domingo, 12 de abril de 2015

Reunir as pessoas à volta da comida

Conhecer o mundo através das diferentes cozinhas – esta é a nova tendência do turismo. Visitam-se museus, vêem-se os principais monumentos, mas o ponto central, à volta do qual tudo roda, é a comida. Num mundo em que estamos sempre ligados a tudo, as pessoas sentem a necessidade de passar um tempo zen, desligados do mundo, vivendo a vida simples. Os “nómadas urbanos” querem viver experiências novas, querem saber mais, experimentar pessoalmente, “meter as mãos na massa”.
Assim se podem resumir os dois dias de trabalhos do Congresso Mundial de Turismo de Culinário que teve lugar no Estoril a 9 e 10 de abril. Peritos mundiais estiveram reunidos trocando experiências, ouvindo as novas tendências para saber preparar o futuro que, como Ian Yeoman, professor na Universidade de Victoria na Nova Zelândia, “é uma série de coisas conhecidas e desconhecida. Ninguém pode voltar atrás no tempo, por isso há que estar preparado para saber aproveitar o que nos espera”. Ou como Carlos Coelho, da agência Ivity, disse, “A realidade é um objetivo sempre em movimento”.
O leque de comida e de produtos que há atualmente nos supermercados é impressionantemente grande – sabia que há já uma série de produtos que se podem fazer in vitro? Só não estão ainda nas prateleiras dos supermercados por que os consumidores ainda não estão psicologicamente preparados para essas mudanças. As cozinhas caseiras estão a tornar-se cada vez mais profissionais – todos querem ser o ou a chef que vê nos concursos televisivos à volta da comida. E há quem não queira perder uma pitada que seja de todas estas novidades – e partilhando sempre com o mundo onde está e o que está a comer. 

Aqui entra também a nova moda da comida da rua que até já tem direito a um festival em Inglaterra. Para Richard Johnson, jornalista inglês de comida, a “comida de rua é a grande alternativa aos restaurantes convencionais”. A comida normalmente de excelente qualidade: o cozinheiro faz a comida à frende do cliente, olha-o nos olhos e muitas vezes está à frente dele quando o cliente come. A responsabilidade é enorme, muito maior do que a do cozinheiro “escondido” na cozinha do restaurante, longe dos clientes. Na Ásia e em África, e até em Portugal, sempre houve a tradição da comida da rua, mas em muitos outros países, como nos EUA ou no Reino Unido, tal perdeu-se no último século. E é aí que a moda da comida de rua tem vindo a crescer a olhos vistos graças à sua inovação e empenhamento. 



Paralelamente decorreu uma feira de produtos artesanais inovadores. Alguns exemplos: os pastéis  de aguardentes da Lourinhã, criado pela empresa Lourinius, feitos com amêndoa e a aguardente DOC da Lourinhã. Ou as originais caixas de cartão que servem de embalagem a conjuntos de produtos bem portugueses, como o vinho ou o azeite, e que podem ser enviados pelo correio para qualquer ponto do mundo, uma criação do designer Nuno Lajes para a It’s real. Ou a medronhada, o original doce com medronhos, feito pela professora universitária Ana Célia Calapez Gomes da empresa Esteiros.