sábado, 19 de janeiro de 2019

Kalona, no estado de Iowa (EUA), é como uma viagem ao passado





O carro seguia na IA 22  do estado de Iowa, nos EUA, quando vimos um sinal interessante: uma charrete puxada por um cavalo. Em que século estávamos? Onde estávamos?
Aproximávamo-nos de Kalona. Os amish um grupo religioso cristão anabatista que recusa toda a modernidade, começou a  povoar a área de Kalona por volta de 1840, sendo um dos os primeiros colonizadores europeus na região. Depois de se terem instalado houve uma rutura no grupo por volta de 1880: de um lado ficaram os Amish da Velha Ordem e do outro os Amish Menonitas– este grupo assimilou-se e perdeu sua identidade Amish.
A vila de Kalona foi estabelecida oficialmente com a chegada do caminho de ferro a 6 de agosto de 1879. O nome foi sugerido por um tal Sr. Myers, que tinha um touro com esse nome (!). A vila permaneceu no entanto sem personalidade jurídica até 1890.
Os Amish chamam à atenção não só por se deslocarem de charrete mas também pelo seu modo de vestir e pelo seu estilo de vida, que é regulado pela Ordnung ("ordem"). Os anciãos de cada comunidade determina o modo de vestir, deveres religiosos, regras relativas à interação com pessoas de fora e também o uso – ou não - da tecnologia.
A vida centra-se na família e na religião. Os amish acreditam que as famílias grandes são uma bênção de Deus, o que se entende, pois sendo os Amish agricultores, os filhos são necessários para realizar o trabalho agrícola. A comunidade é fundamental para o modo de vida Amish.
Dois conceitos-chave para entender as práticas Amish são a rejeição de Hochmut (orgulho, arrogância, altivez) e o alto valor que atribuem a Demut (humildade) e à Gelassenheit (calma, compostura, placidez – tudo baseado na vontade de Jesus. A orientação anti-individualista dos Amish é o motivo para rejeitar tecnologias que economizam mão-de-obra e que podem tornar a pessoa menos dependente da comunidade. Inovações modernas, como a eletricidade, podem desencadear uma competição por bens de status ou as fotografias podem cultivar a vaidade pessoal.
Assim, quando nos passeamos por Kalona cruzamo-nos com mulheres de vestidos pretos compridos até ao chão e uma touca branca na cabeça. Os homens também trajam preto e usam chapéu. De repente sentimo-nos transportados para outros séculos.
Os Amish só deixam os seus filhos ir à escola até ao 8º ano. Quase nenhum Amish vai para o liceu ou para a faculdade. As escolas são quase sempre escolas próprias, normalmente com todas as crianças partilhando uma única sala. As professoras são geralmente mulheres solteiras da própria comunidade.
Em Kalona os Amish vivem da agricultura, do artesanato e … do turismo. Muito popular é a padaria, onde se pode comprar pão artesanal, e a mercearia. Todo o comércio é gerido por Amish.
Uma visita a Kalona é uma viagem ao passado.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Exposição “Da História das Imagens” do artista Manuel Casimiro



Foi ontem inaugurada, no Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva, em Lisboa, a exposição “Da História das Imagens” do artista Manuel Casimiro, que ali nos mostra cerca de 100 obras em torno da trabalhos fotográficos – onde não falta a sua marca pessoal: o ovóide. A curadora da exposição é Isabel Lopes Gomes que também assina o documentário “Manuel Casimiro: Pintar a Ideia”, dedicado à sua vida e obra. A exposição estará patente até 17 de março.

As obras aqui patentes mostram o seu trabalho fotográfico de 1972 e 1988, dividida por séries: “A Cidade” (1972); “Projeto Praia da Luz” (1974); “Projeto com Frutos e Legumes” (1976); “Projeto para o Porto de Nice” (1976); “Autorretratos” (realizados desde 1977, nomeadamente a série “Moi, je n’existe pas”); “Le Cauchemar”, de 1980, e “Vénus e o Amor”, de 1988.
(Fotografia do Museu Vieira da Silva -  Arpad Szenes)
Algumas destas obras “constituem um momento singular no percurso de Manuel Casimiro e evidenciam questões fundamentais como a serialidade, a relação com o cinematográfico, a inscrição do reprodutivo e a estética de apropriação”, acrescenta o texto.

O documentário de Isabel Lopes Gomes dá a conhecer grande parte do trabalho de Manuel Casimiro, que abrange pintura, fotografia, instalação e escultura, e que conta com depoimentos do próprio artista de escritores, filósofos, historiadores e críticos de arte.

Nascido no Porto, em 1941, Manuel Casimiro conta com dezenas de exposições individuais e coletivas em diversos países europeus, nos Estados Unidos, Brasil, Japão e China.
Em Portugal, a sua obra está presente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, no Museu Coleção Berardo, e na Fundação de Serralves, entre outros.