Os
sacos estão prontos. Sacos, sim. Saco e não mala para melhor se poderem
arrumar nos jipes. E sacos no plural pois temos de levar saco-cama e algo mais
de subsistência, uma vez que vamos para o deserto do Namibe (deserto de Moçâmedes
quando andei na escola) e durante 4 dias estaremos em auto-piloto, longe e tudo
e de todos.
Depois
de amanhã a aventura começa. Na realidade já começou, pois a ida ao consulado para
pedir o visto faz parte da aventura sempre que se viaja para Angola. As
exigências do governo angolano para o visto vão desde a famosa “carta de
chamada”, nome horrível, pois a mim ninguém me chamou, sou eu que quero ir passear
por Angola (quanto muito foram as paisagens angolanas que me chamaram), à apresentação
do extrato bancário, requisito que desta vez não foi exigido por irmos no
âmbito da projeto de cooperação entre Almada e o Kwanza Sul. O pedido de visto
agora é presencial, toda a gente tem de ir ao consulado para tirar os dados biométricos.
Outra aventura. Filas, espera, espera e espera. Vamos de guichet em guichet,
intercalando com momentos (grandes!) de espera na sala de espera
definitivamente pequenas para todos os que necessitam de tratar assuntos no
consulado.
A
segunda aventura foi a ida à TAAG pagar o bilhete. Telefonámos para a Central
de Reservas disponibilizada para nos informarmos do horário de abertura e a
resposta foi bem clara: “Das 8h às 15h”. No dia seguinte, um pouco antes das 9h
lá estávamos nós à porta da TAAG. Fechada, claro, pois o horário lá colocado
dizia “Das 9h às 16h”! A emissão do bilhete foi como um parto difícil, mas nós
como mulheres sabemos o que isso é. Respira-se de alívio quando tudo está
despachado.
Bem,
agora com os sacos prontos, o passaporte com visto, o boletim de vacinas e o
bilhete na mochila, já podemos ir para o aeroporto e começar o nosso raid que nos
vai levar de Luanda até à foz do Cunene, às quedas do Ruacaná, ao Huambo (a Nova
Lisboa onde nasceu a minha irmã), ao Lobito, ao Lubango e a muitas outras
paragens maravilhosas.