terça-feira, 9 de outubro de 2018

Preservar a natureza, meditar e encontrar a nossa espiritualidade



Será que Iowa City, uma pequena cidade americana num estado rural,  precisa de um oásis? De um lugar para as pessoas se reencontrarem consigo próprias e com a natureza?
Felizmente há quem pense no futuro do planeta e tenha sempre em mente o provérbio de Caxemira que diz “Não herdámos o mundo dos nossos antepassados, mas pedimo-lo emprestado aos nossos filhos”. Seguindo este lema, Doug e Linda Paul, empresários e sonhadores, compraram um terreno de 100 hectares  em Iowa City para evitar que fossem vendido para construção. E aí têm vindo a criar um ecossistema reproduzindo o ecossistema natural da região, a restaurar, a proteger e a preservar estas terras, a que deram o nome de The Harvest Preserve , como um santuário espiritual. É um terreno divino, sagrado onde as pessoas são convidadas para, em silêncio, sentirem a manifestação do Divino no meio da mãe-natureza.
"A Família" de Gene Anderson
Ao passearmos neste santuário sentimo-nos ligados à Terra, no meio das plantas originais das pradarias e dos bosques do midwest americano. Bandos de perus selvagens, esquilos, guaxinins, e outros animais sentem-se ali em casa.

O sentido da espiritualidade é incentivado pela coleção de arte espalhada pela propriedade. Em harmonia com a natureza contemplativa dos terrenos, The Harvest Preserve  convida os visitantes a apreciarem, estudarem e meditarem sobre cada peça. 

 “O homem no banco” de  Douglas J. Paul e J.B. Barnhouse 

Numa das esquinas, bem visível da estrada, temos a “Família” de  Gene Anderson. Do outro lado da estrada, “O homem no banco” de  Douglas J. Paul e J.B. Barnhouse convida-vos e fazer como ele: pararmos, sentarmo-nos e meditarmos.  

Logo à entrada a estátua “Salvamento” mostra-nos um grupo de crianças a salvar um gatinho preso no ramo de uma árvore. Mais adiante, outro grupo de crianças faz piruetas. São os Olympic Wannabes de Glenna Goodacre.

Olympic Wannabes de Glenna Goodacre

No entanto o ponto alto da coleção de esculturas é o conjunto denominado The sacred stone circle, onde, na realidade tudo começou. Trata-se de um conjunto de pedras pré-históricas em círculo (como os cromeleques) que vieram da ilha das Flores, na Indonésia, com mais de 4 000 anos. Em 2001, os habitantes da ilha quiseram ver-se livres das pedras, no seguimento da destruição dos budas de Bamiyan no Afeganistão pelos Talibans. Esta ilha é maioritariamente cristã mas quiseram fazer desaparecer objetos pagãos.
O círculo sagrado de pedras

Um galerista de arte falou com Doug Paul de Iowa City e disse-lhe que as pedras precisavam de um novo lar. Doug Paul tratou logo do caso. Num complicado e moroso (de mais de um ano!) processo trouxe para Iowa City por navio, comboio e camiões as pedras de basalto com tamanhos entre os 4 e os 8 metros e pesando entre 1,5 e 10 toneladas. E é aqui no meio deste círculo que somos chamados a fechar os olhos e deixarmo-nos envolver pela natureza até nos sentirmos um só elemento.