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Rio Avon |
Dia suave em Christchurch. O tempo estava ameno, um belo dia de outono
Passeámos em pé por toda a cidade. Christchurch emana
uma sensação acolhedora.
Situada no coração da Ilha do Sul, Christchurch tem um charme inegável - apesar de não nos esquecermos de tudo que esta cidade sofreu, especialmente o grande terremoto de fevereiro de 2011.
Como alguém disse, “É como abraçar um velho amigo que passou por provações, mas cuja bondade e beleza brilham ainda mais intensamente”.
O rio Avon serpenteia-se preguiçosamente com os chorões debruçados sobre suas margens e crianças a chapinhar das suas margens .
A arquitetura de Christchurch conta histórias sussurradas do passado, com seus edifícios vitorianos e neogóticos destruídos durante o terremoto, mas elegantemente restaurados lado a lado com designs modernos.
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Escultura em The Commons |
A nossa primeira paragem foi no The Commons , um espaço comum pós terramoto e em constante evolução. Este local possui um significado especial, pois ocupa o terreno do antigo Crowne Plaza Hotel, que foi demolido após os devastadores terremotos de 2010 e 2011.
Nascido das consequências dos terremotos, The Commons incorpora a resiliência e o espírito inovador de Christchurch. É um projeto da Gap Filler, uma iniciativa de regeneração urbana conhecida por suas instalações criativas e temporárias que injetam vida em espaços vagos pela cidade. The Commons foi concebido para ser uma área acolhedora e inclusiva para todos.
Logo a seguir chegámos à Praça Victoria , também conhecida por praça do mercado. Quando Edward Jollie e Joseph Thomas sonharam com a fundação de Christchurch em 1850 imaginaram o coração da cidade na Praça do Mercado (Victoria Square) com os correios, lojas, oficinas, prisão e hotel. A cidade era na altura um grande centro do comércio da madeira com grande desenvolvimento. Em 1851, foi construída em madeira a ponte Victoria (reconstruída em 1863-64 em ferro e pedra, sendo a 1a deste género na Nova Zelândia). Em 1863, entraram na cidade por esta ponte 58 bois, 270 cavalos, 36 carruagens , 204 ovinos e 1000 peões e 1 burro num só
No centro da praça, imponente e elegante, ergue-se a Torre do Relógio Victoria. Este marco l não é apenas um belo exemplo da arquitetura vitoriana, mas também um lembrete constante do passado da cidade, construído para comemorar o Jubileu de Diamante da Rainha Vitória em 1897.
Ao redor da torre, a praça estende-se como um espaço aberto.
dia!
Num dos cantos da praça está uma grande estátua de bronze da Rainha Vitória , esculpida pelo artista britânico Francis John Williamson e erguida em 1903.
Além de ser um monumento à rainha, as placas na estátua comemoram a colonização da Província de Canterbury e os soldados locais que lutaram nas guerras sul-africanas.
A ideia de erguer uma estátua para a Rainha Vitória em Christchurch foi considerada pela primeira vez como parte das celebrações do jubileu da Província de Canterbury em 1900. A estátua foi inaugurada em 24 de maio de 1903, e novamente em abril de 1904 com todos os seis painéis de bronze no lugar. Em 1989, foi transferida de perto da ponte da Rua Armagh para sua posição atual, perto do cruzamento das Ruas Armagh e Colombo.
Seguimos para a Catedral Anglicana, formalmente conhecida como Christ Church Cathedral. A sua história remonta aos planos da Associação Canterbury de estabelecer um centro anglicano em Canterbury, com uma catedral como seu centro físico e simbólico.
Os planos iniciais para a catedral foram elaborados pelo arquiteto britânico Sir George Gilbert Scott a partir de 1859. O arquiteto residente local, Robert Speechly, formado em Londres, supervisionou o início da construção, com a colocação da primeira pedra em 16 de dezembro de 1864 e a conclusão das fundações em 1865.
A falta de fundos interrompeu o trabalho e Speechly deixou a Nova Zelândia.
Em 1873, o arquiteto neogótico de Christchurch, Benjamin Woolfield Mountfort, assumiu a função de arquiteto supervisor, revitalizando o projeto. Originalmente Scott planeou uma catedral de madeira, mas mudou os planos ao encontrar uma boa fonte de pedra para construção em Canterbury.
A nave e a torre foram concluídas e consagradas em 1881. A construção continuou sob a supervisão do filho de Mountfort, Cyril Mountfort, após a morte de seu pai em 1898.
O transepto e o coro foram adicionados e a catedral foi finalmente concluída e oficialmente inaugurada em 12 de fevereiro de 1905.
Porém, a Catedral de Christchurch sofreu danos significativos em vários terremotos ao longo de sua história, notavelmente em 1881, 1888 e 1901, que danificaram a torre e o pináculo.
O terremoto devastador de 22 de fevereiro de 2011 causou danos ainda mais extensos, incluindo o colapso do pináculo e danos significativos à estrutura.
Após anos de debate e planeamento, foi tomada a decisão de restaurar a catedral. O projeto de restauração está em andamento, com trabalhos de estabilização concluídos em março de 2023. A conclusão de toda a restauração está prevista para outubro de 2031.
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Catedral de Cartão |

Enquanto a catedral principal está a ser reconstruída, a comunidade anglicana utiliza a Catedral de Transição (Transitional Cathedral), também conhecida como a Catedral de Cartão (Cardboard Cathedral), feita com grandes tubos de papelão e inaugurada em agosto 2013.
Esta catedral está na praça Latimer, Conde, neste domingo soalheiro, se reuniram vários ciclistas e pessoas a brincar com os cães.
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Antiga Central de Correios |
Na praça da Catedral está a antiga Central dos Correios, projetada pelo arquiteto William Clayton e inaugurada em 1879 e que esteve em funcionamento durante 113 anos.
Fomos então em direção do rio Avon.
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Ponte da Memória |
Parámos em frente da Ponte da Memória (Bridge of Remembrance), um dos principais memoriais de guerra da cidade. É dedicada àqueles que morreram na Primeira Guerra Mundial, servindo também como memorial para os participantes da Segunda Guerra Mundial e de conflitos posteriores nos Bornéus, Coreia, Malásia e Vietname .
A ideia de construir uma ponte memorial surgiu em 1919, por sugestão de Lilian May Wyn Irwin numa carta ao jornal "The Press".
Dois anos depois, foi tomada a decisão de construir a ponte, substituindo uma ponte anterior pela qual muitos soldados de Canterbury passaram a caminho do quartel de King Edward para a estação de comboio e para o serviço no exterior. O local era significativo, pois marcava um ponto de passagem para os soldados a caminho da guerra.
O projeto da ponte com um arco triunfal foi escolhido através de uma competição arquitectónica vencida por William Gummer, da empresa Gummer and Prouse.
A construção começou em 1923, tendo sido colocada a primeira pedra no Dia de Anzac (25 de abril) por Lord Jellicoe, então Governador-Geral.
A Ponte da Memória foi inaugurada em 1924, no Dia do Armistício, 11 de novembro.
O arco central da ponte apresenta a inscrição em latim "Quid non pro patria" ("O que um homem não fará por sua pátria").
Após a Segunda Guerra Mundial, foram adicionados painéis com os nomes das principais batalhas desse conflito. Placas comemorativas de outros conflitos em que neozelandeses lutaram também foram adicionadas ao longo dos anos.
Em 1976, a ponte foi convertida para uso exclusivo de peões.
A ponte de três arcos foi construída em concreto revestido com pedra da Tasmânia.
Leões esculpidos por Frederick Gurnsey adornam os arcos menores, representando o Império Britânico. Gurnsey também esculpiu outros símbolos, como coroas de alecrim e folhas de louro.
A ponte apresenta memoriais de várias unidades militares e uma placa memorial para Charles Upham VC, o soldado mais condecorado da Nova Zelândia.
A Ponte da Memória sofreu danos estruturais significativos no terramoto de 22 de fevereiro de 2011.
As obras de reforço e reparo começaram em maio de 2013 e foram concluídas em setembro de 2015.
Um feixe de 8 toneladas foi usado para reforçar o arco, e estacas de 27 metros foram construídas para permitir que a ponte se movesse em vez de torcer durante futuros terremotos.
A ponte foi reaberta com uma cerimónia de rededicação no Dia de Anzac em 2016.
Do outro lado do rio visitámos dois museus.
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Lissy e Rudi Robinson-Cole |
O Museu de Canterbury está em remodelação e só tinha uma exposição muito interessante da dupla de artistas maori Lissy e Rudi Robinson-Cole, que trabalham principalmente com croché de neon. A sua arte é descrita como uma celebração da vida, do amor e da alegria, frequentemente utilizando cores brilhantes e fluorescentes.
O seu trabalho visa ligar pessoas globalmente.
Wharenui Harikoa |
A exposição está a Wharenui Harikoa (Casa da Alegria): Um wharenui (casa de reunião Māori) de croché em grande escala, descrito como um "prisma refratário de luz inspirada nos Tūpuna que brilha através do céu como um arco-íris.
Trabalham com lã da Nova Zelândia e cada cor no seu trabalho tem um nome em te reo Māori (a língua Māori) e representa um kaitiaki (guardião) de sua prática artística.
A arte de Lissy e Rudi Robinson-Cole é frequentemente descrita como tendo um impacto imediato em pessoas de todas as idades e etnias. O uso do croché, um meio macio e tátil, é visto como uma forma de desarmar os espectadores e gentilmente atraí-los para experimentar outra perspectivas.
Bem perto visitámos a Quake City, uma exposição especial do Museu de Canterbury dedicada a contar as histórias dos terremotos que abalaram a região de Canterbury em 2010 e 2011. Este museu oferece uma visão comovente e informativa sobre o impacto dos tremores d e terra, a resiliência da comunidade e a resposta extraordinária de serviços de emergência, equipas de resgate internacionais e milhares de voluntários.
Uma das partes mais emocionantes da exposição são os relatos em vídeo de sobreviventes, que compartilham as suas experiências angustiantes durante e após os terremotos.
FO museu exibe objetos que se tornaram símbolos dos terremotos de Canterbury, incluindo a ponta do pináculo caído da Catedral de ChristChurch, um sino da Catedral do Santíssimo Sacramento e os relógios da antiga estação ferroviária que pararam no momento dos tremores.
Esta exposição ficar mostrei a saber a lenda maori sobre a origem dos tremores de terra. Na tradição Māori, a origem dos tremores de terra é frequentemente atribuída a Rūaumoko, o filho mais novo de Ranginui (o Pai Céu) e Papatūānuku (a Mãe Terra).
A lenda conta que, quando Ranginui e Papatūānuku foram separados pelos seus outros filhos, que estavam cansados de viver na escuridão entre seus pais, Rūaumoko ainda estava no ventre de Papatūānuku. Ele amava tanto a sua mãe que permaneceu lá, bem aconchegado.
Assim, Rūaumoko reside nas profundezas da Terra Mãe, onde ainda sente a falta de seu pai, Ranginui. Para expressar a sua tristeza e o seu amor contínuo por ambos os pais, Rūaumoko agita-de e move-se dentro do ventre da mãe.
Esses movimentos poderosos de Rūaumoko nas profundezas da terra são o que nós, na superfície, sentimos como terremotos. Quando a terra treme, é o coração de Rūaumoko a bater.
Algumas versões da lenda também sugerem que Rūaumoko é o guardião do mundo subterrâneo, do calor e dos vulcões. Os seus movimentos não são apenas expressões de tristeza, mas também manifestações do poder e da energia que residem sob a superfície da Terra.
Portanto, para o povo Māori, os terremotos não são eventos aleatórios, mas sim as manifestações tangíveis da presença contínua de Rūaumoko e da sua ligação eterna com seus pais. Esta lenda oferece uma explicação poética e profundamente ligada à natureza para um fenómeno poderoso e, muitas vezes, destruidor.
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Restaurante Carlton |
Jantámos muito bem no Carlton, um restaurante com uma história rica, servindo a região de Canterbury há mais de 160 anos.
A especialidade do Carlton é a carne de vaca de pasto, proveniente exclusivamente de quintas de Canterbury