sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Crato, vila pacata com grande cartaz musical

Durante 361 dias do ano, Crato é uma pacata vila alentejana. Durante os 4 dias restantes, Crato transforma-se numa meca para jovens. Este ano, o Festival da Juventude de Crato decorreu no final de agosto e com um cartaz essencialmente português atraiu milhares de pessoas, das quais a grande maioria tinha menos de 30 anos.
A cabeça de cartaz do primeiro dia foi o rapper norte-americano Aloe Blacc que subiu ao palco depois da portuguesa Gisela João. Na segunda noite, a banda brasileira Natiruts fez as honras da madrugada.
A estrela da última noite foram os suecos The Hives que tomaram conta do palco depois da atuação de duas bandas portuguesas, os The happy mess e os We trust. Como nas noites anteriores, a madrugada foi dos DJs que puseram toda aquela massa de jovens a dançar até o sol nascer. Os dias passavam-se a dormir ou no parque de campismo, nas piscinas municipais ou represas naturais das redondezas.

 
No entanto, a noite mais concorrida foi a de sexta feira. Anselm Ralph, Capitão Fausto e Miguel Araújo chamaram ao Crato 50000 pessoas. Mas se podia andar no recinto do Festival de tão cheio estava.
Mas o Festival do Crato é muito mais do que um simples festival de música, envolvendo também um vasto rol de atividades complementares relacionadas com animação de rua, artesanato, gastronomia e deportos radicais. Este ano, o Festival do Crato apresentou mais de 100 expositores, a trabalhar ao vivo, mostrando o que se faz de norte a sul de Portugal, destacando o Município do Crato rico em olaria, cerâmica, madeira e esculturas em granito.
Pena é que os jovens que vão ao Festival, não fiquem a conhecer a história da vila. Já estaria habitada na Pré-história, a termos em conta a Anta do Couto dos Andreiros ou o Penedo do Caraça, entre muitos outros. No entanto, pensa-se que terá sido povoada por Cartagineses, por volta do ano 500 a.C.. Conquistada aos Mouros em 1160, por Afonso Henriques, foi posteriormente entregue pelo Rei D. Sancho II em 1232 à Ordem dos Hospitalários (ou Ordem de Malta), conhecida como Priorado do Crato. Em 1340, estabeleceu aqui a sua sede em Portugal – ainda hoje todos os cavaleiros portugueses da Ordem de Malta são investidos nesta vila alentejana. Em 1356, D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira fundou, perto da vila, no sítio da Flor da Rosa, uma igreja e Castelo para residência do priorado.
O prior do Carto mais conhecido na História do nosso país foi
D. António de Portugal , filho legitimado do Infante D. Luís e neto de D. Manuel I, quando se candidatou ao trono português durante a crise sucessória de 1580. Foi aclamado rei de Portugal pelos seus partidários e durante um curtíssimo período, chegou a reinar. Quando Filipe II de Espanha tomou o trono português, D. António, prior do Crato, foi para os Açores onde reinou até 1583. A partir de 1662 a Vila perde muita da sua importância militar, ao ser saqueada por tropas Espanholas, perdendo-se nessa altura importantes documentos da Ordem dos Hospitalários. 

Um vila que vale sempre a pena visitar – e que em agosto dá-nos música.