV em estilo gótico com torre sineira adjacente
O caminho para Trapani bafejou-nos com paisagens maravilhosas
Ao final do dia chegámos a Trapani, uma cidade portuária . O seu centro histórico tem a forma de foice,. Conhecida como a "cidade dos dois mares", oferece uma mistura perfeita de história urbana, belezas naturais e gastronomia rica em influências mediterrâneas, sendo o cuscuz de peixe uma especialidade local que reflete os seus laços com o Norte de África.
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Cuscuz |
O coração da cidade estende-se por uma estreita península, oferecendo um labirinto de ruas com edifícios históricos e igrejas
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