De manhã demos um belo passeio por Ragusa, para admirar as ruas ladeadas de belíssimos palácios barrocos.
Antes de chegarmos a Noto, fizemos
A vila data de meados do século IV d.C., tendo sido construída sobre os vestígios de uma residência anterior. Foi provavelmente uma rica residência patrícia (aristocrática) numa fértil área agrícola.
Os restos da vila foram descobertos em 1971, sob uma quinta abandonada dos séculos XVIII e XIX. A descoberta foi crucial para a arqueologia siciliana.
O principal tesouro da Villa del Tellaro são os seus esplêndidos mosaicos pavimentais, notáveis pela sua conservação e pela qualidade da arte.São mosaicos polícromos (várias cores) com motivos geométricos e figurativos.
![]() |
O resgate do coro de Heitor |
Os temas figurativos mais famosos incluem cenas de caça (um grande mosaico retrata uma cena de caça, com um banquete ao ar livre e cavalos atados a árvores. Uma figura feminina na cena é por vezes identificada como a personificação da África), o resgate do corpo de Heitor (um mosaico ilustra um episódio da Ilíada, de Homero, retratando o momento em que o corpo do herói troiano Heitor é devolvido aos seus pais e cenas dionisíacas (figuras como um Sátiro e uma Mênade).
Acredita-se que os mosaicos são trabalho de artesãos do Norte de África, que tinham um estilo proeminente na época e que também se observa nos mosaicos da Villa Romana del Casale em Piazza Armerina (embora em menor escala).
A residência foi destruída por um incêndio por volta de meados do século V d.C. e nunca mais foi reconstruída.
![]() |
Fonte em Noto |
Ao início da tarde, fomos para Noto, um dos exemplos mais deslumbrantes do Barroco Siciliano Tardio e uma cidade que renasceu literalmente das cinzas.
Após o catastrófico terramoto de 1693, que destruiu a Noto Antica (a cidade original), a cidade foi completamente reconstruída num novo local, a cerca de 10 km de distância, de acordo com um plano urbanístico racional e monumental.
O que torna Noto inconfundível é a sua notável uniformidade estilística e o material de construção utilizado: a pedra calcária dourada local. Sob o sol da Sicília (que infelizmente hoje pouco apareceu), esta pedra adquire uma cor quente e mel que muda de tonalidade ao longo do dia, conferindo aos edifícios uma qualidade quase teatral. Esta harmonia arquitetónica valeu-lhe o apelido de "jardim de pedra" (giardino di pietra) e a inclusão na lista de Património Mundial da UNESCO como parte das cidades barrocas tardias do Val di Noto.
A cidade foi projetada pelos arquitetos mais brilhantes da época, como Rosario Gagliardi, Paolo Labisi e Vincenzo Sinatra, que criaram um cenário urbano que é um triunfo da arte barroca.
O coração da cidade é o Corso Vittorio Emanuele, a rua principal que percorre o centro histórico para admirar as fachadas dos palácios e igrejas.. O passeio começa tipicamente na Porta Reale, um arco triunfal do século XIX. Ao longo do Corso, a magnificência barroca desdobra-se em três praças cénicas.
O ponto principal é a Piazza Municipio, onde se encontra a Catedral de Noto (Cattedrale di San Nicolò/Catedral de São Nicolau), com a sua imponente escadaria - onde vc até tivemos a oportunidade de ver um casamento com a noiva a subir com o seu vestido com uma longa cauda … a arrastar na chuva, apesar da ajuda das damas de honra…
![]() |
(Foto de Isabel Figueira) |
A Catedral de Noto é a joia arquitetónica e o principal símbolo de Noto.
A Catedral, como grande parte da cidade de Noto, foi construída do zero após o devastador terremoto de 1693 que destruiu a antiga Noto. A nova cidade foi planeada de forma racional, o que resultou numa rara uniformidade de estilo, tornando-a um magnífico exemplo do Barroco.
As obras começaram em 1694 e a igreja foi aberta ao culto em 1703, embora a construção e os acabamentos tenham continuado até 1776.
A Catedral é um exemplo emblemático do Barroco Siciliano, caracterizado pelo uso de uma pedra calcária local. Possui uma fachada imponente, em estilo Barroco tardio com influências neoclássicas, flanqueada por duas torres sineiras (uma com sino e outra com relógio). A Catedral ergue-se no topo de uma grandiosa escadaria monumental que realça a sua majestade na Piazza Municipio.
A pedra calcária utilizada, conhecida como tufa, adquire uma tonalidade castanho-dourada ou "cor de mel" sob a luz do sol, especialmente ao entardecer, o que confere à cidade de Noto o apelido de "Cidade Dourada".
Tem uma planta em cruz latina e está dividida em três naves por pilares.
A Catedral passou por vários danos e reconstruções ao longo dos séculos devido a sismos. O evento mais dramático da sua história recente ocorreu em 1996:
Devido a danos estruturais não reparados após o sismo de 1990 e a alterações mal executadas nas décadas anteriores (como a substituição do telhado de madeira por uma estrutura pesada de betão nos anos 50), grande parte da Catedral, incluindo a cúpula, o telhado e quatro pilares da nave, desmoronou em 13 de março de 1996.
A Catedral foi reconstruída e restaurada, num trabalho longo e complexo que durou mais de uma década. Foi reaberta ao público em 2007, com grande parte da sua estrutura refeita à mão, utilizando técnicas e materiais semelhantes aos originais.
O colapso destruiu a maior parte dos frescos e decorações interiores originais do século XX. O interior foi restaurado com um aspeto mais minimalista e branco, embora novas obras de arte sacra contemporânea tenham sido adicionadas.
Abriga no seu interior a urna de prata com as relíquias de São Corrado Confalonieri, o padroeiro da cidade.
Foi elevada à categoria de Basílica Menor pelo Papa Bento XVI em 2012.
![]() |
Câmara Municipal |
Em frente à Catedral, ergue-se o Palazzo Ducezio, que atualmente serve como Paços do Concelho, com a sua elegante fachada neoclássica e o Salão dos Espelhos ricamente decorado.
Não se pode visitar Noto sem ver o Palazzo Nicolaci di Villadorata, na Via Nicolaci. Este palácio é famoso pelas suas opulentas varandas sustentadas por ménsulasgrotescas e expressivas – figuras que representam cavalos alados, sereias e querubins.