quarta-feira, 20 de março de 2019

6º dia - Serengeti - Ngorongoro

A saga da tenda continuou. Ontem à noite, já estávamos a dormir 💤 ouvimos uns gritos e o barulho de um Jeep 🚙 ao lado do nosso. Lá fora estava um senhor a gritar “The sticks, the sticks, I bring you the stick for the tent.” Nem desci da tenda. Ele esticou o braço, eu estiquei o braço e recolhi os paus. 
O nascer do sol foi lindo como sempre 

Na árvore continuavam a família de macacos. Os passarinhos esvoaçavam e cantavam à nossa volta. 
A minha amizade com o cozinheiro Emanuel continuou a dar frutos. Deu-nos um termos de água a ferver para o pequeno-almoço - e assim poupámo-nos ao trabalho de ligar o fogão camping faz para ferver água para o chá e para o café. 

E como estávamos numa preguiça, pedimos-lhe que nos arranjasse o ananás que tínhamos comprada na venda da aldeia dos trabalhadores do parque. Mais: como ele também vai para o mesmo campo que nós hoje à noite já combinámos o jantar. Não gostei do menu que os “seus” turistas vão comer (esparguete à bolonhesa!!!!!). Pedi-lhe algo local. E ele vai fazer só para nós ugali (= sêmola) com carne de vaca. Promete. 
Deixámos o campo público Tumbili. É caro é mau. A casa de banho das senhoras não tinha porta - qualquer animal pode entrar, especialmente depois de ontem nos terem dito que os leões gostavam de ir às casas de banho beber água! A porta do duche também não fechava. E não havia electricidade. 
Fui tomar banho à noite, iluminada somente pela luz que trazia na testa. A meio do duche ouvi um rugido. Comecei a pensar num plano B. Mas será que há um plano B quando se confronta um leão. Acabado rapidamente o  banho, visto-me e saio rapidamente. A meio do caminho noto que tinha deixado os óculos no duche. Num segundo decidir continuar até à tenda ou ir buscar os óculos? Decidi-me pela última opção. Sem óculos não vejo nada. Regresso, ponho os óculos e vou para tenda em passo rápido. Que animal teria feito aquele ruído ?
O nosso plano de hoje era irmos a Gol Kopjes onde, aparentemente há uma grande colónia de chitas. No caminho pela estrada nacional B144 vamos vendo os animais: os hipopótamos no seu banho de lama, gazelas, girafas. Aproximamo-nos da pedra onde há dois dias tínhamos visto os leões. Hoje, no cima da pedra, sozinho, estava o leão. Noutro conjunto de rochas não longe três leoas preguiçavam. 
Continuámos o caminho e travámos de repente. Um leão à beira da estrada, sentado a ver quem passava. 



MAIA adiante junto a uma árvore um elefante comia. 



E assim chegámos à porta Naabi de saída do Serengeti e entrada no Ngorongoro. Aí informaram-nos de que para ir a Gol kopjes teríamos de pagar nova taxa. Espantámo-nos pois Gol Kopjes pertence ao Serengeti. Resposta do ranger: é uma zona especial do Serengeti onde as chitas são protegidas. Apesar de não concordar com mais um pagamento, decidimos ir. O ranger desaconselhou-nos: só tínhamos 2 horas. 
Resolvemos seguir para o Ngorongoro e ir visitar o desfiladeiro de Oldupai (que, na realidade,significa “sisal”). Foi aqui que foram as primeiras pegadas do homem erectus, ou seja, o verdadeiro berço da humanidade.
O desfiladeiro parece uma paisagem lunar, inóspita mas onde se podem ver perfeitamente a evolução da humanidade através dos vários níveis e das várias cores da terra. 







O novo museu, construído com o apoio da União Europeia e do Museu Regional de Madrid, moderno com uma arquitetura bem adaptada ao clima tropical, explica todo o início do ser humano. No entanto, o preço da entrada é estupidamente caro (30 dólares americanos) e não tem correspondência ao conteúdo : todo o acervo são réplicas! 
Seguimos caminho. A paisagem do Ngorongoro, do lado exterior da caldeira, é igualmente bonita. 

Nos campos os maasai cuidavam dos rebanhos, alguns jovens jogavam à bola, mulheres regressavam não sei de onde.  




Finalmente chegámos ao nosso campo: Simba A. Com vista para parte da caldeira. 

Estacionámos o nosso jipe, abrimos a tenda e  sentámo-nos nas cadeiras a admirar a paisagem.. Quando há estava escuro e esperávamos pelo nosso jantar, apareceu um ranger de metralhadora. Que no relvado não poderíamos estar. Tentámos convencê-lo que era o único lugar direito mas ele parecia não se demover. Perguntou-nos de onde vínhamos. De Portugal. Ah, perto de Espanha, não é? Claro! A terra do Ronaldo. Aí ficou-nos no papo. Eu puxei dos meu galões futebolísticos (!) e falei do hat trick que ele fez no último jogo do juventus contra o real Madrid. Já estávamo amigos. Give me five! Excepcionalmente podíamos ficar. Se fossem Alemães ou Ingleses, não. Mas para portugueses da terra do Ronaldo abria uma exceção. O Ronaldo salvou-nos! 

A noite vai ser fria. Assim que o sol desapareceu arrefeceu muito.