quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

MSC Euríbia, o navio mais sustentável da frota MSC, passou por Lisboa na sua viagem inaugural

 

@MSC Cruzeiros

Na sua viagem inaugural, o MSC Euribia, o  22º navio da frota da MSC Cruzeiros, a terceira maior marca de cruzeiros do mundo, completou a viagem de Saint-Nazaire a Copenhaga com zero emissões de gases de efeito estufa, graças à utilização do bio-LNG,  o combustível marítimo mais limpo atualmente disponível em escala, e pela aplicação de abordagem de balanço de massa. Tal foi realçado por Linden Coppell, Corporate Vice-President Sustainability and ESG da MSC Cruises.

Apesar dos seus 19 decks, 43 metros de largura, 2 419 camarotes e 35 000 metros quadrados de área pública, é o navio de cruzeiro com maior eficiência energética de todos os tempos, sendo o segundo navio da MSC Cruzeiros a ser movido a LNG, apresentando uma variedade de tecnologias e soluções ambientais de vanguarda que minimizam o impacto atmosférico e no ambiente marinho, incluindo sistemas avançados e tratamentos de águas residuais e gestão de resíduos. A água potável é 90% ganha da água do mar que é desalinhada e purificada. As águas sujas são tratadas a bordo numa pequena ETAR. Relembremos que o objetivo da indústria de cruzeiros é ser carbon-neutral até 2050.

@Isabel figueira


Visualmente, o MSC Euribia apresenta uma nova silhueta em relação aos outros navios da MSC com um cresco personalizado exclusivo intitulado #SavetheSea, pintado no seu exterior que celebra a dedicação contínua da MSC Cruzeiros ao mar e o compromisso de alcançar zero emissões até 2050.

Pertencendo ao grupo de navios da classe Meraviglia-Plus, o MSC Euribia oferece muitas experiências dinâmicas aos passageiros com recursos inovadores, instalações e entretenimento enriquecedor não só para os adultos, mas também para as crianças. Estas estão cada vez mais no foco da MSC. A área infantil foi totalmente repensada em relação aos outros navios: 700 metros quadrados de espaço interior inteiramente dedicado às crianças e adolescentes com sete salas, cada uma delas para diferentes faixas etárias dos 0 aos 17 anos. Grande novidade é o MSC Foundation Lab, uma nova área para crianças e um programa de atividades dedicado a educar crianças e adolescentes sobre temas ambientais. Água é essencial para as crianças e além de várias piscinas, os mais novos têm à sua disposição o Ocean Cay Aquapark, um dos maiores parques aquáticos no mar, com três escorregas.



Para relaxarem durante o dia, os adultos  têm à sua disposição o Carousel Lounge, localizado na popa do navio,   com um novo layout, oferecendo fantásticas vistas panorâmicas sobre o oceano. À noite, música ao vivo, com a Big Band at Sea, uma das maiores big bands do mar, ou um espetáculo de grande produção no Delphi Theatre, com 945 lugares, podem terminar o dia em grande.

Para as refeições, os passageiros têm à sua escolha 10 restaurantes, dos quais cinco restaurantes de especialidade, um bistrô francês e steakhouse, Le Grill, e o Kaito Sushi & Robatayaki, um dos pilares da MSC Cruzeiros que apresenta um robatayaki pela primeira vez. O navio tem ainda 21 bares e lounges com cinco áreas exteriores e 16 interiores.



Os passageiros poderão passear-se pela Galleria Euribia, a maior cúpula LED no mar, com uma grande variedade de lojas e restaurantes.

Galleria Euribia


A MSC Cruzeiros é a marca líder de cruzeiros na Europa, incluindo Portugal, na América do Sul, na região do Golfo e no Sul de África com mais market share, bem como a companhia de cruzeiros com maior crescimento no mundo, com forte presença nos mercados das Caraíbas, América do Norte e Extremo Oriente.

A prioridade número um da MSC em todas as suas operações sempre foi a saúde, segurança e o bem-estar dos hóspedes e tripulantes, bem como das comunidades nos destinos onde os seus navios operam. Em Agosto de 2020, a MSC Cruzeiros implementou um novo abrangente e robusto protocolo de Saúde, Higiene e Segurança para se tornar na primeira grande companhia de cruzeiros a regressar ao mar.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Singapura também tem herança portuguesa

 

Igreja portuguesa de São José


Quando pensamos em Singapura, relacionamos sempre com a Grã-Bretanha. E temos razão. Singapura foi fundada como um posto comercial da Companhia Britânica das Índias Orientais por Sir Stamford Raffles em 1819 com a permissão do Sultanato de Johor. O Império Britânico obteve soberania completa da ilha em 1824. 

E, no entanto, os Portugueses estiveram lá antes. Quando os portugueses tomaram o controlo de Malaca em 1511, o Sultão de Malaca fugiu para sul e fundou o Sultanato de Johor, que incluía a ilha do que é hoje Singapura. Há registos de uma batalha naval entre navios portugueses e holandeses ao largo da costa de Singapura, em outubro de 1603, que os portugueses perderam. Em 1613, os portugueses destruíram a colónia malaia da ilha e o local ficou praticamente esquecido até à chegada de Sir Stamford Raffles em 1819.

Os Portugueses mantiveram, porém, um “pezinho” na ilha, através da religião. Em 1821, já existia uma pequena comunidade católica que incluía malaios de ascendência portuguesa. A sua ação era exercida por sacerdotes da Diocese de Malaca, criada em 1558, que sobreviveu à tomada de Malaca pelos holandeses protestantes aos portugueses em 1641. Por sua vez, a Diocese de Malaca era apoiada pela Arquidiocese de Goa e pela Diocese de Macau, áreas que os portugueses continuavam a controlar.

Em 1825, o P. Francisco da Silva Pinto e Maia, natural do Porto, mas em missão em Macau, aonde tinha chegado 12 anos antes, foi para Singapura e aí fundou a Missão Portuguesa. No enanto, a ação católica francesa também estava ativa no Sudeste Asiático, nomeadamente no Sião (atual Tailândia), Vietname, Laos e Camboja. Em 1831, o Vigário Apostólico do Sião, francês, reivindicou a jurisdição espiritual sobre Singapura, o que deu origem a uma disputa entre os ramos português e francês da Igreja Católica que se prolongou por vários papas. Finalmente, em 1886, a dupla jurisdição sobre Singapura foi clarificada por uma Concordata entre o Papa Leão XII e o rei português Dom Luís I, estipulando que "Todos os católicos de Malaca e Singapura, que estão sob a jurisdição de Goa, passariam para a jurisdição de Macau".




Curiosamente, a primeira igreja estabelecida em Singapura foi uma colaboração entre as missões portuguesa e francesa. Tratava-se de uma capela inaugurada em 1833 na Bras Basah Road, num terreno que viria a ser o local da escola masculina St. Joseph's Institution que os frades franceses De La Salle fundaram mais tarde, em 1852.

A Missão Portuguesa, sob a direção do Padre Vicente de Santa Catarina, obteve apoio britânico para construir uma igreja a algumas centenas de metros de distância, tendo a Igreja de S. José sido inaugurada em 1853. A pedra fundamental, lançada em dezembro de 1851, faz referência ao "25º ano do reinado de Dona Maria II - Rainha de Portugal" e ao "14º ano do reinado de Sua Majestade Britânica, a Rainha Vitória".

Com o crescimento da população de Singapura, a Igreja de S. José tornou-se demasiado pequena para a congregação e foi demolida em 1906, tendo sido construída no mesmo local uma igreja maior, em estilo manuelino (gótico tardio português), que foi consagrada em 30 de junho de 1912 pelo Bispo de Macau, D. João Paulino d'Azevedo e Castro.

Com a independência de Singapura em 1965 e a separação, em 1972, da Arquidiocese de Singapura da antiga Arquidiocese de Malaca – Singapura, terminou a dupla jurisdição com a assinatura dum acordo, em 1981, entre o Arcebispo de Singapura Gregory Yong e o Bispo de Macau Arquimínio Rodrigues da Costa para a transferência da Paróquia de São José para a Arquidiocese de Singapura. Para manter o carácter português da Igreja, a Diocese de Macau continuou a enviar sacerdotes para a Igreja de S. José até 31 de dezembro de 1999. Nessa altura, o Padre Benito de Sousa reformou-se e, simbolicamente, terminou a Missão Portuguesa em Singapura.

Capela dedicada a Nossa Senhora de Fátima


Mas a nossa herança em Singapura não se resume à igreja de São José. Há muitas palavras malaias de origem portuguesa e, eventualmente, um doce, a serikaya ou somente kaya.

Comecemos pelo doce. Há várias teorias sobre a origem deste doce malaio, feito à base de ovos e leite de coco. Há quem diga que tem origem no bolo alentejano sericaia. Será?

Alguns investigadores afirmam que este doce euro-asiático, que só existe em Singapura e na Malásia, foi originalmente adaptado de um doce de ovos português. Nesta adaptação, o leite de coco e as folhas de pandan foram utilizados em vez do leite e das vagens de baunilha, respetivamente. Outra fonte especula que a kaya se baseia na sobremesa portuguesa, a sericaia, que é feita de ovos, açúcar, leite e canela e tem um sabor semelhante. Só que… a sericaia é um bolo que vai a cozer ao forno e a serikayai é um doce de colher, ou melhor doce de barrar pão.

Outras fontes atribuem aos primeiros imigrantes de Hainan o desenvolvimento da kaya. Quando estes chegaram a Singapura no século XIX, muitos deles trabalharam como cozinheiros a bordo de navios britânicos, em casas de britânicos ou em hotéis geridos por europeus. Com o tempo, muitos destes imigrantes hainaneses começaram a estabelecer os seus próprios negócios, vendendo comida em cafés. Com base na sua experiência de trabalho para os europeus, adaptaram as suas compotas tradicionais de fruta ao sabor ocidental, criando a kaya para barrar as torradas.

Há também fontes que atribui às nonya (mulheres chinesas do Estreito ou de Peranakan) a transmissão o fabrico da kaya aos cozinheiros de Hainan que trabalhavam para famílias chinesas ricas do Estreito.

Mas também pode ser que tudo se tenha passado ao contrário, que tivesse sido o doce kaya a dar origem à nossa sericaia. Segundo se pode ler no portal da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento, a receita da sericaia terá chegado a Portugal pela mão de D. Constantino de Bragança, vice-rei da Índia entre 1558 e 1561. Este doce era tradicionalmente levado ao forno em pratos de estanho, que ainda se encontram nas velhas casas senhoriais. Também o Khir Johari, político e antiga Ministro da Educação malaio, argumenta que a sericaia portuguesa ter-se-á inspirado na serikaya malaia, uma vez que a serikaya já era provavelmente um alimento básico nas casas reais malaias quando os portugueses contactaram pela primeira vez com o mundo malaio no século XVI.



 

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Cozinha portuguesa autêntica em Singapura

 





Quando viajo, gosto de experimentar novos sabores, novas texturas, novos modos de preparar partos e, por isso, normalmente nunca aconselho ir-se comer comida portuguesa quando se está temporariamente fora de Portugal. No enanto, há sempre exceções. E neste caso, não posso deixar de falar sobre o Lusitano, o restaurante português do chef Tiago Martins.

Tínhamos passado uns dias em Malaca, e no regresso a Singapura, talvez ainda imbuídos pelo espírito português dessa cidade malaia (que, verdade seja dita é mínimo…) fomos jantar ao Lusitano e conversar com o seu dono. Tiago Martins, natural do berço de Portugal, recebeu-nos com a hospitalidade bem típica portuguesa. De braços abertos, uma “mesa farta e boa pinga”. Que poderíamos querer melhor após uma viagem algo atribulada?


O ambiente acolhedor do restaurante fez-nos logo sentir bem-vindos. Alojado num ponta dum centro comercial, mas com porta para a rua, as paredes estão tapadas por milhares de garrafas de vinho, português, obviamente, o que nos faz logo esquecer que estamos num centro comercial. Olhamos à volta e vemos uma enorme variedade de vinho vindos de quintas do Norte a Sul do país.

Em 2019, após três décadas a trabalhar em diversos restaurantes no Norte do país, Tiago Martins decidiu fazer um corte geográfico e mudou-se de armas e bagagens para Singapura. Nesta metrópole asiática, começou por trabalhar no restaurante português Tuga, mas no final de 2022 sentiu que precisava de abrir as asas e voar para um local próprio. Com um sócio local, abriu o Lusitano onde serve a verdadeira cozinha portuguesa, sem cedências nem tentações de cozinha de fusão. 

Um dos aspetos do interior da sala


Os produtos essenciais são importados de Portugal ou de Espanha. Tiago Martins conta-nos como servir a verdadeira cozinha portuguesa é um desafio. Um exemplo, a batata. Aqui em Portugal pensaríamos que com esse ingrediente não haveria problemas. É porque não conhecemos a realidade asiática. As batatas na Ásia são duma espécie diferente das que encontramos em Portugal. Arranjar a batata ideal foi difícil, mas Tiago Martins conseguiu-o. O mesmo se passa com o arroz. Sabemos que o arroz é a comida básica na Ásia. Qual o problema então? Nós cozinhamos com arroz carolino, uma espécie que não existe nessa parte do mundo. E como Tiago não segue o caminho mais fácil, mas o correto, não utiliza basmati ou outro arroz asiático para fazer os pratos portugueses.


Ameijoas à Bulhão Pato


Nem poderia ser doutra maneira. Tiago Martins anda nestas lides desde os 13 anos. Aprendeu o básico da cozinha, ajudando a avó a cozinhar para a família. Começar a trabalhar no ramo, como empregado de mesa, passando rapidamente para a cozinha, donde nunca mais quis sair. Grandes cozinhas, preparando eventos para mil pessoas, ou cozinhas de pequenos restaurantes.


Polvo á lagareiro


E com que nos deliciámos quando aqui jantámos? As ameijoas à Bulhão Pato com o indispensável coentro estavam de comer e chorar por mais. As gambas com alho estavam gulosas. O polvo tenríssimo. O arroz de feijão bem malandrinho. Os secretos no ponto certo. O bacalhau à brás de repetir.



Gambas ao alho




Arroz de feijão malandrinho

Os vinhos são todos portugueses. Para aconselhar os clientes, Tiago Martins conta a preciosa ajuda duma escanção filipina, há muito radicada em Singapura que reconhece as castas no primeiro gole de vinho que bebe e conhece tão bem os nossos vinhos que façamos espantados ao saber que nunca esteve em Portugal.


No Lusiatno só se servem vinhos portugueses


No Lusitano temos assim a certeza de que encontramos uma cozinha portuguesa honesta, verdadeira, muito saborosa e servida com requinte