domingo, 29 de maio de 2022

Santo Tirso e o Mosteiro de São Bento

Estava em Santo Tirso de passagem. Mas do restaurante onde almoçava consegui ver ao longe um grande edifício. Perguntei de que se tratava. É o Mosteiro de São Bento.



O mosteiro está implantado na margem esquerda do rio Ave, o rio que tantas vezes estava nas manchetes dos jornais pelas piores razões. Felizmente as empresas têxteis já implementaram uma série de medidas para não poluir o rio. Mas voltemos ao nosso mosteiro. Foi fundado por D. Unisco Godiniz e seu marido Abunazar Lovesendes, primeiro senhor da Maia, em 978, conforme documento publicado por D. António Caetano de Sousa.

No século XV foi edificada a igreja monástica por benemerência de Martim Gil, conde de Barcelos. Desta igreja restam alguns vestígios arqueológicos.
A atual igreja matriz foi construída em 1659 - 79, segundo um projeto de Frei João Turriano, filho de um arquiteto milanês. De uma só nave, possuí planta de cruz latina. A fachada possuiu três nichos em que estão alojadas as esculturas de Santo Tirso ao centro, ladeado por S. Bento e Santa Escolástica. No tímpano encontra-se inscrita a data de 1679 que terá sido o ano em que a igreja foi dada por terminada.

O Couto do mosteiro foi instituído e doado em 1097 pelos condes D. Henrique da Borgonha e sua esposa D. Teresa a D. Soeiro Mendes da Maia, que, por sua vez, o doou em 1098 ao D. Abade do mosteiro, Gaudemiro, tornando o mosteiro num dos mais poderosos do país, tendo obtido, inclusive, Bulas de proteção dos Papas Inocêncio III e Honório III. Em 15 de Outubro de 1385, e em 6, 7, 8 de Agosto de 1409 o mosteiro recebe a visita de D. João I.

Após a expropriação dos bens das ordens religiosas em 1834 e a secularização o mosteiro é dividido; uma parte fica para um particular, outra para repartições públicas (Câmara Municipal - nas antigas hospedarias conventuais, Tribunal e Administração do concelho) e o Asilo Agrícola Conde S. Bento, e uma última parte para residência paroquial.

O interior do museu


Atualmente funciona em parte do mosteiro uma escola agrícola. Noutra parte o Museu Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC) http://miec.cm-stirso.pt/, restaurado e ampliado com projeto arquitetónico de Siza Vieira e Souto Moura. As 50 obras de escultura pertencentes ao museu estão, porém, espalhadas por toda a cidade. Aliás é o único museu de escultura ao ar livre em Portugal.

O MIEC nasceu na sequência de uma sugestão do escultor Alberto Carneiro ao Município de Santo Tirso, formulada em 1990, para a realização de um simpósio de escultura ao qual estivessem subjacentes temáticas ligadas à arte contemporânea e, especificamente, à escultura enquanto arte pública.

Escultura ao ar livre


Segundo se pode ler no portal do museu, “o MIEC funciona, enquanto espaço de reflexão do binómio cidade/arte, como polo aglutinador de projetos de arte contemporânea, aproveitando a singularidade da sua organização e a relação com o espaço que ocupa, assumindo-se como um campo plural e ativo na dinamização das artes plásticas.”

 

Coleção de cantarinhas romanas da exposição permanente do museu