quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Já alguma vez dormiu num domos no cima da montanha?


Acordar e ver aos pés da cama o nascer do sol sobre o vale do fundão.

A viagem foi feita de noite. Ao sairmos da autoestrada entrámos numa estada nacional com alguma (pouca) iluminação pública . Mas assim que saímos de Alcongosta éramos só nós e as estrelas. De quando em quando uns olhitos brilhavam ano encontro com as luzes dos faróis e logo a seguir víamos uma marta ou um coelhito a fugir.
Tínhamos de ir com atenção, pois a entrada para o Glamping Natura, onde iria ser a base para explorarmos a zona, está escondida numa curva à direita muito apertada.

Subimos a pequena estrada de terra batida. Saímos do carro e o frio fez-se logo sentir, com um vento agreste a bater-nos na cara. Estava 1º C! A receção estava calorosamente hospitaleira. Atrás do balcão, Jorge deu-nos as boas vindas. E enquanto íamos fazendo o processo de check-in, foi-nos contando histórias de fenómenos sobrenaturais, UFO, mistérios, cosmódromos, serras ocas.
Depois levou-nos por um caminho muito bem tratado até ao nosso domos, um iglo branco, grande. A porta não se abre com a chave, mas com um fecho de correr. E logo a recomendação: mantenham o fecho sempre fechado para que o domos não arrefeça.

Entrámos no quarto. Espaçoso. Com uma cama virada para uma “parede” de plástico que nos permitia ver o mar de luzes do vale do Fundão. Será que iríamos ser teletransportados como o Sr. Américo Duarte  dos Santos, o Guardião da Serra, que afirmou ter desvendado os incríveis segredos da enigmática, Serra da Gardunha? Será que iríamos descobrir a entrada para a dita gruta no fundo do qual existe uma mesa com sete cadeiras à volta? Ou mesmo a base das naves dos extraterrestres que, segundo alguns, existe dentro da serra?
Tudo é possível. Dizem que a serra é oca. Gardunha, o nome da serra, da palavra árbae guardunha que significa “refúgio”.

O magnetismo da serra não nos deixou porém dormiu bem. No dia seguinte, logo após um belo pequeno-almoço partimos à descoberta da serra, em direção ao marco geodésico, o Cavalinho, na crista da serra, ao lado da torre de vigia, a quase 1200 m de altitude. A caminhada faz-se facilmente. O caminho, largo, é de terra batida. Como nos dias anteriores à nossa chegada tinha chovido muito, havia grandes poças de água, que eram quase pequenos lagos.
A vista a partir do Cavalinho é espetacular. No vale, o casario da vila do Fundão. Mais ao longe, Covilhã. À direita a barragem de Santa Águeda. Em frente, ao longe, o conjunto montanhoso da Serra da Estrela. Ali ficámos um tempo a respirar esta paisagem fantástica.


Belmonte
Descemos a serra, metemo-nos no carro e rumámos a Belmonte, vila bem conhecida pelo seu passado judaico sefardita e por ter sido o berço de Pedro Álvares Cabral.

Belmonte recebeu a carta de foral em 1199 concedida por D. Sancho I, o nosso segundo rei. Mas foi somente o rei D. Afonso III ordenou a D. Egas Fafes, então o bispo de Coimbra, que procedesse a construção de uma torre e castelo, cuja construção terá sido terminada durante o reinado de D. Dinis.
Perto do castelo, numa das ruas da antiga judiaria, foi inaugurada em 1996 a sinagoga “Beit Eliahu” (Filho de Elias). Os membros da atual comunidade judaica de Belmonte são descendentes de cristãos-novos que durante a inquisição, e apesar de oficialmente se terem convertido ao cristianismo, conseguiram preservar os ritos e as orações, mantendo o culto e tradições culturais judaicas no âmbito familiar.
Em 2005 foi inaugurado o Museu Judaico de Belmonte, onde se pode entrar em contacto com as tradições e a vida quotidiana da comunidade.

Para ficar a conhecer o descobridor do Brasil e os Descobrimentos, nada melhor do que visitar o Museu dos Descobrimentos e o seu Centro de Interpretação "À Descoberta do Novo Mundo". Este espaço propõe-se dar a conhecer, estudar e divulgar o feito de Pedro Álvares Cabral e explorar a história do Brasil.
Mais núcleos museológicos há na vila. Mas havendo pouco tempo, o melhor é deixar-se embeber pelo espírito da vida, passeando descontraidamente pelas ruas de Belmonte.





quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Dalí virtuoso – uma exposição permanente em Berlim




Ao prepararmos a nossa viagem a Berlim, descobrimos que havia uma exposição de Dalí. Ao estudarmos melhor a informação, vimos com espanto que se tratava de uma exposição permanente. "O surrealismo para todos" - este é o espírito no qual mais de 400 das obras desta personalidade enigmática estão agora permanentemente em exibição na Praça de Potsdam, no coração de Berlim (Alemanha).

Salvador Dalí (1904 – 1989) – um dos artistas mais talentosos - e dos mais espetaculares - da era moderna. Esta exposição dá-nos visão mais abrangente sobre domínio experimental virtuoso de Dalí de quase todas as técnicas artísticas.
Neste museu privado são apresentadas mais de 2 000 obras de coleções particulares de todo o mundo, incluindo desenhos, litografias, gravuras, xilogravuras, livros ilustrados, documentos e obras de apoio, gráficos originais e portfolios completos, itens projetados pelo próprio artista, obras tridimensionais, vários objetos e esculturas, assim como relatos contemporâneos, textos e sequências de filmes. O fundador e curador, Carsten Kollmeier, projetou esta seleção em constante mudança, em estreita cooperação com os colecionadores e sua equipa.

A exposição começa com "Don Quixote", a sua primeira obra litográfica, com o qual Dalí criou a técnica do "bulletism": no corpo de D. Quixote estão desenhados miniaturas (de tal maneira pequenas que mal só se veem se nos aproximarmos do quadro) de centenas de soldados disparando mosquetes antigas (os chamados arcabuzes). Outras obras mostram a outra técnica por si criada, a “drypoint etching”, que ele usa no seu trabalho de "Tristão e Isolda". Mais adiante na exposição temos o ciclo da "Divina Comédia" de Dante, uma encomenda do governo italiano. Resumindo, a exposição oferece uma oportunidade única para redescobrir Dalí. “Entrem no meu cérebro”, como Dalí desafiava as pessoas. "O facto de que eu mesmo, quando estou a pintar, não entender o significado das minhas obras não significa que elas não tenham um sentido; bem pelo contrário, o seu significado é tão profundo, complexo, coerente e involuntário que ilude a simples análise de intuição lógica ", escreveu Dalí no seu ensaio," A Conquista do Irracional", em 1935.

Com esta exposição conseguimos entrar um pouco mais no cérebro de Dalí.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

“Quem era nazi?” Uma exposição sobre a desnazificação na Alemanha após a guerra


Vamos ao cinema? Temos uma sensação estranha ao aproximarmo-nos do Museu dos Aliados em Berlim. Pretendíamos ver uma exposição sobre a desnazificação mas… estaríamos no sítio certo? O edifício lembrava um cinema americano dos anos 50 do século passado, um espelho do american way of life. O letreiro à entrada não enganava: estávamos mesmo no local certo.
Em 1994, quando as forças aliadas retiraram as suas tropas da Alemanha na sequência da reunificação das duas Alemanhas, foi decidida a criação dum museu que lembrasse a sua presença em solo alemão durante 50 anos. O Outpost Theater, o cinema dos soldados americanos em Berlim iria ficar desativado. Aqui no coração do antigo setor americano na Alameda Clay no bairro de Zehlendorf respirava-se EUA: o quartel-general General Lucius D. Clay, o centro comercial Truman Plaza, a estação de rádio American Forces Network (AFN), o centro desportivo Cole Sports Center, a capela americana e o Outpost Theater - o local ideal para o albergar o museu se bem que fora do centro da cidade e do roteiro normal dos turistas.
No cinema e no pátio ao ar livre está a exposição permanente; o edifício lateral recebe as exposições temporárias - desde outubro do ano passado até 29 de maio deste ano a exposição “Quem era nazi? A desnazificação após 1945 na Alemanha”, a razão que nos levou a visitar este museu.
No final da 2ª Grande Guerra, as potências vencedoras decidiram desnazificar os alemães. Centenas de milhar de pessoas que faziam parte dos quadros do partido foram internadas ou afastadas dos seus postos de trabalho. Esta exposição tenta mostrar as diferentes maneiras como esta situação foi gerida pelos quatro países vencedores: EUA, Grã-Bretanha, França e URSS, um trabalho difícil pois os métodos de trabalho eram diferentes (e até mesmo contraditórios, nalguns casos). E foram também terminando em momentos diversos: em março de 1948, os soviéticos terminaram o processo, mas só um ano depois, em fevereiro de 1949, os aliados o deram por concluído.
Retirando os nomes das ruas

Na exposição não estão em foco os criminosos de guerra nazis que foram julgados nos famosos “Processos de Nuremberga”, mas sim os muitos milhões de membros de organizações nazis, incluindo aproximadamente 8,5 milhões de membros do partido nazista. Pretendia fazer-se um exame político de toda uma sociedade pelas potências vencedoras e pelos próprios alemães: a desnazificação do peixe-miúdo.
“Há 70 anos terminou a 2ª Grande Guerra e praticamente logo a seguir deu-se a ocupação da Alemanha “, comentava Bernd von Kostka, o curador da exposição. “ A política de ocupação das quatro potências tinha por base objetivos políticos – um deles era a libertação da Alemanha do nacional-socialismo, a desnazificação de milhões de alemães no Leste e no Oeste”. A desnazificação deveria ter como objetivo afastar os nazis de todas as posições socialmente importantes, a fim de estabelecer uma nova liderança e permitir um novo começo democrático. Um expurgo político sem precedentes na História. No entanto, o processo rapidamente caiu nas garras ideológicas e da Guerra Fria. E ainda hoje se sente que ainda nem tudo foi dito. Daí a importância desta exposição.
A limpeza política desejada foi difícil de concretizar a nível das elites. Havia que reconstruir a Alemanha e impor prioridades. As elites teriam sido peças do regime mas eram necessárias para a reconstrução, pois tinham os conhecimentos. Por exemplo, Werhner von Braun, engenheiro e uma das principais figuras no desenvolvimento de misseis durante o 3º Reich, foi branqueado pelos americanos que até o levaram para a NASA onde ocupou altos cargos. Pertenceu ao grupo de cientistas para os quais a Joint Intelligence Objectives Agency (JIOA) criou informações pessoais e profissionais falsas, onde foi excluído qualquer registo de envolvimento com o partido nazi, ficando assim com toda a liberdade para trabalhar nos Estados Unidos. Ou Peter Adolf Thiessen, um químico alemão que chegou a assessor do governo de Hitler e que foi reabilitado pela União Soviética para onde foi trabalhar após a guerra no projeto da bomba atómica. Após 1949 não houve um único juiz que tivesse sido condenado pelos seus atos durante o 3º Reich, como se nenhum tivesse tido culpa no que se passou durante o nacional-socialismo. A História já nos mostrou por diversas vezes que quem sofre é sempre o peixe-miúdo. E foi também aqui o caso.
De uma antiga bandeira nazi fez-se um vestido 

Um cinto com a cruz suástica raspada 
Mais de quatro milhões de processos em quase quatro anos - a desnazificação na Alemanha depois de 1945 foi um fenómeno de massas. Em três grandes seções mostra-se o julgamento das quatro potências vencedoras para criar as condições para um novo começo político na Alemanha.
Logo na parede da entrada da exposição uma enorme fotografia de uma cena de rua na Alemanha dos anos 1930-1940. As imagens das pessoas são do tipo holograma: vistas de uma posição, aparecem com os símbolos nazi (uniforme, emblema), mas vistas de outra já estão com fatos comuns! Como saber quem era apoiante do regime?
A primeira parte é dedicada à eliminação dos símbolos e dos traços do estado nazi no espaço público e à procura de quem era nazi – funcionários, membros da SS e da Gestapo, apoiantes. Para tal foi concebido um questionário, ou melhor, quatro questionários, um de cada força vencedora (só os americanos produziram 13 milhões de inquéritos!), que toda a população teria de responder; foram igualmente arquivados filmes, fotografias, documentos e inúmeros objetos do dia-a-dia. Apesar da comissão americana ter nas suas mãos o ficheiro dos membros do partido, queria saber-se quem eram os principais culpados (Hauptschuldiger), os grandes apoiantes (Belasteter), os pequenos apoiantes (Minderbelasteter), os seguidores passivos (Mitläufer) e os que nada tiveram a ver (Entlasteter). Uma tarefa gigantesca com um fraco resultado: as comissões de desnazificação classificaram 95% dos casos como Mitläufer ou Entlasteter! Assim parece que a desnazificação se pode resumir a toneladas e toneladas de papel.
Preenchendo os inquéritos 
O interesse da exposição é ficarmos a ver agora, 70 anos depois, o trabalho hercúleo que se tentou fazer, apesar de os resultados não terem sido tão interessantes quanto se esperava.
A descoberta do
túnel de espionagem
(Foto: Museu dos Aliados)



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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Santo António liga Lisboa à cidade de San Antonio no Texas

Em 1968, o então embaixador de Portugal em Washington, Vasco Vieira Garin, entregou à cidade de San Antonio, no Texas, EUA, uma estátua de Santo António com o menino nos braços, que foi colocada nas margens do rio como se estivesse a abençoar as águas que ligam o passado, o presente e o futuro. Na estátua foi colocada uma lápide que diz:  "San Antonio - for whom the city and the river are named - gift of Portugal".
Mas mais que a estátua, mais do que a história americana, mais do que a história do Texas, as missões coloniais espanholas de San Antonio simbolizam um momento em que o mundo se estava a expandir, as culturas se estavam a entrelaçar e o mundo mudaria para sempre. Ter uma representação arquitetónica intacta desta história é um tesouro mundial, é um verdadeiro património da Humanidade.
O nosso hotel, o Drury Plaza, é mesmo no centro da cidade e assim deu para estacionar o carro na garagem do hotel e fazermos tudo a pé. Este hotel de estilo contemporâneo é um impressionante arranha-céu de 24 andares onde funcionava antigamente a sede do Banco Nacional Álamo. Construído em 1929, tem no foyer um pé-direito de 15 metros, embutidos em folha de latão, bronze e ouro, chão em mármore e, numa das paredes, duas grandes estátuas em alto-relevo (que poderíamos encontrar em qualquer edifício do Estado Novo) e, no meio das duas, um grande vitral em art nouveau. Uma grande escadaria de madeira leva-nos à mezzanine onde está o bar e a sala dos pequenos-almoços e da happy hour, durante a qual todos os clientes do hotel têm direitos a três cocktails – a tequila sunshine estava ótima e o Manhattan não lhe ficava atrás – e uma série de finger food. A atenção para com o cliente é tanta que têm à sua disposição bebidas não alcoólicas durante todo o dia (e noite).
Partimos então à descoberta da parte histórica da cidade. A catedral de São Fernando é das igrejas mais antigas do Texas (e a catedral mais antiga dos Estados Unidos), sendo também conhecida como igreja de Nossa Senhora da Candelária e Guadalupe.




A igreja original de São Fernando Rei foi construída entre 1738 e 1750 por imigrantes das Ilhas Canárias, pelo que no seu interior há uma imagem da Virgem da Candelária, patrona das Ilhas Canárias. A catedral foi ampliada consideravelmente em 1868 em estilo gótico; as estações da via-sacra, em pedra, foram acrescentadas em 1874. Na única viagem que um Papa fez ao Texas, o Papa João Paulo II celebrou missa nesta catedral a 13 de setembro de 1987.
Perto da catedral, o palácio do governador espanhol, construído em 1749, representa os mais de 260 anos de colonização espanhola do Texas. Está agora transformado em museu e mostra o modo de vida do século XVIII; à frente da casa está a estátua do Conquistador, oferecida pelo governo espanhol em 1997.
Um quarteirão adiante, temos El Mercado, o mercado mexicano, um conjunto de lojas de lembranças, cafés, restaurantes, entre eles o Mi Tierra, a pastelaria mais antiga de San Antonio; na secção de padaria, está à venda uma enorme variedade de bolos mexicanos.

Revivendo a história do Álamo
Depois de um café e de um prato de diversas especialidades tex-mex, metemo-nos de novo na confusão dos turistas e fomos até à fortaleza de Álamo, famosa pelo cerco de 13 dias durante a Batalha de Álamo que levou à independência do Texas em 1836, tendo sido então criada a República do Texas, um país que existiu até ser voluntariamente anexado pelos Estados Unidos em 1845. A Revolução do Texas e esta anexação motivaram a guerra mexicano-americana, que acabou por consolidar o Texas como estado norte-americano, bem como permitiu aos Estados Unidos ampliar o seu território em cerca de um quarto, enquanto o México perdeu aproximadamente metade do seu.
O exército mexicano chegou em San Antonio em 23 de fevereiro de 1836. A guarnição texana estava totalmente despreparado pela chegada do exército mexicano e tinha de reunir rapidamente o alimento da cidade para abastecer a missão antiga de Álamo,  que se tinha convertido numa fortaleza improvisada. Durante 13 dias, o exército mexicano cercou o Álamo. Na madrugada de 6 de março, o exército mexicano atacou a fortaleza – a famosa Batalha do Álamo. Quase todos os defensores texanos, uns 182-257 homens, foram mortos, incluindo James Bowie, Davy Crockett e William B. Travis e aprox. 400-600 mexicanos mortos ou feridos. Muitos  colonos texanos — e muitos aventureiros — uniram-se ao exército de Texas; animados por um desejo de vingança e tende em mente a crueldade mostrada pelo ditador mexicano Santa Anna durante o cerco, os texanos derrotaram o exército mexicano na Batalha de São Jacinto, a 21 de abril de 1836.
O complexo da antiga missão está no meio da cidade e pode ser visitado gratuitamente, como aliás todas as outras quatro missões. A igreja foi transformada num santuário com regras muito apertadas, não possível, por exemplo, tocar nas paredes nem tirar fotografias, pois é um lugar sagrado.

River walk
Para descontrair, fomos fazer um passeio de barco. As missões estão agora ligadas entre si pela recém expansão do River Walk, uma rede de caminhos orlados de jardins ao longo do rio San Antonio que ligam grande parte da história da cidade, com hotéis, restaurantes, teatros e muito mais.
O passeio de barco tem uma duração de 30-40 minutos, dando uma volta de aproximadamente 3.3 km, durante os quais o manejador do barco vai explicando os locais por onde vamos passando. No entanto, todo o river walk tem uma extensão de aproximadamente 24 km, um projeto de expansão de 358.3 milhões de dólares americanos, ligando a zona dos museus e à histórica Cervejaria Pearl a norte.
A Cervejaria Pearl, local de nascimento da cerveja Pearl e um dos lugares economicamente mais importantes de San Antonio, está a ser transformada numa espécie de aldeia urbana repleta de arte, tecnologicamente avançada, ecologicamente amigável – tem o maior sistema de painéis solares em todo o Texas e, uma vez completa, será "o" local da cidade para viver, estudar, fazer compras, trabalhar e jogar. Destacamos o campus do novíssimo Instituto de Culinária das Américas, restaurantes de alguns dos melhores cozinheiros de San Antonio, lojas de autor, e o maior mercado de camponeses da cidade, aos sábados, além de mais de 500 habitações.

História das Missões
Como locais históricos protegidos, as missões recebem milhões de visitantes todos os anos. Todas, exceto o Álamo, ainda são paróquias católicas ativas que servem as comunidades vizinhas e, em alguns casos, os descendentes dos povos originais ajudados pelas missões.
As missões coloniais espanholas de San Antonio no Texas (incluindo o Álamo) ganharam ainda mais importância ao serem nomeadas pelos Estados Unidos para inclusão na Lista do Património da Humanidade. Organizado pela UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Lista do Património da Humanidade reconhece os locais culturais e naturais mais importantes do mundo – caso as missões espanholas de San Antonio ganhem esse atributo seriam o primeiro Património da Humanidade no estado do Texas e apenas o 22º nos Estados Unidos com esse atributo.
Sendo a maior coleção de arquitetura colonial espanhola na América do Norte, a Missão Conceição, a Missão São José, a Missão São João, a Missão Espada e a Missão Álamo (Santo António de Valero) foram construídas no início de 1700 para converter os nativos americanos ao cristianismo e ajudar a estabelecer esta região sob a bandeira da Espanha.
Cravejado ao longo do rio San Antonio, as missões localizam-se a um dia de viagem a cavalo umas das outras. Elas desenvolveram-se durante décadas, criando uma cultura única que misturou tradições nativas com as tradições espanholas – e estiveram envolvidas em batalhas épicas, sob o governo do México, da República do Texas e, por fim, dos Estados Unidos.
Estas comunidades construíram as bases e moldaram a personalidade de San Antonio, agora a sétima maior cidade do país e um exemplo da nova face da América: um caldeirão de culturas latinas, europeias e nativas.