quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Ilha das Flores, Açores - 3




Noite de temporal. Choveu copiosamente durante toda a noite com ventos de 50 km/horas e rajadas de 67 km/hora. Quando estávamos a sair de casa, passou por nós um carro com uma luzinhas amarelas. Seguimos em direção a Santa Cruz, como era o nosso plano. A dada altura a PSP para-nos. Um polícia diz muito educadamente que houve um deslizamento de terras e a estrada estava cortada. Teríamos de ir dar a volta pelas lagoas. 



Lá fomos. Só nevoeiro. Parte da estrada era um rio, mas conseguimos chegar à capital. 
 Em Santa Cruz, visitámos o Museu das Flores que está instalado no antigo Convento de São Boaventura. A história dos franciscanos nas Flores está ligada a três irmãos (dois frades franciscanos e um terceiro padre. A maior obra do padre, Inácio Coelho, foi a fundação do Convento de São Boaventura, para cuja construção doou as terras, tendo legado pie sua morte uma renda avultada para sustento dos frades. Parece que por trás deste gesto estava o cumprimento de um voto feito no dia de São Boaventura (14 de julho) de 1640 em que ele prometia fundar um convento se Portugal recuperasse a sua independência. 

As obras começaram em 1641, tendo a primeira missa sido celebrada a 2 de fevereiro de 1650. Em 1832, com a extinção das ordens religiosas, os frades mudaram-se para a Horta e o convento passou para a Fazenda Nacional. Em 1838, o convento foi comprado por um particular. Após ter passado por várias mãos é doado , em 1876, à Santa Casa da Misericórdia de Flores para que la se instalasse um hospital e um asilo de mendicidade. O hospital funcionou até meados do século XX. Na década de sessenta do século XX, abriu neste local uma escola, o externato da Imaculada Conceição, que fechou portas nos anos oitenta. O convento foi então restaurado e preparado para museu. O edifício tem uma fachada apalaçada. O claustro é quadrangular com janelas de varanda que lhe são sobrepostas. 


A igreja adjacente, dedicada a São Francisco, é um edifício relativamente amplo e alto, de planta retangular, sem transepto e nave única, cilíndrica, de madeira pintada. Os retábulos são em madeira de cedro dourada. No teto, feita igualmente de madeira de cedro, predomina uma decoração vegetalista e floral. Quando acabámos a visita, chovia de novo copiosamente. Que fazer até à hora do avião? Passear a pé não era opção. 


Ficámos então no carro, frente ao mar, revolto, as pensar nesta ilha, “perdida na lonjura do espaço e na bruma do tempo”.