Hoje o plano era ir à Baía e à Ilha dos Tigres. Mas… a
natureza não foi favorável e nem com seguimos lá chegar.
O primeiro obstáculo foi sair do acampamento. Vencer uma
diferença de 80 m de altitude em areia foi um verdadeiro desafio para os jipes.
Uns conseguiram à primeira (entre eles o Hans-Jürgen – grande condutor TT),
outros à segunda, à terceira e outros…. tiveram de ser puxados pelo cabo. Ao
fim de 2 ½ horas, todos os carros estavam finalmente na parte de cima da duna.
Para quem não estava a conduzir foi um espetáculo ver os jipes a subirem a duna
a toda a velocidade… e a pararem atascados no “degrau” antes do cume. Voltavam
a deixar descair o carro para tentar de novo.
Todo o percurso foi em areia, primeiro no deserto. Areia
dourada a perder de vista. Somente areia, areia, areia. Depois surgiram aqui e
além um ou outro arbusto, baixo. Ao longe vimos orixes, chitas, chacais – vimos
os que não estava a conduzir. Os condutores tinham de estar bem concentrados na
condução. 4H. 2ª/3ª mudança. Pé a fundo no acelerador. Caso contrário era atascanço certo.
Finalmente chegámos à praia, a alguns metros da rebentação. 48
km de praia. O vento era tanto que só se ouvia a areia a bater no carro. Os
jipes corriam paralelos à água, velozes para não atolarem. As lagoas,
escondidas em manchas de areia escura, escondiam pântanos, um perigo para os
jipes: carros que por lá passam, atolam imediatamente por causa das areias
semi-movediças. A inexistência de pista
fazia-nos voar constantemente, troços havia que eram uma verdadeira massagem
tremidinha….
Quando alcançámos as dunas antes da Baía dos Tigres, fomos
forçados a parar. As calemas - alterações
que ocorrem periodicamente no nível das águas do mar, causadas pela
interferência da força de gravidade, ou seja, com a influência da Lua e Sol,
sob o campo gravítico do planeta Terra – tinham cortado o caminho
e não havia passagem. Uma hipótese era escalar a duna e depois descê-la – uma aventura
desafiante e possivelmente sem final feliz pois o vento era fortíssimo,
levantava imensa areia e ninguém sabia em que estado estava a duna.
Enquanto se discutia o que fazer, avistámos ao longe uma
família de baleias-piloto. Ou seriam golfinhos? Dali da praia e sem binóculos
não era possível confirmar. Mas eram animais felizes, brincando, pulando – enfim,
fazendo um espetáculo para nós.
Após uma hora de ponderação, decidiu-se abortar o passeio à
Ilha dos Tigres. Grande desilusão, mas nada havia a fazer. O almoço,
inicialmente previsto para a Baía dos Tigres, foi no posto fronteiriço da Foz
do Cunene, mais abrigado do vento. Uma meia dúzia de casas onde uma mão cheia
de soldados guarda a fronteira!
Entretanto, já
passavam das 17h e resolvemos esperar pelo pôr-do-sol, uma espera que valeu a
pena. O outro lado da medalha: os 100 km do caminho de regresso foi todo feito
à noite!