segunda-feira, 21 de abril de 2025

Viagem aos antípodas - dia 12 - de Greymouth aos glaciares

 



A Ilha do Sul da Nova Zelândia acena com paisagens de tirar o fôlego, desde vales verdejantes e vinhedos pitorescos até picos montanhosos imponentes e maravilhas glaciais. 

A nossa viagem entre Greymouth e os glaciares Franz Josef e Fox continuou a revelar a diversidade e a beleza desta ilha.

Embora a distância em linha reta possa parecer curta, a geografia da Ilha do Sul levou- nos por rotas planas junto ao mar e por troços  sinuosos. 



Saindo da atmosfera acolhedora de Greymouth, dirigimo- nos para Hokitika, uma pequena gema da Costa Oeste da Nova Zelândia. 

Banhada pela foz do rio de mesmo nome e debruçada sobre as margens do Mar da Tasmânia, Hokitika é a sede e a maior cidade do distrito de Westland, com  uma população de aproximadamente 3 250 habitantes.

A história de Hokitika está intrinsecamente ligada à febre do ouro que varreu a região em 1864. Com a descoberta de ouro no vale de Taramakau, aventureiros e garimpeiros afluíram para a foz do rio Hokitika, o ancoradouro mais próximo das jazidas. Em pouco tempo, a cidade floresceu, tornando-se um centro vital para o comércio, o lazer e a venda do precioso metal. Por um breve período, Hokitika chegou a ter uma população superior a 4 000 habitantes, transformando-se num dos portos mais movimentados da Nova Zelândia, superado apenas por Auckland.

No entanto, a barra do rio Hokitika provou ser perigosa, resultando em inúmeros naufrágios. Com o declínio da corrida do ouro, a importância do porto diminuiu e a cidade reinventou-se como um centro de serviços para a silvicultura e a agricultura.

Atualmente, Hokitika é conhecida como a "Cool Little Town" da Costa Oeste e como sempre da “pedra verde”, o pounamu (jade neozelandês) trazidos pelo rio Arahura. o Jade. 




Daqui seguimos para o lago Kaniere.

À medida que avançávamos  para o oeste, a majestade dos Alpes do Sul começa a surgir no horizonte. As imponentes montanhas, ainda coroadas de neve mesmo no verão, apesar de ainda estarmos no início do outono, dominam a paisagem. A estrada começa a tornar-se mais sinuosa à medida que penetramos nas montanhas, oferecendo vislumbres de rios de águas cristalinas e vales profundos.

A chegada à costa oeste é uma experiência sensorial única, com  uma vegetação densa e luxuriante. A viagem continua ao longo da estrada nacional  6. De um lado, o Mar da Tasmânia e  do outro, a densa floresta tropical a abraçar as encostas das montanhas.

Finalmente, chegamos a Franz Josef e o seu glaciar. 




O Glaciar Franz Josef é conhecido na língua Māori como Kā Roimata o Hinehukatere ("As Lágrimas de Hinehukatere").  Com seus 12 quilómetros de extensão, este gigante de gelo temperado marítimo desce dos Alpes do Sul até menos de 300 metros acima do nível do mar.

Nomeado em 1865 pelo geólogo alemão Julius von Haast em homenagem ao imperador austríaco Franz Joseph I, o glaciar possui uma rica história geológica e cultural. A lenda Māori conta que as lágrimas de Hinehukatere, uma alpinista apaixonada que perdeu seu amado Wawe nas montanhas, congelaram para formar esta maravilha natural.

Durante séculos, o Glaciar Franz Josef avançou e recuou, moldando a paisagem circundante. Após um período de recuo significativo entre as décadas de 1940 e 1980, o glaciar experimentou um novo período de avanço a partir de 1984, chegando a mover-se impressionantes 70 centímetros por dia em alguns momentos. No entanto, desde 2008, o glaciar está novamente em processo de retração, um testemunho das mudanças climáticas em curso.

Apesar de seu recuo, o Glaciar Franz Josef continua a ser uma das principais atrações turísticas da Costa Oeste. A vila de Franz Josef, aninhada a apenas cinco quilómetros, serve como um ponto de partida para as visitas.

Para aqueles que desejam uma experiência próxima e pessoal com o gelo, a opção é um passeio de helicóptero com (ou sem)  caminhada no gelo. Nós ficámo- nos por terra firme, vendo o glaciar ao longe. 

Embora o futuro do Glaciar Franz Josef, como muitos outros  glaciares, esteja ameaçado pelas mudanças climáticas, a sua beleza e imponência continuam a cativar e inspirar.



A 30 km, temos outro glaciar, o 

Glaciar Fox, conhecido em Māori como Te Moeka o Tuawe ("O leito de Tuawe"), outra jóia gelada da Costa Oeste da Ilha do Sul. Situado no Parque Nacional de Westland Tai Poutini, o Glaciar Fox estende-se por 13 quilómetros desde os Alpes do Sul até a floresta tropical, terminando a apenas 300 metros acima do nível do mar.

O glaciar recebeu seu nome em 1872 em homenagem a Sir William Fox, então primeiro-ministro da Nova Zelândia. Antes da década de 1940, a vila próxima era conhecida como Weheka, mas posteriormente adotou o nome do famoso glaciar. Tal como acontece com o glaciar Franz Josef, a história geológica do Glaciar Fox é marcada por períodos de avanço e recuo ao longo de milhares de anos, esculpindo a paisagem circundante.



Perto, o Lago Matheson é famoso pelas suas águas calmas que refletem os picos de Aoraki/Monte Cook e Monte Tasman.