quinta-feira, 22 de junho de 2017

Lago Lanier: um lago artificial … que parece natural

Pôr do sol
No final dos anos 50 do século XX, o Corpo de Engenharia do Exército dos Estados Unidos criou um lago no norte do estado da Geórgia (EUA) ao construir a barragem Buford no rio Chattahoochee, alimentada igualmente pelas águas do rio Chestatee. Ao lago deram o nome do poeta Sidney Lanier. 
Água a perder de vista
O lago é muito grande: 38 000 hectares (150 km²) de água e 1114 km de litoral com mais de 90 reservas naturais estatais e comunais. É lindo e muito relaxante. O ideal para se ganhar energias da vida stressante do dia-a-dia.
O objetivo principal para a criação do lago em 1956 foi o fornecimento de eletricidade, navegação e controlo de inundações do rio Chattahoochee, assim como o fornecimento de água à grande metrópole de Atlanta. O projeto de 1 mil milhão de dólares aprovado seis anos antes obrigou ao realojamento de 700 famílias que ali viviam para se poder inundar a área e criar o lago. Parte do trajeto da autoestrada 53 teve de ser redesenhado pois passava muito perto das margens do lago.
@Daniela Müller
Estabelecida em 1957, a Marina Holiday tornou-se um sinónimo do Lago Lanier. Em 1997, o lago Lanier recebeu a conferência Bilderberg.
Todos os anos, o lago Lanier transforma-se num a aldeia natalícia com mais de 9,7 km de luze. “Magical Nights of Lights” é um espetáculo de luz e sim que corre por toda a aldeia do Natal.
Interessante é a situação legal do lago. Apesar de se encontrar no estado da Geórgia, três estados têm direito à sua água: Geórgia, Alabama e Florida. E porquê? Uma lei federal diz que todos os estados por onde correm os rios que alimentam um lago têm direito às suas águas.
Vista da varanda do chalé


Para se gozar verdadeiramente o lago o ideal é alugar-se um dos muitos chalés, a maioria deles de madeira, que existem à beira lago, construídos no meio da floresta densa que o envolve. É um verdadeiro descanso mental estar sentado na varanda da casa a olhar para as florestas e para as calmas águas. 
Descansar o corpo e a alma 
Ou então levar uma espreguiçadeira para o pontão de atracagem do barco (todas as casas têm barcos de veraneio) e ali ficar a “jiboiar”, ou seja, não fazer nada. Querendo atividade, podem dar-se longos passeios à beira água, nadar até a uma das muitas ilhas que existem no meio do lago, pescar (achigãs, robalos riscados, carpas, douradas amarelas, entre muitos outros) ou então fazer remo ou caiaque – aliás estas duas disciplinas olímpicas tiveram aqui o seu cenário durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1996. Em 2003 realizou-se aqui o Campeonato Mundial de canoagem. E no final, para ganhar forças, nada melhor do que um churrasco – todas as casas estão equipadas com churrasqueiras para que um bom bife grelhado não falte aos veraneantes.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Ananases em Queluz


Duas das quatro estufas de ananases
Seguindo uma tendência nos jardins ornamentais no século XVIII, também a realeza portuguesa mandou construir um jardim botânico do Palácio de Queluz, embora de de pequena escala, quando comparado com outros jardins botânicos desta época. A botânica, no sentido histórico da construção do conhecimento, ganhou inúmeros adeptos nos remos europeus, tornando-se uma moda cortesã partilhada por curiosos, aventureiros, naturalistas e colecionadores, cujo entusiasmo serviu de multiplicador para a construção e plantação de jardins botânicos públicos e privados rico em raridades vegetais do novo e do velho mundo. É a época das orangeries, de plantas exóticas e tropicais. O ananás, um fruto muito associado à realeza, não podia faltar neste jardim botânico, como realçou Manuel Baptista, presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, ontem aquando a inauguração do Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, que contou com a presença da secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos.
Célia Ramos e Manuel Baptista
Construído entre 1769 e 1780, este jardim botânico foi contemporâneo das grandes realizações setecentistas do período barroco-rococó nos jardins de Queluz. De pequena escala, quando comparado com outros jardins botânicos desta época, Queluz assume uma natureza de entretenimento, ao contrário do propósito eminentemente experimental dos projetos de estado, esses inspirados na fisiocracia naturalista setecentista.
Com a ida da família real para o Brasil em 1807, os jardins foram abandonados. Sucessivamente destruído por fenómenos naturais e abandonado, o jardim botânico perdeu a sua função original, tendo sido transformado em roseiral em 1940. Em 1983, na sequência das cheias que destruiriam praticamente esta zona, o jardim foi completamente desmontado e transformado numa área ampla para picadeiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre.
Há cinco anos, a Parques de Sintra – Monte da Lua iniciou uma investigação histórica que possibilitou a consequente intervenção patrimonial com vista à reconstituição do jardim botânico de Queluz. O projeto ganhou novo ânimo com a descoberta e identificação de diversas cantarias - das fundações das estufas, das peças de água e dos ornamentos - que haviam sido desmontadas em 1984 e entretanto integradas ou esquecidas noutros lugares dos jardins de Queluz.

Legenda das plantas
Ao longo dos trabalhos de reconstrução do jardim, realizada com base num desenho de 1865, foram recriadas as quatro estufas de ananases (Ananas comosus, variedade 'Cayene'), produzidos em tempos para os banquetes de Queluz. Na construção das estufas foi reintegrada a cantaria original das fundações,  com a ajuda de desenhos históricos e como resultado das sondagens arqueológicas realizadas no local. Foram igualmente reconstruídos os alegretes e respetivos bancos e painéis azulejares, as cantarias do lago central e a estatuária de acordo com o desenho inicial do jardim.

Pormenor do alegrete

Pormenor do alegrete

Pormenor do alegrete

Foram igualmente executados caminhos em saibro granítico, sob os quais foram instaladas as diversas infraestruturas de abastecimento de água, drenagem, energia e comunicações. Uma rede de caminhos delimita 24 canteiros, representando os espaços necessários às plantações representativas das 24 ordens de plantas de Carlos Lineu. Nas bordaduras dos canteiros foram plantadas aproximadamente 10 mil plantas de murta (Myrtus communís ssp tarentina).

Serviu de base à reconstituição da coleção botânica o Index de Manuel de Moraes Soares de 1789, que reúne as espécies existentes na época no jardim Botânico de Queluz.
Estufas de ananases

As ovelhas sobem à serra em festa no dia 1 de julho

Pastores da serra da Estrela preparam a subida dos rebanhos, uma prática secular que se mantém viva em Seia.

A transumância ainda se pratica em Seia, com a tradicional subida dos rebanhos e dos pastores à serra da Estrela em busca de melhores pastos. Esta prática, ainda tão enraizada na comunidade pastoril do concelho, será uma vez mais aberta à participação de todos e acontece no dia 1 de julho.
A iniciativa é promovida pela Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede das Aldeias de Montanha (ADIRAM), sendo uma das atividades que consubstancia o Plano de Animação da Rede, em parceria com o Município de Seia e em articulação com os pastores que ainda mantêm viva a tradição da transumância. Esta ação integra a Grande Rota da Transumância, projeto transversal da Agência de Desenvolvimento Gardunha 21 enquadrado na EEC PROVERE iNature, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do CENTRO 2020 - Programa Operacional Regional do Centro. 
Acompanhar os pastores nesta subida à serra e descobrir uma das mais simbólicas atividades do pastoreio, a transumância, é a proposta para este dia. Os rebanhos, provenientes das aldeias do sopé da serra concentrar-se-ão no largo da câmara, às 07:30h, e atravessam o centro da cidade em direção à montanha, prosseguindo a sua viagem pelos seculares caminhos da transumância, rumo àquela que é a aldeia dos pastores, o Sabugueiro. Para que os participantes sintam a autenticidade e genuinidade da serra da Estrela, estão preparados vários momentos de animação, com destaque para o cancioneiro popular e a gastronomia de montanha. A inspiração é, sempre a simplicidade da pastorícia! 

A anteceder a subida à serra celebra-se, a 25 de junho, na aldeia da Folgosa da Madalena a Festa dos Pastores com a romaria das ovelhas à Festa de S. João Batista. Aqui, a partir das 18h, os pastores acompanhados dos rebanhos, vindos das várias aldeias, cumprem a tradição, desfilando à vez, em volta da capela de São João Batista, pedindo ao padroeiro um bom ano de pasto e proteção para o gado. Para o efeito, as ovelhas ostentam os maiores e melhores chocalhos “loiça” e são enfeitadas com “peras e cabeçadas”.
Inscrições e mais informações: em www.aldeiasdemontanha.pt email: adiram.associacao@gmail.com

sábado, 10 de junho de 2017

O Rio Amarelo… na Geórgia, EUA

Cachoeiras do Rio Amarelo (EUA)
Quando ouvimos “Rio Amarelo” de imediato pensamos na China, no segundo maior rio da China e o 6º maior rio do mundo, e … muito poluído. Mas não, não é sobre esse rio Amarelo que venho falar hoje, mas sobre o Yellow River, o rio Amarelo, do estado da Geórgia, nos EUA, e cujas margens formam um belíssimo parque estadual, o “Yellow River Park”, o Parque do Rio Amarelo.
Com mais de 5 km de trilhos para caminhadas, paralelos ao rio que ali passa com diversas cachoeiras, é o local ideal para passear junto da natureza sem grande esforço – quem quiser fazer caminhadas maiores pode ir até ao Parque Nacional da Montanha da Pedra, onde pode ver as esculturas dos generais da Guerra Civil, esculpidas num enorme rochedo.
A Montanha da Pedra (Stone Mountain )
Mas fiquemo-nos pelo Parque do Rio Amarelo, situado numa simpática mata, sempre acompanhando o rio. São 566 hectares de floresta com trilhos para passear a cavalo ou caminhar a pé –sempre ao lado dos meandros arenosos do rio Amarelo, com elevações mínimas. Ou seja, caminhadas muito serenas.
Mas querendo, pode haver aventura. Os caminhos começam no parque de estacionamento (!) onde estão também as instalações higiénicas e de bem-estar, a saber, casas de banho, mapas, e mesas/bancos para piqueniques. Os mais preguiçosos ficam-se por aqui. A caminhada deles é dos carros até às mesas de piquenique!
Cachoeiras
Mas nós queríamos era andar, ver as cachoeiras do rio. A uns 300-400 m do parque de estacionamento há um pequeno ponto de observação de madeira.
Ponto de observação de madeira
Como está um pouco elevado, dá-nos uma boa visão completa sobre esse ponto do Rio Amarelo e das suas pequenas quedas de água, onde já algumas pessoas passeavam no meio da água e apanhavam sol nas pedras quais lagartos.

Aqui o rio espraia-se como folhas de árvores caídas sobre rochas largas e planas que vão formando terraços sobre o leito do rio, criando uma série de cachoeiras com pouca profundidade. Lindas. Relaxantes. E convidativas a entrarmos na água, apesar de gelada. As bordas continuam arenosas permitindo que os menos corajosos possam pelo menos pôr um pezinho na água…

Mais adiante uma ilha. Apesar do sinal de “Propriedade privada”, avançamos. A aventura chama por nós. A ligação para a ilha é um tronco de árvore caído que liga as duas margens. Pé ante pé, balançando sobre o tronco qual  Simone Biles equilibrando-se na trave olímpica, atravessámos aquele braço de rio e chegámos à ilha, ao fruto proibido.
A ligação à ilha privada
No entanto, ali, nada de especial havia. Era pura e simplesmente a continuação da mata/floresta repleta de pinheiros, carvalhos e liquidâmbares, uma das árvores nativas de áreas temperadas do leste da América do Norte. Aliás, as árvores podem ser um dos motivos para irmos até ao parque do Rio Amarelo. Árvores antigas, com formas diversas, que se abraçam. Os afetos da natureza que se estendem às pessoas que aqui ganham forças para o dia a dia, relaxando na natureza.