A partida
Muita foi a minha admiração quando recebi um email a
informarem-nos de que deveríamos estar no aeroporto às 6h45. O quê?! Mas o voo
não é só às 11h?! Para quê tão cedo.
Mas cumpridores como somos, chegámos ao aeroporto às 6h47.
Quando nos aproximámos no balcão de check-in da TAAG, que só abriria às 7h, já
a fila era longa. Bem, pelos vistos, os viajantes para Angola gostam todos de
madrugar. Pusemo-nos numa fila para grupos e a dada altura chegou a vez de o
nosso grupo fazer o check-in das bagagens. A fila normal era cada vez maior.
Apesar de termos feito o check-in em casa, não tinha olhado para o cartão de
embarque. Foi só quando a funcionária mo devolveu com as etiquetas da bagagem é
que me saltou à vista a hora de embarque: 9h50! Espanto novamente: como 9h50? O
voo não é às 11h?
Mas a TAAG conhece a rapidez dos seus procedimentos e os
seus passageiros. O avião tinha uma posição remota, isto é, não tinha manga, e
os passageiros do 777-300, que ainda por cima estava overbooked , teriam de chegar ao avião de autocarro. Entrámos no
avião às 10h, mas os últimos passageiros só chegaram perto das 12h! Partimos às
12h15 com 75 minutos de atraso – e apesar de nos ter sido pedido para fazer o
check-in das bagagens com uma antecedência de 4h15!!!!
O voo
A arrumação dos passageiros dentro do avião também não foi
fácil. A maioria traz muita bagagem de mão, bem além do volume com 5 kg
permitido. Conseguir colocar todas as malas e malinhas, sacos e saquinhos,
casacos e compras das lojas francas nas bagageiras superiores é um ótimo
exercício de logística que nem os passageiros nem o pessoal de bordo domina.
Passageiros passeiam-se com a sua bagagem de mão pelo avião à procura dum espacinho
nas bagageiras onde a passam deixam – se procurassem outro seria mais fácil…..
Vislumbram um espacinho minúsculo e logo pensam que têm o seu problema
resolvido. O seu … têm, o dos outros não. E que muitas vezes deixam a bagagem
com o rabo de fora o que impede que as bagageiras de fechem. Mais tempo
perdido: as hospedeiras deslocam-se pelo avião para fechar as bagageiras, mas
muitas recusam-se a fechar por estarem obviamente overbooked tal como o avião.
“Oh, não fecha!” Exclama então admirada a hospedeira. “Tenho de chamar o meu
colega. Pode ser que ele consiga”. O colega vem, empurra um pouco a mala. A
porta continua a não fechar. Pergunta a quem pertence a mala. Pelos vistos a
ninguém, porque ninguém se acusa. Eu diria que será de algum passageiro lá de
trás mas como o descobrir? O comissário tira tudo o que está na bagageira… para
voltar a pôr lá tudo. Volta a tentar fechar. Continua a não fechar. Decide
finalmente retirar a mala e tentar encafuá-la noutro sítio. Assim se compreende
como o voo atrasa.
Bem, finalmente, foi anunciado que o embarque estava
terminado. Portas em crossed check. Começam os anúncios de segurança. Estranhei
não terem pedido aos passageiros sentados na fila de emergência com os
televisores de pôr e tirar que os
guardassem. Será que iriam permitir a descolagem com os aparelhos de fora? Mesmo antes da descolagem, um comissário foi
coloca-los um a um nos seus “esconderijos” nos assentos.
Prontamente foi servido o almoço. A escolha do prato
principal era pescada cozida com batatas (quem é que se lembra de oferecer um
prato de dieta a bordo?!) e novilho com massinha. Decidi-me por este e por
vinho tinto para o acompanhar. A entrada de salmão fumado não foi má. Agora o
prato principal foi horrível. A camada de baixo da massa estava… encruada e a
de cima …. seca do forno. As couves de
Bruxelas desfaziam-se de tão cozidas que estavam. Os pedaços de novilho estavam
gelatinosos. A sobremesa era um “wanna-be” bolo da floresta negra com um sabor
muito artificial. O que salvou o almoço? O pãozinho com manteiga e as bolachas
de água e sal com queijo La vache qui rit.
Durante um tempo houve turbulência. Os anúncios para que as
pessoas se sentassem e pusessem os cintos de segurança foram feitos em duas
ocasiões… só em português… Ora, os estrangeiros que soubessem a língua de
Camões!
A chegada
Angola igual a sempre. O avião aterrou às 19h10. … mas só
saímos do avião lá para as 20h. O caminho para aviões é curto mas como só
circulavam dois autocarros a saída foi demorada.
Ao chegar ao terminal, deparámo-nos com as habituais longas
filas para o controlo dos passaportes – filas que começavam fora do edifício.
E mesmo assim, como toda esta lentidão, a entrega das malas
foi igualmente lenta e demorada. Finalmente, com todas as malas em nosso poder,
saímos do terminal onde nos esperava já a Elsa da Câmara de Almada e o Pedro
Cristina que organizou o raid.
Devido ao adiantado da hora, a ida para o hotel foi rápida,
sem os habituais engarrafamentos de Luanda. Jantar, 1º briefing e cama. Amanhã
começa verdadeiramente a aventura.