Ontem já estávamos a dormir quando fomos acordados pela senhora da recepção. Tinham chegado os senhores da tenda. Arrancados ao sono saímos da tenda meio zombies. À nossa frente estavam três homens: Valcel, da empresa de aluguer de jipes, o maasai, da segurança do campo, e o condutor do carro. E em cima do carro, diretamente em cima do tejadilho, a nossa tenda.
Com muito pouco profissionalismo, os homens tiraram a tenda do carro e puseram-na sobre o nosso jipe. Não a prenderam à instalação que lá estava para o efeito mas diretamente ao tejadilho. Valcel subiu para cima do jipe (!) para a ajeitar.
Quando terminaram, pedimos-lhe que a abrissem para ver se estaria tudo bem. Faltavam os paus que seguram as abas. Mas Valcel prometeu (!) que as traria amanhã às 5h da manhã. Dissemos-lhe que poderia ser às 6. Enfim quem quiser que acredite...
Vaicel e o condutor voltaram para Arusha e nós para a tenda do chão.
Acordámos cedo e preparámos-nos para sair. Decidimos alterar o plano inicial, que era visitar o parque nacional de Manyara durante a manhã, e irmos logo para o Serengeti. Foi uma boa decisão.
Pouco tempo depois chegámos a Karatu, a última localidade antes dos parques. A última oportunidade de atestar o carro e fazer compras.
Imensos vendedores de souvenirs a querer vender-nos tudo e mais alguma coisa. Um deles era mais esperto e tentou uma aproximação diferente. Falou connosco em Alemão. Pediu-nos se lhe poderíamos trocar vinte euros que ele tinha em moedas por uma nota. E para nós agradecer, “oferecia-nos “ uma “linda” (pirosissima) pulseira de missangas cor-de-rosa por somente 2 dólares!
Rapidamente fugimos dali. Karatu é uma cidadezinha sem graça nenhuma e não queríamos perder tempo.
Alguns quilómetros depois chegámos à porta do parque de Ngorongoro. Dissemos que íamos para o Serengeti... mas tivemos de pagar na mesma a taxa ... Começou a doer... Os parques nacionais da Tanzânia são caríssimos.
A meio do parque um miradouro com uma fantástica vista sobre a caldeira (não cratera, porque o vulcão há está extinto). Lá em baixo um lago e centenas de gnus, elefantes, hipopótamos. Lindo!
Ao princípio da tarde chegámos ao Parque Nacional de Serengeti. Novo pagamento. Continuou a doer...
Mas valeu a pena. Começámos por ver alguns gnus, algumas zebras, algumas gazelas. Incluindo uma zebra acabada de nascer!
A dada altura centenas, milhares de gnus e zebras numa corrida desesperada, como se estivessem a fugir da própria sombra. Pensaríamos que se iriam atropelar uns aos outros e aos filhotes pequenos que estavam pelo meio mas não. Ali ficamos um tempo a observar a migração este-oeste dos gnus e a ponderar ao mesmo tempo como haveríamos de continuar o caminho pois toda aquela massa de animais estava a atravessar a “nossa” picada. Não se via nem o princípio nem o fim da coluna de gnus e zebras.
Ligámos a ignição. Os animais ao aperceberem-se daquele barulho partiram a coluna, andaram um pouco para o lado e retomaram a correria louca atrás do nisso jipe. Uau! Que emoção! Sentia-me no meio de um documentário de Sir Richard Attenborough.
No cimo de umas rochas, um grupo de leões e leoas descansava.
No cimo de umas rochas, um grupo de leões e leoas descansava.
Seguimos o nosso caminho. Comendo as folhas de uma árvore estava uma girafa que nada se incomodou com a nossa presença.
Parámos no Centro dos Visitantes mas não havia ninguém para dar informações. Somente guias a oferecer trabalho. É uma lagartixa colorida que parecia de plástico mas que se mexia muito rapidamente.
Não havia ainda ninguém, somente algumas tendas espalhadas pelo campo e um cozinheiro - há grupos que viajam com guia e cozinheiro. Não é o nosso caso. Nós não temos nem um nem outro.
Falámos um pouco. Contou-nos que na véspera tinha passado pelo campo uma grande manada de elefantes.
Abrimos a nossa tenda, as mesas de campismo e as cadeiras. Tirámos o fogão e começámos a cozer arroz. Alguns metros à nossa frente, um grande macaca preto estava sentado num ramo caído no chão. Parecia estar a meditar.
Deitámo-nos e adormecemos envolvidos nos sons africanos.