quarta-feira, 22 de abril de 2015

Conforto, hospitalidade e localização central no Skyna Lisboa

“Queremos ser o elo de ligação entre Angola e Portugal”. Foi assim que  Alexandre Portugal, CEO do grupo Socinger que detém os hotéis Skyna, apresentou  o Skyna Lisboa que vai ser inaugurado oficialmente amanhã, 23 de abril de 2015.
No entanto, o hotel tem vindo a funcionar em soft opening desde fevereiro, tendo inclusive tido ocupação a 100% na Páscoa.
 “Queremos desenvolver a hotelaria e promover o nosso país, Angola, no estrangeiro”, afirmou Alexandre Portugal na apresentação do Skyna Lisboa à imprensa. Foi esse o motivo que levou o Grupo Socinger a abrir o Skyna Luanda, com 230 quartos, em 2009 para “colmatar a falta de alojamento em Angola, especialmente na véspera da realização do CAN 2010, o campeonato africano de futebol”.
Ao entrarem na expansão além-fronteiras, o primeiro mercado para onde entrariam seria logicamente Portugal. “Somos países irmãos. Além disso, o mercado turístico está a evoluir positivamente aqui”.
O lobby do Skyna Lisboa
Foi escolhida uma localização central em Lisboa, na Rua Artilharia Um, com fácil acesso ao aeroporto. Graças a um apoio significativo da Caixa Geral de Depósitos, foi possível realizar o projeto em Portugal: o Skyna Lisboa, um hotel de 4****, virado essencialmente para o turismo de negócios e corporate — todos os quartos tem uma zona de trabalho —, mas que também não esquece o turismo de lazer. 
Aspeto de um quarto
Esta primeira cadeira angolana a internacionalizar-se tem na sua unidade de Lisboa um total de 105 quartos, dos quais 7 são suites com 42 m2, 5 quartos master com 23 m2 e uma simpática varanda com uma vista espetacular, 26 quartos superiores — os do 8º piso e os restantes quartos standard.
Recanto de trabalho do quarto
Os quartos estão equipados com Internet de banda larga wireless gratuita, telefone com acesso direto ao exterior, TV por cabo, televisor, mini bar, cofre pessoal, casa de banho equipada com secador de cabelo, serviço de quartos, berços e camas extra e room service.
No restaurante UQ, com 50 lugares, o chefe Renato Santos dirige a cozinha num espaço totalmente envidraçado que deixa os clientes segui a azáfama dos cozinheiros. As ementas contemplam essencialmente pratos da cozinha portuguesa, mas que em breve irá também ter, nalguns dias, comida angolana.
O restaurante UQ
A Vicius Bar Lounge, no 6º piso, convida a um drink ao pôr-do-sol.
O novíssimo Skyna Lisboa posiciona-se como um hotel com uma decoração moderna e uma arquitetura e organização dos espaços muito intuitiva.


Uma nota final sobre o nome. Não tem nada ver com a palavra “céu” (“sky”), mas pelo facto de o hotel de Luanda estar numa esquina — daí “Skyna”.

domingo, 19 de abril de 2015

Luxo informal, sol, luz e mar em The Oitavos

Era uma vez um senhor muito abastado que se apaixonou por uma grande terra junto ao mar que só tinha dunas e vegetação rasa. Este senhor comprou essa terra a pensar nos filhos. Estes porém zangaram-se quando o pai morreu e não se falaram durante várias décadas. Todos queriam o quinhão maior. Quando finalmente, passados muitos anos, dividiram a terra, começar a investir. Construíram um picadeiro, um spa, um hotel. E de todo o mundo acorriam as pessoas para desfrutar das maravilhas operadas.

Uma lenda? Não, esta é a história da Quinta da Marinha e do hotel The Oitavos, entre Cascais e o Guincho.
Em 1920, Carlos Montez Champalimaud, médico-cirurgião, empresário e visionário, compra ao conde de Moser os terrenos inóspitos, arenosos e quase desérticos, onde se encontra a Quinta da Marinha, para os quais anteviu grande potencial urbanístico.
Para  estabilizar as dunas, inicia em 1922 um programa de plantação de pinheiros em todo o terreno. Em 1937, constrói um centro hípico.
Após a sua morte, os projetos ficaram parados por os irmãos, desavindos, não acordarem com a herança. Na década de 1970, os terrenos da Quinta da Marinha foram finalmente divididos. Carlos de Sommer Champalimaud, um dos quatro filhos de Carlos Montez Champalimaud, deu continuidade ao projeto inicial do pai, ampliando-o. Foram construídas estradas, abertos furos para o abastecimento de água.
Em 2001, foi construído o campo de golfe de 18 buracos, em 2004 um ginásio e clube desportivo de última geração e, finalmente, em 2010, foi inaugurado o hotel The Oitavos, o culminar do grande sonho, da visão e da filosofia desta família.
É com grande entusiasmo que Miguel Champilamud, diretor-geral do hotel e bisneto do fundador da Quinta da Marinha, fala do The Oitavos e do envolvimento de toda a família no planeamento do hotel.
“Queríamos algo inovador para a região”, conta aos Cadernos de Viagem Miguel Champalimaud. “Na região de Cascais a maioria dos hotéis de luxo foram construídos a partir de casas apalaçadas existentes. Nós construímos de raiz, tirando partido da península onde estamos instalados”.
O projeto foi dado ao arquiteto José Amaral Anahory que criou um edifício em forma de um Y perfeito, de braços simétricos, permitindo assim que todos os quartos tenham vista para o mar.
O azul do mar, ali tão perto e sempre no campo de visão dos hóspedes, reflete-se igualmente no interior do edifício, cujo interior é todo em azul.
Estátuas de  arquiteto José Amaral Anahory estão espalhadas pelo empreendimento
“Sabemos que a grande maioria dos turistas que visitam a região de Cascais são do Norte e do Centro da Europa vêm com grande sede de sol e de luz”. Assim, todo edifício tem paredes de vidro para deixar entrar a luz e o sol.
Piscina exterior
Outra característica importante é a sensação de espaço que se tem no hotel. Todo o andar térreo é um open space com 2000 m2, cheio de luz, onde informalidade, design  contemporâneo e luxo estão de mãos dadas.
Todos os móveis —sofás, mesas, biombos — têm rodas. A decoração do espaço é assim facilmente mudada conforme as necessidades dos clientes.
Tudo sobre rodas
Também o layout dos quartos se baseia no conceito de open space.  As grandes varandas permitem “aumentar” o quarto para o exterior. O hotel tem 143 quartos de hóspedes, todos com soalheiras varandas privativas.
Especialmente espaçosos são os “Premium loft corner”, com uma área de 120 m2, e configurados como uma suite em open space  com casa de banho integrada e uma ampla zona de estar.  As fantásticas varandas permitem uma vista do oceano a 180º.
O creme de la creme do The Oitavos é a vila, privada, com 120 m2, escondida entre as dunas, com sala de estar, cozinha equipada, terraço/solário e piscina privada de água salgada aquecida.
Aliás, as duas piscinas comuns do hotel, a interior, no spa, e a exterior são de água salgada e aquecida — as únicas aquecidas do concelho de Cascais.
A sauna com vista para o exterior
A um hotel de luxo não poderia faltar um spa. Um espaço mágico de paz e tranquilidade,  em completa harmonia com a natureza, o spa oferece um serviço completo que proporciona uma abordagem completamente natural de bem-estar, ao combinar as propriedades curativas da água do mar com uma seleção de tratamentos orgânicos de saúde e beleza inspirados no oceano. São usados em exclusivo produtos Voya, uma marca irlandesa conhecida pelos seus excecionais tratamentos de beleza, cosméticos e terapias biológicas certificadas à base de algas marinhas. 
Piscina interior
O bem estar gastronómico, da responsabilidade do chef Cyril Devilliers, também não foi esquecido, com uma alargada oferta inovadora.
Um recanto do restaurante Ypsilon
O The Oitavos tem diversas zonas de refeições. O Ipsylon Restaurante & Bar é um espaço informal com um ambiente elegante e cosmopolita. Uma cozinha onde as influências da costa atlântica e da cozinha tradicional portuguesa e francesa se associam e combinam na perfeição. Ao jantar,  “Le Diner du Chef” é a proposta gastronómica de excelência, a escolha diária do Chefe. Para os que procuram algo diferente, “The chef’s table” é a resposta: sentados no meio da cozinha,  os clientes podem deliciar-se com um menu de degustação preparado especialmente por Cyril Devilliers.
À 6º feita e ao sábado um dos três bares do hotel transforma-se num japonese bar, onde o sushi master  prepara à frente dos clientes sushi e sashimi numa nova fusão de sabores.
The Oitavos é assim mais do que um hotel, é uma experiência de sol, luz e gastronomia.





















sexta-feira, 17 de abril de 2015

MSC Sinfonia: um navio renovado para toda a família

Já alguma vez imaginou que um navio poderia crescer? Pois foi o que aconteceu aos navios da MSC da classe Lirica no âmbito do programa Renaissance: de 251 m de comprimento passaram para 274 m!
E foi um MSC  Sinfonia, mais comprido e totalmente renovado, que esteve ontem em Lisboa.
Os investimentos foram na ordem de 200 milhões de euros. Desde 2004, a MSC Cruzeiros cresceu 800% e prevê um crescimento adicional de 10% para o ano de 2015.
O MSC Sinfonia entrou em doca seca em Janeiro e regressou aos mares dez semanas depois, com novas e enriquecidas características e funcionalidades para os seus passageiros.
E sendo mais comprido, o navio dispõe agora de mais camarotes com varanda, áreas públicas ainda mais espaçosas, uma nova escolha de restaurantes e novos clubes dedicados aos passageiros mais jovens, incluindo o Spray Park, um parque aquático completamente novo, com emocionantes novas instalações de divertimento aquático.


Devido às recentes parcerias criadas entre a MSC Cruzeiros e as marcas de topo dedicadas às crianças e aos brinquedos, o MSC Sinfonia dispõe também de áreas especiais equipadas com produtos exclusivos da Chicco e da Lego.
Também o programa de entretenimento foi melhorado. O MSC Fantasia oferece agora 20 h de entretenimento por dia, nas quais se incluem 5 a 7 horas de espetáculos por semana, baseados no destino.
Biblioteca












domingo, 12 de abril de 2015

Reunir as pessoas à volta da comida

Conhecer o mundo através das diferentes cozinhas – esta é a nova tendência do turismo. Visitam-se museus, vêem-se os principais monumentos, mas o ponto central, à volta do qual tudo roda, é a comida. Num mundo em que estamos sempre ligados a tudo, as pessoas sentem a necessidade de passar um tempo zen, desligados do mundo, vivendo a vida simples. Os “nómadas urbanos” querem viver experiências novas, querem saber mais, experimentar pessoalmente, “meter as mãos na massa”.
Assim se podem resumir os dois dias de trabalhos do Congresso Mundial de Turismo de Culinário que teve lugar no Estoril a 9 e 10 de abril. Peritos mundiais estiveram reunidos trocando experiências, ouvindo as novas tendências para saber preparar o futuro que, como Ian Yeoman, professor na Universidade de Victoria na Nova Zelândia, “é uma série de coisas conhecidas e desconhecida. Ninguém pode voltar atrás no tempo, por isso há que estar preparado para saber aproveitar o que nos espera”. Ou como Carlos Coelho, da agência Ivity, disse, “A realidade é um objetivo sempre em movimento”.
O leque de comida e de produtos que há atualmente nos supermercados é impressionantemente grande – sabia que há já uma série de produtos que se podem fazer in vitro? Só não estão ainda nas prateleiras dos supermercados por que os consumidores ainda não estão psicologicamente preparados para essas mudanças. As cozinhas caseiras estão a tornar-se cada vez mais profissionais – todos querem ser o ou a chef que vê nos concursos televisivos à volta da comida. E há quem não queira perder uma pitada que seja de todas estas novidades – e partilhando sempre com o mundo onde está e o que está a comer. 

Aqui entra também a nova moda da comida da rua que até já tem direito a um festival em Inglaterra. Para Richard Johnson, jornalista inglês de comida, a “comida de rua é a grande alternativa aos restaurantes convencionais”. A comida normalmente de excelente qualidade: o cozinheiro faz a comida à frende do cliente, olha-o nos olhos e muitas vezes está à frente dele quando o cliente come. A responsabilidade é enorme, muito maior do que a do cozinheiro “escondido” na cozinha do restaurante, longe dos clientes. Na Ásia e em África, e até em Portugal, sempre houve a tradição da comida da rua, mas em muitos outros países, como nos EUA ou no Reino Unido, tal perdeu-se no último século. E é aí que a moda da comida de rua tem vindo a crescer a olhos vistos graças à sua inovação e empenhamento. 



Paralelamente decorreu uma feira de produtos artesanais inovadores. Alguns exemplos: os pastéis  de aguardentes da Lourinhã, criado pela empresa Lourinius, feitos com amêndoa e a aguardente DOC da Lourinhã. Ou as originais caixas de cartão que servem de embalagem a conjuntos de produtos bem portugueses, como o vinho ou o azeite, e que podem ser enviados pelo correio para qualquer ponto do mundo, uma criação do designer Nuno Lajes para a It’s real. Ou a medronhada, o original doce com medronhos, feito pela professora universitária Ana Célia Calapez Gomes da empresa Esteiros.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Queijos à moda antiga



 Queijos com sabor a queijo, ao verdadeiro leite de ovelha, formados pelas mãos sábias de mulheres e homens. Assim são os queijos que saem de Santa Vitória de Ameixial, perto de Estremoz. Queijos que sabem a queijo, feitos ao sabor do tempo, sem pressas.
Em tempos a queijaria pertenceu à D. Vitória que tinha uma cardeira à porta de casa. Todos os dias, os pastores das redondezas lhe vinham vender o leite das suas ovelhas marinas. D. Vitória apanhava as flores secas, desfazias em pó. Misturava ao leite e esperava que este coalhasse. Sem pressas. Tudo tem o sem tempo.
D. Vitória não tinha filhos e passou a arte de fazer queijos à sua sobrinha Maria Amélia. Hoje em dia a alma da queijaria é a sua nora, Elisabete, que juntamente com uma cunhada e os sogros – e em épocas de muito leite, mais uma ou outra mulher da aldeia -, se sentam em pequenos banquinhos duas vezes por dia, de manhã e à noite, para moldar queijos.
As ovelhas – só merino – têm de ser mugidas duas vezes por dia. Como só fabricam o queijo por métodos artesanais, sem câmaras frigoríficos nem câmaras de secagem, os queijeiros reúnem na queijaria de manhã e ao final da tarde.
Recebem o leite que é ligeiramente aquecido e ao qual se mistura o coalho, que agora já não vem diretamente da cardeira que ainda lá está ao lado da casa, mas é comprado na cooperativa. 45 minutos depois, o leite começa a coalhar. Sentam-se então em pequenos banquinhos na ponta da mesa de metal, ligeiramente inclinada para que o soro possa ir escorrendo. Vão tirando pedaços da coalhada que põem com as mãos dentro de um cincho. A massa é ligeiramente apertada para que fique aconchegada. O cincho é empurrado para a direita onde os queijos ficam a escorrer. Passado algum tempo, os queijos são alisados com a mão e virados.
Ao fim do dia, os queijos passam para a sala da secagem que é feita naturalmente com o ar que entra pelas janelas. O sal só é posto nesta fase, pois com o soro ainda vai ser feito almece (ou atabefe). No inverno, a humidade é maior e os queijos demoram mais tempo a secar. Na primavera o processo é mais rápido.
O soro recolhido leva-se a lume brando durante 45 minutos. Ao início tem de ser mexido com uma caninha, sempre para o mesmo lado. Quando começa a abrir, ou seja, quando começa a vir ao de cimo pedacinhos brancos de soro cozido, está pronto o almece (ou atabefe). Esta é uma tradição de origem árabe – a palavra vem do árabe al-mis ou al-miç e significa “soro do leite”. 
Trabalham todos os dias da semana, incluindo sábado, domingos, feriados, quer seja Natal, quer seja Páscoa. As ovelhas também não param a produção – exceto nos meses de verão, durante os quais as ovelhas não produzem leite. Também a recolha do leite é artesanal. “As ovelhas merino têm umas tetas muito pequenas que não permitem a ordenha mecânica”, explica-nos Elisabete. “Têm de ser ordenhadas manualmente”.

Se por acaso estiver a passar por Estremoz, faça um pequeno desvio até Santa Vitória do Ameixial, uma pequena aldeia com pouco mais de 300 habitantes, e visite esta queijaria. O nome da terra deve-se à grande vitória aí alcançada pelas forças portuguesas contra as castelhanas na Batalha do Ameixial durante a Guerra da Restauração. Relembre a História de Portugal e fique a saber como se faz um bom queijo de ovelha.
 



Fotos: Hans-Jürgen Müller

Ammaia, uma cidade romana no Alentejo

São vários os vestígios romanos que encontramos no Alentejo, como as ruínas de Torre de Palma ou as Ruínas Romanas Ferragial d' El Rei em Alter do Chão. Por estes dias fomos à descoberta de Ammaia, uma grande cidade romana, localizada perto de Castelo de Vide e de Marvão, que terá tido uma área de 25 hectares


Perto de São Salvador da Aramenhanas  margens do Rio Sever, cresceu entre os séculos I e IV d.C. a cidade de Ammaia, que é hoje em dia o vestígio mais importante da sua época existente na região do norte alentejano. Pensa-se que a povoação tenha sido fundada no tempo do imperador Augusto nos finais do século I a.C., tendo sido elevada a Civitas  durante o reinado de Cláudio por volta do ano 44/45 d.C.  Ainda durante o século I, terá obtido o estatuto de Mvnicipivm - no entanto apenas existem documentos sobre o mesmo no ano de 166 d.C. no reinado de Lúcio Vero, mais provavelmente durante a época de Vespasiano.




Ammaia viria a desenvolver-se como um importante núcleo urbano devido à sua localização - um ponto de cruzamento de vias romanas que uniam importantes núcleos urbanos, por exemplo, ligando Ammaia à capital da província, Emerita Augusta (atualmente Mérida) - e à exploração dos recursos minerais e naturais da região, como o quartzo e o ouro.
No entanto, a partir do século V, aos poucos a cidade vai perdendo importância e inicia-se a sua decadência. A memória popular refere que "a cidade foi engolida pela terra". Por causas ainda não determinadas verifica-se que entre os séculos V e o IX, a cidade de Ammaia foi soterrada.  No século IX, já sob domínio árabe, a cidade parece ter sido utilizada por Ibn Maruan, mas rapidamente abandonada por um local mais próximo, onde hoje se localiza Marvão.




Os lavradores foram porém sempre encontrando partes da cidade. Muitas das pedras da antiga cidade romana foram sendo usadas a partir do século XVI para a construção de palácios e igrejas em Portalegre, das muralhas de Marvão e de Castelo de Vide e de várias edificações particulares da Escusa, Porto da Espada, Portagem e S. Salvador.
Aos poucos, a cidade foi desaparecendo até que no século XX foi redescoberta. Nos anos 40, o local foi declarado de interesse histórico – mas além disso nada foi feito. Em 1995 iniciaram-se no local as escavações arqueológicas que colocaram a descoberto cerca de 3 000 m2.

Graças a esses trabalhos e à integração de abordagens não-destrutivas em sítios arqueológicos complexos, hoje em dia já muito se pode saber e ver sobre a cidade romana de Ammaia. No museu anexo às ruínas pode ver-se um filme que nos dá uma visão muito abrangente de como terá sido Ammaia.


Mas é no campo que podemos ver o que resta da cidade. Duas estruturas circulares, que revelaram ser o arranque de duas torres, ladeavam a Porta Sul da cidade, estando por sua vez adossadas à muralha romana. As torres possuem um diâmetro externo de 6,30 m e estavam ligadas por um arco - Arco da Aramenha - transportado para Castelo de Vide em 1710 e posteriormente destruído. As pedras que estariam por debaixo do arco ainda hoje se veem   – e deixam bem visíveis as marcas dos milhares de carros (romanos, não os carros/automóveis atuais) que por ali passaram.


Foi descoberta igualmente uma praça pública, pavimentada com blocos de granito muito regulares. O lajeado do lado direito possui um comprimento de 21,30 m, e uma largura de 10,75 m. Os lajeados ladeiam uma das principais ruas da cidade (Cardo Maximus), que segue em direção ao Fórum, possuindo cerca de 4 m de largura.
Em 1996, os trabalhos arqueológicos  identificaram um pequeno tanque revestido por placas de mármore, que se pensa que faria parte do complexo balneário do Fórum: ou o tepidarivm (tanque de água tépida) ou o frigidarivm (tanque de água fria).

Atravessando a EN359, que corta a antiga cidade, chegamos ao Forum e ao templo, do qual só se pode ver o podivm, uma estrutura retangular (18 m x 9 m).

As escavações na área envolvente do podivm permitiram delimitar o edifício com maior monumentalidade da cidade, o Fórum. Era aqui que se centravam os poderes administrativo, religioso e judicial e onde a população da cidade e da região vinha prestar culto às divindades do panteão romano e indígena. 

No museu, podemos ver uma parte do imenso espólio recolhido nos trabalhos de escavação arqueológica realizados na área da Cidade de Ammaia: moedas, terrae sigillatae, cerâmica comum, vidros, fragmentos de braceletes e lucernas, além duma importante coleção de epígrafes.

Fotos: Hans-Jürgen Müller