Hoje foi o primeiro dia com picada. Uma picada ainda
simples, mais pista de terra batida do que picada propriamente dita.
Antes de sairmos da cidade, demos uma volta pela famosa restinga
do Lobito, durante a qual nos lembrámos da nossa colega Flora Carvalho, pois quando lá tínhamos estado em 1974 durante a viagem de finalistas do Instituto de Odivelas ela tínhamos pedido para irmos visitar os Pais que lá moravam. É aqui que estão as belas praias do Lobito, orladas de palmeiras. Na rotunda da ponta da restinga, o padrão dos descobrimentos que ali
tinha sido colocado durante a época colonial foi substituído por um barco.
Alguém nos disse que este barco tinha sido o que o atual Presidente da República,
José Eduardo dos Santos tinha utilizado para a sua fuga de Angola após a eclosão da
luta contra o poder colonial português em novembro de 1961 – uma informação que
não conseguimos confirmar.
Seguimos para a bela Benguela, uma cidade que teve o seu
início, como já vimos, na atual Porto Amboim. Em 1617, Manuel Cerveira Pereira
fundou a atual cidade de Benguela. Vivia-se em Portugal a chamada União Ibérica;
dois anos antes, Filipe II mandara separar o Reino de Benguela do resto de
Angola por causa das grandes minas de cobre, tendo a região sido administrada autonomamente até
1869. Benguela esteve também metidas na guerra entre a coroa espanhola e a
holandesa, tendo sido ocupada por forças da Companhia
Neerlandesa das Índias Ocidentais entre
1641 a 1648.
A
nossa passagem pela cidade foi muito curta, somente para se ficar com uma ideia
de como está a cidade atualmente. A caravana seguiu para Dombe Grande e para o
rio Cimo onde entrámos na picada até Lucira. Os primeiros quilómetros foram terr´´iveis com muita pedra sola. Os primeiros carros começaram a ficar atolados. A uns 20 km de Lucira, a estrada volta a ser alcatroada.
Em
latim, “lucira” significa “lumiosa”. Terá sido essa a explicação para o nome
desta vila piscatória? No tempo colonial, ali foi construída uma fábrica de conservação
de peixe que após a saída dos Portugueses ficou parada e ao abandono. O governo
está agora a recuperar essa antiga fábrica para ali fazer uma unidade de congelação de
pescado.
Aqui
em Lucira juntaram-se ao grupo de raidistas a São e o Lanucha que presenteou o
grupo com um passeio de traineira pela bela baía de Lucira, incluindo a gruta
com a imagem de Nossa Senhora. A ideia seria boa, não fora a traineira cheira
tanto a peixe que misturado com o odor a óleo e a gasóleo, fez com que alguns
de nós enjoassem.
De
novo em terra, e com os pés firmes, pudemos ficar a ver os gaiatos a mergulhar
para a água – e alguns de nós não se fizeram rogados e refrescaram-se também
nas belas águas da baía.
Mas
não havia tempo para descanso. Se bem que só faltassem 132 km para o Namibe e estes
serem feitos por estrada asfaltada, tínhamos que nos despachar pois ao final da
tarde teríamos de estar presentes no lançamento da monografia “Namibe, terra da
felicidade” na cidade do Namibe.
Quando
chegámos ao palácio do governador, um grupo folclórico esperava-nos para nos
dar as boas vindas com algumas canções e danças da região. Interessantes eram
os sapatos dos homens que tinham na sola uma série de latinhas que iam fazendo
música à medida que dançavam.
Lá
dentro seguiu-se a apresentação do livro - http://www.uccla.pt/noticias/lancamento-da-monografia-namibe-terra-da-felicidade - com todo o protocolo – ninguém podia
entrar no palácio do governador sem calções ou de tops de alcinhas – que foi
intercalada com música e danças. A receção terminou com uma belíssima e farta
receção onde não faltou o sumo de múcua e missângua.
Mesmo
já “atestados”, não nos fizemos rogados para o jantar no Clube Náutico onde nos
pudemos deliciar com o famoso caranguejo do Namibe. Uma delícia!