quinta-feira, 26 de abril de 2018

Nottingham, cidade do Robim dos Bosques


Fui a Nottingham cheia de expectativas. O que iria encontrar na terra do mítico Robim dos Bosques? O castelo? A floresta? A fonte dos amores?
Em Nottingham, tudo roda à volta de Robim dos Bosques. O aeroporto foi baptizado “Aeroporto de Robim dos Bosques”. Há estátuas, ruas e até um festival que lhe são dedicados. E do que resta da floresta de Sherwood, ainda existe a árvore à volta da qual se reunia em conselho Robim e os seus amigos (!).No convento de Kirklees, perto de Nottingham, hoje em ruínas, existe uma campa com a inscrição "Aqui jaz Robard Hude" – tratar-se-á do nosso Robim os Bosques?
Parece que por volta do ano 600 d. C. existiria naquele local uma localidade quem faria parte do reino de Mercia e que era conhecida pelo nome de Tigguo Cobauc, que significa “o local das cavernas”. Quando caiu nas mãos de Snot, um do senhor da guerra saxão, passou a denominar-se "Snotingaham", a cidade do povo de (Inga = as pessoas de; Ham = terra).
Em 867, Nottingham foi tomada pelos vikings. No século XII, já como domínio anglo-saxão, foi construído o castelo, e a localidade passou a denominar-se Nottingham.
Durante a Revolução Industrial, a cidade prosperou graças à indústria têxtil, tendo crescido muito rapidamente; no entanto, devido a uma péssima política urbanística, Nottingham ficou com a fama de ter os piores bairros de lata de todo o império britânico. Após a II Grande Guerra, a indústria têxtil inglesa caiu bastante, uma situação que afectou especialmente a cidade. Alguns dos edifícios industriais foram abandonados pelos seus proprietários, tendo sido felizmente restaurados pelo município e adjudicados a outras actividades. Ainda se podem admirar diversos casas vitorianas desenhadas por alguns arquitectos como por exemplo Alfred Waterhouse que mostram bem a importância da cidade no século XIX.

O centro vital da cidade é a praça do mercado, que é usada para as mais diversas manifestações desde mercados de artesanato a praias (!) – sim, no ano passado foi ocupada com vários metros cúbicos de areia. Esta praça é a 3ª maior do Reino Unido e é dominada pela Câmara Municipal, construída nos anos 20 do século XX; as suas colunas barrocas e os dois leões de pedra à entrada espelham o orgulho da cidade nesse tempo. Aliás, como podemos reparar ao passear pela cidade, Nottingham tem uma grande variedade de estilos arquitectónicos, alguns dos quais datam ainda do século XII e outros são já do século XXI.
O bar Ye Olde Trip To Jerusalem, paragem obrigatória em qualquer visita à cidade; pensa-se que seja de 1189, sendo assim, o pub mais antigo de Inglaterra – no entanto, outros há que disputam este título.

Entre as atracções turísticas, a cidade tem para ver, entre outros, a bela catedral católica de São Barnabás, concebida pelo arquitecto Augustus Welby Northmore Pugin e consagrada em 1844, o Museu de História Natural instalado no Wollaton Hall, um dos melhores exemplos de palácios isabelinos de Inglaterra, e, claro, o famoso castelo, palco de tantas histórias de Robim dos Bosques. Esta personagem é que faz atrair 300 000 visitantes estrangeiros por ano, que também se passeiam pela Floresta de Sherwood, revivendo as histórias deste nobre que roubava aos ricos para dar aos pobres e que foi sempre fiel ao seu ri, Ricardo Coração de Leão. E, não há que o esconder, foi Robim dos Bosques que nos atraiu a Nottingham.