terça-feira, 29 de maio de 2018

100 anos de Geórgia

A Geórgia está a comemorar o 100º aniversário da fundação da primeira República Democrática da Geórgia, proclamada a 26 de maio de 1918.

Com a Revolução Russa de 1917, o Império Russo colapsou, dando origem a diversos estados e federações, entre elas a Federação Transcaucasiana. Quando esta se fragmentou, surgiu a República Democrática da Geórgia com capital em Tbilisi e georgiano como idioma oficial. No entanto não sobreviveu muito tempo e, devido a diversos problemas internos e externos (as relações da Geórgia com países vizinhos eram instáveis), a jovem nação sucumbiu à invasão do exército vermelho da República Socialista Federativa Soviética da Rússia (mais tarde, URSS) de abril de 1920, tornando-se uma república soviética no início de 1921.
Após o desmantelamento da União Soviética, a independência da Geórgia foi restaurada a 9 de abril de 1991. 26 de maio, o dia da proclamação da República Democrática da Geórgia, ainda é celebrado como um feriado nacional — o Dia da Independência da Geórgia.
A Geórgia é um país que vive hoje entre o modernismo e a tradição. É um prazer passear pela capital, Tbilisi e observar os edifícios, cuja arquitetura é uma mistura de estilo georgiano mas com fortes influências bizantinas, europeias-orientais e do neoclássico russo. Claro que várias décadas de presença soviética também deixaram marcas arquitetónicas.
A Ponte da Paz na capital, Tbilisi, pode ser vista como o seu símbolo. Trata-se de uma ponte pedonal de 156 metros que lembra um animal marinho, de arquitetura muito moderna, com um dossel de painéis de vidro no espírito do Norman Foster, projetada pelo arquiteto italiano Michele de Lucchi e pelo iluminador francês Philippe Martinaud. Foi construída com uma estrutura transparente e luminosa, em aço e vidro. À noite, 30 000 lâmpadas LED executam um verdadeiro espetáculo de luz em 4 tempos: no 1º, ondas de luz percorrem a ponte de um lado ao outro, no 2º as ondas de luz nascem em ambos os lados da ponte, encontrando-se ao meio e esbatendo-se até se apagarem, no 3º iluminam-se primeiramente os contornos exteriores da cobertura e depois toda a cobertura, terminando a sequência em escuridão total, no 4º toda a cobertura cintila como se fosse um céu estrelado. Estas sequências transmitem uma mensagem em morse: os nomes da tabela periódica dos elementos que constituem o corpo humano. De acordo com o arquiteto, "esta mensagem é um hino à vida e à paz entre os indivíduos e os povos".
Tbilisi  tem tudo para uma pequena viagem: arquitetura fantástica, mistura eclética de moderno e antigo, comida saborosíssima, ótimos vinhos e um povo muito hospitaleiro. Fundada no século V por Vactangue I, rei georgiano da Ibéria, e elevada a capital no século VI, Tbilisi depressa se tornou um importante centro, uma vez que estava na Rota da Seda, estrategicamente localizada no cruzamento entre a Europa e a Ásia. O nome da cidade vem da palavra georgiana "quente" ("tbili"), devido às fontes termais quentes que existentes na cidade, descobertas acidentalmente. Reza a lenda que andando um dia a caçar, o rei Vactangue I viu um animal ferido que entrou numa fonte de água e saiu de lá sem ferimentos (há uma outra lenda que nos fala de um falcão com que o rei caçava que caiu numa das fontes e morreu queimado). O rei ficou de tal modo espantado que mandou construir-se ali uma cidade.



segunda-feira, 14 de maio de 2018

Strelley e o caminhos dos monges


Tínhamos decidido dar um passeio pelos belos campos de colza, bem amarelos nesta época do ano na região de Nottingham (Inglaterra). Chegámos a uma pequena estrada. O passeio de um dos lados era composto por grandes lajes com aspeto de já terem sido usadas há vários séculos.

Estávamos a chegar à vila de Strelley e logo à entrada a explicação. Estas lajes faziam parte do chamado caminho dos monges do século XIV e que ligaria os mosteiros e fazia a ligação a Nottingham e ao rio Trent. Conta a lenda que os monges usavam mulas para o transporte das lajes e que traziam uma de cada vez que usavam o caminho.
A ocupação de Strelley já vem desde os tempos romanos.  Perto da atual localidade havia um forte romano. No entanto, os primeiros habitantes do local terão  sido um grupo de bárbaros. O primeiro registo da vila é porém de 1086 e encontra-se no chamado “Domesday Book”, um  um grande levantamento da Inglaterra, uma espécie de recenseamento,  mandado fazer por Guilherme I de Inglaterra.
A vila sofreu muito durante a Peste Negra de 1348: dos seus 300 habitantes, morreram mais de 200! Como gratidão por ter sido poupado, Sir Sampson de Strelley mandou erigir a Igreja de Todos os Santos em 1350.


O edifício mais importante de Strelley é o chamado “Strelley Hall”, uma casa senhorial que passou por diversas fases. As antigas cavalariças foram transformadas num simpático café, o Mulberry Tree Café, onde se comem uns deliciosos scones e bolos caseiros.