Em tempos a queijaria pertenceu à D. Vitória
que tinha uma cardeira à porta de casa. Todos os dias, os pastores das
redondezas lhe vinham vender o leite das suas ovelhas marinas. D. Vitória apanhava
as flores secas, desfazias em pó. Misturava ao leite e esperava que este
coalhasse. Sem pressas. Tudo tem o sem tempo.
D. Vitória não tinha filhos e passou a arte de
fazer queijos à sua sobrinha Maria Amélia. Hoje em dia a alma da queijaria é a sua
nora, Elisabete, que juntamente com uma cunhada e os sogros – e em épocas de
muito leite, mais uma ou outra mulher da aldeia -, se sentam em pequenos
banquinhos duas vezes por dia, de manhã e à noite, para moldar queijos.
As ovelhas – só merino – têm de ser mugidas duas
vezes por dia. Como só fabricam o queijo por métodos artesanais, sem câmaras
frigoríficos nem câmaras de secagem, os queijeiros reúnem na queijaria de manhã
e ao final da tarde.
Ao fim do dia, os queijos passam para a sala da
secagem que é feita naturalmente com o ar que entra pelas janelas. O sal só é
posto nesta fase, pois com o soro ainda vai ser feito almece (ou atabefe). No
inverno, a humidade é maior e os queijos demoram mais tempo a secar. Na primavera
o processo é mais rápido.
Se por acaso estiver a passar
por Estremoz, faça um pequeno desvio até Santa Vitória do Ameixial, uma pequena
aldeia com pouco mais de 300 habitantes, e visite esta queijaria. O nome da
terra deve-se à grande vitória aí alcançada pelas forças portuguesas contra as
castelhanas na Batalha do Ameixial durante a Guerra da Restauração. Relembre a História de Portugal e fique a saber como se faz um bom queijo de ovelha.
Fotos: Hans-Jürgen Müller