Se para lá tivemos de fazer 80 km até à Fazenda 3 N (Vihua Lodge), de
regresso, esses 80 km de pó e “altos e vales” também tiveram de ser repetidos
para conseguirmos chegar ao asfalto.
50 km adiante voltámos a sair da estrada alcatroada, para nos voltarmos
a meter à picada: 30 km até à Unguéria. Aí chegados, arrumados os jipes em
espinha muito ordeiramente, pegámos nos saquinhos com o nosso farnel (uns
deliciosos pregos de gnu preparados no Vihua Lodge) e seguimos pelo trilho
atrás de quem sabia o caminho.
Chegámos a uns rochedos altos. Nada de quedas de água. Somente um
ribeirinho que tivemos de atravessar saltando de pedrinha em pedrinha. Somente
ao treparmos para os rochedos, nos deparámos com uma queda de água que caía
para um pequeno lado protegido de todos os lados por rochedos. A água chamou-me
como sempre faz. Rapidamente despi os calções e deixei-me deslizar por uma pedra
muito suave para dentro da água. Estava fantástica, com uma temperatura mesmo
convidativa; deixei-me envolver por este elemento que é o meu: a água. Tentei
nadar até ao sítio onde a água caía, mas a corrente era forte e fiquei a uns 2
-3 metros.
Reconfortada com este banho refrescante, voltámos aos jipes e partimos
por picada
até à cidade de Lubango, ex-Sá da Bandeira, capital da Província da
Huíla, e conhecida como a “cidade jardim”, tão bem cuidada era. Segundo podemos
ler na Wikipedia, “data
de 1627 o primeiro contacto europeu com as
terras do planalto angolano. A soberania portuguesa iniciou-se em 1769 com a criação do presídio de Alva
Nova. Os primeiros sinais de povoamento europeu são
dos bóeres , por volta de 1880. Pouco depois surgiram os madeirenses que, em Janeiro de 1885, fundaram a colónia de Sá
da Bandeira”
Paragem obrigatória no
miradouro em frente da serra da Leba onde pudemos observar a famosa estrada serpenteada.
A Serra da Leba é
um gigantesco rochedo com uma altitude de 1845 m e com uma inclinação de 1 km e
que forma um paredão que divide a região planáltica da Huíla, de altitudes
elevadas, para a região desértica do Namibe. Já no século XIX se sentia
a necessidade de criar uma estrada que ligasse estas duas regiões para o
escoamento e transporte de pessoas e mercadorias. A estrada em serpente cravada
na encosta da montanha foi começada a planear em 1915 e terminada em 1969- 1974.
Tem 42 curvas e percorre uma distância de cerca de vinte quilómetros. Conta-se que o general Ferreira D' Eça
“ofereceu” milhares de autóctones para ajudar no do transporte de máquinas e de
homens, abastecimento, arruamento pesado, munições etc.). A primeira vez que vi
esta estrada, a maior obra de
engenharia em Angola de todo sempre, foi a 29 de abril de 1974 durante a minha
viagem de finalistas (do Instituto de Odivelas) a Angola – e agora ali estava a
vê-la 40 anos.
Antes de
irmos jantar ao Casino Olimpia do Lubango, fomos pôr a tralha ao Pululukwa Resort,
um aldeamento turístico muito harmonioso com 60 “cubatas”, implantadas em três “aldeias” com características diferentes,
ligadas por longos passadiços, ora em madeira, ora em pedra, e decoradas com imenso
gosto e colocadas no meio dum grande terreno onde circulam livremente animais
africanos como as zebras, as avestruzes, as gazelas, entre outros. Na língua
umbundo, “pululukwa” significa “descanso” - e é precisamente isso que o resort
oferece. Propriedade
do grupo COSAL, este luxuoso resort pensado ao mais ínfimo pormenor, é um projeto
arrojado, implantado numa área com vários hectares, serpenteado por um rio, e
pontilhado com vários lagos, em casamento perfeito com a natureza.
O jantar no
Casino do Lubango foi muito animado.