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Vista a partir de Selinunte |
Mais um dia cheio de belíssimas ruínas gregas. Saímos cedo para Selinunte. O caminho levou- nos por Marsala, que atravessamos sem parar
Esta área era habitada desde a Antiguidade, sendo o local da cidade fenícia de Lilybaeum (Lilibeu). O nome atual, Marsala, deriva do árabe Marsa Allah ou Marsa Ali ("Porto de Deus" ou "Porto de Ali").
Marsala é um marco crucial na história da Itália. Em 11 de maio de 1860, Giuseppe Garibaldi e os Mil Camisas Vermelhas desembarcaram no porto, dando início à campanha que levou à Unificação da Itália (1861). Daqui vem a expressão ainda hoje muito usada “grazie mile” (muito obrigada).
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Templo F em Selinunte. Aqui os templos têm letras, pois os historiadores não estão certos a quem eram dedicados |
Seguimos, porém, diretamente para Selinunte, (ou Selinus), um dos maiores e mais impressionantes parques arqueológicos da Europa. Localizada na costa sudoeste da ilha, perto da moderna Marinella di Selinunte, esta antiga cidade grega oferece uma visão dramática da grandiosidade e da queda de uma das colónias mais prósperas da Magna Grécia.
Fundada por
volta de 628 a.C. por colonos da cidade siciliana de Megara Hyblaea, Selinunte
rapidamente se tornou uma potência regional, prosperando graças à fertilidade
da sua planície e ao seu porto estratégico. No seu auge, a população da cidade
poderá ter ascendido a 30 000 habitantes (excluindo escravos).
O seu destino foi selado por uma inimizade duradoura com a vizinha Segesta. Esta rivalidade levou a um confronto decisivo em 409 a.C., quando Segesta se aliou aos cartagineses. Sob o comando de Aníbal Magão, um exército cartaginês esmagador sitiou e destruiu Selinunte em apenas nove dias, pondo fim ao seu esplendor. Embora tenha sido brevemente repovoada sob o domínio cartaginês, a cidade nunca recuperou a sua importância anterior e foi definitivamente abandonada por volta do século III a.C.
O sítio arqueológico, com cerca de 270 hectares, está dividido em várias áreas principais, pontuadas pelas majestosas ruínas dos seus templos dóricos.
A colina oriental é a área mais impressionante, onde se erguem três grandes templos. O mais notável é o Templo E (provavelmente dedicado a Hera), que foi completamente reerguido no século XX, oferecendo a melhor imagem de como a arquitetura grega seria. O Templo G (dedicado a Zeus) é um dos maiores templos gregos alguma vez construídos, com as suas ruínas monumentais.
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Acrópole |
Scala dei Turchi, localizada na costa próxima (em Realmonte), é uma impressionante falésia de rocha marga branca, um dos cartões-posticos naturais mais famosos da Sicília pelas suas características únicas:
A falésia é feita de marga, uma rocha sedimentar calcária e argilosa de cor branco deslumbrante. O vento e o mar esculpiram-na ao longo dos séculos, dando-lhe a forma sinuosa de uma grande escadaria inclinada que desce para o mar.
O nome "Escada dos Turcos" deve-se à lenda de que, na Idade Média, piratas sarracenos e otomanos (na época, genericamente chamados de "Turcos") usavam esta formação rochosa como um local abrigado e de fácil acesso para atracar os seus navios durante as suas incursões.
É um local de beleza cénica inigualável, onde o branco da rocha contrasta de forma impressionante com o azul-turquesa do Mar Mediterrâneo.
Finalmente chegámos a Agrigento, mundialmente famosa por abrigar um dos sítios arqueológicos mais importantes e espetaculares da civilização grega fora da Grécia: o Vale dos Templos (Valle dei Templi), um amplo sítio arqueológico com templos antigos, ruínas da cidade de Agrigento e um museu.
O Vale dos Templos é o ponto focal da visita a Agrigento e é Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1997. Ele corresponde à antiga cidade grega de Akragas, fundada no século VI a.C., que foi uma das maiores e mais magníficas cidades da Magna Grécia (colónias gregas no sul da Itália).
O parque, que se estende por 1 300 hectares, abriga os restos de
diversos templos dóricos notavelmente bem preservados, construídos em pedra
calcária amarelada, contrastando com o céu azul siciliano.
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Templo da Concórdia |
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· O artista de Agrigento
O nome "O
Artista de Agrigento" não se refere a um único indivíduo, mas sim a um
tema que abrange várias figuras importantes que estão intimamente ligadas à
história, arte e cultura da cidade de Agrigento, na Sicília. Agrigento,
conhecida na Antiguidade como Akragas, foi um
importante centro da Magna Grécia e um local que sempre inspirou artistas,
tanto antigos quanto modernos.
Figuras Mais Notáveis de Agrigento (Akragas)
1.
Empédocles de Agrigento (c. 495–435 a.C.)
Empédocles é o "artista" mais célebre da antiga Akragas,
embora fosse um filósofo pré-socrático, poeta e estadista. É famoso por sua
teoria dos Quatro Elementos (terra, água, ar e fogo), que ele chamou
de "raízes". Ele postulou que a mistura e a separação desses
elementos eram governadas por duas forças cósmicas opostas: o Amor (união) e o Ódio (separação). A sua
visão cosmológica, que tentou conciliar o conceito de imutabilidade de
Parmênides com a ideia de mudança de Heráclito, influenciou o pensamento
ocidental por séculos. Ele também era conhecido por ser um carismático orador e
suposto taumaturgo.
Escreveu suas obras (Sobre a Natureza e As Purificações) em forma de poemas.
2.
O Mestre do Efebo de Agrigento (Artista Grego Anónimo)
Este título refere-se ao criador da estátua grega arcaica chamada Efebo de Agrigento (Efebo di Agrigento),
uma das peças mais importantes e bem preservadas encontradas no Vale dos
Templos. A escultura de mármore branco (c. 480 a.C.), que retrata um jovem nu
(um kouros), marca o período de transição entre o estilo
Arcaico e o Clássico. É uma obra de arte excecional que demonstra a riqueza e a
sofisticação cultural da antiga Akragas. Está exposta no Museu Arqueológico
Regional de Agrigento.
Artistas Modernos Inspirados por Agrigento
A paisagem do Vale dos Templos, com suas ruínas grandiosas, tem
sido um tema recorrente na arte moderna e contemporânea.