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Duas das quatro estufas de ananases |
Seguindo uma tendência nos jardins
ornamentais no século XVIII, também a realeza portuguesa mandou construir um jardim
botânico do Palácio de Queluz, embora de de pequena escala, quando comparado
com outros jardins botânicos desta época. A botânica, no sentido histórico da
construção do conhecimento, ganhou inúmeros adeptos nos remos europeus,
tornando-se uma moda cortesã partilhada por curiosos, aventureiros,
naturalistas e colecionadores, cujo entusiasmo serviu de multiplicador para a
construção e plantação de jardins botânicos públicos e privados rico em raridades
vegetais do novo e do velho mundo. É a época das orangeries, de plantas
exóticas e tropicais. O ananás, um fruto muito associado à realeza, não podia
faltar neste jardim botânico, como realçou Manuel Baptista, presidente do
Conselho de Administração da Parques de Sintra, ontem aquando a inauguração do
Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz, que contou com a presença da secretária
de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia
Ramos.
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Célia Ramos e Manuel Baptista |
Construído entre 1769 e 1780, este jardim botânico foi contemporâneo
das grandes realizações setecentistas do período barroco-rococó nos jardins de
Queluz. De pequena escala, quando comparado com outros jardins botânicos desta
época, Queluz assume uma natureza de entretenimento, ao contrário do propósito
eminentemente experimental dos projetos de estado, esses inspirados na
fisiocracia naturalista setecentista.
Com a ida da família real para o Brasil em 1807, os jardins foram abandonados. Sucessivamente destruído por fenómenos naturais e
abandonado, o jardim botânico perdeu a sua função original, tendo sido
transformado em roseiral em 1940. Em 1983, na sequência das cheias que destruiriam
praticamente esta zona, o jardim foi completamente desmontado e transformado
numa área ampla para picadeiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre.
Há cinco anos, a Parques de Sintra – Monte da Lua iniciou
uma investigação histórica que possibilitou a consequente intervenção
patrimonial com vista à reconstituição do jardim botânico de Queluz. O projeto
ganhou novo ânimo com a descoberta e identificação de diversas cantarias - das
fundações das estufas, das peças de água e dos ornamentos - que haviam sido
desmontadas em 1984 e entretanto integradas ou esquecidas noutros lugares dos
jardins de Queluz.
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Legenda das plantas |
Ao longo dos trabalhos de reconstrução do jardim, realizada com base num desenho de 1865, foram
recriadas as quatro estufas de ananases (Ananas comosus, variedade
'Cayene'), produzidos em tempos para os banquetes de Queluz. Na construção das
estufas foi reintegrada a cantaria original das fundações, com a ajuda de desenhos históricos e como
resultado das sondagens arqueológicas realizadas no local. Foram igualmente
reconstruídos os alegretes e respetivos bancos e painéis azulejares, as
cantarias do lago central e a estatuária de acordo com o desenho inicial do
jardim.
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Pormenor do alegrete |
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Pormenor do alegrete |
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Pormenor do alegrete |
Foram igualmente executados caminhos em saibro granítico,
sob os quais foram instaladas as diversas infraestruturas de abastecimento de
água, drenagem, energia e comunicações. Uma rede de caminhos delimita 24
canteiros, representando os espaços necessários às plantações representativas
das 24 ordens de plantas de Carlos Lineu. Nas bordaduras dos canteiros foram
plantadas aproximadamente 10 mil plantas de murta (Myrtus communís ssp
tarentina).
Serviu de base à reconstituição da coleção botânica o Index
de Manuel de Moraes Soares de 1789, que reúne as espécies existentes na época
no jardim Botânico de Queluz.
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Estufas de ananases |