sábado, 23 de março de 2019

10º dia - Arusha - Kilimanjaro - Doha

Que bom uma noite dormida com todas as comodidades, sem pó e picos! 
Após um belo pequeno almoço com um delicioso sumo de maracujá acabadinho de fazer, fomos à pé ao mercado de Tenguru, teoricamente a 1 km do hotel, mas que na realidade era a 2 km... 
O mercado era enorme e estava animadíssimo com vendedores de tudo e mais alguma coisa. A secção das frutas e legumes era a maior com senhores a venderem os produtos das suas machambas. Sentadas no chão, bem direitas e de pernas esticadas iam escolhendo o arroz e as leguminosas, limpando com um pano o tomate, as beringelas, pequeninas e de várias cores , os pimentos, as cenouras, etc. Outras, de pé, cortavam-se couve, à mão, muito finamente, como para caldo verde. Impressionava a rapidez com que cortavam, sem olhar para o que estavam a fazer mas para o mercado. 
Os talhos eram poucos e vendiam essencialmente as miudezas da vaca. O povo não tem dinheiro para os cortes bons da vaca e fica-se pelas partes menores que cozem e comem cortado aos cubos com piri-piri fresco e um oitavo de lima e um pão chapata. 
Junto às bancas dos tecidos - lindas capulanas! - várias mulheres cosiam nas suas máquinas de costura. 
O que parecia ser o mais vendido no mercado eram... gorros de lã! Para quê se faz tanto calor?! Perguntámos à vendedora. “Gostamos de usar”. Ok. É moda...
Regressámos só hotel para terminar a mala. Quando era quase hora de partir, recebemos um sms da Qatar Airways informando-nos que o nosso voo estava atrasado 3 horas. Ou seja, vamos perder a ligação em Doha do voo para Madrid. 

Entretanto, os bilhetes foram reemitidos. Em Doha vamos esperar 6 horas (!!!) e iremos viajar para Lisboa via Frankfurt. Chegaremos a Portugal quase 6 horas depois do planeado. 




9º dia - Tarangire - Arusha


Hoje foi um dia em cheio. Vimos imensos animais. Começámos até a vê-lós durante a noite. 
Ja estávamos deitados quando ouvi ruídos perto da tenda. Espreitei para fora e lá estavam eles, três elefantes grandes e um bebé, a comer as folgas e os ramos da árvore debaixo da qual nós tínhamos estacionado e aberto a tenda. Os campos nos parques nacionais não têm vedações e os animais passeiam-se por entre as tendas naturalmente. Este é o seu território. E assim ali ficámos a ver os elefantes à distância de um braço. Felizmente a lua estava cheia e pudemos observar bem a cena. 
Muito perto ouvimos o rugir de leões. Hoje de manhã Ayudu confirmou-nos que os leões tinham andado pelo campo. O guia dos dois chilenos que também ali estavam contou-nos que na véspera tinham 14 leões a beber água na poça que está mesmo ao lado do campo. 
Arrumámos a tenda pela última vez e partimos à descoberta dos animais do Tarangire, o parque que tem a maior concentração de elefantes do mundo. 
Na realidade, vimos milhares de elefantes, adultos, jovens e bebés, que nem se atreviam a sair debaixo da mãe.  Por onde quer que andássemos, víamos elefantes. A comer. A cobrir-se de areia. A beber. A brincar. Parados a descansar à sombra dos embondeiros. 
No rio Tarangire, com muito pouca água apesar de estarmos na época das chuvas, juntam-se os animais. Os elefantes, as gazelas, os gnus, as zebras, as girafas. 











Foi muito interessante ver a girafa beber água. Primeiro verificou muito bem se seria seguro. Olhou para todos os lados. Começou a baixar-se mas se ouvia um ruído, levantava logo o pescoço e punha-se de novo a olhar para todos os lados. Repetiu está situação várias vezes. Quando sentiu que estatuária mesmo em segurança, é que começou a afastar as pernas e a baixar o pescoço até à água. A vida é difícil na selva é uma distração pode custar a vida. 

Logo de manhã vimos um grupo de três leoas e os seus filhotes a devorar um búfalo que uma das leoas tinha caçado. O búfalo ainda estava inteiro pelo que deduzi que a caçada tinha sido havia pouco tempo. Os filhotes, sem tempo para esperar que as mães abrissem a parte inferior do búfalo, metiam o focinho pelo anus do animal morto e puxavam para fora os intestinos. Tinham os focinhos de uma cor encarnada-acastanhada. Uma das leoas estava ocupada a abrir o focinho do búfalo. 
No céu voavam em círculo muitos abutres. A lei da selva. Um grupo de leões não consegue comer um búfalo inteiro. Comem até ficarem saciados: uma leoa come 20 kg e um leão 40. Isto chega-lhes para 2-3 dias. Depois voltam a caçar. Mas o resto do búfalo não se perde. Quando os leões abandonam a presa meio comida, vêm as hienas, os cães selvagens e outros predadores. Por fim, os abutres limpam a carcaça. 
Mesmo antes de sair do parque, a coroa do dia: um leopardo debaixo de uma árvore!


Ao princípio da tarde deixámos a selva e fomos para Arusha, cujo trânsito lembra uma selva... Mas até à cidade o caminho faz-se muito bem. As estradas nacionais são boas e estão em bom estado. Só se tem de ter em atenção a felicidade. Fora das localidades 80 km. Nas localidades 50 km.  À entrada de todas as aldeias, vilas, núcleos habitacionais sinais de trânsito e muitas lombas bem altas lembram os condutores qual a velocidade máxima. Além disso muita polícia com radar verifica se os limites são cumpridos. 

Ao fim da tarde chegámos ao hotel onde tínhamos estado há uma semana, o The Vijiji Center (tradução: o centro da aldeia). Um hotel com pequenas bromas, casas típicas redondas com telhado de colmo e pessoal muito afável. 








8º dia - Lago Manyara

Após a tempestade a bonança. Uma noite terrível com vento tão forte que pensámos que a tenda iria ser levada pelos ares. As cegonhas andaram toda a noite loucas, aos gritos, não sei se do vento se da lua cheia. Mas o sol nasceu e toda a natureza ficou em paz, que só foi perturbada por centenas de cabras a descer do alto do monte onde pernoitaram. Baliam altíssimo e o pastor maasai gritava-lhes para elas seguirem pelos carreiros e não caírem pelas ribanceiras. 

Aqui neste campo o café é bom. Como já não temos pão,  comemos umas bolachas de avelã e gengibre. Um canadiano casado com uma queniana veio pedir-nos “ducktape. Com ele estava a filha mais nova, talvez com uns 3-4 anos, a quem oferecemos bolachas. Quando no-la veio devolver, vieram os três filhos: “They heard there are ginger nut cookies around”.  Crianças são crianças em todo o mundo.

Temos encontrado pessoas interessantes. Ontem falámos com uns australianos que vieram fazer férias em África para ajudar a construir uma igreja. Perguntámos se eram católicos. “We are not religious”. Mas ajudam onde é preciso e reconhecem que a igreja católica faz um bom trabalho em aldeias remotas de África. 
Há dias cruzámo-nos com um casal belga , ambos reformados, que estão a fazer uma volta ao mundo num jipe com uma tenda no tejadilho. Fazem-na em etapas de seis meses. Desta vez vão até à Cidade do Cabo, passando por Luanda. Depois põem o jipe num contentor e enviam-no para Omã, onde iniciarão a etapa da Península Arábica. 

Saímos cedo do campo e fomos logo para o Parque Nacional do Lago Manyara. Este parque está situado à volta do lago e com uma série de paisagens. Junto à entrada principal temos a floresta tropical onde vivem diversas colónias de macacos. Muitas vezes tivemos que parar o jipe porque os macacos ocupavam todo o caminho. 
Este parque também muitos elefantes, girafas, zebras, hipopótamos, gazelas, impalas, gnus, flamingos e muitos outros pássaros e leões, cuja especialidade é subirem às árvore. Vimos todos menos os leões. Devem ter ido de férias ...
Muito engraçado foi ver as girafas no lago, à beira é mesmo dentro de água. Girafas na praia...
Perto da saída sul, há fontes de água sulfurosa que sai quente do solo, a 60 graus. Os grandes mamíferos não se importam se a água é quente ou fria e gostam de se banhar nas lamas quentes. Para poder observar o lago, os animais e as fontes sulfurosas foi construído um passadiço de madeira de 325 m de comprimento e a 1,5 m da água. 
Do passadiço pudemos ver bem os flamingos e os hipopótamos. 
Águas quentes sulfurosas

Hipopótamos

Passadiço

Resolvemos sair do parque pela saída sul que nenhum turista usa. Junto à porta não há nenhum funcionário do Parque, somente um ranger que abre e fecha a cancela. Como não sabe trabalhar com o computador, a nossa autorização de saída ficou... à entrada. 
A estrada é de terra batida e passa por diversas aldeias cujos habitantes não estão ainda “infectados” pelo turismo. O que mais estranhei foi não ter visto ninguém com os trajes típicos mas com roupas mais ou menos ocidentais. Por exemplo, as mulheres usavam uma t-shirt e uma capulana enrolada à cintura. 
Será que não são maasais ou são dessa tribo e querem vestir o que lhes apetece?
Só passados 25 km é que chegámos à estrada  nacional B194. 

Por volta das 17h20 chegámos ao parque de campismo público. A 500 m, debaixo de um embondeiro uma manada de elefantes comia e brincava. 
O Parque Nacional de Tarangire é famoso por ter a maior concentração de elefantes do mundo. Parece que é verdade. Este parque de campismo fica junto ao rio onde os elefantes gostam de se ir banhar. Segundo nos disse Ayudu, o rapaz que controla as entradas (tanto quanto percebemos pois ele fala pouquíssimo Inglês), os elefantes costumam passear-se no campo durante a noite. Vamos ter visitas .... Aqui só vamos pernoitar nós é um grupo de dois espanhóis (mais o guia e o cozinheiro) e dois homens que estão a construir uma casa. 
Sem dúvida idílico. O único problema é o Tarangire ser região da mosca tse -tse. O governo espalha por estas regiões uns panos azuis e pretos impregnados de um produto que mata as moscas tse-tse. Espero que funcione pois não me apetece apanhar a doença do sono. Esta doença foi erradicada do continente africano nos anos 60 mas as diversas guerras civis fizeram com que se parassem os programas preventivos e ela voltou em força. 

E como tratámos do nosso jantar hoje? Quando chegámos ao campo, comentámos com Ayudu que queríamos jantar e que estávamos a pensar ir ao Safari Lodge saber se serviam jantar a pessoas que não estivessem lá hospedadas. Mas que teríamos de regressar de noite o que não seria nada bom. Ayudu resolveu o assunto: não tem de ir ao lodge. Nós temos aqui um Chef.  O cozinheiro veio ter connosco e encomendámos um prato de peixe e um de carne - por 10000 xelins cada um, metade do que nos pediu o Emmanuel. Ou seja, hoje temos dois pratos pelo preço de um. 

A noite está escuríssima e cheia de ruídos. Ao longe ouvimos macacos, esporadicamente o rugir de um leão, uma grande trovoada ao longe e muitíssimos outros ruídos que não sei identificar. 

Daqui a pouco subo para a minha tenda e adormecerei embalada pela noite africana. 

quarta-feira, 20 de março de 2019

7º dia - Ngorongoro - Lago Manyara

Acordei às 5h30 para não perder nem um bocadinho do nascer do sol que toda a gente diz ser maravilhoso em Ngorongoro.  O horizonte começou a ficar alaranjado, primeiro só uma risca muito estreita que se foi alargando até ficar uma faixa larga. Por volta das 6h40 surgiu por detrás do monte - uma das paredes da caldeira de Ngorongoro - uma bola bem amarela e quente. A noite fora muito fria mal-assombrados que o sol apareceu começou a aquecer o ar. 
Como nos outros dias tivemos um animal a acompanhar o nosso pequeno almoço. Hoje foram duas águias que sobrevoavam o local, fazendo voos radiantes para apanhar um bocadinho de comida. 
Para hoje planeámos um dia calmo. Arranjámos tudo sem pressas. 
Um senhor da NCAA (Ngorongoro Conservation Area Administration) veio verificar a nossa autorização para acampar ali. E assim que soube que éramos de Portugal lá veio o Ronaldo à baila. Tudo pacífico.
Quando saímos do campo, começámos por ir à aldeia ao lado para devolver as garrafas de cerveja. Andamos a deitar as garrafas fora e só ontem a vendedora nos disse que as garrafas têm tara.  Bem, mais vale tarde que nunca.  Aquela aldeia não é bem uma aldeia mas um amontoado de casas governamentais, todas marcadas com o número do inventário do governo, à volta de um quartel da polícia. Uma senhora lavava roupa num alguidar. A água vinha duma torneira comum. Outra arranjava verduras. Um homem está sentado sobre o crânio de um búfalo. A dona da venda de bebidas tentava perceber - sem êxito - que queríamos uma garrafa de água com o dinheiro da tara das garrafas de cerveja. 
Tal como à ida para o Serengeti parámos no miradouro do Ngorongoro para observar a bela caldeira, cheia de vida. 
A poucos quilómetros da saída do parque parámos numa fantástica galeria de arte africana. Enorme com uma grande variedade de objetos tipicamente africanos. A galeria tem uma lapidação própria in situ de pedras preciosas, macondes a esculpirem pau santo e artistas a pintarem quadros de cores quentes que reproduzem tarefas diárias. 
Chegámos cedo a Mto Wa Mbu e ainda tivemos tempo para um passeio pelo mercado dos maasai e pelo marcado de rua onde comprámos bananas encarnadas que nunca tinha visto. A polpa é macia, rica em açúcares, potássio, muitas fibras e é menor que uma banana comum. Além disso, possui mais betacaroteno e vitamina C que outras variedades. 
A cidade está rodeada de plantações de banana. Um prato típico é estufado de banana com carne de vaca e leite de coco. 




6º dia - Serengeti - Ngorongoro

A saga da tenda continuou. Ontem à noite, já estávamos a dormir 💤 ouvimos uns gritos e o barulho de um Jeep 🚙 ao lado do nosso. Lá fora estava um senhor a gritar “The sticks, the sticks, I bring you the stick for the tent.” Nem desci da tenda. Ele esticou o braço, eu estiquei o braço e recolhi os paus. 
O nascer do sol foi lindo como sempre 

Na árvore continuavam a família de macacos. Os passarinhos esvoaçavam e cantavam à nossa volta. 
A minha amizade com o cozinheiro Emanuel continuou a dar frutos. Deu-nos um termos de água a ferver para o pequeno-almoço - e assim poupámo-nos ao trabalho de ligar o fogão camping faz para ferver água para o chá e para o café. 

E como estávamos numa preguiça, pedimos-lhe que nos arranjasse o ananás que tínhamos comprada na venda da aldeia dos trabalhadores do parque. Mais: como ele também vai para o mesmo campo que nós hoje à noite já combinámos o jantar. Não gostei do menu que os “seus” turistas vão comer (esparguete à bolonhesa!!!!!). Pedi-lhe algo local. E ele vai fazer só para nós ugali (= sêmola) com carne de vaca. Promete. 
Deixámos o campo público Tumbili. É caro é mau. A casa de banho das senhoras não tinha porta - qualquer animal pode entrar, especialmente depois de ontem nos terem dito que os leões gostavam de ir às casas de banho beber água! A porta do duche também não fechava. E não havia electricidade. 
Fui tomar banho à noite, iluminada somente pela luz que trazia na testa. A meio do duche ouvi um rugido. Comecei a pensar num plano B. Mas será que há um plano B quando se confronta um leão. Acabado rapidamente o  banho, visto-me e saio rapidamente. A meio do caminho noto que tinha deixado os óculos no duche. Num segundo decidir continuar até à tenda ou ir buscar os óculos? Decidi-me pela última opção. Sem óculos não vejo nada. Regresso, ponho os óculos e vou para tenda em passo rápido. Que animal teria feito aquele ruído ?
O nosso plano de hoje era irmos a Gol Kopjes onde, aparentemente há uma grande colónia de chitas. No caminho pela estrada nacional B144 vamos vendo os animais: os hipopótamos no seu banho de lama, gazelas, girafas. Aproximamo-nos da pedra onde há dois dias tínhamos visto os leões. Hoje, no cima da pedra, sozinho, estava o leão. Noutro conjunto de rochas não longe três leoas preguiçavam. 
Continuámos o caminho e travámos de repente. Um leão à beira da estrada, sentado a ver quem passava. 



MAIA adiante junto a uma árvore um elefante comia. 



E assim chegámos à porta Naabi de saída do Serengeti e entrada no Ngorongoro. Aí informaram-nos de que para ir a Gol kopjes teríamos de pagar nova taxa. Espantámo-nos pois Gol Kopjes pertence ao Serengeti. Resposta do ranger: é uma zona especial do Serengeti onde as chitas são protegidas. Apesar de não concordar com mais um pagamento, decidimos ir. O ranger desaconselhou-nos: só tínhamos 2 horas. 
Resolvemos seguir para o Ngorongoro e ir visitar o desfiladeiro de Oldupai (que, na realidade,significa “sisal”). Foi aqui que foram as primeiras pegadas do homem erectus, ou seja, o verdadeiro berço da humanidade.
O desfiladeiro parece uma paisagem lunar, inóspita mas onde se podem ver perfeitamente a evolução da humanidade através dos vários níveis e das várias cores da terra. 







O novo museu, construído com o apoio da União Europeia e do Museu Regional de Madrid, moderno com uma arquitetura bem adaptada ao clima tropical, explica todo o início do ser humano. No entanto, o preço da entrada é estupidamente caro (30 dólares americanos) e não tem correspondência ao conteúdo : todo o acervo são réplicas! 
Seguimos caminho. A paisagem do Ngorongoro, do lado exterior da caldeira, é igualmente bonita. 

Nos campos os maasai cuidavam dos rebanhos, alguns jovens jogavam à bola, mulheres regressavam não sei de onde.  




Finalmente chegámos ao nosso campo: Simba A. Com vista para parte da caldeira. 

Estacionámos o nosso jipe, abrimos a tenda e  sentámo-nos nas cadeiras a admirar a paisagem.. Quando há estava escuro e esperávamos pelo nosso jantar, apareceu um ranger de metralhadora. Que no relvado não poderíamos estar. Tentámos convencê-lo que era o único lugar direito mas ele parecia não se demover. Perguntou-nos de onde vínhamos. De Portugal. Ah, perto de Espanha, não é? Claro! A terra do Ronaldo. Aí ficou-nos no papo. Eu puxei dos meu galões futebolísticos (!) e falei do hat trick que ele fez no último jogo do juventus contra o real Madrid. Já estávamo amigos. Give me five! Excepcionalmente podíamos ficar. Se fossem Alemães ou Ingleses, não. Mas para portugueses da terra do Ronaldo abria uma exceção. O Ronaldo salvou-nos! 

A noite vai ser fria. Assim que o sol desapareceu arrefeceu muito. 

5ºdia - Serengeti

Acordar ao som dos ruídos da selva africana é sem dúvida um luxo. Da nossa cama, na tenda sobre o nosso jipe, vimos o sol alaranjado subir por detrás das árvores. 
Se ontem preparámos o jantar sob a “supervisão” de um chimpanzé, hoje tivemos três gnus a alguns metros de nós a pastar placidamente e uns lindos pássaros de peito vermelho enquanto nós comíamos o nosso pão tanzaniano com um deslavado queijo fundido dinamarquês (!) que compráramos no supermercado em Arusha. Valeu a companhia dos animais e a vista . 


Falei com um guia de um dos grupos que estava também no campo e perguntei-lhe onde se poderiam ver manadas da elefantes e leopardos. Deu- me algumas boas dicas e partiu com o seu grupo. 
Quando estávamos a arrumar as coisas, veio ter comigo o cozinheiro. Deu-me o telemóvel e disse que era uma chamada para mim. Estranhei. Quem me iria telefonar? Era o guia a acusar-me que havia uma manada de elefantes a 5 km do nosso campo a atravessar a aldeia dos trabalhadores do parque. Tenho de confessar que fiquei comovida com a atitude e a simpatia. 
 Partimos para a descoberta da savana africana. 
Primeira paragem, a poucos quilómetros do campo: uma poça de lama cheia de hipopótamos e alguns crocodilos. A dada altura um bebé hipopótamo salta para cima da mãe. 
Seguimos viagem sempre perscrutando a savana. Junto a uma rocha debaixo de uma árvore um leão descansava calmamente. Parámos o jipe a uns 3 metros dele. Aproxima-se uma leoa e deita-se. O leão levanta-se, põe-se em cima dela e em segundo despacha o assunto. Volta para o seu lugar e a leoa fica uns instantes imóvel. Depois deita-se de costas e ali fica com as patas para o ar. 
O leão ainda sozinho


Vem a leoa

E o leão vai direito ao assunto


Mais adiante uns elefantes comem erva. Manadas de gazelas e impalas.

Continuamos o caminho e de repente descobrimos que estávamos mos de novo na poça dos hipopótamos. Interessante! Não nos tínhamos apercebido que andáramos em círculo. 



Seguimos por outra picada. Nova poça de lama com imensos hipopótamos. Batemos as palmas e todas as orelhinhas se espetaram para cima. O cheiro é nauseabundo mas é interessante ficar ali a vê-los a gozar placidamente a lama. 
Alguns metros adiante umas girafas comiam sem se incomodar com o que havia à volta. Uma era tão grande que comia a parte de cima da copa da árvore! As mais pequenas  ficavam pelas folhas mais baixas. Começavam uma, mudavam para a árvore do lado, atravessam a picada e iam para as árvores daquele lado. 
Continuámos o caminho e parámos de repente. Um elefante estava na borda da picada a trincar um ramo seco. Ao lado um elefante mais pequeno fazia o mesmo.  Não se perturbaram com a nossa presença. 



Regressámos ao campo passando por grandes manadas de impalas e gazelas. 
Hoje não nos apetecia voltar a comer arroz com cavalas.  Fui então falar com o cozinheiro de um dos grupos e perguntei-lhe se não poderia fazer uma dose a mais para eu não ter que cozinhar. Disse logo que sim. 20 dólares por um menu completo feito na hora. No meio da selva. Com pipocas para aperitivo, acabadas de fazer, sopa, pilau com carne de vaca e salada e banana frita para sobremesa. Um banquete! 


Enquanto esperávamos pelo jantar, vimos a macaca de ontem. Entrou no campo e foi buscar comida. Voltou para árvore e distribuiu a comida pelos filhotes.