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Robert Carey no AviationEvent de Quixinau, Moldava |
A saturação do aeroporto de Lisboa e a sua falta de slots foram as razões apresentadas por Robert Carey, presidente da Wizz Air, para a companhia aérea não aumentar as suas ligações a partir de Portugal.
“Tem
havido muito poucos – muitas vezes, nenhuns mesmo - slots disponíveis no
mercado. Sabemos que estamos com pouca penetração, mas sem slots nada
podemos fazer. Por isso, estamos a virar-nos para outros mercados”.
A Wizz
Air está ciente da força que têm na construção de novos mercados. “Vamos para
novos mercados, fazemos os mercados, estimulados os mercados” E a construção destes novos mercados poderia passar
por ligá-los a Portugal. “O desafio é irmos até esses outros mercados que ainda
estão pouco penetrados. No passado, adicionámos alguns novos mercados e ligámos
especialmente alguns dos pontos de lazer de Portugal a esses países, pelo que
há uma boa reação ao mercado”.
A
monitorização dos mercados é importante.
O exemplo é Quixinau. A Wizz Air tinha operações regulares para a
capital da Moldava, mas teve de as interromper. “Infelizmente, houve uma série
de acontecimentos que, penso que há cerca de um ano, nos obrigaram a parar
devido a razões de segurança. Continuámos a reavaliar o mercado e queríamos
voltar o mais rapidamente possível. Obtivemos a autorização no outono e
reiniciámos o nosso serviço em dezembro, também graças ao apoio do governo
local e do aeroporto”.
Também
há fatores externos que impedem as operações. Por exemplo, quando começou o
conflito na Ucrânia a Wizz Air tinha quatro aeronaves no país que ficaram lá
presas. Atualmente, a falta de falta
sobressalentes obriga a Wizz Air a ter 50 aeronaves paradas.
Basicamente,
os passageiros de todas as companhias
aéreas querem o mesmo: chegar a horas, reservar a preços baixos. “2/3 dos
nossos passageiros são o que chamamos de VFR – visits to family and
relatives (visitando a família e parentes) - , eles constituem o núcleo da
lista de passageiros. Esse é um dos nossos principais segmentos”. Ter como
público-alvo as viagens de negócio não está no radar da Wizz Air. “É um
segmento bastante pequeno. Funciona
nalgumas partes da nossa rede, mas, especialmente, o que vemos atualmente como
mais vantajoso é a obtenção de uma ampla área de cobertura para os locais que
podemos servir, fornecendo ligações 3 a 4 vezes por semana, que é o mínimo que
normalmente gostamos de fazer. Sabemos que não é o ideal para quem quer fazer
uma viagem de negócios”.
Planos
para o futuro? “Ter 500 aviões até 2030! Temos muitos planos para onde nos
vamos desenvolver”. A Wizz Air está a crescer bastante. Em comparação com o
período anterior à COVID, “somos agora 60% ou 65% maiores do que éramos antes
da COVID!”. No ano passado, transportaram mais 62 milhões de passageiros. Este
ano estão a celebrar o 20º aniversário. “Ao longo desses 20 anos, transportámos
quase 400 milhões de passageiros. Este
verão vai ser interessante para nós. Acabámos de anunciar os resultados
financeiros do nosso ano fiscal na semana passada. Comunicámos o nosso primeiro
ano de rentabilidade após a COVID e estamos entusiasmados por estarmos de volta
à rentabilidade”.
A Wizz
Air quer continuar a crescer. “Encomendámos muitos aviões! Temos 330 aviões
encomendados e fizemos algumas encomendas importantes em 2018 e novamente em
2021. Isso permitiu-nos ter agora uma carteira de encomendas que está garantida
até cerca de 2029, pelo que o crescimento está a chegar.” A Wizz Air é o
segundo maior operador do A321 neo.
Robert
Carey reafirma, “não aceitamos subsídios do governo, concentramo-nos muito mais
na autoajuda. O nosso objetivo é operar uma companhia aérea e queremos manter o
máximo possível da nossa rede e tomámos o máximo de medidas de autoajuda que
pudemos: aumentámos o número de voos diários para colocar mais horas no avião e
poder voar mais da nossa rede. Prolongámos os contratos de aluguer de alguns
dos nossos aviões, digamos, mais antigos, mas não assim tão antigos para os
padrões da indústria. Também fizemos alguns contratos de arrendamento com
tripulação para completar e atualizar o serviço, até que tudo isso, em
conjunto, se mantenha mais ou menos onde está, talvez até um pouco melhor, e
também tivemos muito apoio dos nossos parceiros aeroportuários. Todos eles
trabalharam connosco e compreenderam que, este verão, temos problemas com a
nossa capacidade de crescimento, mas estamos a fazer o melhor que podemos para
oferecer a maior cobertura possível".