sexta-feira, 15 de julho de 2016

Breslávia, uma cidade cheia de História


Vista de Breslávia a partir da Igreja de Santa Madalena

 Chegámos a Breslávia  (ou Wroclaw como se diz em polaco ou Breslau, como era conhecida quando aquela região pertencia à Alemanha), Baixa Silésia, na Polónia, no final de um dia de agosto. O calor era arrasador. Parecia que as paredes dos prédios eram acumuladores de calor e serviam de aquecimento central da cidade.
Praça do Mercado
Decidimos esperar no quarto que o calor abrandasse para ir passear pela cidade. O hotel – Puro Hotel (http://de.purohotel.pl/wroclaw) era moderno, todo informatizado. São os próprios clientes que fazem o check-in num dos computadores instalados numa enorme mesa no centro da ampla receção. Aqui existe também uma grande máquina de café, chá e chocolate onde os clientes se podem servir sempre que lhes apeteça beber algo – basta usar o cartão/chave do quarto. Os quartos têm um iPad na parede junto à porta onde se configura tudo sobre o quarto. Ou seja, estivemos entretidos enquanto deixávamos que a cidade arrefecesse um pouco.
Com os seus 640 mil habitantes, Breslávia é a 4ª maior cidade da Polónia. Está situada junto ao rio Odra. A primeira referência que existe da cidade é na "Crónica de Dietmar" (Thietmari Merseburgensis episcopi Chronicon) do ano 1000. À época era denominada Wrotizlawa. Em 1175 passou a ser referida como Wrezlaw, que passou a Preßlau e, mais tarde a Breslau, em alemão.
Ao longo dos séculos, a região da Silésia tem sido disputada por várias nações, tendo pertencido à Polónia  (do ano de 990 ao século XIV), ao Reino da Boémia  (atualmente República Checa) (de meados do século XIV a meados do século XVI), ao Império Austro-Húngaro (de 1526 a 1741), à Prússia  (em 1871) e depois à Alemanha, quando o rei da Prússia fundou o Império Alemão. Desde o final da 2ª Grande Guerra, a região pertence de novo à Polónia.
Na primeira metade do século XIX, a Silésia conheceu um grande desenvolvimento industrial e econômico, que tornou a cidade uma das maiores e das mais importantes da Alemanha. A população passou de 90 mil para 500 mil habitantes. Após a Primeira Guerra Mundial, Breslávia foi obrigada pelas potências vencedoras a ceder a parte com mais recursos de toda a Alta Silésia à recém-restituída Polónia, o provocou grandes tensões entre a Alemanha e a Polónia – e terá sido uma das causas da ocupação alemã a 1 de setembro de 1939 e que deu início à 2ª Grande Guerra.
A cidade em 1945
Durante a guerra, Breslávia começou por ser poupada dos horrores da guerra. O governo decidiu então estabelecer na região indústria bélica. Com o avançar das tropas russas em janeiro de 1945, Hitler transformou Breslávia numa fortaleza, tendo a cidade sido cercada pelos russos durante três meses. Após a capitulação a 6 de maio de 1945, o Exército Vermelho entrou na cidade, tendo-a saqueado, incendiado e destruído totalmente, incluindo a Biblioteca da Universidade Leopoldina, para a qual Brahms compôs uma obra, o museu da cidade e as torres gémeas da igreja gótica de Santa Maria Madalena.
Desde o final do século XX, Breslávia tornou-se economicamente uma das cidades mais dinâmicas da Polónia.

Passeio turístico
Bairro Judeu
Quando o calor acalmou, fomos então dar um passeio pela cidade. O Puro Hotel fica em frente do bairro judeu. Basta atravessá-lo para chegarmos ao centro histórico da cidade, à Praça do Mercado (Rynek), que estava muito animada com muitas esplanadas e lojas apinhadas. Durante o dia, a cidade é “invadida” por centenas de turistas, especialmente alemães, que, no entanto, não pernoitam lá, seguindo normalmente para Cracóvia ou regressando à Alemanha. À noite, a praça fica por conta dos habitantes locais que para ali vêm apanhar o fresco e conviver.
Praça do Mercado
Após a guerra, a cidade foi reconstruída o que ajudou a sarar as feridas do passado. A reconstrução foi feita segundo os planos originais, ou seja, ao passearmo-nos hoje por Breslávia até quase não nos apercebemos que todos aqueles edifícios não são históricos mas modernos. O cuidado foi tanto que sentimos a aura dos tempos do império austro-húngaro.
A Praça do Mercado, com 213 m de comprimento e 178 de largura, está ladeada por 60 casas patrícias, edifícios de fachadas sumptuosas, portas trabalhadas, candeeiros e pequenas estátuas. Onze ruas desaguam na praça. Sobressai a Câmara Municipal, cuja construção demorou quase dois séculos a terminar.
A algumas ruas da praça, está a igreja de Santa Madalena com as suas torres gémeas que não devem deixar de ser visitadas.
A parte mais antiga da cidade está numa pequena ilha, no meio do rio Odra, onde podemos ver alguns dos seus monumentos arquitetonicamente mais sumptuosos, como a catedral gótica de São João Batista (a mãe de todas as igrejas da Silésia, cuja história remonta ao ano de 1000 quando o bispado de Breslávia foi criado), a Igreja da Cruz Sagrada e o Museu da Arquidiocese, o monumento mais antiga de Breslávia e que guarda no seu interior o primeiro livro escrito em polaco, “Księga henrykowska”, do século XIII-XIV.
Terminámos o passeio numa cervejaria num dos muitos pátios do bairro judeu, gozando a atmosfera e o fresco da noite e relembrando tudo o que vimos nesta terra com tanta história e onde o Leste e o Oeste da Europa se cruzam.