segunda-feira, 22 de maio de 2017

O marisco e a cervejaria Ribadouro

Vamos hoje viajar pelo… marisco, o belo marisco da nossa costa. Os percebes. O camarão de Espinho. As gambas do Algarve. As ostras de Aveiro. As lagostas. As sapateiras.
Podemos comê-los em casa. Ou em cervejarias. Como na Ribadouro, fundada em 1947 e com localização espetacular, bem no centro de Lisboa. Desde a sua abertura, a Ribadouro, local de convívio por excelência de artistas em décadas passadas, é reconhecida como um dos melhores locais para comer marisco da capital. E com razão, pois só entra naquela casa o melhor marisco, sempre que possível da nossa costa.
Nesta viagem que fizemos pelo marisco fomos guiados por dos funcionários que quase pertencem à mobília da casa, Alberto Mota e o Manuel Almeida, que ali trabalham há quase três décadas.
Atualmente, a Ribadouro pertence à Portugália, um grupo de restauração 100% português e já com 32 unidades de restauração em território nacional e uma em Macau.

As ostras
Começámos a nossa viagem pelas ostras. A ostra é um bivalve constituído por um corpo mole, protegido dentro de uma concha altamente calcificada. Aquando da invasão de um parasita, para se defender, a ostra liberta uma substância denominada madrepérola, que se cristaliza sobre o invasor, impedindo-o de se reproduzir. Muitas espécies de ostras são hermafroditas e mudam de sexo, amadurecendo primeiro como macho, tomando-se em seguida fêmeas.

Na Ribadouro, só se serve ostra nacional, oriunda das rias de Aveiro, Alvor e Formosa e do estuário do Sado. Uma vez que se consome crua, há que ter cuidados redobrados com este bivalve. As ostras têm  de ser sempre abertas na altura em que vão ser consumidas. Se ao abrir, estiverem secas, ou seja, sem água, têm de ser rejeitadas, pois significa que podem estar contaminadas.

A sapateira
A sapateira é um crustáceo decápode da costa atlântica rochosa da Europa. A sua características física mais evidente é a sua carapaça oval e as suas duas pinças fortes. Tem de estar viva quando se compra. É fácil verificar se uma sapateira está viva: assim que se pega nela, fecha as pinças. Se não as fechar, rejeite-a. Compre as sapateiras mais pesada e que sinta ainda compactas. Se sentir liquido no interior ao abanar a sapateira, é sinal de pouca carne.

A lagosta
Outro crustáceo decápode é a lagosta. Ao contrário da sapateira, a lagosta é comprida e caracteriza-se por ter as antenas do segundo par bastante longas e os urópodes (dois pares de apêndices do último segmento abdominal) em forma de leque. As lagostas podem ter uma cor mais escura ou mais clara; a diferença resulta somente do seu habitat: as do norte vivem em águas mais frias e são mais escuras, enquanto as do sul vivem em águas mais quentes e são mais claras.
É de difícil criação, pois cresce bastante devagar e come muito – daí o seu preço elevado e serem assim consideradas espécies de luxo. É preferível comprar lagostas vivas, pois as congeladas ficam rijas e elásticas, além de perderem todo o seu sabor. Devem ser sempre cozidas vivas.

Os percebes
Os melhores percebes da nossa costa encontram-se nas berlengas e na zona de Aljezur. A sua apanha é muito difícil, pois o marisqueiro põe em risco a sua vida, pois os percebes crescem em zonas rochosas na rebentação das ondas.
O corpo dos percebes adultos é dividido em duas partes, a unha e o pedúnculo. O primeiro caracteriza-se por ser uma concha com várias placas calcárias, dentro da qual está localizada o que se considera o corpo do percebe. A unha caracteriza-se ainda por ser o que protege o percebe de predadores e da desidratação durante a maré baixa ou quando exposto ao ar.
Já o pedúnculo é a parte inferior do percebe, construindo uma estrutura alongada e flexível, revestida por pequenas escamas que unem a unha ao substrato. No seu interior encontram-se os órgãos reprodutores femininos e a glândula adesiva que produz a substância que permite ao percebe aderir ao substrato.
Para se saber se os percebes estão mesmo fresco quando os vamos comprar, devemos pôr as mãos nas caixas ou nos cestos onde eles se encontram. Se não estiverem a pegar e deixarem um cheio a maresia, significa que estão frescos.

Camarão de Espinho e gamba do Algarve

A diferença está no tamanho e na cor. O camarão de Espinho é mais pequeno e mais escuro, pois vive em águas frias, enquanto a gamba do Algarve é mais claro, pois vive em águas mais quentes. A casca da gamba é também é ligeiramente mais mole do que a do camarão.
Habitualmente, esta espécie habita sobre fundos arenosos entre os 200 e os 500 metros de profundidade, sendo a apanha realizada através de barcos de arraste.
                              

Os funcionários da Cervejaria Ribadouro conhecem o marisco como as suas próprias mãos, o que não é de estranhar pelas quantidades que vende: 25 mil kg de marisco por semana! Anualmente vende 4 mil kg de sapateira, 2 500 kg de amêijoas e 11 mil kg de camarão – todo este marisco é regado normalmente “regado” com cerveja: anualmente vendem-se 30 mil litros de cerveja!

sábado, 13 de maio de 2017

Classe executiva sem glamour

Gina, a afável chefe de cabina, desfez-se em desculpas. Que lamentava imenso mas as bolsinhas de higiene não tinham sido entregues em Lisboa. Em princípio a empresa carrega o avião com as bolsinhas diretamente para os voos de ida e volta. Mas desta vez algo tinha falhado e não havia bolsinhas de higiene para os passageiros de executiva.
Esta explicação foi-me dada somente e mim, não houve nenhuma desculpa formal a todos os 11 passageiros que estavam a viajar em classe executiva no voo de Lisboa para Filadélfia. Pensando bem, nada que nos pudesse admirar. As companhias americanas não dão aos seus passageiros a mesma atenção que as companhias europeias, para já não falar das asiáticas. Como classificar o welcome drink servido em copos de plástico? Ou mais tarde à refeição todas as bebidas serem servidas em copos de água, tipo one size fits all?
A falta de atenção em relação ao cliente viu-se porém logo no check-in. Tínhamos 4 peças de bagagem. A chefe de escala aproxima-se do balcão onde estávamos a fazer o check-in e pergunta-me: “Já pagou o excesso de bagagem?” Respondi-lhe que não paguei nem iria pagar pois tinha direito a 2 peças de bagagem por pessoa. “Quem lhe deu essa informação?” Insistiu. Tive então de relembrar à chefe de escala que, voando em executiva, tínhamos direito a duas peças por pessoa, cada uma com 23 kg! Um desastre  de relacionamento com os clientes.
A ida para o avião, que estava na pista sem manga, foi no mínimo ridícula. Os passageiros de Execuiva são chamados em primeiro lugar para embarcar…. Para ficar mais empo no autocarro que só parte quando está cheio!
Chegados ao avião foi-nos servida uma bebida de boas vindas – uma prática corrente nas companhias de avião – mas em copos de plástico! A refeição não foi má apesar do bife angus servido estar muitíssimo bem passado – e assim duríssimo. Pontos positivos: as oleaginosas servidas como aperitivo estavam quentes (muito agradável), assim como o conhaque dos digestivos.




A seleção de filmes do programa de entretenimento deixa muito a desejar, O tablet que é distribuído não tem informações sobre o voo. Ponto positivo: os auscultadores são bons e abafam o ruído do avião.
Os assentos são espaçosos mas infelizmente a reclinação não é total. A manta é dum material agradável
A viagem seguinte – um voo doméstico – apesar de ser em First Class de glamour só tem o nome. O serviço resume-se a um refrigerante, chá ou café e a um pacote de batatas fritas!

Às companhias de aviação americanas falta-lhes a finesse das companhias de bandeira europeias.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Atlanta, a cidade da Coca-Cola e da CNN

A capital da Geórgia, ficou mundialmente conhecida no final dos ano 30 do século passado, graças ao filme “E tudo o vento levou”, um filme baseado no romance de Margaret Mitchell, e que se passa largamente em Atlanta. . Nos anos 60, em plena luta pelos direitos cívicos, Atlanta estava na boca do mundo por ser a cidade onde pregava Martin Luther King. Em 1943, elegeu o primeiro presidente da câmara negro, Maynard Jackson. E em 1996, por ter recebido os Jogos Olímpicos de Verão. Na época global em que vivemos, é conhecida por estar aqui a sede da CNN e da Coca-Cola.
Fundada em 1837 com o nome de Terminus, por ser aqui que terminava o caminho-de-ferro que ligava o Midwest, a Região Central Ocidental, ao estado da Geórgia, esta cidadezinha passou a chamar-se Marthasville em 1843, em honra da filha do então governador. A cidade prosperava, devido a sua posição estratégica na região, cuja principal atividade económica era o cultivo do algodão através do trabalho escravo.
O nome da cidade voltou a ser alterado para Atlanta em 1845.  A origem do nome um pouco incerta. Segundo algumas fontes foi escolhido simplesmente para dar ênfase às ligações ferroviárias da região com a costa; outros alegam uma origem mística, com ligações à maçonaria e ao continente perdido de Atlântida.
Durante a Guerra Civil, Atlanta sofreu muito, tendo sido praticamente destruída. Após a guerra, levantou a cabeça, foi reconstruída, tornando-se a capital do estado da Geórgia em 1868. O seu desenvolvimento não tem parado. O seu aeroporto é o mais movimentado do mundo desde 1998, com uma movimentação de 104 milhões de passageiros em 2016.
Hoje em dia, Atlanta é a cidade da CNN, da Coca-Cola, dos Jogos Olímpicos, de Martin Luther King. Todos os pontos de interesse turísticos ficam no centro da cidade e podem ser visitados sem necessitar de carro.


No “Mundo da Coca-Cola”, ficamos a conhecer toda a história da bebida mais famosa do mundo, que nasceu em 1886 e que é, hoje em dia, o melhor exemplo duma multinacional poderosa com estratégia global. O ponto mais apetecível do “Mundo da Coca-Cola” é a fonte de refrigerantes onde correm todas as bebidas que a Coca-Cola produz em todo o mundo. Pode provar-se Coca-Cola com diversos sabores (cereja, baunilha, frutos silvestres, etc.), ginger ale de Moçambique, refrigerante de maracujá da Nova Guiné, etc., etc., etc.
Saindo do mundo da Coca-Cola, passamos pelo Underground Atlanta, um enorme centro comercial que se estende por seis quarteirões e que nasceu nos subterrâneos da antiga cidade, no centro comercial da localidade em 1782 conhecido por “Standing Peachtree”.

Chegamos então ao mundo da informação, à sede da CNN, a Cable News Network, que Ted Turner lançou a 1 de Julho de 1980. Numa visita guiada, que começa por uma enorme escada rolante com a altura de 3-4 andares, ficamos a conhecer os estúdios, muitos dos truques utilizados em televisão (sabia que os apresentadores da meteorologia estão à frente dum painel azul, vazio, sem imagem alguma? Já alguma vez reparou que eles fazem sempre gestos muito vagos ao apontar para as regiões?) e como funciona uma televisão que só transmite informação.
 Fonte dos Anéis
Deixamos a CNN e atravessamos o Parque Olímpico do Centenário, construído em 1996 para os Jogos Olímpicos de Verão que tiveram lugar em Atlanta e cuja atração principal é a Fonte dos Anéis, a maior fonte interativa do mundo, que usa o símbolo olímpico dos cinco anéis interligados. Cada um dos anéis tem um diâmetro 7,6 m. No total, 251 jatos de água (com alturas entre 1,2 e 10,6 metros), 400 jatos de nevoeiro e 487 luzes são responsáveis pelos sete espetáculos de música, luz e água.
Continuamos o nosso passeio; saímos do bairro central e, de repente, todo ambiente se modifica. Os prédios deixam de ter o brilho anterior, são velhos e mal tratados: deixámos a zona comercial da cidade e entrámos na zona negra. A diferença é brutal! Mas é aqui que está a igreja Baptista de Ebenezer onde Martin Luther King costumava pregar, a sua casa-natal e o Centro Cívico para os Direitos Civis, onde está, no meio dum lago retangular o túmulo deste homem que “tinha um sonho“. Um sonho de igualdade entre brancos e negros e que só se concretizou no papel. A realidade prática é bem diferente...

Igreja Baptista de Ebenezer 


Túmulo de Martin Luther King

Tomemos agora o MARTA, o metro de Atlanta, e vamos para o Parque da Pedra (Stone Mountain), um enorme parque florestal de lazer à volta do maior rochedo de granito do mundo, uma „pedrinha“ que pesa 573 milhões de toneladas, que tem uma altura correspondente a um prédio de 33 andares e que tem somente 300 milhões de anos, sendo assim mais antiga do que o Himalaia.

No início do século XX, um projeto patriota criou um baixo relevo colossal que mostra as figuras, a cavalo, de três heróis da Confederação (Jefferson Davis, o primeiro e único presidente da Confederação dos Estados Unidos, o general Lee e o general Jackson). A realização desta obra demorou muitas décadas a concluir devido a fatores diversos: dificuldade em trabalhar o granito, especialmente a grandes alturas, o início da 1ª Grande Guerra, mudanças dos escultores que dirigiam a obra e alteração do conceito da obra, entre muitas outras.