Mesmo em frente
do Palácio Nacional de Queluz há um simpático bairro de casas antigas,
pequenas, em travessas pequenas mas acolhedoras. O Bairro Almeida Araújo,
conhecido popularmente como Bairro do Chinelo, é o centro histórico desta
pequena cidade às portas de Lisboa, que é conhecida mundialmente pelo seu
palácio real. Este bairro mantém as características de aldeia pois está incluído na Zona Especial de Proteção do Palácio
Nacional de Queluz, sendo proibida qualquer construção nova.
As primeiras referências ao bairro
são de 1757, tendo sido construído para alojar as pessoas que trabalhavam no
palácio, assim como diversos artífices. Originalmente as habitações eram de
madeira, pedra e cal, mas foram sendo melhoradas ao longo dos anos. Haveria
também no bairro uma cavalariça, uma adega e algum comércio, além, claro está,
das lojas dos artesãos..
Quem vem de Lisboa e sai da IC 19 em direção ao Palácio de
Queluz, vê logo à sua direita uma fonte. Do Chafariz da
Carranca, também conhecido por Fonte da Pedra Lavrada, do século XVIII em estilo
barroco tardio, sobressai uma cara feia e mal-humorada donde a água brota. Atrás
do chafariz, não passa despercebida uma casa pintada de amarelo – o restaurante
Realmente.
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Pormenor da mesa posta |
A família de Cátia Rocha, a proprietária e chefe de cozinha do Realmente,
sempre viveu no Bairro
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Cátia Rocha, a alma do Realmente |
do Chinelo. Ao entrar na idade adulta, Cátia bateu asas
de Queluz. Mudou-se para Belas e começou a trabalhar em eventos. Um dia, foi
visitar a mãe e soube que o restaurante da casa amarela (à época o Bica de
Azeite) ia fechar. Num abrir e fechar de olhos, Cátia decide avançar. Com o apoio
da família e de amigos, põe o Realmente a funcionar em meros cinco (loucos) dias!
“Foi uma experiência completamente nova, pois ninguém tinha experiência na área.
Foi um mergulho no escuro”.
O Realmente, um projeto totalmente familiar, abre portas a 29 de abril de 2014 com uma ementa de essencialmente
comida típica portuguesa e de autor, com pratos nacionais mas com toque pessoal
como o “Polvo à lagareiro em cama de espinafres”, o “Salmão à Bolhão Pato” (um
dos best sellers do restaurante), os “Filetes de pescada com açorda de
espargos” ou o “Porco doce com redução de balsâmico”.
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Lombo de bacalhau com broa |
“Estando em frente de um monumento muito
visitado por estrangeiros tínhamos de ter pratos tipicamente portugueses”, conta
Cátia Rocha ao “Cadernos de Viagem”. “No entanto, como gosto muito da cozinha
asiática, não resisti alguns toques orientais, como por exemplo o atum braseado
com sésamo e coentros vietnamitas..
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Medalhões de tamboril com manga e romã |
Aos poucos, foi introduzindo novos pratos na
ementa em combinações bem originais, como os "Medalhões de tamboril com manga e
romã", e mais pratos vegetarianos, como “Rolos de papel de arroz com queijo da
ilha e rúcula” ou ”Tentúgal de legumes com requeijão e amêndoas”.
A nível de sobremesas, todas feitas no restaurante,
Cátia realça a pera cozida em groselha com lúcia-lima que lembra a pera bêbada
mas que não é cozida em vinho tinto, e a tarte de maçã com vinho do Porto e,
claro, a eterna tarte de amêndoa.
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Tarte de amêndoa |
Desde o início o mais importante é a qualidade
dos produtos. Cátia Rocha confia nos seus fornecedores que até à data ainda não
a desiludiram.
Estes três anos e meio de restauração deram
novas experiências a Cátia Rocha e à sua equipa. Para o futuro gostaria de desenvolver
a parte informal do café, tendo mais clientes locais que vão somente ao Realmente
para beber um copo e comer uns petiscos, como por exemplo os deliciosos “Mexilhões
salteados com tomate e coentros” ou “Tempura de camarão com sweet chilli e
amêndoa”, não faltando a “Farinheira com ovos mexidos”.
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A sala de jantar |
O Realmente é sem dúvida um restaurante da
realeza de produtos e de confecção dos mesmos onde vale realmente a pena ir
jantar ou petiscar.