sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Berlim é sempre entusiasmante




Gosto de visitar cidades novas mas também gosto de voltar a cidades que já conheço bem. Dão-me a liberdade de passear sem destino, deixar-me ir ao sabor do vento, descobrindo ruelas, recantos, jardins e dando-me tempo para observar as pessoas com que me cruzo.
Daí ter passado um relaxante fim de semana em Berlim, uma cidade onde já estive vezes sem conta.
Desta resolvemos escolher um hotel diferente daquele onde sempre ficamos. A nossa escolha recaiu sobre o Pestana Tiergarten. A marcação teve vários problemas: o sistema fazia a marcação mas informava que o contrário. Tentávamos de novo. E acontecia o mesmo. Finalmente conseguimos uma marcação. Só que, quando fomos ver a nossa caixa de correio, tínhamos vários e-mails de reservas efetuadas e pagas! Felizmente o Apoio ao Cliente resolveu o assunto .. pensámos nós. Ao fazermos o check-in, tínhamos ainda dois quartos. O funcionário assegurou-nos que nos iriam devolver o dinheiro. E assim aconteceu.
Apesar de este percalço, gostei do Pestana Tiergarten, um 4 estrelas com alguns serviços de hotel de 5 estrelas, como por exemplo acesso gratuito à piscina, sauna e banho turco.
O quarto é espaçoso, com casa de banho com janela para o quarto que lhe permite ter luz natural. Tem chaleira e uma oferta de chá de qualidade.



A localização é fantástica. Estamos a uma boa meia hora a pé do centro (quem não gostar de andar a pé, que é, para mim, a melhor maneira para conhecer uma cidade, pode alugar uma bicicleta) e a 5 minutos do Ku’damm. Mesmo em frente do hotel é a paragem do autocarro 200 que dá para fazer uma volta à cidade a preço normal de autocarro.
Sabemos que „todos os caminhos vão dar a Roma“, neste caso, ao centro de Berlim. Tanto podemos ir pelo parque Tiergarten como passeando ao longo de um dos canais do rio Spree (em Berlim há inúmeros canais que ligam os rios Spree e Havel).
Logo ao pé do hotel está o Museu e Arquivo Bauhaus, que infelizmente está a passar por um momento de reconversão que parece não agradar a ninguém. Como nos disse um residente da zona que passeava o seu cão à beira canal. Contente de termos começado a falar com ele, desafiou  o seu terço de reclamações contra a autarquia e a direção do museu. Nós tivemos a sorte de ter encontrado a pessoa certa: o senhor era  um dos  membros da comissão de moradores contra a renovação do museu.
Seguimos caminho e vemos a fachada de um belo edifício em estilo neo-renascimento. Aproximámo-nos. Era a sede do Centro Científico de Berlim para a Investigação Social (WZB) que funciona no antigo  edifício dos seguros do Reich, construído em 1894. Parcialmente destruído durante a 2ª Grande Guerra foi reconstruído no final dos anos setenta do século XX pelo arquitecto inglês James Stirling em estilo pós-moderno. Este instituto é o maior organização científica europeia, totalmente independente de universidades, tendo sido fundado em 1969 por iniciativa de deputados do SPD e do CDU. Atualmente trabalham no instituto 140 investigadores alemães e estrangeiros.

Museu da Espionagem
Em breve chegámos ao Museu da Espionagem, na Praça de Leipzig. No local onde  até 1989 passava o muro que dividia Berlim, nasceu há quatro anos o Museu da Espionagem que nos dá uma visão do mundo escondido dos espiões. Nós que de espiões só conhecemos o 007 e outras personagens de ficção, podemos ali aprender muito deste mundo sempre envolto em mistério. Um a profissão existe desde que existe o mundo. E a evolução da profissão ao longo dos séculos até aos nossos dias com os espiões digitais, a espionagem industrial, as fake news, o roubo de identidades.
 
O inimigo está a ouvir

Museu das Comunicações e as comemorações dos 150 anos do bilhete-postal
Depois da espionagem onde tudo é  escondido fomos visitar uma exposição de um objeto do dia-a-dia que é oposto. De mistério nada tem! A exposição comemorativa dos 150 anos do bilhete-postal. É de tal maneira um objeto aberto que em 1865, quando Heinrich von Stephan, propôs aos correios do Reich alemão o Postblatt, uma forma mais informal de contacto  postal, a ideia foi recusada … por ser uma ameaça à privacidade!
O que uns desprezam, outros aproveitam. Os correios austro-húngaros gostaram da ideia e a 1 de outubro de 1869 lançaram o 1º bilhete-postal. Os alemães renderam-se ao novo formato, tendo lançado os seus postais a 25 de junho de 1870. No 1º dia de circulação, venderem-se 45 mil bilhetes-postais!
A adesão foi tão grande que, durante a Guerra Franco-Prussa, entre 1870-71, foram enviados 10 mil milhões de postais! Era a maneira mais rápida que so soldados tinham para dar um sinal de vida.
Já agora, só para informação, em Portugal, o 1º bilhete postal foi enviado a 1 de novembro de 1878.

Nos anos 70 do século XX não havia viagem que não incluísse o envio de uma série de postais ilustrados do destino aos familiares e amigos.
Com a massificação da da informática e  das técnicas de comunicação por telemóvel, o correio particular diminui, incluindo o envio de bilhetes-postais.

Filarmónica de Berlim
Tivemos a sorte de estar em Berlim quando a Filarmónica de Berlim apresentou ao público o seu novo maestro, o russo Kirill Petrenko.
Quando aceitou o cargo, pediu que no concerto de apresentação houvesse muito público. O pedido foi levado a sério pela administração: o concerto teve lugar na chamada “Fanmeile”, o local onde as massas se costumam reunir para ver grandes jogos de futebol, começando nas Portas de Brandeburgo e indo pela Rua do 17 de Junho.
Se Kirill Petrenko  queria ter muita gente, conseguiu-o: 35 000 pessoas escutaram em silêncio como se estivessem numa sala de concertos a 9ª Sinfonia de Beethoven, tocada pela Filarmónica de Berlim! Um êxito para os músicos e uma noite fantástica para os espectadores.