terça-feira, 8 de novembro de 2016

Câmara de Lobos, sem lobos do mar, mas encantadora


A pouco mais de meia hora do Funchal, chegamos à pequena vila de Câmara de Lobos, a terra onde viveu João Gonçalves Zarco, um dos descobridores da Madeira e o seu 1º capitão donatário. A baía de Câmara de Lobos ficou também imortalizada pelas aguarelas do Winston Churchill, feitas quando visitou a Madeira em 1950.
Depois da descoberta da Madeira os seus descobridores começaram a explorar a Costa Sul, onde vivia numa pequena baía uma grande quantidade de lobos-marinhos ou focas monge – daí terem dado o nome de Câmara de Lobos a esta baía.
Também a ribeira que se atravessa para aí chegar tem um nome interessante: Ribeira dos Socorridos. Ao fazerem o reconhecimento da ilha, alguns marinheiros desembarcaram na foz da ribeira; esta porém tinha uma corrente muito forte e os marinheiros estavam à beira da morte quanto foram socorridos e salvo da morte.
Nas margens da ribeira, foi construída a Central Termoeléctrica da Vitória, que produz 3/4 da energia consumida na ilha, utilizando motores a gasóleo a quatro tempos. Atualmente, a Madeira possui um sistema electro produtor com centrais hídricas e parques eólicos.
Câmara de Lobos é uma vila essencialmente piscatória. Quando não estão na faina, podemos ver na praia uma grande quantidade de xavelhas, barcos de pesca, de cores bem garridas. Entre os peixes mais pescados estão a sapata, uma espécie de tubarão, que é salgado e seco ao sal (daí ser também conhecido pelo nome de bacalhau de Câmara de Lobos) e o peixe-espada preto, que vive nas águas profundas. Este peixe caracteriza-se pelos seus olhos grandes e dentes afiados, a total ausência de escamas, a pele lisa e viscosa de cor escura e uma carne alva. A pesca do peixe-espada preto ainda é feita de modo artesanal com um espinel, engenho especial que vai até vários metros de profundidade. É um trabalho moroso de seis a oito horas - só para retirar o espinel do mar são necessárias duas horas!
Aqui também se bebe a famosa ponha, uma bebida tradicional, que foi trazida pelos Ingleses, e que também é feita na Índia, mas com a aguardente de arroz. Aqui, a poncha é feita com aguardente de cana, sumo de limão e mel, batida com o mexilote, o pau da poncha.
A zona mais alta do concelho de Câmara de Lobos é o estreito do mesmo nome. É uma região vinícola por excelência, onde a maioria das vinhas cresce sobre suportes ou latadas que cobrem os socalcos. Nesta freguesia produzem-se vinhos de boas castas, outrora trazidas de Creta, na Grécia, como o boal, sercial, malvasia e verdelho, utilizados para a confeção do Vinho Madeira. Nos últimos meses muito se tem falado dos Estados, No entanto poucos saberão que foi com vinho da Madeira, que se brindou a 4 de julho de 1776, a independência dos Estado Unidos da América, pois este era o vinho preferido de Thomas Jefferson, o principal redator da declaração de independência dos Estados Unidos da América e o 3º presidente do país.
Não longe de Câmara de Lobos está o promontório mais alto da Europa, e o segundo do Mundo, o Cabo Girão com quinhentos e oitenta metros. Há poucos anos foi aqui construída uma plataforma suspensa em vidro, a que foi dado o nome de skywalk . Deste miradouro tem-se uma vertiginosa vista sobre as fajãs, pequenas áreas de terra cultivadas no sopé da falésia, do Rancho e do Cabo Girão, bem como magníficas panorâmicas sobre o oceano e os municípios de Câmara de Lobos e do Funchal.