Ao
prepararmos a nossa viagem a Berlim, descobrimos que havia uma exposição de
Dalí. Ao estudarmos melhor a informação, vimos com espanto que se tratava de
uma exposição permanente. "O surrealismo para todos" - este é o
espírito no qual mais de 400 das obras desta personalidade enigmática estão
agora permanentemente em exibição na Praça de Potsdam, no coração de Berlim
(Alemanha).
Salvador
Dalí (1904 – 1989) – um dos artistas mais talentosos - e dos mais espetaculares
- da era moderna. Esta exposição dá-nos visão mais abrangente sobre domínio
experimental virtuoso de Dalí de quase todas as técnicas artísticas.
Neste
museu privado são apresentadas mais de 2 000 obras de coleções particulares de
todo o mundo, incluindo desenhos, litografias, gravuras, xilogravuras, livros
ilustrados, documentos e obras de apoio, gráficos originais e portfolios
completos, itens projetados pelo próprio artista, obras tridimensionais, vários
objetos e esculturas, assim como relatos contemporâneos, textos e sequências de
filmes. O fundador e curador, Carsten Kollmeier, projetou esta seleção em
constante mudança, em estreita cooperação com os colecionadores e sua equipa.
A
exposição começa com "Don Quixote", a sua primeira obra litográfica,
com o qual Dalí criou a técnica do "bulletism": no corpo de D.
Quixote estão desenhados miniaturas (de tal maneira pequenas que mal só se veem
se nos aproximarmos do quadro) de centenas de soldados disparando mosquetes
antigas (os chamados arcabuzes). Outras obras mostram a outra técnica por si
criada, a “drypoint etching”, que ele usa no seu trabalho de "Tristão e
Isolda". Mais adiante na exposição temos o ciclo da "Divina
Comédia" de Dante, uma encomenda do governo italiano. Resumindo, a
exposição oferece uma oportunidade única para redescobrir Dalí. “Entrem no meu
cérebro”, como Dalí desafiava as pessoas. "O facto de que eu mesmo, quando
estou a pintar, não entender o significado das minhas obras não significa que elas
não tenham um sentido; bem pelo contrário, o seu significado é tão profundo,
complexo, coerente e involuntário que ilude a simples análise de intuição
lógica ", escreveu Dalí no seu ensaio," A Conquista do Irracional",
em 1935.
Com
esta exposição conseguimos entrar um pouco mais no cérebro de Dalí.