Conhecer o mundo através das diferentes cozinhas – esta é a
nova tendência do turismo. Visitam-se museus, vêem-se os principais monumentos,
mas o ponto central, à volta do qual tudo roda, é a comida. Num mundo em que
estamos sempre ligados a tudo, as pessoas sentem a necessidade de passar um
tempo zen, desligados do mundo, vivendo a vida simples. Os “nómadas urbanos” querem
viver experiências novas, querem saber mais, experimentar pessoalmente, “meter
as mãos na massa”.
Assim se podem resumir os dois dias de trabalhos do
Congresso Mundial de Turismo de Culinário que teve lugar no Estoril a 9 e 10 de
abril. Peritos mundiais estiveram reunidos trocando experiências, ouvindo as novas
tendências para saber preparar o futuro que, como Ian Yeoman, professor na
Universidade de Victoria na Nova Zelândia, “é uma série de coisas conhecidas e
desconhecida. Ninguém pode voltar atrás no tempo, por isso há que estar
preparado para saber aproveitar o que nos espera”. Ou como Carlos Coelho, da
agência Ivity, disse, “A realidade é um objetivo sempre em movimento”.
O leque de comida e de produtos que há atualmente nos
supermercados é impressionantemente grande – sabia que há já uma série de
produtos que se podem fazer in vitro? Só não estão ainda nas prateleiras
dos supermercados por que os consumidores ainda não estão psicologicamente preparados
para essas mudanças. As cozinhas caseiras estão a tornar-se cada vez mais
profissionais – todos querem ser o ou a chef que vê nos concursos
televisivos à volta da comida. E há quem não queira perder uma pitada que seja
de todas estas novidades – e partilhando sempre com o mundo onde está e o que
está a comer.
Aqui entra também a nova moda da comida da rua que até já
tem direito a um festival em Inglaterra. Para Richard Johnson, jornalista inglês
de comida, a “comida de rua é a grande alternativa aos restaurantes
convencionais”. A comida normalmente de excelente qualidade: o cozinheiro faz a
comida à frende do cliente, olha-o nos olhos e muitas vezes está à frente dele
quando o cliente come. A responsabilidade é enorme, muito maior do que a do
cozinheiro “escondido” na cozinha do restaurante, longe dos clientes. Na Ásia e
em África, e até em Portugal, sempre houve a tradição da comida da rua, mas em
muitos outros países, como nos EUA ou no Reino Unido, tal perdeu-se no último
século. E é aí que a moda da comida de rua tem vindo a crescer a olhos vistos
graças à sua inovação e empenhamento.
Paralelamente decorreu uma feira de produtos artesanais
inovadores. Alguns exemplos: os pastéis de aguardentes da Lourinhã, criado pela empresa
Lourinius, feitos com amêndoa e a aguardente DOC da Lourinhã. Ou as originais caixas
de cartão que servem de embalagem a conjuntos de produtos bem portugueses, como
o vinho ou o azeite, e que podem ser enviados pelo correio para qualquer ponto
do mundo, uma criação do designer Nuno Lajes para a It’s real. Ou a medronhada,
o original doce com medronhos, feito pela professora
universitária Ana Célia Calapez Gomes da empresa Esteiros.