Estive em Bissau em 1972 quando o avião militar que me levava para Moçambique, onde o meu Pai estava em missão, parou na Guiné para uma escala técnica. Voltei agora passados 53 anos… A expetativa era grande, especialmente porque já tive duas viagens programadas que tive de cancelar em cima da hora por razões diversas.
O que me espera? Como será Bissau agora? Estás as perguntas que fazia.
Bissau está igual a ela própria. Coberta com um fino véu de terra vermelha. Edifícios coloniais parados no tempo, A vida faz- se na rua. Há vendedores, cozinheiros, crianças a irem para a escola, …..
E como estamos em plena campanha eleitoral - as eleições são no b domingo, 23/11- a cidade ainda está mais animada.
Muito esclarecedora foi a conversa com Miguel Nunes, português nascido em Bissau e que aqui tem sempre vivido. É o dono da Residencial Coimbra, da livraria e de muitos outros edifícios. O avô veio de Góis , na Beira, muito jovem e vingou na vida graças ao seu espírito empreendedor.
Também a conversa com Júlio Gomes, bijagó das Ilhas das Galinhas, foi muito informativa. Falou- nos sobre as diversidade étnica e que como tal diversidade não leva à desunião entre as diferentes etnias no porque o sentimento guineense é mais forte e une- os a todos.
Bissau, a capital e maior cidade da Guiné-Bissau, está situada no estuário do Rio Geba. É o principal centro político, administrativo,
económico e portuário do país, funcionando como o seu principal portal para o
mundo. Com uma história rica e complexa, a cidade carrega as marcas do período
colonial português e os vestígios dos conflitos que moldaram a nação.
Fundada pelos portugueses no século XVII como um porto comercial e entreposto escravista, Bissau cresceu
inicialmente como um pequeno forte na ilha que lhe dá o nome (que na verdade é
uma península, mas era historicamente tratada como ilha).
O seu papel central consolidou-se em 1941, quando se
tornou a capital da Guiné Portuguesa, substituindo Bolama. Este estatuto trouxe
algum desenvolvimento urbano, mas a cidade foi palco de intensa atividade
durante a Guerra Colonial Portuguesa (1963-1974), um conflito que
culminou na independência do país.
O centro histórico da cidade, conhecido como Bissau Velho, ainda apresenta a arquitetura colonial da
época, caracterizada por edifícios em ruínas, mas com um charme nostálgico.
Destacam-se o Palácio Presidencial (danificado por conflitos) e a Catedral de Bissau , um ponto de referência católico
imponente. O Mercado de Bandim é conhecido pela sua azáfama e
variedade de produtos.
A Catedral de Nossa Senhora da Candelária de Bissau é o
principal templo católico do país e um dos edifícios históricos mais
proeminentes da capital. É um marco arquitetónico e religioso, localizado no
centro da cidade.
Foi construída
no local de um templo mais antigo, mas o edifício que vemos hoje é resultado de
um projeto da era colonial portuguesa. A construção da atual catedral foi
iniciada em 1935 e foi concluída e consagrada em 1950. O seu estilo arquitetónico é geralmente descrito como
neoclássico/neorromântico, com uma notável simetria e uma
estrutura imponente que domina a paisagem da Praça da Catedral. Destaca-se a
sua fachada com uma entrada principal elevada e duas torres sineiras
laterais. Uma das características mais distintivas são os seus vitrais coloridos e a cúpula sobre o santuário.
A Catedral de
Bissau não é apenas uma igreja, mas também o local da Sé Episcopal (a
sede do bispo) da Diocese de Bissau. A sua importância ultrapassa a esfera
religiosa. Devido à sua dimensão e localização central, é um dos pontos de
referência mais conhecidos de Bissau e um local de encontro social.
Ao contrário
de outros edifícios históricos em Bissau (como o Palácio Presidencial), a
Catedral tem sido geralmente bem conservada, embora
tenha passado por fases de necessidade de restauro, especialmente após os
períodos de conflito na cidade.
A economia de Bissau está intrinsecamente ligada à função de porto marítimo da cidade, que é vital para a exportação do principal produto de exportação da Guiné-Bissau: a castanha de caju. O caju é a espinha dorsal da economia nacional, e a sua movimentação anual dita o ritmo de vida e comércio na capital.
O caju foi introduzido
na Guiné-Bissau pelos Portugueses durante o século XVI, no contexto das suas rotas comerciais e
expansão colonial. A introdução do caju na Guiné faz parte de um movimento
global pelos portugueses, que o levaram da sua origem no Brasil para as
suas colónias na África e Ásia (como Moçambique e Índia). Embora o caju tenha
chegado no século XVI, a sua grande expansão comercial e
importância económica na Guiné-Bissau só ocorreu muito mais tarde, a
partir dos anos 90 do século XX, quando se tornou o principal produto
de exportação do país.
As infraestruturas de Bissau e de todo o país são um
verdadeiro desafio. A falta de investimento em estradas, saneamento básico e
eletricidade é uma realidade quotidiana que afeta a maioria dos seus
habitantes, embora os mercados e zonas comerciais fervilhem de atividade.
Aliás, Bissau é cidade cheia de vida, caracterizada
por uma mistura de etnias e línguas, refletindo a diversidade do país. Embora o
Português seja a língua oficial, o Crioulo
(Kriol) é a língua franca e o idioma mais falado nas ruas e nos mercados.
Apesar das suas dificuldades económicas e políticas,
Bissau mantém-se como o motor e a esperança de uma nação jovem, um local onde a
resiliência e o espírito comunitário se
manifestam diariamente sob o calor tropical.














