segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O petisco da lata - para petiscar num ambiente sossegado

Almada fica perto de Lisboa e no entanto a maioria dos lisboetas desconhecem esta cidade cuja presença humana remonta. Almada Velha, com as suas pequenas ruas, inclinadas, têm muito para descobrir.
Deambulando por Almada Velha demos com uma mini-loja/restaurante (no interior 4 mesas, na esplanada 2) com o nome apelativo "Petisco de lata". Espreitando pelas janelas vimos um espaço muito pequeno mas muito acolhedor e convidativo.
Entrámos e fomos simpaticamente recebidos por Rosane Prola e  Susana Bourscheidt, duas brasileiras há muito radicadas em Portugal e a trabalhar no ramo da restauração.
O desejo de terem um cantinho próprio levou-as a abrir há um ano uma pequena loja só dedicada a conservas de peixe, aliada a uma pequena oferta de snacks - preparados, claro está, com conservas - e de bebidas.




Sendo ambas brasileiras não podia faltar a caipirinha na oferta deste "Petisco da lata".

Preparando a caipirinha 



Todos os pratos são servidos com uma variedade de pão, apresentado numa caixinha de madeira. 




Cavala com canónigos


Salada tropical com atum


Timbal de sardinha

Por experimentar ficou o bacalhau porque as conservas estavam esgotadas.

Este "Petisco de lata", na R. Judiaria 22A, 2800-125 Almada (tel.: 917 559 953), é um local muito simpático para um copo ao final do dia com amigos, acompanhado por uns bons petiscos de lata - ao som de boa música brasileira.



domingo, 5 de agosto de 2018

O Monte de Santa Tecla na Galiza




À noite, passeando na marginalizados de Caminha víamos maravilhados as muitas luzinhas da outra margem do rio Minho. Tínhamos de ir descobrir A Guarda e o monte de Santa Tecla, onde abundam castros.
No dia seguinte tomámos o ferry Santa Rita de Cássia, padroeira de Caminha. 15 minutos depois estávamos em Espanha, ou melhor, na Galiza.

Esta zona é habitada há já mais de 4 000 anos, tendo sido encontrados petróglifos (pinturas rupestres) em várias das pedras do monte, dos quais se destaca a “ Laje Sagrada ou Laje do Mapa”: várias espirais, círculos concêntricos e traços lineais mais ou menos paralelos que os seus descobridores interpretaram como um mapa da desembocadura do Minho.

O castro teve uma ocupação continuada entre o século I a.C., quando começou o processo de romanização da Galiza, e o século I d.C. A partir que a partir desse momento os habitantes começaram um lento abandono para novas localidades situadas nos vales e próximas às terras de maior valor produtivo.
O sistema construtivo do castro reflete pouca influência romana com um predomínio quase absoluto de construções circulares frente às retangulares).

Nesta região há um grande número de castros, sendo que a maior parte se encontra coberta por mato e árvores, e quase não é percetível.

O castro está delimitado por uma simples muralha, que acolhe uma extensão de terreno com uns eixos máximos de 700 metros (Norte-Sul) e 300 metros (Leste-Oeste). Terá sido assim um dos maiores castros dos encontrados por enquanto, tanto em terras galegas como do norte de Portugal.

A muralha foi realizada em alvenaria travada com barro, não ultrapassando os 160 cm de grossura máxima, sem acessos interiores a elas, como escadas ou rampas.

Quase todas as cabanas são circulares ou ovaladas de pequenas dimensões e com paredes grossas, assentando diretamente sobre a rocha. Restos de pigmentação encontrados indicariam que estariam pintadas com diferentes cores.
Muitas das cabanas apresentam um vestíbulo de acesso onde se encontraria um simples forno.
No interior, algumas apresentam bancos acaroados, e o pavimento em alguns casos é de terra pisada e em outros de laje. Em muitos dos limiares de entrada podem-se ver os gonzos, buracos nos quais se ajustariam as portas.
As cabanas eram cobertas com um telhado cónico revestido por materiais vegetais.
No centro estavam as lareiras aquecimento e cozinhar.
No interior destas construções encontraram-se restos de ânforas, algum moinho, seixos para talhar, etc.
Estas construções adaptam-se ao terreno com a ajuda de pequenos muretes de terraço que delimitam o espaço.
A distribuição urbanística caracteriza-se pela presença de grupos de construções formando conjuntos perfeitamente individualizados, talvez Unidades familiares formadas por moradias e armazéns, com um pequeno pátio comum.
A nível de infraestruturas, o castro incluía uma complexa rede de canais de drenagem de águas pluviais situadas sob os pavimentos e chãos.


Santa Tecla

Este conjunto de castros está situado no monte de Santa Tecla (Santa Trega). Quem foi esta mulher que recebeu o título de "Igual aos Apóstolos" e "protomártir entre as mulheres"?
Santa Tecla não vem citada na Bíblia. A única fonte de informações sobre sua vida é o livro de Atos de Paulo e Tecla, escrito provavelmente no século II, dos Evangelhos apócrifos. Aí ficamos a saber que, quando o apóstolo Paulo chegou a Icónio, ficou hospedado na casa de Onesíforo. Tecla tinha 18 anos e estava prometida a Tamire. No entanto, ao ouvir as pregações de Paulo, Tecla fica tocada e decide dedicar sua vida à pregação do Evangelho – o que não agradou nada nem aos pais de Tecla nem a Tamire que denunciou Paulo às autoridades que o prenderam.
Tecla suborna os guardas com todas as joias que tinha e Paulo é liberto. Tecla junta a Paulo mas é encontrada. A mãe mantém a intenção de a casar com Tamire. Ao ver que Tecla se mantinha irredutível, a mãe pediu às autoridades que a condenassem à fogueira. Quando a pira foi incendiada, Tecla benzeu-se. Surgiu então á sua volta uma luz que impediu que as chamas lhe tocassem. De repente, começou a chover e a cair granizo e o fogo foi apagado.
Tecla abandonou a cidade e foi procurar Paulo que estava em uma caverna com um grupo de seguidores. Tecla passou a acompanhar Paulo nas suas viagens pela Antioquia. Aí o dignitário Alexandre, vislumbrado por sua beleza, pede-a em casamento. Tecla recusa. Alexandre ordena que Tecla seja colocada numa jaula com animais famintos mas nada lhe acontece. Manda então amarrar a jovem e prender as cordas a bois. No entanto, as cordas rebentaram e os bois fugiram. Finalmente, Tecla é libertada.
Tecla estabeleceu-se em Silifke, na Turquia, onde pregou a palavra de Deus, curou enfermos e converteu pagãos ao cristianismo durante vários anos. Quando tinha 90 anos, feiticeiros pagãos invejando a popularidade de Tecla, tentaram matá-la. Tecla pediu ajuda a Deus e naquele instante uma rocha abriu-se e escondeu a virgem, que aí entregou sua alma ao Senhor.
Tecla foi a intercessora das orações dos ascetas, tendo sido invocada durante a tonsura de mulheres no monaquismo (uma forma de vida cristã totalmente consagrada a Deus no retiro, no silêncio, na oração, na penitência e no trabalho).