sábado, 30 de novembro de 2024

A Academia Militar búlgara: onde se aprende a paz e a guerra

 

Salão


A 1 de março de 1912, foi fundada em Sofia, a Academia Militar Georgi Rakovski, a instituição militar de ensino superior mais antiga da Bulgária, tendo recebido o nome Georgi Sava Rakovski. Porém, só pôde ser inaugurada em janeiro de 1915 por causa das duas Guerras dos Balcãs de 1912-1913.

Desde a sua criação, a academia tem sido a principal instituição de formação de comandantes e pessoal militar na Bulgária e não só e a principal instituição no domínio da segurança nacional e das ciências militares, bem como da compatibilidade operacional da NATO. A academia forma 1 500 oficiais e civis por ano e tem 148 professores qualificados.

Ao longo de todo o período da sua existência, a Academia Militar tem tido um papel muito importante não só no exército, mas também na vida pública da Bulgária. É uma instituição académica de grande prestígio com um enorme potencial, um foco de conhecimento militar, um símbolo da ciência militar nacional e um local onde o pensamento teórico militar búlgaro é forjado. É, sem dúvida, o centro de ciência e educação militar mais importante do país.

e a modernização do exército búlgaro, levadas a cabo no início do século XX, condicionaram uma procura crescente de formação superior para os oficiais. Foi essa a razão que levou o Ministro da Defesa a apresentar uma proposta bem fundamentada para a criação de uma Academia Militar em 11 de dezembro de 1911, com um relatório ao Czar Fernando I. Nos motivos da sua proposta, salientou que o rápido desenvolvimento da ciência militar exigia “a criação de uma escola militar superior sob a designação de Academia Militar”.

Foi uma decisão rápida. No dia seguinte, o relatório sobre a criação da Academia foi aprovado pelo Czar Fernando I. “Congratulo-me com a apresentação deste projeto de lei na 15ª Assembleia Nacional Ordinária e felicito o exército por esta feliz decisão”. Três dias depois, o Ministro da Defesa anuncia a decisão e o projeto de lei é submetido à apreciação e aprovação da Assembleia Nacional.

As atividades académicas começar a 4 de Janeiro de 1915 com a presença d Czar. Mas mais uma vez, surgiram problemas. Os estudantes não puderam terminar o curso, porque, entretanto, a I Grande Guerra chegou à Bulgária no outono desse ano. Todos os oficiais do exército búlgaro foram enviados para as suas unidades e os cursos interrompidos.

No entanto, o final da guerra não trouxe consigo tempos melhores. Nos termos do Tratado de Neuilly, assinado com os países da Entente no outono de 1919, a Bulgária encerrou todos os seus centros de oficiais na reserva e instituições de formação militar. Apenas a Academia Militar permaneceu. Apesar das cláusulas restritivas do contrato, em 1922, a Academia Militar começou a sua existência em segredo nas instalações da Escola Militar de Sófia, mas disfarçada de Curso de Formação de Instrutores, mantendo-se nesta forma até 1938.

Mas nova guerra começou na Europa. Em 1946, os alunos regressaram à acidemia militar, que recebeu então o nome do escritor revolucionário e Georgi Stoykov Rakovski.

Nos anos seguintes, assistiu-se a uma série de mudanças no país – e na Escola Superior de Defesa - relacionadas com a sua transição para um modo de existência em tempo de paz, com a racionalização da experiência da guerra e, sobretudo, com a aspiração do Partido Comunista a assumir o controlo da instituição. Tudo isto se refletiu na implementação de reorganizações estruturais e de pessoal básicas, bem como na formação e educação ideológica do seu pessoal.

Fooram também iniciados programas de investigação científica. Em 1954, foram admitidos os primeiros doutorandos, foram atribuídos os primeiros títulos académicos e foi eleito o primeiro professor.

Foram criadas novas faculdades, incluindo a preparação do pessoal de comando e dos responsáveis pela ideologia, e conselhos científicos especializados em ciências militares, filosóficas e económicas. Especialistas militares da União Soviética, de Cuba, do Iémen e do Vietname também iniciaram a sua formação na instituição.

As condições em que esta Academia Militar existiu nos anos da Guerra Fria tiveram um impacto na sua estrutura e nas matérias curriculares. Os seus contactos eram limitados no âmbito do Pacto de Varsóvia e o processo de aprendizagem tinha basas ideológicas.

As profundas mudanças sociopolíticas que ocorreram em todas as esferas públicas na Bulgária após a queda da chamada “Cortina de Ferra” em1989 afetaram também esta instituição. Houve que a despolitizar e  despartidarizar. As estruturas políticas do Partido Comunista foram abolidas e a faculdade político-militar, juntamente com os departamentos ideológicos da academia, foi encerrada.

A nível político e governamental foram iniciados contactos com a OTAN e com as estruturas científicas militares dos seus países membros e dos países vizinhos. A integração do ensino militar e civil foi acelerada.

Desde 2000, a cooperação internacional da academia tem vindo a expandir-se. Atualmente, mantém relações oficiais com mais de 20 instituições similares de outros países.

A Academia Militar não está fechada à sociedade. O seu salão pode ser alugado para eventos sociais.