sábado, 30 de novembro de 2024

Plovdiv , o charme búlgaro


Plovdiv, a segunda cidade da búlgara, situada às margens do rio Maritsa, é o centro cultural do país, assim como o seu centro económico e académico. 

A história de Plovdiv remonta há mais de 6 000 anos, muito antes de Atenas ou Roma, o que a torna uma das cidades europeias que continuamente habitadas durante mais tempo. Conhecida como Eumolpia, no ano 342 a.C. foi conquistada pelo rei Filipe II da Macedónia, pai de Alexandre, o Grande, que mudou o nome da cidade para Filipópolis. Mais tarde passou a estar sob o domínio dos trácios, que a denominaram Pulpudeva até que foi incorporada ao Império Romano. O seu nome mudou então para Trimonte ("Cidade das três colinas"), tendo-se tornado a capital da província de Trazia. Durante a Quarta Cruzada, ali foi estabelecido o Ducado de Filipópolis.

Os eslavos tomaram a cidade no século VI e a rebatizaram como Puldin. Os búlgaros conquistaram-na em 815. As primeiras referências ao nome de Plovdiv aparecem pela primeira vez no século XV.

Sob o governo otomano, Plovdiv foi um importante centro dos movimentos nacionalistas búlgaros e a primeira imprensa em idioma búlgaro se estabeleceu nessa cidade. A cidade saiu da dependência otomano em 1878. Plovdiv tornou-se então a capital da região semi-independente de Rumelia do Leste até que a zona se uniu finalmente à Bulgária em 1885.

Durante o período de governo soviético que se estabeleceu no país a partir do final da 2ª Grande Guerra, Plovdiv foi o centro de diversos movimentos democráticosque derrubaram finalmente o regime pró soviético em 1989.

Basílica Episcopal de Filipópolis 






Sem dúvida que o ponto alto de qualquer visita a Plovdiv são as ruínas da Basílica Episcopal de Filipópolis, também conhecida como a Grande Basílica. É a maior igreja cristã antiga tardia descoberta na Bulgária e uma das maiores desse período nos Balcãs. 

Uma moeda da época do imperador romano Licínio (308-324), descoberta durante as escavações da Basílica do Bispo, gerou a hipótese de que a basílica terá sido uma das primeiras a ser erguidas no Império Romano após a instituição do cristianismo como religião estatal, em 313. As suas dimensões, a sua decoração e a sua localização central, perto do fórum da antiga cidade, indicam a existência de uma comunidade cristã considerável e influente em Filipópolis.

Foi erguida sobre as ruínas de um antigo edifício provavelmente datado do século I. Com um interior arquitetónico luxuoso, colunas com símbolos cristãos nos capitéis e pavimentos em mosaico (com uma área total de 2 000 m2!), a sua arquitetura incluía uma nave central e duas laterais, uma abside, um nártex (antessala) e um átrio com colunatas (pátio interno). Um presbitério decorado com mármore (uma plataforma para o bispo e o clero) erguia-se na nave central.

A igreja estava no centro da vida cristã da cidade até ser demolida e abandonada, provavelmente como resultado de um terremoto. Depois de ter sido abandonada nos séculos X-XII, esse local foi ocupado por uma grande necrópole cristã que tinha uma igreja do cemitério decorada com murais.

As suas ruínas foram descobertas nos anos 80 do século XX, mas só em 2015 começaram a ser tratadas. Foi construído um museu onde se podem admirar os belos mosaicos, em três camadas, e que foram protegidos pela necrópole em cima da camada superior.

Necrópole


Villa Flavia 




Perto da basílica, podem ainda ser vistas outras ruínas romanas, os banhos da Villa Flavia, descobertas aquando da construção do hotel homónimo. As escavações foram preservadas e abertas ao público.

Os banhos, construídos em mármore, estão muito bem preservados, podendo ainda ser vistas as câmaras inferiores onde se acendia o lume para os aquecer.


Bairro revivalista







A saída dos otomanos e a sua elevação a capital da Rumelia do Leste no século XIX trouxeram um boom económico a Plovdiv. Os seus comerciantes, habituados a contactos com o resto da Europa e do mundo, ajudaram a renovar a imagem da cidade, introduzindo novos elementos arquitetónicos e artísticos na cidade. Assim surgiu o denominado estilo nacional revivalista na arquitetura búlgara: casas grandes com fachadas coloridas e interiores requintados.

Um bom exemplo é a Casa Hindliyan. Construídaem 1834-35, a Casa Hindliyan é uma das poucas casas simétricas, preservadas na sua forma original. O seu proprietário era o herdeiro de uma das quatro famílias mais ricas da Arménia. Foi um comerciante importante, cujas viagens no início do século XIX o levaram até à Índia – daí o nome “Hindliyan”.

O estilo decorativo nas paredes e nos tetos é único, tendo sido autorizado por dois decoradores um dos quais italiano. Foi a 1ª casa na cidade a ter uma casa de banho construída como os banhos romanos. Na sala de jantar foi colocada um lavatório de cuja torneira saia água de rosas. De notar que, a 60 km da cidade, está o Vale das Rosas onde há enormes plantações de rosas desde o século XIX, sendo a Bulgária um dos grandes produtores e exportadores de óleo e de água de rosas.