quinta-feira, 29 de março de 2018

Passadiços do Paiva

Após um fim de semana no Porto, decidimos passar no caminho para casa pelos Passadiços do Paiva. Há muito que queríamos ir, pois desde que abriu muito ouvimos falar dos passadiços. 
A Câmara de Arouca e o geoparque de Arouca construíram com fundos europeus uns passadiços de madeira ao longo da margem esquerda do rio Paiva com uma extensão total de 8.7 km.  Lamentavelmente o caminho não é circular, ou seja, quando se chega ao fim ou vai-se de volta pelo mesmo caminho ou vai-se de táxi até aonde deixámos o carro. Há dois pontos de partida: Areinho e Espiunca. Pelas informações que tínhamos o caminho a começar em Areinho seria mais fácil: o início seria violento (400 m a subir) mas depois seria somente a descer ou caminho plano. O caminho a começar em Espiunca é… o contrário. Plano no início, a subir a maior parte do trajeto e os 400 m finais a descer.
A paisagem é lindíssima e passamos por diversos geossítios. O primeiro que vimos foi a Cascata das Aguieiras, formada pela queda de água da ribeira das Aguieiras na qual as águas caem vertiginosamente pelas escarpas graníticas que ladeiam a margem direita do rio Paiva através de um conjunto de desníveis que totalizam cerca de 160 metros. A origem desta queda de água é condicionada pela rede de fraturação ortogonal deste maciço granítico. Do miradouro podemos observar o cabeço rochoso onde se encontra implantado o «Castelo de Carvalhais», um castelo roqueiro da época da Reconquista (século IX-XII), reduto defensivo e estrategicamente posicionado, provavelmente destinado a controlar a travessia do rio Paiva.
Logo a seguir temos a Garganta do Paiva, que geologicamente define o troço em que o rio se encaixa em canhão no granito de Alvarenga. Composto por uma série de rápidos – e que agora, após um mês de chuvas intensas estavam bem rápidos - é o percurso de águas bravas mais famoso de Portugal. Fantástico para a prática de rafting, só pode porém ser descido por profissionais, pois foram bastantes os acidentes que ali aconteceram com amadores.
A meio do caminho entre Areinho e Espiunca, depois de passarmos a ponte suspensa  temos a Praia Fluvial do Vau com águas tranquilas. É que a partir do Vau o rio Paiva escavou um vale mais largo e, por isso, a energia das águas passa a ser mais reduzida - isto deve-se ao facto da generalidade dos metassedimentos encaixantes serem mais facilmente erodidos que o granito. Interessante é a idade das rochas aqui presentes: 300 milhões de anos! Trata-se de uma rocha designada corneana, formada pelo metamorfismo de contacto provocado pela intrusão granítica.
Quando chegámos a Espiunca, apanhámos um táxi para o Areinho. Pegámos no carro e viemos direitinhos por aí abaixo até casa.