segunda-feira, 28 de abril de 2025

Viagem aos antípodas - dia 19 - Christchurch- Auckland

Mas que dia! Tudo começou muito bem. Como só teremos estar no aeroporto às 11 para entregarmos o carro, fazemos o check-in, passar a segurança e ir pro avião, decidi ir visitar o Centro Internacional da Antártica, que fica a cinco minutos a pé do aeroporto. Tudo correr como previsto. O Centro Internacional da Antártica é um centro de Investigação científica pública, Que oferece paralelamente uma experiência imersiva e educativa sobre o continente gelado da Antártica. Fundado em 1990, o centro está estrategicamente situado perto das bases de apoio logístico para os programas antárticos dos Estados Unidos, da Nova Zelândia e da Itália. Christchurch desempenha um papel histórico significativo como uma das principais "portas de entrada" para a Antártica, servindo como um ponto de partida crucial para expedições científicas e de exploração ao longo de mais de um século. 




Muito divertida é a Sala da Tempestade Antártica, uma simulação imersiva de uma tempestade de neve de verão na Antártica, completa com ventos gelados e neve. Em poucos minutos a temperatura baixa de -8º C para -18º C tudo por causa do vento. Para se entrar na sala onde vai decorrer esta experiência interativa, são fornecidos casacos bem quentes. 
Pinguins azuis


 Também muito emocionante é o encontro com Pinguins Azuis, uma oportunidade de observar e aprender tudo sobre os pinguins azuis pequenos em um ambiente de reabilitação, pois o centro acolhe pinguins selvagens que precisam de ajuda. Para quem gosta de cães, há a Zona dos Huskies, um espaço para interagir e aprender tudo sobre os huskies, animais historicamente importantes para as expedições na Antártica. Paralelamente há diversas Galerias informativas que abordam a história da exploração da Antártica, a ciência moderna conduzida no continente, os ecossistemas únicos e o impacto das mudanças climáticas, a réplica da cabana usada pelo explorador Robert Falcon Scott durante sua expedição à Antártica, oferecendo uma visão da vida dos primeiros exploradores. No aeroporto tivemos a primeira pedra: o avião partiu com uma hora e meia de atraso. Vamos na Jetstar. A Jetstar Airways é uma empresa aérea com sede em Melbourne, na Austrália, foi fundada em 2003 como uma subsidiária da Qantas. No entanto a viagem fez-se bem. À chegada a Auckland pedimos um Uber. Perguntámos nas Informações do aeroporto onde era o ponto de recolha e a senhora apontou para um sítio , onde ficámos à espera, à espera… e o condutor a escrever que toma chegado. E nós à espera, à espera… Perguntámos então a outra pessoa que nos disse que o ponto de recolha era atrás do edifício do aluguer de carros. Aí encontrámos um condutor muito aborrecido com a espera… 
Entretanto, anoitecera. A dada altura, o condutor disse: Chegámos. Eu confirmei o nome da rua e o número da casa no meu mapa. Só que… naquele sítio só havia um silo de automóveis. Ao lado havia um prédio muito alto, mas às escuras. Tentámos encontrar a entrada. Naquela rua não havia entrada . Demos a volta à esquina, vimos uma rampa, subimos e… vimos que o edifício estava selado pelas autoridades por perigo. Que fazer? Ligar para o alojamento ficar-nos-ia muito caro. Perguntámos a um rapaz que passou se poderia ligar. Era muito simpático, ligou, mas do outro lado não havia resposta Entrámos num hotel, onde perguntámos se conheciam aqueles apartamentos. Não, não conheciam. Pedimos então se poderia ligar e a resposta foi a mesma: ninguém respondia do outro lado. Decididamente tínhamos alugado dois apartamentos que não existiam! 
Como no hotel havia internet sentámo-nos no lobby e ligámos para a minha filha que vive em Inglaterra para tentar resolver o problema através do Centro de Apoio da Booking.com, pois não encontrámos nenhum número nem na Nova Zelândia nem em Portugal. O funcionário da Booking.com ligou para o número de telefone do apartamento e… confirmou que não havia resposta. Imediatamente nos disse que nos iria tentar arranjar alojamento alternativo ou que, se nós quiséssemos, poderíamos procurar. Devolver-nos-iam o dinheiro e dar-nos-iam uma pequena compensação. 
Após 45 minutos conseguimos dois apartamentos! Já descansadas, resolvemos ir jantar um belo bife. 
Restaurante Tony's


Fomos ao Tony's Steakhouse, um restaurante bem conhecido em Auckland, conhecido por servir bifes de qualidade desde 1963. Localizado no número 27 da Wellesley Street West, o Tony's oferece uma experiência gastronómica tradicional num ambiente acolhedor e um pouco nostálgico. O restaurante orgulha-se de preparar os seus bifes com cuidado, mantendo a qualidade que o tornou popular ao longo dos anos. 
Batatas e legumes

Bife

A ementa oferece uma variedade de cortes, incluindo o popular "Tony's Original", um saboroso Scotch Fillet marinado com uma receita secreta. Terminámos a refeição com uma pavlova, O famoso doce da suspiro, natas e fruta, que trata da sua origem aqui na Nova Zelândia. 
Pavlova


A história da pavlova é uma disputa - muito gulosa -  entre a Austrália e a Nova Zelândia. Ambos os países reivindicam a sua invenção em homenagem à famosa bailarina russa Anna Pavlova durante as suas tournées pela Oceania na década de 1920.

A Nova Zelândia aponta para uma receita de "Pavlova Cake" publicada em 1929, enquanto a Austrália reivindica que a sobremesa foi criada em 1935 por um chef de hotel em Perth. No entanto, algumas pesquisas sugerem que receitas semelhantes podem ter existido antes, inclusive nos Estados Unidos.

O nome "pavlova" surgiu como uma homenagem à leveza e à graça de Anna Pavlova no palco, com o merengue crocante por fora e macio por dentro representando o seu tutu. A cobertura de chantilly e frutas frescas adiciona um toque de frescor e sabor que complementa a doçura do merengue.

Apesar da disputa sobre a sua origem, a pavlova tornou-se um símbolo da culinária da Austrália e da Nova Zelândia, sendo uma sobremesa popular em celebrações, especialmente no Natal.

Independentemente de quem a inventou, a pavlova continua a ser uma sobremesa amada e apreciada, um testemunho da influência duradoura de Anna Pavlova e da criatividade dos cozinheiros da Oceania.

Depois de jantar viemos a pé até o novo apartamento que estava somente 1 km do restaurante. Só que não vimos que o caminho era todo a subir… Mas chegámos e tínhamos os nossos quatro quartos à nossa espera.

domingo, 27 de abril de 2025

Viagem aos antípodas - dia 18 - Christchurch



Rio Avon

Dia suave em Christchurch. O tempo estava ameno, um belo dia de outono 

Passeámos em pé por toda a cidade. Christchurch emana uma sensação acolhedora. 

Situada no coração da Ilha do Sul, Christchurch tem um charme inegável - apesar de não nos esquecermos de tudo que esta cidade sofreu, especialmente o grande terremoto de fevereiro de 2011. 

Como alguém disse, “É como abraçar um velho amigo que passou por provações, mas cuja bondade e beleza brilham ainda mais intensamente”.

O rio Avon serpenteia-se preguiçosamente com os chorões debruçados sobre suas margens e crianças a chapinhar das suas margens . 

A arquitetura de Christchurch conta histórias sussurradas do passado, com seus edifícios vitorianos e neogóticos destruídos durante o terremoto, mas elegantemente restaurados lado a lado com designs modernos. 

Escultura em The Commons

A nossa primeira paragem foi junto ao projeto Arcadas, em The Commons, um espaço comum pós terramoto e em constante evolução. Este local possui um significado especial, pois ocupa o terreno do antigo Crowne Plaza Hotel, que foi demolido após os devastadores terremotos de 2010 e 2011.

Nascido das consequências dos terremotos, The Commons incorpora a resiliência e o espírito inovador de Christchurch. É um projeto da Gap Filler, uma iniciativa de regeneração urbana conhecida por suas instalações criativas e temporárias que injetam vida em espaços vagos pela cidade. The Commons foi concebido para ser uma área acolhedora e inclusiva para todos.

Logo a seguir chegámos à Praça Victoria , também conhecida por praça do mercado. Quando Edward Jollie e Joseph Thomas sonharam com a fundação de Christchurch em 1850 imaginaram o coração da cidade na Praça do Mercado (Victoria Square) com os correios, lojas, oficinas, prisão e hotel. A cidade era na altura um grande centro do comércio da madeira com grande desenvolvimento. Em 1851, foi construída em madeira a ponte  Victoria (reconstruída em 1863-64 em ferro e pedra, sendo a 1a deste género na Nova Zelândia). Em 1863, entraram na cidade por esta ponte  58 bois, 270 cavalos, 36 carruagens , 204 ovinos e 1000 peões  e 1 burro num só 

No centro da praça, imponente e elegante, ergue-se a Torre do Relógio Victoria. Este marco l não é apenas um belo exemplo da arquitetura vitoriana, mas também um lembrete constante do passado da cidade, construído para comemorar o Jubileu de Diamante da Rainha Vitória em 1897. Ao redor da torre, a praça estende-se como um espaço aberto. 


Estátua da Rainha Vitória

Num dos cantos da praça está uma grande estátua de bronze da Rainha Vitória , esculpida pelo artista britânico Francis John Williamson e erguida em 1903.

Além de ser um monumento à rainha, as placas na estátua comemoram a colonização da Província de Canterbury e os soldados locais que lutaram nas guerras sul-africanas.

A ideia de erguer uma estátua para a Rainha Vitória em Christchurch foi considerada pela primeira vez como parte das celebrações do jubileu da Província de Canterbury em 1900. A estátua foi inaugurada em 24 de maio de 1903, e novamente em abril de 1904 com todos os seis painéis de bronze no lugar. Em 1989, foi transferida de perto da ponte da Rua Armagh para sua posição atual, perto do cruzamento das Ruas Armagh e Colombo.

Catedral Anglicana

Seguimos para a Catedral Anglicana, formalmente conhecida como Christ Church Cathedral. A sua história remonta aos planos da Associação Canterbury de estabelecer um centro anglicano em Canterbury, com uma catedral como seu centro físico e simbólico.

Os planos iniciais para a catedral foram elaborados pelo arquiteto britânico Sir George Gilbert Scott a partir de 1859. O arquiteto residente local, Robert Speechly, formado em Londres, supervisionou o início da construção, com a colocação da primeira pedra em 16 de dezembro de 1864 e a conclusão das fundações em 1865. A falta de fundos interrompeu o trabalho e Speechly deixou a Nova Zelândia.

Em 1873, o arquiteto neogótico de Christchurch, Benjamin Woolfield Mountfort, assumiu a função de arquiteto supervisor, revitalizando o projeto. Originalmente Scott planeou uma catedral de madeira, mas mudou os planos ao encontrar uma boa fonte de pedra para construção em Canterbury.

 A nave e a torre foram concluídas e consagradas em 1881. A construção continuou sob a supervisão do filho de Mountfort, Cyril Mountfort, após a morte de seu pai em 1898.

 O transepto e o coro foram adicionados e a catedral foi finalmente concluída e oficialmente inaugurada em 12 de fevereiro de 1905.

Porém, a Catedral de Christchurch sofreu danos significativos em vários terremotos ao longo de sua história, notavelmente em 1881, 1888 e 1901, que danificaram a torre e o pináculo.

O terremoto devastador de 22 de fevereiro de 2011 causou danos ainda mais extensos, incluindo o colapso do pináculo e danos significativos à estrutura.

Após anos de debate e planeamento, foi tomada a decisão de restaurar a catedral. O projeto de restauração está em andamento, com trabalhos de estabilização concluídos em março de 2023. A conclusão de toda a restauração está prevista para outubro de 2031.



Catedral de Cartão 


Enquanto a catedral principal está a ser reconstruída, a comunidade anglicana utiliza a Catedral de Transição (Transitional Cathedral), também conhecida como a Catedral de Cartão (Cardboard Cathedral), feita com grandes tubos de papelão e inaugurada em agosto 2013.

Esta catedral está na praça Latimer, Conde, neste domingo soalheiro, se reuniram vários ciclistas e pessoas a brincar com os cães.

Antiga Central de Correios

Na praça da Catedral está a antiga Central dos Correios, projetada pelo arquiteto William Clayton e inaugurada em  1879 e que esteve em funcionamento durante 113 anos. 

Fomos então em direção do rio Avon.

Ponte da Memória

Parámos em frente da Ponte da Memória (
Bridge of Remembrance), um dos principais memoriais de guerra da cidade.  É dedicada àqueles que morreram na Primeira Guerra Mundial, servindo também como memorial para os participantes da Segunda Guerra Mundial e de conflitos posteriores nos Bornéus, Coreia, Malásia e Vietname.

A ideia de construir uma ponte memorial surgiu em 1919, por sugestão de Lilian May Wyn Irwin numa carta ao jornal "The Press". Dois anos depois, foi tomada a decisão de construir a ponte, substituindo uma ponte anterior pela qual muitos soldados de Canterbury passaram a caminho do quartel de King Edward para a estação de comboio e para o serviço no exterior. O local era significativo, pois marcava um ponto de passagem para os soldados a caminho da guerra. O projeto da ponte com um arco triunfal foi escolhido através de uma competição arquitetónica vencida por William Gummer, da empresa Gummer and Prouse.

 A construção começou em 1923, tendo sido colocada a primeira pedra no Dia de Anzac (25 de abril) por Lord Jellicoe, então Governador-Geral. A Ponte da Memória foi inaugurada em 1924, no Dia do Armistício, 11 de novembro. 

 O arco central da ponte apresenta a inscrição em latim "Quid non pro patria" ("O que um homem não fará por sua pátria").

Após a Segunda Guerra Mundial, foram adicionados painéis com os nomes  das principais batalhas desse conflito. Placas comemorativas de outros conflitos em que neozelandeses lutaram também foram adicionadas ao longo dos anos. Em 1976, a ponte foi convertida para uso exclusivo de peões.

A ponte de três arcos foi construída em concreto revestido com pedra da Tasmânia. Leões esculpidos por Frederick Gurnsey adornam os arcos menores, representando o Império Britânico. Gurnsey também esculpiu outros símbolos, como coroas de alecrim e folhas de louro.

A ponte apresenta memoriais de várias unidades militares e uma placa memorial para Charles Upham VC, o soldado mais condecorado da Nova Zelândia.

A Ponte da Memória sofreu danos estruturais significativos no terramoto de 22 de fevereiro de 2011. As obras de reforço e reparo começaram em maio de 2013 e foram concluídas em setembro de 2015.  Um feixe de 8 toneladas foi usado para reforçar o arco, e estacas de 27 metros foram construídas para permitir que a ponte se movesse em vez de torcer durante futuros terremotos.  A ponte foi reaberta com uma cerimónia de rededicação no Dia de Anzac em 2016.

Do outro lado do rio visitámos dois museus. 

Lissy e Rudi Robinson-Cole

O Museu de Canterbury está em remodelação e só tinha uma exposição muito interessante da dupla de artistas maori Lissy e Rudi Robinson-Cole, que trabalham principalmente com croché de neon. A sua arte é descrita como uma celebração da vida, do amor e da alegria, frequentemente utilizando cores brilhantes e fluorescentes. 
O seu trabalho visa ligar pessoas  globalmente. 
Wharenui Harikoa

A exposição está a Wharenui Harikoa (Casa da Alegria): Um wharenui (casa de reunião Māori) de croché em grande escala, descrito como um "prisma refratário de luz inspirada nos Tūpuna que brilha através do céu como um arco-íris.

Trabalham com lã da Nova Zelândia e cada cor no seu trabalho tem um nome em te reo Māori (a língua Māori) e representa um kaitiaki (guardião) de sua prática artística.

A arte de Lissy e Rudi Robinson-Cole é frequentemente descrita como tendo um impacto imediato em pessoas de todas as idades e etnias. O uso do croché, um meio macio e tátil, é visto como uma forma de desarmar os espectadores e gentilmente atraí-los para experimentar outra perspectivas.

Bem perto visitámos a  Quake City, uma exposição especial do Museu de Canterbury dedicada a contar as histórias dos terremotos que abalaram a região de Canterbury em 2010 e 2011. Este museu oferece uma visão comovente e informativa sobre o impacto dos tremores d e terra, a resiliência da comunidade e a resposta extraordinária de serviços de emergência, equipas de resgate internacionais e milhares de voluntários.

Uma das partes mais emocionantes da exposição são os relatos em vídeo de sobreviventes, que compartilham as suas experiências angustiantes durante e após os terremotos.

 FO museu exibe objetos que se tornaram símbolos dos terremotos de Canterbury, incluindo a ponta do pináculo caído da Catedral de ChristChurch, um sino da Catedral do Santíssimo Sacramento e os relógios da antiga estação ferroviária que pararam no momento dos tremores.

Esta exposição ficar mostrei a saber a lenda maori sobre a origem dos tremores de terra. Na tradição Māori, a origem dos tremores de terra é frequentemente atribuída a Rūaumoko, o filho mais novo de Ranginui (o Pai Céu) e Papatūānuku (a Mãe Terra).

A lenda conta que, quando Ranginui e Papatūānuku foram separados pelos seus outros filhos, que estavam cansados de viver na escuridão entre seus pais, Rūaumoko ainda estava no ventre de Papatūānuku. Ele amava tanto a sua mãe que permaneceu lá, bem  aconchegado.

Assim, Rūaumoko reside nas profundezas da Terra Mãe, onde ainda sente a falta de seu pai, Ranginui. Para expressar a sua tristeza e o seu amor contínuo por ambos os pais, Rūaumoko agita-de e move-se dentro do ventre da mãe.

Esses movimentos poderosos de Rūaumoko nas profundezas da terra são o que nós, na superfície, sentimos como terremotos. Quando a terra treme, é o coração de Rūaumoko a bater.

Algumas versões da lenda também sugerem que Rūaumoko é o guardião do mundo subterrâneo, do calor e dos vulcões. Os seus movimentos não são apenas expressões de tristeza, mas também manifestações do poder e da energia que residem sob a superfície da Terra.

Portanto, para o povo Māori, os terremotos não são eventos aleatórios, mas sim as manifestações tangíveis da presença contínua de Rūaumoko e da sua ligação eterna com seus pais. Esta lenda oferece uma explicação poética e profundamente ligada à natureza para um fenómeno poderoso e, muitas vezes, destruidor.

Restaurante Carlton

Jantámos muito bem no Carlton, um restaurante com uma história rica, servindo a região de Canterbury há mais de 160 anos. A especialidade do Carlton é a carne de vaca de pasto, proveniente exclusivamente de quintas de Canterbury



sábado, 26 de abril de 2025

Viagem aos antípodas - dia 17 - de Dunedin a Christchurch

 

Pedregulhos de Moeraki

Dia de grande emoção, pois finalmente conseguimos vislumbrar um pinguim azul e ver focas sem sem debaixo de um temporal. Mas já lá chegaremos. 

Cenotáfio de Dunedin no Jardim  da Rainha
@Isabel Figueira

Catedral anglicana de São Paulo 
@Isabel Figueira




Catedral católica de São José 
@Isabel Figueira

Começámos o dia com visita a cidade de Dunedin, uma das cidades vitorianas e eduardianas mais bem preservadas do Hemisfério Sul. 

Pedregulhos de Moeraki

Pedregulhos de Moeraki

A alguns quilómetros da cidade, parámos para observar um fenómeno natural muito interessante: os "pedregulhos Moeraki", concreções septarianas, massas rochosas que resultam da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água. Começaram a formar-se há cerca de 65 milhões de anos, durante o Paleoceno. A sua formação ocorreu em antigas lamaças marinhas da Formação Moeraki, num ambiente de plataforma externa. Um núcleo (como um fragmento de concha, planta ou osso) atuou como um centro em torno do qual a calcite precipitou e cimentou a lama, o silte e a argila circundantes.

Estima-se que os pedregulhos maiores, alguns com até 2 metros de diâmetro e pesando várias toneladas, levaram 4 a 5,5 milhões de anos para crescer. Após a formação, grandes fissuras chamadas septaria formaram-se dentro dos pedregulhos. Estas fissuras foram progressivamente preenchidas com calcite castanha e amarela, e quantidades menores de dolomite e quartzo, à medida que a água subterrânea fluía através da lamaça devido às descidas do nível do mar.

A erosão costeira das falésias de lamaça mais macia ao longo do tempo expôs estas concreções esféricas mais duras e resistentes na praia.

Há também a explicação deste fenómeno através duma lenda māori. Estes pedregulhos são as cabacinhas e os cestos de batata-doce que deram à costa após o naufrágio de uma grande canoa de viagem chamada Ārai-te-uru quando viajava de Hawaiki em busca de nefrite preciosa.

O recife que se estende para o mar diz-se ser o casco petrificado da Ārai-te-uru e uma rocha proeminente nas proximidades é o comandante da canoa.

Quinta de Totara

Quinta de Totara

Depois de uma pequena paragem na quinta histórica de Totara, a primeira quinta neozelandesa a exportar carne no século XIX, chegámos ao momento mais excitante do dia: os pinguins azuis e as focas de Oamuru. 

Focas em Oamuru

Focas em Oamuru

Os Eudyptula minor, o nome científico dos pinguins azuis E que em tradução literal significa o “pequeno grande mergulhador”, são os pinguins mais pequenos do mundo. Têm uma altura média de 30 cm e um peso de 1,1 a 1,2 kg. Apesar de os pinguins saírem normalmente antes do nascer do sol para o mar para buscarem houve um que ficou em terra e assim podemos ver um exemplar dos pinguins azuis.

Nas rochas estavam a preguiçar languidamente uma série de focas ao sol.

Corvos marinhos de Otago

A 100 m das focas, num pontão, dezenas de corvos marinhos de Otago estavam afanosamente a preparar os ninhos. É a maior colónia desta espécie de corvos marinhos, que está em perigo de extinção. Em todo o mundo existem somente 2500 corvos-marinho de Otago - 40% vivem aqui.

Viagem aos antípodas - dia 16 - de Queenstown a Dunedin

 

Bandeira a meia haste nas comemorações do Dia Anzac

O dia começou cedo e com grande emoção. O dia 25 de Abril também tem grande importância na Nova Zelândia (e na Austrália).  O Dia ANZAC é um dia de profunda importância e significado, um momento solene de reflexão, memória e gratidão para com aqueles que sacrificaram as suas vidas nas forças armadas. ANZAC significa “Australian and New Zealand Army Corps” e o dia marca o aniversário do desembarque das tropas ANZAC em Gallipoli, na Turquia, durante a Primeira Guerra Mundial, em 1915.

Por todo o país o dia começa com cerimónias relembrando os combatentes. Também em Queensland, onde estávamos. A cerimónia estava marcadas para as 6h.  Às 6h20, saímos de casa, pensando que não iríamos empatar ninguém a uma hora tão madrugadora. Enganámo-nos. Imenso pessoas a rua e todas as caminhar na mesma direção. Quando chegámos junto ao monumento à 1ª Grande Guerra já a praça estava cheia! 

Às 6h30 em ponto, começaram as cerimónias do Dia ANZAC, ricas em tradição e simbolismo, unindo comunidades em todo o país e além-fronteiras. O acontecimento central do dia é o Serviço da Alvorada, na qual estávamos a participar. Este serviço solene comemora a hora do desembarque original em Gallipoli.

Os discursos foram curtos, simples e grande significado. Um padre fez uma pequena oração. Comovente foi a Oração da Lembrança, a recitação da quarta estrofe do poema "For the Fallen" de Laurence Binyon:

 They shall grow not old, as we that are left grow old:

 Age shall not weary them, nor the years condemn.

 At the going down of the sun and in the morning

 We will remember them.

 Seguiu-se o Toque de Silêncio, o som melancólico do "Last Post" tocado por um corneteiro, marcando um minuto de silêncio para a reflexão e a lembrança. O silêncio termina com o toque vibrante do "Reveille".

Por fim, foi feita a deposição de coroas de flores por representantes de várias organizações, autoridades locais e membros do público ao pé do memorial em homenagem aos falecidos.

Pelo que foi dito, este foi o 1º ano onde não esteve presente nenhum veterano da 1ª Guerra. Mas vimos muitos presentes muitos veteranos de outras guerras, 

uma marcha maior de veteranos, e descendentes com as medalhas dos pais ou avós. 

Outras tradições associadas ao Dia ANZAC incluem o uso de papoilas vermelhas de papel, cuja venda reverte para fundos para os veteranos e as suas famílias. Os biscoitos ANZAC, feitos com flocos de aveia, coco e açúcar, são outro símbolo do dia, remontando aos tempos da Primeira Guerra Mundial, quando eram enviados aos soldados.

Estas cerimónias servem para honrar os combatentes e para refletir sobre a importância da paz. 

Desfiladeiro de Kawarau


Depois da cerimónia, partimos para a nossa etapa de hoje que nos levou até Dunedin.  A primeira paragem foi no desfiladeiro de Kawarau que é atravessado por uma ponte suspensa. 

Bungee jumping @Isabel Figueira 

Bungee jumping @ Isabel Figueira

Em 1988, esta ponte tornou-se o primeiro local comercial de 
bungee jumping do mundo. A ponte estende-se por 120 metros sobre o rio Kawarau, alcançando uma altura de 43 metros acima do nível da água. Foi construída em 1880 pelo engenheiro Harry Higginson para ligar as regiões de Queenstown e Cromwell durante o período da corrida do ouro. 

Lago Dunstan



Após vermos alguns saltos de uns corajosos, continuámos caminho até a Cromwell, situada ao lado do Lago Dunstan, criado quando o vale foi inundado em 1992 como parte do esquema hidroelétrico , da barragem de Clyde no rio Clutha. Tem 26 km2.

Como resultado, grande parte da cidade original está agora submersa, mas vários edifícios históricos foram transferidos para a 'Old Cromwell Town'. O lago transmite muita serenidade. 

Seguimos através de Otago Goldfields, tendo passado pelas vilas de Alexandra, Lawrence e Roxburgh, outrora com populações três vezes maiores do que as atuais no auge da corrida do ouro de 1800. Alexandra, em tempos mais recentes, tornou-se a “capital da fruta de caroço” da Nova Zelândia, assim chamada devido ao seu clima ideal para o cultivo de fruta. 

À medida que íamos avançando para sul, a paisagem foi mudando  para terras agrícolas com muitos pomares. À beira da estrada surgiram vários pontos de venda de fruta, faseados no sistema de honestidade. Não havia vendedores, somente uma caixa onde se deixa o dinheiro correspondente a fruta que se levar.

A meio da tarde chegámos finalmente a Dunedin, a segunda maior cidade da Ilha Sul da  Nova Zelândia e a principal cidade da região de Orago. É a sétima maior cidade em população do país, com 111 565 habitantes, a maior em tamanho e a quinta maior área urbana do país. A sua universidade é uma das mais prestigiadas da Oceania.

O porto e as colinas que rodeiam a cidade são o que resta de um vulcão extinto. 

Ao final do dia fomos até ao final da península de Otago para tentar ver os pinguins azuis, uma tentativa em vão.

Pernoitámos numa casa enorme, de 500 m² de superfície com uma vista espetacular sobre a baia. 



Salinha do telescópio

Um dos quartos

Escadaria principal

Pormenor de uma das casas de banho