Fui a Nottingham cheia de expectativas. O que iria encontrar na terra
do mítico Robim dos Bosques? O castelo? A floresta? A fonte dos amores?
Em Nottingham, tudo roda à volta de Robim dos Bosques. O aeroporto foi
baptizado “Aeroporto de Robim dos Bosques”. Há estátuas, ruas e até um festival
que lhe são dedicados. E do que resta da floresta de Sherwood, ainda existe a árvore
à volta da qual se reunia em
conselho Robim e os seus amigos (!).No convento de Kirklees,
perto de Nottingham, hoje em ruínas, existe uma campa com a inscrição
"Aqui jaz Robard Hude" – tratar-se-á do nosso Robim os Bosques?
Parece que por volta do ano 600 d. C. existiria naquele local uma localidade
quem faria parte do reino de Mercia e que era conhecida pelo nome de Tigguo
Cobauc, que significa “o local das cavernas”. Quando caiu nas mãos de Snot,
um do senhor da guerra saxão, passou a denominar-se "Snotingaham", a
cidade do povo de (Inga = as pessoas de; Ham = terra).
Em 867, Nottingham foi tomada pelos vikings. No século XII, já como
domínio anglo-saxão, foi construído o castelo, e a localidade passou a
denominar-se Nottingham.
Durante a Revolução Industrial, a cidade prosperou graças à indústria
têxtil, tendo crescido muito rapidamente; no entanto, devido a uma péssima
política urbanística, Nottingham ficou com a fama de ter os piores bairros de
lata de todo o império britânico. Após a II Grande Guerra, a indústria têxtil
inglesa caiu bastante, uma situação que afectou especialmente a cidade. Alguns
dos edifícios industriais foram abandonados pelos seus proprietários, tendo
sido felizmente restaurados pelo município e adjudicados a outras actividades. Ainda
se podem admirar diversos casas vitorianas desenhadas por alguns arquitectos
como por exemplo Alfred Waterhouse que mostram bem a importância da cidade no
século XIX.
O centro vital da cidade é a praça do mercado, que é usada para as mais
diversas manifestações desde mercados de artesanato a praias (!) – sim, no ano
passado foi ocupada com vários metros cúbicos de areia. Esta praça é a 3ª maior
do Reino Unido e é dominada pela Câmara Municipal, construída nos anos 20 do
século XX; as suas colunas barrocas e os dois leões de pedra à entrada espelham
o orgulho da cidade nesse tempo. Aliás, como podemos reparar ao passear pela
cidade, Nottingham tem uma grande variedade de estilos arquitectónicos, alguns
dos quais datam ainda do século XII e outros são já do século XXI.
O bar Ye Olde Trip To Jerusalem, paragem obrigatória em qualquer visita
à cidade; pensa-se que seja de 1189, sendo assim, o pub mais antigo de Inglaterra – no entanto, outros há que disputam
este título.
Entre as atracções turísticas, a cidade tem para ver, entre outros, a bela
catedral católica de São Barnabás, concebida pelo arquitecto Augustus Welby
Northmore Pugin e consagrada em 1844, o Museu de História Natural instalado no Wollaton Hall, um dos
melhores exemplos de palácios isabelinos de Inglaterra, e, claro, o
famoso castelo, palco de tantas histórias de Robim dos Bosques. Esta personagem
é que faz atrair 300 000 visitantes estrangeiros por ano, que também se
passeiam pela Floresta de Sherwood, revivendo as histórias deste nobre que
roubava aos ricos para dar aos pobres e que foi sempre fiel ao seu ri, Ricardo
Coração de Leão. E, não há que o esconder, foi Robim dos Bosques que nos atraiu
a Nottingham.