sábado, 1 de junho de 2024

“Não podemos crescer em Portugal, porque não há slots”, diz Robert Carey, Presidente Wizz Air

 

Robert Carey no AviationEvent de Quixinau, Moldava




A saturação do aeroporto de Lisboa e a sua falta de slots foram as razões apresentadas por Robert Carey, presidente da Wizz Air, para a companhia aérea não aumentar as suas ligações a partir de Portugal.

“Tem havido muito poucos – muitas vezes, nenhuns mesmo - slots disponíveis no mercado. Sabemos que estamos com pouca penetração, mas sem slots nada podemos fazer. Por isso, estamos a virar-nos para outros mercados”.   

A Wizz Air está ciente da força que têm na construção de novos mercados. “Vamos para novos mercados, fazemos os mercados, estimulados os mercados”  E a construção destes novos mercados poderia passar por ligá-los a Portugal. “O desafio é irmos até esses outros mercados que ainda estão pouco penetrados. No passado, adicionámos alguns novos mercados e ligámos especialmente alguns dos pontos de lazer de Portugal a esses países, pelo que há uma boa reação ao mercado”.

A monitorização dos mercados é importante.  O exemplo é Quixinau. A Wizz Air tinha operações regulares para a capital da Moldava, mas teve de as interromper. “Infelizmente, houve uma série de acontecimentos que, penso que há cerca de um ano, nos obrigaram a parar devido a razões de segurança. Continuámos a reavaliar o mercado e queríamos voltar o mais rapidamente possível. Obtivemos a autorização no outono e reiniciámos o nosso serviço em dezembro, também graças ao apoio do governo local e do aeroporto”.

Também há fatores externos que impedem as operações. Por exemplo, quando começou o conflito na Ucrânia a Wizz Air tinha quatro aeronaves no país que ficaram lá presas.  Atualmente, a falta de falta sobressalentes obriga a Wizz Air a ter 50 aeronaves paradas.

Basicamente, os  passageiros de todas as companhias aéreas querem o mesmo: chegar a horas, reservar a preços baixos. “2/3 dos nossos passageiros são o que chamamos de VFR – visits to family and relatives (visitando a família e parentes) - , eles constituem o núcleo da lista de passageiros. Esse é um dos nossos principais segmentos”. Ter como público-alvo as viagens de negócio não está no radar da Wizz Air. “É um segmento bastante pequeno.  Funciona nalgumas partes da nossa rede, mas, especialmente, o que vemos atualmente como mais vantajoso é a obtenção de uma ampla área de cobertura para os locais que podemos servir, fornecendo ligações 3 a 4 vezes por semana, que é o mínimo que normalmente gostamos de fazer. Sabemos que não é o ideal para quem quer fazer uma viagem de negócios”.

Planos para o futuro? “Ter 500 aviões até 2030! Temos muitos planos para onde nos vamos desenvolver”. A Wizz Air está a crescer bastante. Em comparação com o período anterior à COVID, “somos agora 60% ou 65% maiores do que éramos antes da COVID!”. No ano passado, transportaram mais 62 milhões de passageiros. Este ano estão a celebrar o 20º aniversário. “Ao longo desses 20 anos, transportámos quase 400 milhões de passageiros.  Este verão vai ser interessante para nós. Acabámos de anunciar os resultados financeiros do nosso ano fiscal na semana passada. Comunicámos o nosso primeiro ano de rentabilidade após a COVID e estamos entusiasmados por estarmos de volta à rentabilidade”.

A Wizz Air quer continuar a crescer. “Encomendámos muitos aviões! Temos 330 aviões encomendados e fizemos algumas encomendas importantes em 2018 e novamente em 2021. Isso permitiu-nos ter agora uma carteira de encomendas que está garantida até cerca de 2029, pelo que o crescimento está a chegar.” A Wizz Air é o segundo maior operador do A321 neo.

Robert Carey reafirma, “não aceitamos subsídios do governo, concentramo-nos muito mais na autoajuda. O nosso objetivo é operar uma companhia aérea e queremos manter o máximo possível da nossa rede e tomámos o máximo de medidas de autoajuda que pudemos: aumentámos o número de voos diários para colocar mais horas no avião e poder voar mais da nossa rede. Prolongámos os contratos de aluguer de alguns dos nossos aviões, digamos, mais antigos, mas não assim tão antigos para os padrões da indústria. Também fizemos alguns contratos de arrendamento com tripulação para completar e atualizar o serviço, até que tudo isso, em conjunto, se mantenha mais ou menos onde está, talvez até um pouco melhor, e também tivemos muito apoio dos nossos parceiros aeroportuários. Todos eles trabalharam connosco e compreenderam que, este verão, temos problemas com a nossa capacidade de crescimento, mas estamos a fazer o melhor que podemos para oferecer a maior cobertura possível".